domingo, setembro 26, 2010

Você gostou do resultado do Ídolos 2010?

O que responder quanto a essa pergunta?

Não! Absolutamente, não. O processo do programa Ídolos é complexo. Além dos cantores que não são escolhidos pela produção para cantar aos jurados, para seguir o formato americano, são excluídos milhares de candidatos melhores que os 150 de cada eliminatória que são os únicos que se apresentam para os jurados. Pensar que de 40mil candidatos apenas 600 cantem para os jurados e ainda passem para esta fase tantos não cantores. É subestimar a inteigencia do telespectador, além de ser um ultraje aos canditados inocentes que pensam que cantarão para os jurados da TV. Israel é um cantor de mediano a fraco, semitona e tem voz nazal. Tenho a certeza absoluta que por eliminatória existiram no minimo 1000 cantores melhores que os 150 que cantam para os jurados e que parecem na TV. É uma lastima que esse programa não seja um realite show de verdade. É um programa, pois não relata a realidade dos concorrentes na totalidade.

Leia também a Matéria: Ídolos, manipulção por Ibope! 

segunda-feira, setembro 20, 2010

Cursinho sobre a Latino-América

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


Assim começa uma das poucas matérias interessantes e não superficiais que li nos últimos meses na grande mídia jornalística brasileira:

"Desde quando os raviólis têm recheio de salmão?", pergunta, a um assustado garçom, o roqueiro Fito Paez, 47, enquanto examina o cardápio de um restaurante da capital uruguaia. "Na minha época, eles eram ou de ricota ou de verdura, hoje os menus estão cheios de invencionices."


Este tipo de "inquietude" hoje podem parecer uma coisa muito blasé, ou, surrealista para os habitantes terrenos da atualidade. Mas vinda de um dos maiores poetas da atualidade, me arde como uma provocação, algo para instigar o pensamento estagnado e acomodado de hoje.

Após ser servido com um prato do tradicional espaguete à bolonhesa, Paez falou à Folha sobre tradições culturais (além das gastronômicas), música pop latina e política.  Ele fez show na sexta(21/09) no festival Sonidos, que ocorreu em São Paulo. Isso gerou a pauta no jornal paulista.


Fito como sempre um cavalheiro falou sobre o isolamento do Brasil artísticamente, mas politicamente correto preferiu não tocar na ferida. "Não só a cozinha contemporânea desanima Fito. Também o pop minimalista de artistas da nova geração. Para ele, nomes como Jorge Drexler e Kevin Johansen têm talento, mas são muito amáveis. Falta combatividade." - segue Sylvia Colombo enviada da Folha à Montevideo em sua matéria.


O cantautor argentino faz o viés politicamente correto, mesmo sendo um fervoroso crítico ao atual rumo que toma a política de seu país. Principalmente quanto ao mandatário da capital portenha, Maurício Macri, oposicionista a presidenta Cristina Kirchner. Fito prefere não apontar ao país vizinho e prefere manter um discurso generalista para não causar revoltas em sua estada que se dará no Brasil. 


Vejo eu que o isolamento mútuo entre os países da América Latina se deva muito mais a americanização do continente, que consome por status qualquer porcaria proveniente das terras do Tio Sam e recusa tudo que não seja americano. Como se um produto que não venha do Império do Norte não tenha a possibilidade de ser algo bom. Essa cultura ignóbel que principalmente teve força nos anos noventa por aqui, quando se ligava em uma rádio e não se escutava nada mais que o inglês. Salve as AMs que tocavam o que na época se rotulava brega e hoje é repertório de DJs em festas cults e trashs. Por nosso continente um adolescente, e não apenas eles, sabem mais do país de Obama, que sobre os países limítrofes. O Brasil é absurdamente ignorante quanto a cultura de seus países vizinhos.

