terça-feira, agosto 31, 2010

Um é pouco, dois é bom... Três?

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

Colaboração dos jornalistas Fabiano Peres e Murilo Formigoni Pereira


Um exemplo disso são os R$ 820 milhões vindos do Fundo Nacional de Cultura, destinados a criação do Fundo Setorial de Música, segundo o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, em dezembro do ano passado, durante a Feira Musica Brasil, em Recife. Isso prova que verba existe e o problema é a forma de distribuição destes grandes valores.


Atualmente, a Federação Catarinense de Teatro, entidade criada em 1978 para incentivar a atividade de grupos teatrais, possui mais de 100 grupos atuando no interior do Estado e 19 em Florianópolis. Mesmo assim, a escassez de atrações culturais no estado é fato. Santa Catarina é o 3º destino turístico do país, mas está longe de entrar no roteiro mundial de turismo, quem dirá no nacional.

Um dos principais problemas da cultura no Estado é a falta de espaços e, também, a socialização. Hoje, em Santa Catarina, há 19 casas de espetáculos no interior, com destaque para o Teatro Carlos Gomes, em Blumenau e o Teatro Adolpho Mello, em São José, que se encontra em manutenção. Florianópolis, a capital do estado possui 5 teatros: o Ademir Rosa, no CIC, a Igrejinha da UFSC, Teatro Álvaro de Carvalho, Teatro Pedro Ivo e o Teatro da UBRO.

Existe hoje cultura local?

Outro problema é o cenário musical, que são conhecidos por “grandes eventos nacionais” e que com patrocínio, da ordem dos milhões, catalisam o público. A população catarinense não tem o costume de freqüentar centros culturais. Algo normal nos dias de hoje. E para muitos é preferível ver o novo filme do Stallone e encher as mãos de manteiga de pipoca, que assistir a um espetáculo teatral e ou um café.

Além da falta de espaços, estes que são cartelizados e dirigidos a poucos.

A inexistência de apoio para publicidade para eventos culturais para que esses possam fazer frente a outras formas de entretenimento é uma das razões para que cada vez menos se prestigiem produções catarinenses e locais por todo o país. Nesta realidade atual, não é de se surpreender que as salas de espetáculos estejam vazias. O artista regional torna-se refém de uma dura realidade e um antigo pensamento estandardizado socialmente sempre lhe vai estar na sola do sapato: “Artista no Brasil passa fome”.

As entidades do setor não cumprem seu papel

É ano eleitoral e as ditas entidades culturais não estão na discussão e muito menos nos planos de governos dos nossos candidatos em nenhuma das instancias. E os sindicatos da categoria tão pouco estão fazendo o seu papel, que seria de cobrança sistemática e compromissos de políticas culturais mais inclusivas. Ou será que isso não é de interesse público?
Discutiu-se tanto sobre a “censura” mediante o tal artigo 45. Este inserido na Lei das Eleições (9.504 de 1997) que veda, a partir de 1º de julho de ano eleitoral, "trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação". A Abert pediu e conseguiu que o Supremo declare que essa parte da legislação é inconstitucional.

Três é demais

Em suma, os meios poderosos de mídia não querem perder repercussão com possíveis sátiras as eleições. Mera questão de Ibope e lucro. Disso a mídia fala e falou muito. Mas onde está nos debates televisivos a abordagem sobre temas de cultura? O que ocorre é que a indústria da “cultura de massa”, na verdade um vulgo entretenimento barato, está preocupada apenas em manter tudo como está.

No meio artístico catarinense já corre a boca miúda que a estrela Vera Fischer está por ganhar mais um edital no estado na casa de R$ 500 mil. Quem viver verá! Será a terceira vez que na história deste estado, enquanto a classe artística local míngua, uma superprodução com a mesma figura recebe “apoio” no estado. E artistas locais o que recebem? Sequer datas nos espaços gerenciados pelos meios públicos, salve exceções que têm se repetido nas pautas e datas dos centros culturais e casas da região por anos.
Não plagiando o filme, mas a pergunta vem a mente fácil: “O que é isso companheiro?”. Não sei, mas passo a pensar que... Se disser, me processam, e se mal tenho o que comer... Não terei para o advogado.



Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

Colaboração dos jornalistas Fabiano Peres e Murilo Formigoni Pereira

segunda-feira, agosto 23, 2010

Beijo, política e sociedade

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


Um jogador de futebol de fama internacional, porte de modelo, casado, com dois filhos. Um exemplo para a sociedade. Outro, também jogador, só que recém iniciando a carreira. Este, uma promessa para o futuro no mundo futebolístico, mas muito intempestivo e ambicioso.

O que teriam em comum estes dois perfis além de jogarem no mesmo time? Sua sexualidade. Eis então que esta trama secundária em seus princípio começaria a despertar polêmicas. Afinal o futebol é o estandarte da virilidade, masculinidade, etc. Nas escolas, nas vilas, na TV, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê o futebol é sinônimo de heterossexualidade.

A arte imita a vida, ou, a vida imita a arte?

Não podemos dizer que a tele-dramaturgia finja que homossexuais não existem. Apenas destina a eles o "seu devido lugar". Cabeleireiros, estilistas, artistas... Uma mistura de preconceito sexual, com desvalorização profissional. Ingredientes perfeitos para acomodar a massa conservadora que é o público brasileiro. Ou claro, podemos ter um afeminado, que subliminarmente seria o passivo, corrompendo o pseudo hetero que seria o ativo da suposta relação. Esta que obviamente ficará fadada a imaginação dos telespctadores, pois o grande tabú ainda não será quebrado. Ao menos não explicitado perante as "lentes da verdade", como diria o genial Clodovil.

Pensemos, só para não falar do fenômeno, seria um fenômeno que não existissem homossexuais no mundo do esporte. Desrespeitariamos o senso do IBGE, que afirma que 12,8% da população brasileira em 2009 é homossexual. E nisso não consideramos a grande parcela, provavelmente maior que esta, que não admitiria a um censor sua sexualidade.

Regressando a dramaturgia. Na Argentina, a emissora TELEFE exibiu uma cena de beijo gay na novela Botineras. E a repercussão fora tal que a trama dos dois jogadores de futebol que se apaixonaram, e no decorrer da trama chegaram a muito mais que um mero beijo. E estão todas as cenas disponíveis em seqüência no Youtube, buscando por Manuel & Lalo "Botineras" parte 13.

