terça-feira, dezembro 31, 2013

CONTOS DE UM RÉVEILLON QUALQUER

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


A exatos 10 anos, no meu início na noite de Florianópolis, foi quando por primeira vez fui a uma balada. Porque?

Eu era um romântico-inocente, hoje sou apenas romântico.

Aquele 31 de Dezembro de 2003 iria mudar minha vida, minha concepção de mundo e até com algumas experiencias posteriores, mudar minha maneira de olhar o ser humano.

Outrora jovem, eu, um pueril ator, e apaixonado por um ator de minha ex-ex-companhia ao qual havia meses antes me declarado em cena piegas e patética que não comentarei para não estender-me, mais, tinha planejado passar na Praia do Campeche a noite boa, aqui nominada Réveillon.


Obviamente seria na companhia do ser amado. Seria... Apenas seria. Esperei todo o dia, toda a noite pela chamada naquele velho celular tijolo. E como um tijolo carregado ao sol cada vez mais me pesara.


Ao que a desesperação se acirrara em meu peito o número de tentativas de ligar aumentava, pois em tese me ligarias após ser definido em qual de seus amigos passaríamos a virada do ano.

Nunca recebi essa chamada. Então, as 23:47, após um jantar familiar com alguns parentes distantes e outros ainda próximos minha face era a mais nítida expressão do ano velho.

Houvia os fogos, fingia um sorrir, transbordava em lágrimas secas.

Que cousa louca era aquela? Que dor era aquela? Que virada era aquela?

Foi a virada da minha vida. Já passados umas dezenas de minutos, chamei um táxi. Disse o nome de um discoteca, me surpreendi pois o Taxista me diria: "Acho que vai ter trânsito... Em uns 40 minutos chegamos...". E eu mudo, carnificado em minha angústia e pena.

Ao chegar e após um trânsito infame de pessoas felizes, ou descobriria eu mais tarde, pessoas que fingem melhor que eu os seus temores e dores.

Estava tão fora de mim. Ou melhor, tão entro de mim, que não havia fora. Hoje sei que em uma noite assim a fila é enorme. Neste dia, não! Naquele instante não.

Paguei R$ 20,00, a moeda era mais valorizada em 2003. Hoje um ingresso antecipado é o dobro. Entrei. Uma onda de pessoas me carregava de lá pra cá, daqui pra lá. Pessoas que jamais pensei estarem ali, ali estavam. Estás e desconhecidos me cumprimentavam, desejando feliz ano novo...

Tinha uma raiva imensa e mim e do mundo. Demorei cerca e 2 horas intermináveis para assentar minha alma. Então fui iluminado pela racionalidade. Pensei: Gastei R$ 20,00 e todos a minha volta parecem felizes e eu? Gastei o mesmo e não estou... Já sei! Sou ator, posso fingir estar feliz, quem sabe assim recupere o valor do ingresso. Me fingindo feliz, as pessoas em volta me veriam feliz, e quem sabe assim alguém me olharia por fim.

Deu certo. Três. Três rapazes lindos beijei esta noite.

Hoje eu não sou mais inocente, jamis voltei a beijar três pessoas na mesma festa. É mais fácil passar três festa sem ninguém beijar-me. Mas o alento que possuo é que ao menos hoje aprendi. Aprendi a fingir coisas para a sociedade e atuar fora dos palcos e cenários.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

Uma geração que quis mudar!!!

Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral


"Temos de aprender a incluir a diversidade que há neste mundo. É muito difícil hoje em dia ser "liberal" no sentido civilizatório, que é o de aceitar a existência de outros modelos de civilização, ou ser civilizado." A quem de nossa cultura social mesquinha, supérflua e inócua. Assim me incluo no coro da citação que fiz a José Mojica, líder e presidente uruguayo de esquerda. O único realmente de esquerda no continente!

Assistindo tardiamente uma entrevista do presidente uruguayo a TVE, emissora de televisão estatal espanhola, fui acometido de uma rara esperança no ser humano, ou de realmente conhecer um antes de minha morte. 

Da legalização da Marihuana, a nossa maconha, a adoção para casais compostos por pessoas do mesmo sexo, a legalização do álcool nas décadas de 1910... a República Oriental do Uruguay é uma revolucionária nação a frente do pensamento retrógrado capitalista e conservador de seus vizinhos continentais. É de se pensar: Como um país de dimensões tão pequenas pode pensar tão grande?