Morando em Buenos Aires, descobri que a recíproca é verdadeira. Por lá o que se conhece de música brasileira é basicamente o que passou pelos Estados Unidos... Coisas antigas, Bossa Nova, algo de anos 80 e nada mais. Artistas que gravaram com argentinos são lembrados pela geração dos trinta e é só. É estranho ver que se esteja normatizado tal discurso, construído pelo cinema americano de que todos no universo falam inglês yanke, desde cachorros a extraterrestres fazendo com que se engula qualquer coisa sem qualidade apenas devido a sua origem e não por um verdadeiro valor artístico. 

Existem fenômenos isolados, mas no grosso a arte latino americana para chegar a seus vizinhos de raíz lingüística, unica, necessita de aval dos gringos para ser reconhecida. Jorge Drexler é um bom exemplo, só passou a ser valorizado no Brasil depois que concorreu ao Óscar. O filme Tropa de Elite, idem. O cinema argentino e uruguayo são fabulosos mas não chegam em nossas salas e locadoras. E no país vizinho, em quase dois anos, apenas vi três títulos brasileiros. Cidade de Deus e Cidade dos Homens, além do filme de José Padilha. 


Não panfletista, fazendo a lista do que poderia ou deveria ser conhecido da cultura hispânica-latino-americana. Creio que basta que se escutem dois trabalhos, recheados de duetos importantíssimos e fabulosos, para se acessar o que  parece inacessível. É, como se fosse um cursinho pré-vestibular intensivo. Ambos trabalhos contém as participações dos maiores ilustres desconhecidos, para nós brasileiros, da música latina(em espanhol). O álbum duplo, Cantora 1 e 2(2009), ultima obra prima de Mercedes Sosa. Aonde também participou Caetano Veloso, e temos a maior estrela argentina da história cantando uma faixa em português. E o DVD de 2008, No sé si es Baires o Madrid, gravado na capital espanhola por Fito Paéz. Ambos disponíveis na íntegra no Youtube ou podem ser baixados em qualquer programa de arquivos.

Tudo isso que vivemos nada mais é que uma questão de baixa auto-estima latina. A pouco Ivete Sangalo, teve de fazer um show em Nova York para se "lançar internacionalmente", mas nunca realizou grandes shows em muitos dos países vizinhos. Ao mesmo que isso ocorre, Toquinho e Maria Creuza recém realizaram um grande show no Luna Park, grande casa de show de Buenos Aires, com seus sucessos da década de 70. Meus caros, pensemos, qual artista com menos de 40 anos conhecemos no Brasil que não seja sucesso nos EUA? Bem... Isso se chama falta de cultura e imperialismo!


Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

quarta-feira, setembro 15, 2010

Com quantas buscas posso encontrar o Amor?


Publicado às 09:56 - 16/09/2010 - por Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



A busca do amor é uma nova onda na atualidade, o tal relacionamento fixo. Em meio a híper conectividade do mundo atual muitos poderiam imaginar que, basta ir ao buscador do Google, delinear o perfil desejado e pronto. Absurdo? Não para muita gente que no mundo real já desistiu de encontrar um grande amor.

Praticamente todos os portais de internet tradicionais tem seu sistema de busca do amor. Ao buscar no Google por "site de relacionamento", com parênteses para focar a busca, o resultado foi alarmante. Aproximadamente 577.000 resultados (0,30 segundos) foi o que  informou o buscador. Pensando que vivemos em um mundo capitalista, aonde um dos grandes fatores para que um produto tenha varias marcas no mercado é a demanda, fui levado a uma pergunta óbvia: Que imensidão de solitário há para gerar uma demanda tão impressionante de sítios de busca de relacionamento, não?

Hoje todos os principais portais de conteúdo possuem seu buscador do amor. Existem também os sítios exclusivamente direcionados a ajudar você a buscar o seu par ideal e sair da solidão. Estes quase em sua totalidade oferecem as modalidades de cadastro de perfil gratuito, bem como os de assinantes pagos, que passam a ter regalias tais como: número infinito de mensagens, álbum com número de fotos ilimitado e vincular amigos e prediletos a seu perfil. Muitos sítios trazem um ranking dos mais visitados por cidade, estado, preferências étnicas, entre outras. Ou seja, a busca do amor hoje é departamentalizada, segmentada, praticamente fascista.
O slogam desses portais giram em torno de uma máxima com óbvio intuito comercial, vender um parceiro perfeito. No topo da lista de busca surge, como link patrocinado o www.ParPerfeito.com.br, com a chamada seguinte: A pessoa que você procura está AQUI. ParPerfeito é Rápido e Grátis! Entrando no portal constatei as 10:14 do dia 15/09/2010, 5112 usuários em linha, segundo o sítio.