"A trama polêmica"

Com ingredientes de trama policial “Botineras” ( em tradução literal marias-chuteira) exibiu o beijo gay que causou “frisson” entre o público argentinos. E o casal não foi morto em uma explosão de shopping, e tem garantida presença no episódio final da trama veiculado no dia 24 de Agosto de 2010. O núcleo Lalo e Flaco ganha os olhos da mídia e público quando o experiente jogador Manuel “Flaco” Rivero (Cristian Sancho) quis demonstrar que se importa com seu colega de clube (Ezequiel Castaño), pelo quão nos capítulos seguintes notaria estar perdidamente apaixonado.

Castaño e Sancho, atores heteros e famosos, tornaram-se figuras constantes nas capas de revistas e nos programas da tarde na televisão. Desde o início do romance entre os jogadores, a audiência de “Botineras” cresce, conforme medição dada pelo Ibope argentino. O interesse do público com o folhetim, que tem apenas dois capítulos gravados de frente em relação ao que está no ar, fez com que a produção da novela aumentasse o número de cenas de amor entre Lalo e “Flaco”. A primeira cena de sexo homoafetivo do continente na televisão aberta começou com um desnudando o outro e terminou com a câmera captando do alto a imagem deles nus, abraçados na cama, em "conchinha".

Os atores da trama tem feito declarações em que mostram naturalidade com a repercussão e execução do trabalho que desempenham como os jogadores homossexuais. “Parti do princípio de que um gay é um homem. Evitei amaneiramentos. Se caíssemos no clichê, a história de amor não seria vista com respeito”, diz Sancho, que também é modelo de campanhas de roupa íntima. Castaño, rosto conhecido na TV argentina há 15 anos, quando estreou em “Chiquititas”, declarou: “Com Lalo, tenho a oportunidade de mostrar muito do que aprendi como ator ao longo desse tempo.”

Lá e cá

Como de costume no país vizinho a novela é uma co-produção. O que me parece fazer com que as tramas tenham mais liberdade na abordagem de temas polêmicos. Pois aqui temos além do assassinato das lésbicas bem sucedidas de Torre de Babel, o beijo gravado e cortado de América e o caso mais recente na novela poder paralelo. Onde as atrizes Paloma Duarte e Adriana Garambone  se preparavam para gravar as cenas do envolvimento entre as suas personagens, Fernanda e Maura, na Record, segundo informou o “Jornal da Tarde” na época.

Paloma chegou a ter sérios atritos com a cúpula da emissora por declarações feitas a mídia. “A gente começou a gravar, mas duvido que tudo vá ao ar”, declarou. Segundo a atriz, a trama de Lauro César Muniz teve vários cortes. “A gente caiu numa censura desmedida. A gente grava, grava e grava e muita coisa não vai para o ar. A equipe não gosta muito de falar desse assunto, mas essa é a realidade”.


Botineras é uma novela produzida  em parceria pela Underground Contenidos y Telefe Contenidos, associadas a Endemol Argentina. A trama policial escrita inicialmente por Esther Feldman y Alejandro Maci e idealizada por Sebastián Ortega, que tem no currículo os sucessos La Lola e Los exitosos Pells que foram protagonizados por Carla Peterson.

O Beijo politizado

Em particular chamou minha atenção. Assinada por Dayanne Sousa do portal Terra a matéria: Diretor de beijo gay: "Não quero trabalhar na Globo", que fala sobre a cena de beijo entre dois homens na propaganda eleitoral do PSOL em São Paulo, tem umas pitadas saborosas.

Primeiro dizendo que o diretor de filmes Pedro Ekman se mostra surpreso com o sucesso do vídeo. Ele aproveita para atacar a programação da TV aberta, que chama de "retrógrada". E logo tras a declaração provocadora do mesmo - O que choca é que você não está acostumado a ver isso na TV. Na rua, você até vê mais. O choque é pelo conservadorismo da TV. A sociedade aceita muito mais esse fato do que o que está refletido nos meios de comunicação.

Eeeeeeeepaaaaa!!! Diria Vera Verão se estivesse viva. Ekman não é publicitário, marqueteiro e nem costuma fazer campanha. É formado em arquitetura, mas começou a trabalhar com vídeo. Filiado ao PSOL, ajudou com o filme do candidato ao governo de São Paulo, Paulo Bufalo, "até porque não tem muito dinheiro". - explicou.

Em nota ao jornal Folha de S.Paulo, a Rede Globo respondeu a crítica da imprensa de que o horário político foi mais ousado que as novelas de TV. Afirmou em resposta a poderosa: "Não achamos que nossas novelas da categoria entretenimento são os veículos adequados para tratar de questões sociais." A resposta é engraçada, porque quando convém, ela diz que a novela serve para fazer "merchandising social". Quando não convém, porém, ela fala que não serve para isso. É a velha e boa resposta de conveniência - alfinetou Ekman.

Por hora o tal beijo entre pares do mesmo sexo ficará restrito aos horários políticos e internet. Mas quem sabe o SBT volte a fazer uma co-produção com a TELEFE e nos surpreenda com "Maria Chuteiras". E  quem sabe Ronaldinho faz uma ponta, já quem tem relações comerciais com o grupo Sílvio Santos. Pra quem não lembra, Chiquititas de mesma origem e canal foi um sucesso e tem atualmente todos seus atores trabalhando na poderosa. Ou a Band que exibe Quase Anjos(dublada), CQC e A Liga: todas produções argentinas dessa mesma produtora, e exiba em versão dublada a inovadora Botineras. Ou o SBT reprise a série da extinta Manchete, como fez com algumas produções. Mãe de Santo, na emissora carioca é por muitos considera o único beijo gay da TV brasileira.



Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

domingo, agosto 22, 2010

Casamento gay? Quando...

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista
O Brasil chegará aprovar o matrimônio homossexual? O casamento entre pessoas do mesmo sexo (também chamado casamento homossexual ou casamento gay) é o reconhecimento social, cultural e jurídico que rege a relação e a convivência de duas pessoas do mesmo sexo, com os mesmos critérios, requisitos e efeitos como os existentes para os casamentos entre pares heterossexuais. Algo que no país parece estar longe de se tornar realidade, ao considerarmos que desde 1993 está no congresso o projeto de união civil apresentado por Marta Suplicy, deputada federal na época.