"Hay que luchar por la paz en todos los rincones de la Tierra". Frase tal não necessita tradução em um território aonde o castelhano é idioma co-oficial, e peça ao editor deste site que o mantenha assim. Mujica profere esta pérola meses antes da recém legalizada lei que regulamentou o uso da maconha em seu país. Alegando que assim traz paz a várias famílias reféns direta ou indiretamente pelo narcotráfico.

"Nunca podem devolver o que perdestes em um calabouço...". Com frases assim o sóbrio ex-guerrilheiro deflagra não sentir mágoa de seus detratores no passado e remete-se a um futuro em que "a paz é o que está por vir". Ainda afirma que nunca é tarde e é o mal necessário de viver "voltar a começar, e voltar a começar" como um ciclo da vida.

Um tipo que quando perguntado o que pensa de sua indicação para o prêmio nobel da paz salta da poltrona e dispara "Están todos locos..." e que como muito uma honraria assim serviria para enaltecer a sócio cultura uruguaya e traria "unos pesitos más"(alusão a moeda de seu pais, o peso) para construir umas moradias para os que ainda não têm teto, esse é Pepe Mujica.

Minha garganta dá um nó, a cabeça refuta tudo ao meu redor. Quando este ser diz que em seu país caminha pelas ruas e come em qualquer bar de esquina sem as parafernálias dos homens de estado, nem nada. E finaliza dizendo que morrer sabe que vai, e não se pode viver temendo a tudo e a todos. 

Pepe me faz sentir em contradição, pois sempre afirmo que quanto mais velho o ser humano este se torna mais normativo e contaminado pela sociedade. Pepe me provoca a sonhar que posso estar equivocado.

Frases cabalísticas de Mujica nesta entrevista? Muitas... Para meu íntimo vibrar poucas:

"Os únicos derrotados no mundo são os que deixam de lutar, de sonhar e de querer."
"Pertenço a uma geração que quis muar o mundo, mas fui esmagado, pisado, derrotado.."
"Creio que o homem tem recursos para criar um mundo melhor. Mara tem de ser um  mundo rico em recursos materiais, mas muito mais rico em cultura e em conhecimento."


A íntegra da entrevista em espanhol, podes acessar aqui: 




quarta-feira, dezembro 04, 2013

Sul Americano de Dança na Cidade de Córdoba, Argentina

Florianópolis, 04 de Dezembro de 2013.

Nota a Imprensa sobre o festival Sudamericano de Córdoba:


O Grupo GRATTA, e GHETOS de dança de rua vêm a público agradecer a seus apoiadores, patrocinadores, meios de comunicação e equipe pelo empenho na captação de recursos para que tão bem pudéssemos representar a Florianópolis na GRAN FINAL do Campeonato Sudamericano, ocorrido em Córdoba na Argentina.

Como resultado nesta empreitada aonde abandonados por todos os órgãos públicos da cidade e estado, recebendo alguns apoios privados, e ainda pedindo colaborações espontâneas em semáforos, casas, gabinetes de deputados, familiares e etc, o grupo recebeu duas premiações. 

Na categoria solo o dançarino Sandrinhu Nostrinkcriu teve a primeira colocação, e o Grupo GHETOS se qualificou em 4º lugar Sul Americano, com coreografia de Anderson Costa.

Sandrinhu Nostrinkcriu - 1º lugar Sul Americano Solo
A competição que contou com mais de 500 coregrafias e grupos do Chile, Uruguay, Argentina, Paraguay e Brasil foi realizado no "Espacio Quality", que comporta 1500 espectadores e está dentro da Cidade Universitária Federal de Córdoba, entre os dias 29 de novembro e 1 de dezembro.

Após um mês e meio de caçada a auspícios e patrocínio o Grupo GRATTA logrou chegar a cidade argentina onde iria competir nas categorias solo e grupo adulto.
Ghetos, 4º lugar categoria Street Dance

O grupo desde já se prepara para o festival de Riberão Preto, o qual já está qualificado. Seguiremos na luta, com ou sem apoios rumo nossos objetivos.


Atenciosamente,

Nando Schweitzer - Assessoría de Imprensa
GRATTA - GHETOS

Florianópolis, 04 de Dezembro de 2013.