Resolvi investigar mais a fundo o portal, após preencher dados básicos já na página de entrada, surge à segunda tela um novo formulário. Este um pouco mais específico onde a primeira opção me surpreendeu. Pois dava-me a opção de estado civil. Quer dizer que casados também podem acessar o sítio, assumindo-se casados? É uma das coisas que pretendo descobrir...

O segundo item intenção realmente me intrigou, era de assinalar e permitia mais que uma opção, ou todas, ao gosto do cliente. Relacionamento/Romance sério, Relacionamento/Romance casual, Amizade/Diversão e Sexo. Sigo na jornada em busca do “par perfeito” como sugere o próprio, afinal meu estado civil o permite sem cometer o crime de adultério. Até mesmo por que hoje o ato foi descriminalizado.
Filtros e mais filtros
Depois de descrever minhas características físicas, das quais pelo menos eu não menti, tive outra surpresa. No próximo setor do cadastro de busca com o subtítulo de “Características de quem procuro”, posso escolher o tipo de vínculo do procurado. Além de opções múltiplas, existe a opção tanto faz, que abrange a totalidade de estados civis que possam existir. A seguir o basicão: faixa etária, peso, atura... E por último o melhor: distância. Afinal de contas é necessário saber quanto você vai ter de gastar de combustível para conhecer quiçá um dia sua alma gêmea.

Mas se você pensou que isso basta para encontrar o protótipo dos seus sonhos, enganou-se. Terceira tela. Aí começamos a filtrar as coisas, separar o joio do trigo. O setor Minhas características e Características de quem procuro, trabalhará no cruzamento de dados entre caça e caçador. Baseado no melhor estilo agência de casamentos. São tantos itens que penso em desistir da busca por minha alma gêmea. Mas o que dizia: Renda mensal de quem busco me encantou. Quem sabe pelo menos se não encontro alguém interessante, ganho um convite para jantar sem custos.

Leia também o artigo: Barreiras com o Idioma

Então quando por fim pensei que me daria o endereço, telefone e CPF da pessoa perfeita surge a tela, me propondo uma assinatura máster por módicos cento e poucos reais, para seis meses. Me frustrei. Afinal não sei se quero esperar 6 meses para encontrar o amor. Revoltado excluí a tela e fui ao menu de busca. Então recebo a sugestão de colocar minhas fotos para aumentar minhas possibilidades matemáticas de encontrar alguém. O riso me foi inevitável, acho que as fotos podem diminuir minhas chances. Aí o sítio me informa que em 2 dias após avaliação estarão disponíveis, devido a não se permitir fotos de orientação pornográfica. Será que aprovarão minhas fotos?

Passaram-se os dois dias, as foto foram aprovadas, até hoje continuo solteiro. Enquanto isso busquei conhecer outras fontes do amor. Em meio a tantas coisas havia me passado desapercebido que vários desses portais tem o famigerado link: Histórias de sucesso. Então comecei a verificar que esses dentro dos portais não possuíam nomes completos, por questão de privacidade. Mas não foi difícil encontrar casos reais de casamentos entre ex-desconhecidos, que a partir da rede mundial de computadores tenham se apaixonado e até chegado a oficializar relação.

E dá certo realmente?