A um mês a presidenta da nação irmã, Cristina Fernández de Kirchner, sancionou a polêmica lei de matrimônio entre pessoas de mesmo sexo. Feito esse que ratificou sua capital, Buenos Aires, como o maior destino de turistas homossexuais do continente. A cidade portenha já detinha o título de a capital gay friendly das Américas, pois possui uma das maiores listas de estabelecimentos que se auto entitulam amigos dos gays no mundo.

O conservador México também corre atrás do chamado dinheiro cor-de-rosa. La quase 400 casais do mesmo sexo se casaram no Distrito Federal mexicano seis meses depois de entrar em vigor a lei que permite o casamento gay, informou o governo da metrópole mexicana. Em agosto passado, a Suprema Corte de Justiça da Nação determinou a constitucionalidade das uniões e sua validade no restante do país, após várias controvérsias apresentadas pelo governo federal e Estados mexicanos de tendência conservadora.

No entanto o Brasil está muitos passos atrás tanto quanto a políticas neste setor, como em espaço na mídia para os homossexuais, a não ser quando exibem esteriótipos. Demonstrações homoafetivas nos veículos de massa são tabu, como o não veiculado beijo gay da novela América, que mesmo gravado, foi vetado pela cúpula da TV Globo.

Mas existem países em que já se tem estabelecido legalmente este tipo de união, alargando a instituição do casamento existente para aqueles formados por pessoas do mesmo sexo, manteve-se a natureza, os requisitos e os efeitos que a lei tinha reconhecido antes do casamento. Isto é, como uma equalização dos direitos constitucionais e não como muitos pensam "uma vitória de uma minoria”.

Na Argentina pais onde a lei de matrimonio já vigora, a emissora TELEFE exibiu uma cena de beijo gay na novela Botineras, a repercussão fora tal que a trama dos dois jogadores de futebol que se apaixonaram cresceu. Lá o casal passou e muito de um mero beijo. As cenas estão disponíveis em seqüência no Youtube, buscando por “Manuel & Lalo "Botineras"”.


Os Homossexuais e a história

As uniões homossexuais são muito antigas, mas a generalização de um movimento organizado que visa buscar o reconhecimento legal vem no final do século XX. O preconceito é uma mono-voz datada e apoiada na coluna simples e única do discurso neocristão para gerar orçamentos para a Igreja Católica/Estado, esta que passa a ser oficialmente a religião do Império Romano e com isso fez com que a prática comum principalmente entre os homens de poder do império se tornasse um ato pecaminoso gradualmente desaparecendo da sociocultura.

Essa premissa teve continuidade como discurso normativo, seguido pelas monarquias imperialistas por séculos. Durante a Idade Média e depois na expansão mercantilista era considerado crime de pederastia. Depois em suas colônias neo cristianas, que mesmo depois de independentes tinham como espelho as ex-metrópolis, como exemplo de civilização, o status quo perante a homossexualidade continuaria. Em países como Portugal até 1982, o ato homossexual era considerado crime.

Em muitas civilizações orientais como a China antiga, especialmente no sul da província de Fujian, o sexo entre homens era permitido e ato comum, e os jovens contraiam matrimonio em grandes cerimônias.

Existem questões hoje mais importantes para se pensar quanto a união de pessoas de orientação homossexual. Quando um dos parceiros vem a falecer a família do cônjuge morto geralmente apela a justiça para que o ex não tenha direito a herança. Esta nada mais é que uma forma de fingir para a sociedade que o filho não era homossexual.

Apesar de vivermos em tempos de “democracia”. Na dita maior democracia do mundo ainda não existe o casamento gay, como preferem nomenclaturar o movimento que se inspira nos movimentos americanos por direitos dos homossexuais. Históricamente o território já foi antes da invasão Inglesa uma terra livre e muito moderna.

No período pré-colonial se tem relatos e referencias documentais que entre as sociedades de povos originários não existia distinção nos casamentos realizados, pois a cerimonia dentre de suas crenças eram para efetivar a união de dois espíritos. Algumas outras tribos consideravam que um homossexual seria um corpo de dois-espíritos, estes eram respeitados como chamantes misticos, entidades superiores. Com a expansão das regiões monoteístas o conceito matrimonial entre pessoas do mesmo sexo desapareceria na região em meados dos séculos XIV, e principio do século XX.


O lucro vence os preconceitos

A dita economia gay, segundo alguns é a nova esperança em momentos de crise mundial. Nessa onda a Argentina saiu na frente entre os países Americanos aprovando este ano no senado o matrimônio homossexual. No dia 21/07/2010 a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, promulgou a lei que aprova o casamento entre pessoas do mesmo sexo. "Hoje somos uma sociedade um pouco mais igualitária que na semana passada", disse em ato oficial realizado na Casa Rosada.

Embora o ato não tenha validade em países sem lei semelhante, como o Brasil, pelo menos 250 casais iniciaram os trâmites para repetir a experiência do casal chileno: Zapata e Nocentino. Eles após a aprovação do casamento homossexual, em meados de julho no país vizinho, resolveram cruzar a fronteira para casar. Isso é apenas uma pequena demonstração de que a Argentina deverá receber uma avalanche de “dinheiro cor-de-rosa” e impulsionar sua econômia gay ao tornar-se o primeiro país das Américas a ter uma legislação que prevê igualdade de gênero.

De acordo com o governo da cidade autônoma de Buenos Aires, 18% dos turistas estrangeiros que chegaram a Buenos Aires eram homossexuais, apenas no ano de 2008. Eles deixaram R$ 1530 milhões na cidade. Geralmente, gastam o dobro do que os demais visitantes, os héteros. “A lei vai gerar um aumento vertiginoso do turismo gay”, diz Hernán Lombardi, secretário de Cultura da cidade autônoma de Buenos Aires.

Essa parcela da população cada vez mais passa a importar para vários setores da economia e por conseqüência da sociedade. “É a cereja do bolo para uma cidade que sempre respeitou a diversidade”, reforça Juan Juliá, dono e fundador do Axel Hotels, primeira rede de hotéis gays do mundo(oficialmente em seu sitio usam o termo Heterofriedly). O hotel tem apenas três unidades no mundo: Berlim, Barcelona, além de Buenos Aires.


Onde os homossexuais não são mais criminosos

Alguns países são parte da pequena elite da pós modernidade quando o assunto é união homossexual. Desde 2001 a Alemanha passa a possuir legislação questionar dá direito aos homossexuais em nível de igualdade ao casais heterossexuais. Já na Espanha a coisa é mais recente. Lá, o governo do partido socialista, do presidente José Luis Rodríguez Zapatero legalizou, em julho de 2005, o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Estes casais, casados ou não, também têm a possibilidade de adotar. Na época da aprovação da lei, enquanto ativistas choravam e mandavam beijos para os legisladores, integrantes do partido conservador classificavam a decisão como uma "desgraça".

A Argentina sofreu um processo tardio no que diz respeito ao reconhecimento de "minorias", em território nacional. Na Capital Federal e em outras três cidades a união civil é vigente desde 2001. E o debate assim foi jogado para frente. Por mais que as organizações de direitos gays exigissem a nacionalização desses direitos, os setores mais reacionários da pós-moderna Republica Argentina conseguiram adiar a discussão anos atrás. A discussão virou polêmica depois que a Igreja Católica mobilizou seus fiéis em repúdio ao tema, o qual definiu como "projeto do demônio". Em resposta, o governo respondeu com uma manifestação chamada de "Barulho pela Igualdade". Mas mesmo em um país onde 95% da população se diz católica foi possível avançar no tema.

Outros países adotaram legislações referentes à união civil, que dão direitos mais ou menos ampliados aos homossexuais (adoção, filiação), em particular a Dinamarca, que abriu em 1989 a via para criar uma "união registrada", a França ao instaurar o PACS (Pacto Civil de Solidariedade) (1999), Finlândia (2002), Nova Zelândia (2004), Reino Unido (2005) República Tcheca (2006), Suíça (2007), Uruguai (2003) e Colômbia (2010).


Em Portugal uma lei, que entrou em vigor em junho de 2010, modifica a definição de casamento, ao suprimir a referência a "de sexo diferente". Exclui o direito à adoção. A adoção da lei fez de Portugal o sexto país europeu a permitir a união entre homossexuais. Segundo o governo, a lei fez parte de seus esforços para modernizar o país, onde o homossexualismo era crime até 1982.

Os Países Baixos, também chamados por muitos de Holanda, após terem criado, em 1998, uma união civil aberta aos homossexuais, em abril de 2001, torna-se o primeiro país a autorizar o casamento civil de pessoas do mesmo sexo. Os direitos e deveres dos cônjuges são idênticos aos dos membros de casamentos heterossexuais, entre eles o da a adoção.

A Bélgica também correu atrás do prejuízo. Com medo de perder dinheiro com o turismo LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), passa a considerar os casamentos entre homossexuais, questionar são autorizados desde junho de 2003. Os casais gays têm os mesmos direitos que os casais heterossexuais. Em 2006, conquistaram o direito a adotar.

A Suécia com seu sistema de democracia semi direta, única no mundo, foi pioneira no direito de adoção, desde maio de 2009 a Suécia permite a casais homossexuais se casarem no civil e no religioso. Desde 1995 eram autorizadas a se unir por "união civil". Na Suécia, onde cerca de três quartos da população são membros da Igreja Luterana, apesar de o número de praticantes ser relativamente baixo, qualquer um dos pastores pode celebrar casamentos entre gays.

Na Noruega uma lei de janeiro de 2009, põe em pé de igualdade os casais homossexuais, tanto para o casamento e a adoção de crianças quanto para a possibilidade de beneficiar-se de fertilização assistida. Desde 1993, contavam com a possibilidade de celebrar união civil.

A primeira-ministra islandesa, Johanna Sigurdardottir, casou-se com sua companheira em 27 de junho de 2009, dia da entrada em vigor da lei que legalizou os casamentos homossexuais. Até então, os homossexuais podiam unir-se legalmente mas a união não era um casamento real. A Islândia assim passa em alto estilo ao rol seleto de países em que isto é possível.

Desde 2005 gays podem se casar e adotar crianças no Canadá. Na época da aprovação da lei, pesquisas mostravam que a maioria dos canadenses era a favor da união homossexual. Houve resistência da Igreja Católica, questionar afirmou na época que os menos considerados no debate eram as crianças.

A África do Sul torna-se em novembro de 2006, o primeiro país do continente africano a legalizar a união entre duas pessoas do mesmo sexo através do "casamento" ou da "união civil". A lei foi assinada pelo presidente em exercício na época, Phumzile Mlambo-Ngcuka. A África do sul é o único no continente africano a permitir a união homossexual.

O México seguiu em 2010 o trajeto argentino, primeiro o Distrito Federal reconheceu a união entre pessoas de mesmo sexo. A constitucionalidade dos casamentos homossexuais no México foi aprovada em 5 de agosto e, no dia 12 do mesmo mês, foi determinado que todos os Estados deviam reconhecer os matrimônios. Neste processo que polemizou o país azteca recentemente o prefeito da capital mexicana, Marcelo Ebrard, apresentou processo por danos morais contra o cardeal Juan Sandoval Íñiguez, que o acusou de corromper juízes da Suprema Corte para validar casamentos entre pessoas do mesmo sexo.


Quem são eles e elas?

Institutos diversos tem estimado o número de homossexuais no mundo, todavia essas sondagens não percebem que muitas perguntas feitas em seus questionários dentro da realidade repressiva e arcaica em que vivemos não são reflexo da realidade. Homossexuais nem em seu circulo de amigos declara suas predileções sexuais, não o farão a um estranho de um instituto de pesquisa.

Dados da ONU estimam que 10% da população mundial seria homossexual. Enquanto em alguns países o preconceito é crime corriqueiro, países como o México além da aprovação do matrimônio homossexual, tem uma lei que pune cartórios ou escrivães que se recusem a realizar o casamento entre iguais, permitido a partir deste ano no país.

Na mesma semana em que entrou em vigor e se realizaram três casamentos entre pessoas do mesmo sexo em Portugal, mais quatro homossexuais foram assassinados no Brasil. Enquanto os lusos se adaptam a realidade da nova Europa, onde os homossexuais passam a ter direitos antes nunca vistos, suas ex colonias vivem no revés da história.

A lei sobre direitos igualitários sofreu fortes e violentos protestos em Portugal. E essa herança sociológica se nota a passos largos pois nenhuma de suas ex-colonias está sequer perto de chegar a um consenso sobre essas “minorias”. No Brasil, a bancada evangélica e conservadores barram desde 1993 a união civil. Casamento Gay? Isso então ficará provavelmente para a próxima década. Homossexuais continuam a não ser incluídos nos planos de saúde em Moçambique e a recente revisão constitucional em Angola exclui o direito da não discriminação de acordo com a orientação sexual.

Além da língua que os une, em comum estes estados que integram a comunidade dos países de língua portuguesa (CPLP), têm uma população LGBT que ainda hoje sofre o peso de uma herança colonialista, que deixou raízes, códigos e leis profundamente discriminatórias. Realidade a que não fogem Timor-Leste, Cabo Verde, Guiné-Bissau ou São Tomé, que como em Moçambique, a legislação em vigor sobre atos homossexuais remete à época do controle Português.

No Brasil os objetivos políticos passam por combater o fosso socioeconômico ou a insegurança e nos restantes como Angola e Moçambique, a saída de problemas internos recentes coloca a reconstrução dos países como prioridade em detrimento dos direitos civis ditos por autoridades como sem urgência e de relevância para pequena parcela da população.

No censo de 2006 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) somam mais de 12,6 milhões LGBTs no Brasil. E é de se pensar qual seria a razão legal para que tal parcela da população tenha vetada de uso fruto cerca de 78 direitos constitucionais segundo a ONG Leão do Norte. Com base num levantamento feito pela entidade, essas sanções vão desde impossibilidades jurídicas, quando a comunhão de bens e direitos de herança, a não poderem somar renda para financiamentos e alugueis entre outras.

Mas se engana quem pensa que os gays estão presentes somente nas festivas paradas gays. O setor de turismo se volta cada vez mais a este público. Só no Brasil segundo a ABRAT(Associação Brasileira de turismo para gays, lésbicas e simpatizantes), o turismo GLS movimentou em 2009 aproximadamente R$ 10 bilhões. Desse total, 70% vêm do turismo doméstico e 30% do turismo internacional.

O confronto de dados sobre a população de homossexuais, com números de turismo no setor nos dá uma pequena mostra de que grande parte dos cidadãos homossexuais não são assumidos. Seja por preconceito na família, medo de represálias(principalmente em cidades de interior), perda de amigos ou emprego as pessoas optam muitas vezes por uma vida dupla. Assim que, a estabilidade econômica e a ampliação do crédito nos últimos anos tem dado uma mãozinha a esse jogo de esconde-esconde social. É bem mais fácil viver sua sexualidade longe do seu circulo social. Por esta razão, o número de empreendimentos direcionados ao público LGBT, são número cada vez maior em todo o país.


A mídia e os homossexuais


Muitos creem que o tão famigerado, esperado, polêmico beijo gay ainda não aconteceu por aqui. Não entre dois homens, na poderosa. Em declaração ao IG o experiente diretor Henrique Martins lamentou que ainda existam restrições nas novelas em relação ao beijo gay: “A censura interna nas diretorias das emissoras ainda impedem que coisas como essa aconteçam”, desabafa. “Tenho esperanças de ainda ver esse resquício de censura liberada antes de eu morrer”, brincou.

Ele que dirigiu grandes produções em quase todas emissoras do país e também dirigiu o primeiro beijo gay de que se tem registro, na minissérie “Mãe de Santo”, exibida pela TV Manchete em 1990. A minissérie mostrou timidamente o primeiro beijo gay entre dois homens no horário nobre.

Em 2010 o programa eleitoral do PSOL exibiu as claras um beijo gay entre dois jovens e foi um dos assuntos mais comentados na primeira semana eleitoral em São Paulo. O beijo de menos de cinco segundos, foi suficiente para escandalizar várias pessoas. Conforme divulgou-se em várias mídias, a primeira manifestação pública contrária ao filme veio do relator do conselho político da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, Lelis Washington Marinhos. O evangélico chamou a peça de “deplorável” e “grande provocação à sociedade brasileira”.


Criminalizar o crime

Sofremos hoje de um mal que poderia ser remediado. O mal é a hipocrisia. Veja que o dinheiro homossexual é bem vindo por empresários héteros. Os governos afirma que presam pela liberdade de expressão. Mas um estudo do Grupo Gay da Bahia de 2005, baseado em dados oficiais da polícia civil diz que no Brasil registra-se, um crime de ódio anti-homossexual a cada 3 dias. Uma média de 100 homicídios anuais. A partir de 2000 essa média cresceu: 125 crimes por ano, sendo que em 2004 atingiu: 158 homicídios.

Segundo dados do Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais, feito pelo Grupo Gay da Bahia, o GGB, 195 homossexuais foram mortos por motivação homofóbica durante o ano passado. Nos estados brasileiros, o maior número de assassinatos se concentra na Bahia e no Paraná, com 25 mortes cada. A capital Curitiba é considerada a mais homofóbica do país, por registrar 14 mortes, superando o estado de Alagoas inteiro (11 mortes).

Nenhum desses estudos citados e estatísticas considera os suicídios, principalmente de adolescentes homossexuais, motivados pela pressão social que sofrem. Em uma sociedade que vive pela perspectiva da culpa e castigo, sem uma respaldo familiar e/ou psicológico o jovem homossexual pode entrar em depressão. A falta de conhecimento, acrescida dos estigmas e preconceitos sociais, podem levar uma pessoa a sofrer por ser homossexual. É uma questão muito delicada de segurança e saúde pública.

Hoje a população ou ignora ou veladamente apoia esses crimes, pois a lei que puniria crimes de ódio quanto a orientação sexual está girando entre congresso e senado e não foi aprovada ainda. As entidades contra a lei dizem que seria uma forma de cerceamento de suas liberdades individuais, porque teriam de aceitar homossexuais contra sua vontade em cultos, reuniões, missas, etc. Dizem também que não poderiam mais manifestar-se contra essa “abominação” publicamente, pois poderiam ser penalizados.

Mesmo que por séculos na história os que foram tratados de forma desprivilegiada por sua condição foram os homossexuais. Esses setores arcadistas da sociedade parecem não se importar com essas vidas perdidas, por nada mais que ignorância e preconceito. Estes alimentados por estes mesmos que sentem-se seres superiores e que ostentam a bandeira da moralidade.


Em Florianópolis existe uma tentativa de criminalizar a homofobia. A câmara municipalaprovou em segunda votação em 08 de Outubro de 2008, o PL 12.305/2007, que institui a data 17 de maio como dia contra homofobia. Para Ângela Albino criadora do projeto, ele foi feito com a maior correção semântica. Dia de Combate a Homofobia, lesbofobia e transfobia. “Foi tão engraçado, pois tinha um vereador que não tinha a menor idéia do que era transfobia. Lesbofobia ainda tinha uma vaga idéia. Por que existem várias exclusões: Das mulheres na sociedade em geral, das mulheres negras que são mais excluídas, por serem estas 2 coisas. As heterossexuais em relação as lésbicas tem posições sociais diferenciadas. E nós precisamos saber fazer esses recortes. E também não pensar que mulher é só aquela que passeia na Beira Mar”.

Ainda acrescenta sobre a falta de representação de movimentos sociais do setor na política: "Nós temos um padrão do poder no país que é o homem, branco, heterossexual, com dinheiro e com 40 anos. Tudo que sair desse padrão, ou seja 98%, não está representado. Então há uma dificuldade de compreensão sobre esses temas. Me tomando por exemplo, sou a 7ª mulher vereadora eleita em Florianópolis. Nós nunca tivemos alguém do movimento GLBT aqui dentro."

A Constituição Brasileira de 1988, estabelece que todos são iguais perante a lei e defende a liberdade religiosa, assim como a liberdade de orientação sexual. Na mesma, é condenada qualquer forma de preconceito as pessoas, em suas convicções (religiosas ou sexuais?). Mas parece que é necessário espelhar-se nas leis contra o racismo e lei Maria da Penha, especificar e penalizar o crime de homofobia para que a barbárie contra homossexuais tenha um ponto final.

Enquanto em outros países se aprova o matrimônio, com direito a adoção inclusive, nossos homossexuais são mortos ao esperar a aprovação da “união civil” e da criminalização da homofobia. Ainda deixando seus parceiros e parceiras sem direito sequer de legalmente dizerem-se viúvos e viúvas.

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista
Entrevistas: Ângela Albino, ex-vereadora de Florianópolis, Hernán Lombardi, secretário de Cultura da cidade autônoma de Buenos Aires (telefone).

Com informações de: Portal Terra, Ango Notícias(ANG), ABRAT, Grupo Gay Bahia, Portal IG, Revista A Capa, Diario Clarín(ARG), Jornal ComTEXTO, BBC Brasil.
DIAS, Maria Berenice. União Homossexual – Preconceito & a Justiça. 3ªed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006.
SCHWEITZER, Nando Schweitzer. Juan y Marco. Espetáculo Teatral, Buenos Aires.

quarta-feira, agosto 18, 2010

Ai, que saudade dos festivais!

 Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



Sabe-se que a TV Digital buscará em um futuro próximo, ou seja, quando interessar comercialmente as emissoras maiores da mídia brasileira. Resumidamente, as novidades na TV ainda restringem-se ao formatos "novos" ou seus subprodutos. Em sua ultima edição o programa Ídolos da Rede Record tem se reinventado. Se isso é bom ou ruim não se pode dizer as pressas ou analisando de forma superficial.

Nesta terça-feira 17/08/2010, o programa trouxe a eliminação do Top 9, e a exibição do Top 8 do quão sairão 2 candidatos na quinta seguinte. O que me causou surpresa foi que o formato sempre pregou que os candidatos deveriam beber na fonte do fútil, ou seja do POP.  Muitos candidatos bons de verdade eram limados por serem muito MPB pro concurso, etc. Dentro desse perfil que nesta edição se rompera, vi aberrações e algumas boas surpresas.

O trash da noite foi o remake proferido sangrosamente pelo candidato Romero, da insuportável e mais que batida Pense em Mim. A versão pagode da mesma, ajudada pelo tremendo esforço do pagodeiro de carteirinha na emissão dos tons estridentes realizados na época por Leonardo eram um plus dentro dessa agressão ao bom gosto, seja de quem seja.

Ídolos é um programa de televisão brasileiro, versão do formato britânico Idols, que consiste em revelar o "novo ídolo musical do Brasil". A estréia ocorreu em 19 de agosto de 2008. É apresentado por Rodrigo Faro, dirigido por Wanderley Villa Nova, o antigo diretor do Show de Calouros de Silvio Santos, e tendo novos jurados: Paula Luma, Luis Calainho e Marco Camargo como jurados.

Esta é a segunda versão brasileira do formato criado por Simon Fuller. A primeira versão foi transmitida pelo SBT e contou com duas temporadas, exibidas entre 2006 e 2007.

Mas se por um lado a busca desenfreada por audiência trouxe experiências um tanto quanto inusitadas para não dizer coisa pior. Nise, a chamada por muitos em blogs e cometários no portal R7, foi a boa surpresa da noite. Uma adendo, o portal R7 surpreendentemente tem feito algo muito positivo, trazendo passagens inéditas de bastidores do programa, algo não muito bem explorado em outras edições. Obvio que é uma estratégia da emissora de repercutir mais o programa, e ainda turbinar seu portal de conteúdo. Evidencias a parte, justamente essa foi a cação escolhida por ela, a estrela da noite. E realmente conseguiu inovar com uma das músicas mais manjadas da história com mais de 15 regravações.

A evolução do programa é notório em seu transcorrer, seja pela mudança de emissora, como pela finalmente adaptação a realidade brasileira. Geralmente eliminatórias em pontos estratégicos do Brasil – a seleção do Ídolos 2010 aconteceu nas cidades de São Paulo, Uberlândia, Fortaleza e Rio de Janeiro. Nesta edição, mais candidatos bizarros fizeram a alegria dos telespectadores e irritaram os jurados, dentre os 40 mil inscritos (novo récord do programa da Record). E em entrevista na coletiva ao lançar a nova edição foi falado várias vezes que: "além de passarem a idade máxima de 26 para 28, como a mínima de 18 para 16". Essa medida fez o programa chegar a seu recorde de inscrições, mais de 40 mil.

Ms polêmicas é que não irão faltar no programa, pois a própria emissora pois no ar uma polêmica. Deu um adianto no R7 e o disse, me disse na rede já catapultou o êxito da eliminação próxima. O pagodeiro do Pense em Mim finalmente enfrentou os jurados carrascos da versão da Record. No R7 o vídeo dos bastidores plugarão esta declaração do jovem Romero: "Eu acho que os jurados têm que buscar alguém para ficar falando, ia ficar sem graça se eles elogiassem todo mundo. Eles podem influenciar na saída se toda hora ficam pegando no pé, falando que o candidato é isso ou aquilo. Eles são um termômetro para o Brasil. Só que todo mundo pode concordar e discordar deles." A edição do programa exibido amenizou a critica com uma boa edição.

Não que as declarações do ingênuo, ou nem  tanto, rapaz não tenha fundamento. Mas ele poderia ser perguntado também sobre se a recíproca é verdadeira. Ora veja, o rapaz é o mais fraco da disputa entre os que restam, e com essa pseudo-polêmica ganhou uma sobrevida no realite show. Afinal novela é o tipo de entretenimento preferido entre brasileiros, e essa novelinha pode render alguns capítulos. E pensar que a Rede Record no passado revelou grandes mitos da música... Ai, que saudades do festivais!


Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

segunda-feira, agosto 16, 2010

Fazer ou não fazer?

 Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

A publicidade oficialista é uma criação antiga, seu primeiro uso efetivo na história fora no regime nazista de Hittler, esta utilizada como forma de persuasão da população, popularização, aceitação das medidas drásticas tomadas por seu governo. Tais elementos ainda hoje são armas para melhorar a imagem de governos, e chamada atualmente por muitos de Propaganda Institucional. Aonde a verdade é elemento, mas o enfoque principal na verdade é outro, divulgar as “realizações” de uma empresa ou gestão de governo.
O investimento hoje em publicidade por governos federais, estaduais ou municipais ultrapassam a tranqüilamente de milhões por mês. De 2003 a 2009, a Presidência da República, ministérios e estatais gastaram R$ 7,7 bilhões com propaganda. Os gastos do ano passado, de R$ 1,17 bilhão, superaram em 48% os R$ 796,2 milhões investidos no primeiro ano de governo.
A desculpa de que estaria fazendo uma prestação de serviços a população, é mais velha que o velho testamento. Isso hoje é uma constante também nos estados. A impressão que fica é de que tal verba poderia abrir mais escolas, hospitais e segurança. Afinal sempre dizem que faltam verbas para ampliar programas nestas áreas, e para isso criam mais impostos, estes que acabam financiando este tipo de “investimento” do governo. Fazer mais e publicitar menos essa é a dica para sanar o déficit público no Brasil.
 Há de esperar que o partido que enquanto oposição não use das práticas de seus rivais clássicos, o abuso da máquina do estado em prol de sua prole prolixa e proletária. Como se já não bastasse a mídia em geral fingir que a eleição daqui é como  americana, doentia e bipolar. De fora continuamos a copiar apenas as más praticas, estas com status de grande coisa. 
Alguém viu na Band, no domingo posterior ao debate da mesma emissora  o Boechat dizer: " O formato justamente privilegiou os dois candidatos que são lideres nas pesquisas... É um mérito do formato do debate"... depois se corrigiria: "o que aconteceu foi o embate natural entre os dois candidatos principais que ainda não tinham se enfrentado". É meus caros... a mídia definiu que não temos nenhuma opção a não ser os candidatos siameses, dos partidos opostos mas que fizeram governos iguais.
Para completar a chacina a democracia de fato, a única "oposição" é a candidata eco-proletária, ex PT e ex-povo. Não é possível que em um mundo cada vez mais plural tenhamos uma discussão tão superficial da realidade e dos caminhos futuros da 8ª. maior economia do mundo. Não nos resta sequer um valhacouto de seres pensantes, nem de integridade no país? Ninguém mais enxerga o óbvio? O tal "povo" tão falado e que importa tão pouco aos grandes mercenários da nossa "new high society" pseudo intelectual política e mítica, não vai gritar "basta de mais do mesmo"? Quem vai responder no futuro por essa badalhoca em que estão transformando o Brasil?

 Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

sexta-feira, agosto 06, 2010

Bandeirantes dá arrancada ao debate pela presidência

 Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

O primeiro debate entre os presidenciáveis na TV aberta, ocorreu às 22h, na Bandeirantes e afiliadas. O confronto gerou expectativa, essa frustrada, pois pouco pode ajudar a definir as diferentes propostas nesta eleição. Para muitos eleitores o debate é o primeiro passo para decidir o voto. Ou no caso deste, o primeiro, a arrancada midiática das candidaturas majoritárias.

A abertura pomposa com uma orquestra ao vivo traz a dimensão do evento, com o tema exclusivo da Bandeirantes para as eleições. Como prévia se realizaram entrevistas substituindo uma apresentação convencional do perfil dos candidatos mostrando a chegada de cada candidato aos estúdios.
O debate contou com cinco blocos e duração de aproximadamente duas horas. No primeiro bloco os candidatos responderam a uma pergunta escolhida pelos internautas através do sitio da emissora (http://www.band.com.br/jornalismo) e também perguntas uns aos outros.

Dilma Russef, PT, mostra-se muito nervosa em suas 3 primeiras falas e quando perguntada de forma contundente sobre as promessas não cumpridas pelo atual governo. Serra, PSDB, manteve o ar sóbrio obviamente dado pela larga experiência em debates provenientes de campanhas passadas. Marina Silva, PV, mostrou-se apática em suas intervenções o que deixou um campo aberto para a grande estrela do debate, o candidato Plínio Arruda, PSOL.

O efeito eleitoral dele ultrapassará a noite do encontro entre os candidatos? As declarações feitas durante o confronto repercutirão seguramente nos dias seguintes. Os eleitores sabem o que gostariam de ouvir dos candidatos e sabem, principalmente, o que não querem, de jeito algum. E esta noite foi marcante.

O candidato do PSOL, em vários momentos ressaltou que era um candidato radical e quis por os demais candidatos em uma única rama quanto a seus projetos para uma futura presidência. Os demais candidatos tiveram um discurso mais ponderado. As críticas entre os líderes pareceu estar dentro da velha nova estratégia da política marqueteira, não atacar para não ser atacado. Mesmo porque estes estiveram já tanto no governo como na oposição.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Intervenção Cultural

 Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


Reacionários e cultura sempre foram incompatíveis. Sejam nos primordiais tempos das cruzadas para com os Renascentistas, ou das ditaduras democrático-fascistas européias para com autores como Marx, tal qual com Chico Buarque na dita e representativa dita por uns seres por aí "dita-branca" brasileira.

Neste cenário pós-moderno, anti-moderno em que nos encontramos, iremos nos deparar com vários absurdos ou verdadeiros disparates. Ao ver a TV em terras "brasilis" depois de um exílio voluntário de um ano e meio, assustei-me ácidamente com o que vi. Dentre muitos casos o que mais afetou-me, tanto no sentido padrão deste verbo como no colóquio "Que pessoa mas afetada!", de fazer escândalo mesmo, fora a polarização midiática entre PT e PSDB. Como se estes tivessem realizado de forma diferenciada seus mandatos corrupto-presidenciais.

Em meio a esse perfil sócio cultural hipócrita ou talvez burro nos resta navegar, já que por postura política recuso-me a assinar TV a cabo e assim financiar a invasão do Iraque, ou em breve da Venezuela pelos "respeitáveis" mandatários e multimilionários do Império do Norte. Todavia que na nossa TV "cabeada" não existem nada mais que miles de canais norte-americanos, ofertando-nos uma vasta imensidão de produtos fúteis com status de super produção. Até parece que não existem 182 países no mundo, e que no Império do Norte existem seres humanos e nos assim caracterizando os demais países como uma sub-raça. Olha o neo-nazismo cada vez é mais forte, só que agora não é mais racial é "statal".

Aproveitando o trocadilho fonético, cito trecho do blog do R7, assinado por Daniel Castro, que dá a fatídica nota sobre nossa única ex-TV-estatal: "...Pois a gestão de Sayad já iniciou o desmonte dessas duas fontes de recursos. Até o ano que vem, a TV Cultura não terá mais nenhuma publicidade comercial em seus intervalos nem produzirá mais programação para órgãos públicos (a publicidade institucional, irrisória, será mantida). Dessa forma, reduzirá uma boa parte do seu número de funcionários."

Ex-secretário de Cultura do Estado de São Paulo, João Sayad assumiu a presidência da TV Cultura em junho com a missão de reduzir a TV pública paulista a uma simples TV estatal. Com o aval do ex-governador José Serra e do atual governador, Alberto Goldman. Sayad pretende reduzir ao máximo a produção de programas e cortar o número de funcionários em quase 80%, dos atuais 1.800 para 400.
Vladimir Erzog deve estar se remoendo no túmulo, Vladimir tornou-se famoso pelas conseqüências que teve de assumir devido suas conexões com a luta democrática comunista contra a ditadura militar fascista autodenominada movimento de resistência contra o regime do Brasil, e também pela sua ligação com o Partido Comunista Brasileiro. Sua morte, por assassinato, causou impacto na ditadura militar brasileira e na sociedade da época, marcando o início de um processo pela democratização do país. Hoje estaria com seus dias contados, só que desta vez por ameaça de demissão.

Sendo o plano executado, a TV Cultura sobreviverá apenas dos R$ 70 milhões que o governo do Estado aporta diretamente todos os anos, além de outros R$ 50 milhões que ela recebe pela produção de conteúdo para as secretarias estadual e municipal de Educação. Emissora produtora de tanto clássicos da história da TV Brasileira e somente possíveis por seu perfil não comercial deixará de existir e passará a ser mais um setor burocrático e sem função dentre as instituições públicas brasileiras.

Tantos programas como o Metrópolis, deixarão de existir. Um aparte, esse responsável por tornar-me conhecedor e posteriormente fã de Zeca Baleiro. Como de costume esse e outros programas na história da emissora usa de artistas "não-estrelares", e revelando muitos para a posteridade.

Fundada em 1958 os Diários Associados recebe do governo a concessão do canal 2 de São Paulo. No dia 20 de setembro de 1960 entra no ar a TV Cultura dos Diários Associados com o slogan "um verdadeiro presente de cultura para o povo" e como logotipo C2 Cultura e um indiozinho desenhado no centro. Os técnicos e os atores eram da TV Tupi e além disso, sua antena no alto do Banespa (Edifício Altino Arantes) também era a antiga antena da TV Tupi, pois a TV Tupi já transmitia com nova antena no Sumaré. Os Diários Associados colocou o canal 2.

Só que mais despesas se acumularam com a mudança para a nova sede devido ao incêndio provocado por um curto circuito, em 28 de abril de 1965. O incêndio de 28 de abril de 1965 desta forma colaborou para a venda da TV Cultura. Assis Chateaubriand decide então vender a TV Cultura para o governo do Estado de São Paulo em suas novas instalações na Água Branca

A TV Cultura é reconhecida internacionalmente por sua qualidade na produção de produtos para o público infanto-juvenil. Uma de suas primeiras investidas no setor foi em co-produção com a TV Globo uniram-se ao Sesame Workshop para produzir uma versão brasileira do norte-americano Sesame Street, chamada Vila Sésamo (1972 a 1977). Logo, a TV Cultura passou a ser especialista em programas infantis educativos, como Bambalalão, que foi laureado em vários anos com o prêmio APCA de Melhor Infantil, Rá-Tim-Bum, que também recebeu o prêmio da APCA além da medalha de ouro no Festival de Nova York, Castelo Rá-Tim-Bum, programa infantil de maior sucesso da TV Cultura, que rendeu shows de suas personagens, revistas, jogos e um longa-metragem: Castelo Rá-Tim-Bum, o Filme; Catavento, que ganhou o prêmio Japão NHK e Cocoricó, programa infantil que usa bonecos como personagens, e é também é um dos maiores sucessos da emissora.

Se já não bastara em outras áreas a única TV não comercialóide do país também se sobressaiu. O sucesso "Confissões de Adolescente" de narrativa ágil, uma marcante fotografia, interpretações e direção de peso. No primeiro ano da série fora exibido pela TV Cultura (a partir de 22 de agosto de 1994). Logo no 2º ano, a partir de 1 de junho de 1996, foi exibido pela TV Bandeirantes, constando com 19 episódios inéditos. No ano de 1997 voltou a ser exibida pela Cultura, reapresentando o que fora transmitido pela Bandeirantes. A partir de 2001, a série foi reprisada no canal Multishow (Net/Sky).

Esta série ao seu término, foi indicada a um Emmy Award como melhor série internacional. Foram produzidos 23 episódios, exibidos no Brasil, Israel, Finlândia, Grécia, França, Portugal e Nova Zelândia.
A peça teatral de Maria Mariana foi escrita a partir de seus diários, e além da série, rendeu também um livro-áudio e um filme. A peça estreou no Rio de Janeiro em 8 de março de 1992 e foi seu êxito base para a série da TV.

Um dos poucos focos na mídia de massa de produtos não pasteurizado irá morrer por decisão política do atual governo paulista e conivência do governo federal. Este ultimo que passou anos criticando os métodos de seu arqui-rival hoje tem praticas simias a de seu antecessor, como o tratamento cordial a bancários. E deste setor me surge uma sugestão. De mesma maneira como fez com o BESC - Banco do Estado de Santa Catarina, que após intervenção federal hoje deixou de existir e suas agencias tem a bandeira do Banco o Brasil.

Talvez essa seria a salvação da TV Cultura e do projeto fracassado da TV Brasil. E assim o governo Lula faria sua primeira ação realmente útil em quase 8 anos de governo.


Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista