quinta-feira, abril 27, 2017

Greve Geral: Sou um excluído dessa geringonça chamada capitalismo

Imaxe relacionadaNão sou coxinha, nem mortadela, por casualidade reivindico a esquerda real. Anti-imperialista, anti-neoliberal, anti-você. Não confundo trabalho com "ter emprego". Essa ótica frenética modernista, ou moderninha prefiro dizer, da mais-valia absoluta consiste na intensificação do ritmo de trabalho, através de uma série de controles impostos aos operários pela casta alta a seus vassalos.

Reclamar como ato institucional de luta não só é válido, como se faz necessário no mundo pós-estado-não-laico. Mas quem disse que o estado deixou de ser um Estado-Igreja, ou um Estado-liberal capitalista? O que questiono não é o direito de reclamar, mas sim o conteúdo das reivindicações. Pedem migalhas aqueles que lhes negam farelos. Isto não passa de uma greve instrumentalizada por sindicatos e a pseudo-esquerda.

Esta greve geral que se está a fazer é tão útil quanto os protestos pelos 20 centavos de 2013. Não gerarão nenhum tipo de mudanças estruturais e ainda como rebote criaram cenário fértil e favorável ao golpe de 2016. Pedir aumento? Porque não exigem participação nos lucros e de produtividade? Quando se protesta sem objetivos claros e atendendo ao chamado das CUT's e Força Sindical da vida, o trabalhadores se tornam massa de manobra. Cada sindicato de cada setor deve negociar só e isoladamente, esta seria uma luta real obreira. Um único sindicato a negociar de forma genérica, cria debilidade nas relações de trabalho e benefícios desuniformes e irrelevantes aos trabalhadores.

Quem acredita em sorte? Enquanto trabalhadores não abram os olhos e lutem de forma coerente, propositiva e eficaz... Nem que tivesse ganhado na Mega Sena... Sorte tem quem nasceu rico, bonito e famoso. O resto é luta! Não tenho "emprego", não sou assalariado, trabalho mais horas/dia que os escravos modernos, mas todavia almejo objetivos muito mais além do que os tais grevistas e aspirantes a revolucionários da vez. Protestos pelo fim da CLT são para mim um mero continuísmo desta engrenagem a la Tempos Modernos, aquele filminho do chatíssimo Charles Chaplin.

A Reforma Trabalhista na década de 40 foi a que criou a CLT, Consolidação das Leis Trabalhistas, impondo ao patronato certo respeito ao trabalho e ao seu factor, até então apenas continuísmo adaptado em suas relações senhorio-vassalo dos séculos escravocratas. O projeto de Temer, Meirelles e dos seus adquiridos na Câmara devasta 117 artigos da CLT. Devasta, pois, a CLT. Ninguém aqui busca defender o vampirinho do mal, mas afirmar que a reforma de Getúlio era obsoleta já à época.

Os capitalistas da casta alta, uma vez que pago o "salário de mercado" pelo uso da tua força de trabalho, podem lançar mão de duas estratégias para ampliar sua taxa de lucro: estender a duração da jornada de trabalho mantendo o salário merréquico - em uma mais-valia absoluta; ou ampliar a produtividade física do trabalho pela via da mecanização - a mais-valia relativa. 

É um erro perene reclamos por condições de trabalho, por si só, é um ato medíocre do "pouca farinha, meu pirão primeiro". Existe uma clara necessidade de resignificação da partilha dos bens que se produz em sociedade. Não é possível que a esta altura da dita evolução humana, o tal humanoide não tenha ainda se dado conta que com esta divisão de castas e controle absoluto de uma minoria além da desigualdade estão a gerar recessão.

Uma Renda Básica Universal é a única reivindicação e base de luta plausível para o avanço social coletivo, tanto de mais abastados quanto os ainda não. Vários países já propuseram medidas de Rendimento de Cidadania para sua população. O caso mais famoso aconteceu na Suíça em 2016, quando ocorreu um plebiscito para implementar uma renda de 2,5 mil francos suíços por adulto e 625 francos por pessoa. Um renda básica universal não é puramente económico. Para Linda Yueh, professora adjunta de Economia na London Business School, na Inglaterra, "a criação do salário mínimo foi uma tentativa de criar um nível básico de ingresso social". Como Émile Durkheim mostrou nas sociedades modernas, ser privado de trabalho é ser privado de relações com os outros, pelo que é um direito social.

O Governo finlandês planeja atribuir a cada um dos seus cidadãos 800 euros por mês como rendimento básico universal. De acordo a uma pesquisa encomendada pelo Instituto de Segurança Social finlandês, este que confirmou que a proposta de renda básica tem apoio de 69% do eleitorado. Segundo o primeiro-ministro finlandês Juha Sipilä : "O rendimento básico simplificará o sistema de segurança social".

E o brasuquinha médio que está a fazer? Birra, grevinha, protestosinho contra o golpe! Vocês estão a cair no grande golpe do neoliberalismo fazem décadas. Reclamar por migalhas a quem a muito lhes nega farelo. Desobediencia Civil já, tanto ao governo quanto aos burocratas que querem voltar a mamar nas tetas gordas e fartas do estado como o fizeram por anos.

Diametralmente, e retóricamente além dos 2 pontos anteriores o artigo promulga um menor fisiologismo, afirmando que o ato de greve nos moldes atuais está a pedir migalhas a quem não lhes dá sequer quirela de porco. salienta que como método de inclusão social é fracassado, históricamente. Não e em nenhum momento diz que o ato de greve seja ilegítimo, mas afirma argumentativamente que é ineficiente e ineficaz dentro e em contra do sistema capitalista neoliberal.

Extinguir a CUT e similares e que cada categoria tenho um sindicato municipal com poder de negociação, não creio ser algo meramente teórico, pois existe até na Argentina. Aonde um acordo não suprime outro e mesmo que se tenha um piso nacional, podem se ter pisos regionais superiores em todas as categorias. As paritárias docentes deste ano lá o comprovam minha "tese". Vários países europeus funcionam neste sistema a décadas, e não precisam de paralisações para este fim burguesinho de salário, lá as reivindicações vão além, muito além, incluso no quesito abordado no artigo que é participação nos lucros.

A Renda Básica Universal se aplicada fará com que o proletariado deixe de ser refém das leis de mercado, que favorecem sempre o empregador. Que por casualidade não é uma teoria. Já se aplicam em alguns países e já se discutem a implementação em outros tantos, em substituição aos auxílios de desocupação e desemprego.

Incertos seres podem aferir que "apesar de em parte deslegitimar a greve de hoje, o artigo defende o direito de greve e ataca a constante perda de direitos trabalhistas que vem ocorrendo sistematicamente desde 1994". Este seria o comentário mais acertado de um apoiante da greve geral de 28/04/2017. Mas será que num país binário, do 8 ou 80, alguém consegue chegar a este nível de clareza e análise?

Sou autônomo, independente, anti-sistema, anti-greve e anti-você ser manipulado e mesquinho. Claro, anti-você como pseudo-cidadão, massa de manobra do sistema. És um cooptado, servil a máquina, a geringonça do neo-capitalismo e não vez!

2 comentários:

Rafael disse...

Interessante os argumentos. Quisera você ser excluído do sistema, mas de fato não o é. A menos que você viva no meio do mato. Mas como é autônomo e, portanto, se relaciona socialmente por meio do trabalho, está totalmente inserido no sistema capitalista. Você pode trabalhar como autônomo, mas não é autônomo em termos de dependência do sistema, com o qual vc se conecta via consumo e via trabalho. E se vc não consegue reconhecer isso, vc é tão servil e cooptado pelo sistema quanto os que você critica. E não menos manipulado e mesquinho.
Não obstante a conceituação, de Durkheim a Marx, que vc usa, o restante das comparações é plausivelmente incomparável. Querer comparar as reivindicações brasileiras com as políticas de distribuição de renda da Suiça (que historicamente rouba nosso dinheiro) e da Finlândia apenas indica um desconhecimento sobre a distribuição de renda do Brasil e um desconhecimento sobre a própria história cultural e política do país. Sugiro você ver essas questões nas pesquisas de Jessé Souza, Marcelo Medeiros, Francisco de Oliveira, Marcio Pochmann e outros pesquisadores sociais contemporâneos que estão lá, no "chão da fábrica" da pesquisa social brasileira, e que ajudam a entender o porquê a greve não se resume a "birra, grevinha" e seja lá o que vc entende que seja isso.

Nando Schweitzer disse...

Rafael, é menção honrosa que digas que tantos teóricos e estudiosos internacionais estejam equivocados, pois os argumentos afinal são deles. É bem minimalista ou reducionista sua visão. No artigo não se usa nenhum preceito marxista, ou mesmo de Marx... Mas é redundante aferir a alguém que distorceu o que foi dito no artigo meramente para invalidar ao que ele aporta. Não se está comparando a atual situação de países que a 40 anos usam determinadas políticas e a 60 foram devastados por uma guerra com o Brasil, nisto estás exacerbado de razão. Aliás, o Brasil hoje está em melhor situação de recursos que estes arrasados no pós-guera, portanto tem mais possibilidades factitivas e reais de aplicar uma Renda Mínima Universal. Apesar da atitude infantil, parte de sua retórica é entendível, embora pouco frutífera e de veras insipiente.

Não se diz em nenhum momento doravante que se está contra o ato constituinte de greve e sim afirmando este autor que nos atuais métodos, e práxis a greve por si só é um paliativo, uma birra infantiloide e que não traz solução nenhuma ao desfavor no processo conflictivo entre empregado e empregador. O artigo alude a transcender-se o conceito de trabalho em sinônimo a emprego, ou vice-versa.