Uma história muito interessante e inusitado foi do casal Sara e Afonso do DF. Eles se conheceram através do Orkut. “Trabalhava em uma loja e, assim que tive uma folga, fui até a casa dela. O problema é que chegando lá esqueci o nome dela. Nesta hora, minha então futura sogra saiu no portão e perguntei: “Aí mora uma menina que estava na internet? A Gorinha?”. Aí ela respondeu: ‘Deve ser a Sarinha’. Enfim, saímos para dar uma volta e começou a chover. Como estava de moto, parei e aí rolou um beijo. Pouco tempo depois ela entrou no MSN e pediu que eu mudasse o perfil para ‘namorando’. Desde então estamos juntos. Agora, casados”. Afirmou o jovem Afonso Caixeta ao portal G1, na matéria intitulada 'Conheci o meu amor pela internet' - Parte 16.

Assim que, voltei a acreditar no amor virtual. Ao restringir minha busca a pessoas com afinidade ao meu perfil o sistema apontou 68 possíveis pretendentes. Encontrei de tudo, ex-colegas de trabalho, pessoas que conheço de vista da faculdade, gente que já vi em bares e baladas... Apenas duas pessoas me interessaram. Com esta primeira tentativa voltei a estaca zero e fui sondar outros portais destinados a busca de parceiros afetivos fixos, ou não fixos para muitos.

A moda antiga, ou quase

Eis que encontro o sítio de uma agência real, ou seja, não virtual de relacionamentos. Falei por telefone com Marlene Heuser, a consultora de relacionamentos à frente da Golden Years que desde 1995, segundo o seu sítio já uniu mais de 2.600 pessoas. Com sede em Curitiba, mas atendendo a todo país, a agência há 15 anos presta assessoria matrimônial para pessoas solteiras, viúvas, separadas ou divorciadas, que desejam encontrar um par para viver um relacionamento sério.

Marlene escreve uma coluna para o Jornal Gazeta do Povo, e justamente de lá é uma das maiores fontes de clientes interessados neste tipo de assessoria. Muitos buscam a agência também por indicação, o boca a boca, e preferem não se identificar via portal. As pessoas não querem geralmente exposição de fotos, etc. E afirmam buscar parceiros por este método pois na noite só conhecem gente que quer apenas diversão e sexo.

Encontrar alguém que realmente busque compromisso parece ser o foco da grande maioria de pessoas que buscam parceiros através destas ferramentas. Existem também pessoas que já estão em situação desesperadora por nunca haverem estado em uma relação estável. Em uma das milhares de discussões do fórum do Yahoo encontrei o seguinte apelo: “Eu tenho 22 anos e nunca namorei. Não que eu não acredite e/ou queira, é que acho que não tenho muita sorte (rsrs). Todos os caras por quem me apaixono calham de ser: Hétero, casado, namorando...”.

Dramas do coração

Ainda existem casos muito mais críticos. Não desprezando o rapaz homossexual, e reconhecendo que para eles é muito complicado paquerar em meios convencionais. No divã do Gikovate, programa da CBN do Rio de Janeiro, um rapaz afirmou ter 36 anos e ser virgem, além de nunca ter namorado.

Continuando o rastreamento dos métodos virtuais em busca de um possível matrimônio real, passei por mais alguns endereços de nomes interessantes, como: www.teprocurando.com, também existem os segmentados tal qual o www.paqueragospel.com, www.encontroscatolios.com.br, ou os com nomes mais óbvios. Não esquecendo os internacionais www.badoo.com, www.manhunt.net e dos chats UOL, TERRA, dentre outros.
Na hora da conquista muitas coisas podem pesar dizem especialistas e psicólogos. A atração física, em que reside os instintos atrelados ao estado fisiológico como as necessidades sexuais, prazer e perpetuação da espécie. Paixão, aquele forte sentimento que se pode tomar até mesmo como uma patologia provinda do amor. Manifestada a paixão em devida circunstância, o indivíduo tende a ser menos racional, priorizando o instinto de possuir o objeto que lhe causou o desejo. Essa atração intensa e impetuosa está intimamente ligada à baixa de serotonina no cérebro: substância química (neurotransmissor) responsável por vários sentimentos e patologias, dentre eles a ansiedade e o estresse; a depressão e a psicose obsessiva compulsiva.
Ainda existe o Amor Interpessoal se refere ao amor entre os seres humanos. É um sentimento mais potente do que um simples gostar entre duas ou mais pessoas. Sem amor refere-se aos sentimentos de amor que não são reciprocidade. Amor Interpessoal é mais associado com relações interpessoais. Tal amor pode existir entre familiares, amigos e casais.

Seja qual a modalidade de amor, ou paixão, que cada indivíduo busque os métodos podem ser inovadores, mas a busca é uma só. Talvez hoje em tempos onde ser romântico seja cafona, ninguém queira assumir tal condição. Nesse sentido a internet passa a ser o caminho. As escondidas, virtualmente se escondem os românicos da atualidade. Quem espera encontrar o príncipe encantado na janela lhe fazendo uma serenata, pode esperar e nunca encontrar. É muito mais provável se receber um cartão musicado via correio eletrônico. Peço licença agora que vou checar minha caixa de mensagens.


Entrevistas: Marlene Heuser, consultora de relacionamentos à frente da Golden Years desde 1995 (telefone).
Com informações de: Portais Terra, UOL, Par Perfeito. Agência Golden Years. Manhunt
NADIÁ PAULO FERREIRA. A teoria do amor. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.

terça-feira, setembro 14, 2010

Barreiras com o Idioma

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


O Show de Ivete Sangalo no sábado (04/09/2010) no Madison Square Garden, em Nova York, continua rendendo críticas de jornais "internacionais". O veículo americano, "New York Times", deu o seu parecer com a matéria: "Idioma e ritmo impedem Ivete de se tornar estrela pop internacional". (Em tradução livre).

Depois de afirmar que a cantora brasileira seria a maior estrela de quem ninguém nunca ouviu falar, semanas antes da apresentação que também se tornará um DVD. Tomou-se o rumo de demonstrar o quão xenófobos, mesmo depois da crise e bancarrota em que estão a viver atualmente, nossos ex-compartilhadores de continente. A crise americana e sua quebradeira generalizada não lhes trouxe humildade. A publicação ainda segue dizendo que "Não será fácil para a sra. Sangalo expandir seu território e se juntar a cantoras como Beyoncé, Madonna e Shakira como uma estrela pop globalmente reconhecida", diz o "NYT". "Há, inevitavelmente, uma barreira de linguagem para músicas em português".

Leia também o artigo:  Pombo Correio 

Não que juntar-se a esta lista seja algo positivo. Ivete pode estar caindo no mesmo erro de nossa amiga latina Shakira hoje internacional, ou seja, americanizada e por isso odiada por grande parte dos colombianos. No show na terra do Green Card, ela cantou algumas músicas em inglês, como "Human Nature", de Michael Jackson, "Easy", do Commodores, e "Where It Begins", em dueto com a cantora Nelly Furtado.

A comparação é inevitável. Pois americanos do norte, são realmente completos ignorantes quanto a qualquer coisa fora de seu mundinho de superficialidade e etinocentrismo. Então devemos partir do ponto que a décadas atrás eram tão analfabetos em espanhol quanto hoje o são em Português. Na verdade é a mistura do sentimento de baixa auto-estima latina que se auto-sub-julga mesclada ao imperialismo cítrico da década de 90, os construtores do estigma de que qualquer porcaria em inglês é chic(do Francês).

Em tempos áureos Shakira tornou-se febre no mundo inteiro, exceto EUA, com seu terceiro álbum Piés Descalsos(1996), As canções extremamente melódicas, musicalmente surpreendentes e corajosas, com letras intelectuais e uma mistura eletrônico/acústico quebraram o paradigma da fórmula pop latino e mundial. Com uma sonoridade autêntica, que não tinha sido ouvido antes. Como pode para desconhecedores da cultura afro-brasileira considerada autentica a mistura de rock-balada-axé da artista baiana.
O analfabetismo em espanhol do mundo não hispânico não impediam Shakira de fazer com que canções fossem êxito até mesmo na terra do tio Sam. O álbum que foi lançado internacionalmente em 13 de Fevereiro de 1996. Estreou em # 1 em 8 países diferentes(2 destes de língua não hispânica), e ranqueando em 5º no Billboard Top Latin Albums. O álbum gerou seis hit-singles Estoy Aqui (E.U. Latin # 2), ¿Dónde Estás Corazón? (E.U.A. Latin # 5), Pies Descalzos, Sueños Blancos, Un Poco De Amor (Latin # 6), Antologia (E.U. América # 15) e Se Quiere, Se Mata (Latin # 8).

Até mesmo no Brasil, aonde se tem naturalizado o discurso de que o mundo tem apenas dois países: Estados Unidos e o resto, Shakira virou febre, país este em que menos se acreditava no sucesso de Shakira devido à língua portuguesa, se rendeu às músicas deste disco. "Pies Descalzos" também foi um dos primeiros álbuns latinos a ter um retorno comercial interessante nos Estados Unidos. Devido a "Pies Descalzos", a Sony se viu obrigada a criar o prêmio Prisma de Diamante devido às 1 milhões de cópias vendidas na Colômbia, um feito inédito até então. Pouco mais de um ano depois, o disco já havia superado a marca dos 3 milhões de exemplares, cerca de 500mil só no Brasil.

O jornal continua: "A sra.. Sangalo tem outro obstáculo: o ritmo. Muitos hits brasileiros, como "Cadê Dalila", usam as batidas rápidas do axé, a música do Carnaval na Bahia. Por ser uma batida que poucos fora do Brasil podem acompanhar". Seria falta de coordenação motora? Se até mesmo os Rolling Stones já gravaram uma canção iniciada por atabaques de candomblé, porque uma baiana não pode fazer sucesso cantando axé? No dia 8 de Julho, faltando 58 dias para a gravação do DVD, Ivete Sangalo anuncia no Twitter que os ingressos para o show no Madison Square Garden já estavam esgotados, 20 mil estavam a venda.


Analfabetismo internacional

Afinal porque raios pessoas semi-analfabetas, ou crianças e adolescentes de baixa renda e rendimento escolar pífio podem consumir lixo americanos como: Madonna, Britney Spears, Beyonce, sem nem citar as tais Boys-Bands de letras de menos de 2 estrofes? A considerar que não sabem bem nem português, quem dirá inglês. Porque os analfabetos culturais de lá não poderiam consumir música em português? Se alguém vier com o discurso imperialista de que Inglês é um idioma mundial, por obséquio, que vá pra rua falando em inglês. Garanto que não consegue comprar nem uma bala, vai passar fome.


Essa linha de pensamento estadandartizado e subverniente me lembra um comentário em aula de um colega de faculdade em Buenos Aires. O rapaz da alta sociedade portenha proferiu: "Estive em Paris e achei um absurdo... Pedi uma informação a um policial e ele não me respondeu e mal me olhou". Detalhe, ele se dirigiu ao policial FRANCÊS no idioma inglês. Primeiramente creio que lhe faltou um pouco de cultura geral, pois ignorou o fato de que franceses detestam americanismo. Segundo, creio que ao contrário do que ocorrem nos filmes, as pessoas dos 197 países do mundo, exceto os de língua inglesa desconhecem ou não possuem fluência em tal idioma. Terceiro, ele desconhece a lei sancionada no tempo do presidente Jacques Chirac, que proíbe o uso do idioma Inglês em ambientes públicos governamentais, documentos oficiais e em placas comerciais. Em quarto lugar, "Caralho!", ele estava na França.

Se eu cometesse a gafe corriueira dos turistas brasileiros em Buenos Aires, de dirigir-me as pessoas de lá em português como se tivesse no Brasil, não seria compreendido. Esse conceito construído pelos filmes Hollywoodianos de que cachorros, extra-terrestres, extrangeiros e afins falam inglês fluentemente é recorrente e está no sub-consciente das pessoas no mundo. O que é um sintoma de enfermidade sócio cultural e de perda de identidade crescente. Adquirir cultura a tempos atrás era natural. Colégios bilingües, trilingües, enfim... Eram uma constante. Hoje o que se têm? Inglês, ou? Inglês!


Disseminando o "baianês"

Pobre menina de Juazeiro, que vinda de uma família de músicos, só queria cantar. Virou sucesso e agora segue a política evolutiva da arte pós-moderna. E por mais que tenha já seu artigo na wikipédia em 14 idiomas, terá de aprender inglês para se tornar internacional. Seria como no passado quando um artista necessitava ser aplaudido pela crítica para depois vender para o público em geral, esse incapaz de pensar por si só. Só que hoje o que importa não é qualidade, sim status(do latim). E status hoje é ser americano, ou no mínimo, americanizado.

Por lá teve jornal impressionado por que ela não usou playback. Como se cantar ao vivo fosse errado ou fora de moda. Algumas cantoras antes musas do playback hoje justamente investem nessa "nova vertente". Thalía em seu ultimo DVD, dizem as más linguas, aprendeu a cantar ao vivo. Shakira num passado chegou a gravar um MTV Acústico, pasmem, em espanhol. Ou será que todo cantor moderno, tem de se vestir como uma travesti de 5ª, e fzer show de dublagem ao estilo "new Madonna"? Para leigos, Lady Gaga.

Ela poderia defender-se dizendo que a muitos anos atrás, Caymmi foi para as bandas de lá a cantar em baianês, e isso ao vivo como se dizia época. Nunca tendo gravado em francês no ano de 1984, no seu septuagésimo aniversário, ele foi condecorado em Paris pelo ministro da cultura francês, Jack Lang, com a Comenda das Artes e Letras da França, atribuída a importantes personalidades culturais. Afinal diziam em tempos remotos que música é uma linguagem universal. Hoje isso só vale para empurrar goela abaixo produtos Yankes pelo mundo, mas na ordem inversa a música e qualquer coisa se torna algo que sofre com as tais "BARREIRAS COM O IDIOMA".

Porque Ivete Sangalo não pode com letras de Hebert Vianna, Tim Maia, entre outros, se tornar a primeira cantora em Português a cantar para os gringos em um grande prêmio, como foi Shakira a primeira artista a cantar em espanhol num VMA (premiação a MTV americana)?


Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

segunda-feira, setembro 13, 2010

Pombo Correio

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


As vezes o "óbvio" nos faz refletir, ou mesmo, ver o que queremos ignorar. Em seu Blog neste 11 de Setembro, data para americanistas e imperialistas emblemática, Daniel Castro deu uma nota muito interessante. Em meio as milhares de protestos sobre o atentado a "democracia americana" anos atrás, temos que refletir sobre temas que não estão na Agenda-setting da sociedade atual. Ou no mínimo olha-los sem a discrepância dos que repetem os discursos normativos.

Que culpa tenho eu de que alguns cooptados pelo sistema compraram o discurso aculturador do Sonho Americano? Alguém os obrigou a viver nas terras de domínio democrata-republicano? Segundo a maioria das religiões orientais o universo é regida pela lei de causa e efeito. Sendo assim, alguém que se destina a um país que durante anos perpetrou e articulou a discórdia, financiou ditaduras, destruiu com seu poderio econômica matas, culturas e inimigos ideológicos não tem a capacidade de pensar que está pisando em uma zona de risco?

A inocência ou ignorância destes é apenas um exemplo do quão pode ser torpe, inóspita e decrépita a humanidade nestes anos nós modernos quem que vivemos. nesta coluna Daniel Castro cita o antropólogo argentino Néstor García Canclini, especialista em globalização e um dos principais teóricos da comunicação na América Latina. Ele afirma que as redes de televisão tratam o telespectador adulto como uma criança de seis anos.

As duas colocações dos parágrafos anteriores são convergentes em um ponto. Explico antes que recebe a critica dos semitistas de plantão, esses que abominam os ue não são capachos do imperialismo. Uso o termo semitistas por que hoje, não ser imperialista ou critico ao status quo da mídia de massa é como ser judeu nos EUA.

Canclini proferiu em São Paulon a palestra "Redes Sociais, Internet e Cultura Digital", que abriu o cliclo de seminários "Produção, Distribuição e Consumo Cultural: A Indústria Cultural do Século 21", projeto do Ministério da Cultura realizado pela Escola da Cidade (faculdade de arquitetura e urbanismo), muitas afirmativas dispares da celeuma discursiva padrão. Como quando questionou "Como ser criativo em uma sociedade precária?".

Pergunte-se neste momento: Uma conversa de bar hoje é mais ou menos politizada que a 20 anos atrás? Quem não conseguir responder a essa mera questão, devo colocar-lhe no grupo dos sócio-normativos decrépitos-cooptados-acríticos da pós modernidade. Após a palestra, o cientista argentino foi perguntado se concordava com a afirmação de que a televisão trata seu público como uma criança. "Por que não, se são eles [da televisão] que estão dizendo?", respondeu.

Recentemente, Canclini foi convidado a participar de um programa de TV. Nos bastidores, foi advertido de que não falaria para um público acadêmico, como estava acostumado, e orientado a pensar que lidava com pessoas de seis anos. Parece que o mundo não muda mesmo, não é? Isso me faz lembrar a afirmação de nosso último ditador oficial ao dizer que as primeiras eleições seriam por voto indireto, pelo colégio eleitoral, por que o povo não estava preparado para votar. Ou seja, o povo que vê TV não está preparado para ouvir uma crítica científica sobre... Adivinhe! TV!!!


Vivemos uma era cínica, de verdades veladas e mentiras gritadas aos quatro ventos. O mais deplorável é que certos discursos repetidos com o tempo se tornam verdade. O meu pedido a população é de atenção, cuidado e zelo por suas vidas e pensamento como indivíduos que são. Não podemos estar cada vez mais a mercê de discursos fundamentalistas sem fundamentos. Já deveríamos ter passado a fase em que o importante não é o conteúdo, mas apenas por quem ele é emanado.

Ofereço aos meus pares da raça humana uma lista de afirmações, que se continuarem a ser levadas como verdade ferem e põe em risco a vida da espécie no futuro:

- É pro Fantástico? ( Imitação do presidente Itamar Franco, feita pelo Casseta e Planeta. Reforçando o estigma de que o país possui apenas uma emissora de TV. )
- Nunca antes na história desse país... ( Jargão do presidente Lula, que tem como sub-texto o fato de o povo não ter memória. )
- Político é tudo igual! ( Povo Brasileiro, que foi ensinado a nunca tomar partido e que é ruím ter opinião própria. )
- PT e PSDB são opostos, e as únicas opções no Brasil. ( Mesmo praticando políticas gêmeas nos últimos 16 anos. )
- A pobreza no país diminuiu. ( Para quem eu não sei. Continuo sendo assaltado com a mesma periodicidade. Ou será que é uma nova ctegoria olímpica? )

Antes que faça questionamentos mais polêmicos, deixo alguns dados para fingir que sou imparcial. Claro a ironia vem por que a grande maioria não vai entender sobre onde eu quero chegar com esse artigo. Outra parte vai me chamar de louco. Talvez nem eu saiba? Irônico, como Fidel Castro ao dizer para um jornalista americano, ou seria um americano jornalista? "Que o sistema Cubano não serve mais para Cuba".

Deixo dados do Pnad, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, o mais importante termômetro da economia nacional, realizado pelo IBGE e divulgado anualmente. Alguns resultados do estudo mais recente, relativo ao ano de 2009 são: a) a renda média do brasileiro subiu - de R$ 618,00 para R$ 630,00; b) os 10% mais ricos alcançaram uma renda média mensal de R$ 4702,00; c) os 10% mais pobres tiveram aumento zero na renda, que está na média de R$ 127,00.

A felicidade dos pombos da praça é receber migalhas, e depois defecar na cabeça daqueles que não lhe dão suas sobras.


Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista