domingo, setembro 29, 2013

Suicídio Moral

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


O suicídio é nada mais que um ato de coragem. Um ser quando passa por momentos muito difíceis e pensa que nada mais pode dar certo... O seu primeiro e natural pensamento qual é? Nós vivemos em uma época muito difícil e muito superficial. A depressão é algo q é a ordem do dia... A única coisa que nos sobrou de humanos. Cercar-se de pessoas positivas, se é que existem, seria uma solução. Mas o positivismo é burro e
demodê.

Não acredito que o suicídio é um ato de covardia, em contrapartida, que a decisão de não voltar, relaxa. Embora não valha a pena dar a sua vida para nada, nem por ninguém.

Quanto às outras questões de quem está sofrendo, que não tem qualidade de vida, nem para a sua saúde, não é a vida mais que puro e mero sofrimento. Quando uma pessoa quer cometer suicídio, mostrar que os seus problemas são normais e ao mesmo que por pessoas piores do que (ele) sem motivos racionais terem maior êxito na vida, uma enorme frustração e censo de injustiça sócio-cultural. 

Mas se você não tem capacidade físico-psíquica para fazê-lo (suicidar-se), de qualquer maneira, tentando argumentar para si mesmo que não vale a pena, você estará se acovardando. Tornando-se mais um na multidão de frouxos. Não!!! Mas o livre arbítrio para isso está. Fazer o que acredites que deve, mas também sendo responsável único por seus atos, assumindo então todas as consequências é o que as pessoas não fazem atualmente.

O suicídio está situado fora de qualquer conceito: "moral ou imoral", porque quando um chega a essa instância, fora de seu controle emocional e racional. Talvez se deva ser mais forte para encontrar a paz. Nunca pensamos que agora possamos estar vivendo nossos últimos momentos. Esse dilema único e cabal deve ser um ato de reflexão.

Somo piegas, somos bregas, somos preconceituosos, somos conservadores. Sou. Diga tudo isso bem alto agora. Reconhecer-se é necessário. Grite na janela já! Sou piegas, sou brega, sou preconceituoso, sou conservador. Allende e Vargas o fizeram, porque você se acha melhor que eles?

quarta-feira, setembro 25, 2013

Participe da Rádio Estopim, a rádio que te faz escutar diferente

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Martinha Clítoris - Psico-sexóloga
A RÁDIO ESTOPIM convida a seus amigo, inimigos e seguidores a enviarem suas dúvidas filosóficas e sexuais ao nosso programa E AÍ, GOZOU? 



Pedimos a você caro ouvinte e colaborador que nos envie ao email eaigozou@yahoo.com as suas questões, dúvidas e histórias picantes. Participe, porque gozar é preciso. E melhor que não seja sozinho.



O Programa onde Martinha Clítoris, psico-sexóloga irá responder perguntas sobre duvidas sexuais enviadas por internet, sms e sinais de fumaça. Com a participação das personalidades da mídia "Ursin", o homem de libido insaciável, e "Leo 16" um pudico e reservado ser que somente faz sexo com amor.



Envie ao eaigozou@yahoo.com suas perguntas e sane de uma vez para sempre suas dúvidas de cunho orgásmico.



O Estopim passará a partir de Outubro, a produzir peças sonoras e programas no formato rádio podcast. Buscando uma interação maior com seus leitores e invadindo uma outra área da comunicação. 


* Serão utilizadas 2 plataformas para veiculação dos projetos da Rádio Estopim: Ustream (Ao vivo e arquivo), Youttube (Especiais ao Vivo, Arquivo)

Na grade inicial mensal com os programas:

1ª semana: Litrão (Conversa coletiva com convidados em um bar - Temas diversos)
2ª semana: Fogo Amigo (Dois entrevistados convidados farão 5 perguntas cada, sorteando 4 que ambos responderão)
3ª semana: Litrão
4ª semana: E aí, Gozou? (Programa onde Martinha Clítoris, psico-sexóloga irá responder perguntas sobre duvidas sexuais enviadas por internet e sms) - Participação das personalidades da mídia "Ursin" e "Leo 16"

Em atualização: A núvem tóxica que se alastra em São Francisco do Sul

Em atualização


Área atingida até o momento
Uma nuvem tóxica em São Francisco do Sul, devido ao vazamento de uma carga de nitrato de potássio em um terminal marítimo. Por volta de 22:30 começou o incêndio, a fumaça já atinge 3 bairros do entorno. Oitenta famílias se encontram em abrigos, pois tiveram de abandonar as suas residencias. Funcionários do Porto foram todos dispensados. Outras categorias, como estivadores, também não estão trabalhando. Bombeiros de várias cidades da região trabalham no galpão em chamas.




Ao inalar-se essa substancias a pessoa pode ter tonturas e desmaios. Bombeiros Voluntários atuam no combate as chamas que atingem os bairros Paulas, onde fica o terminal, Reta, Peroba, Sandra Regina, no Forte foram afetados. Cerca de 80 moradores, entre eles cerca de 40 idosos, do bairro Paulas foram levados pelos bombeiros para o Colégio Estadual Santa Catarina, que fica no Centro da cidade.

Não foi registrado nenhum caso grave, mas a população está chegando muito nervosa ao hospital em São Francisco do Sul, informou o Jornal A Notícia, através de seu site que está fazendo a cobertura on-line. A saída do centro de São Francisco do Sul para a BR-280 está totalmente congestionada, algumas pessoas buscam alternativas para evacuar a cidade pela SC-495. Chegada da fumaça do incêndio de São Francisco do Sul a Joinville está descartada segundo meteorologista da Epagri/Ciram,vento não deve mudar de direção

Mais de 400 moradores estão em um abrigo na Escola Claurinice Vieira, no bairro Rocio Grande, em São Francisco do Sul. Existe ainda o risco da nuvem se deslocar a cidades como Joinville e Navegantes.
Click e acompanhe aqui ao vivo imagens da cidade de São Francisco do Sul.

O produto tem reações ainda não completamente compreendidas pelos bombeiros, que não sabem o foco exato da chama. Pensando no uso de outros elementos além de água para diversificar e tornar mais eficaz o combate a combustão e a fumaça de gás que se alastra por cerca de 5 km.

http://www.vejoaovivo.com.br/sc/sao-francisco-do-sul/centro-historico.html

http://www.vejoaovivo.com.br/sc/sao-francisco-do-sul/av-atlantica-no-314-enseada.html

Foi montada pela Polícia Rodoviária Federal, uma barreira no trevo de Balneário Barra do Sul, em direção a São Francisco do Sul, para orientar as pessoas a não seguirem em direção ao município por volta das 8h. A polícia informou que o tráfego está bastante intenso no sentido São Francisco do Sul-Joinville porque alguns moradores estão deixando a cidade. Até as 11h, havia formação de fila de aproximadamente 4 km.

Bombeiros de São Francisco do Sul, Norte de Santa Catarina, tentam combater, desde o fim da noite desta terça-feira, um incêndio de grandes proporções em um terminal marítimo na BR-280, perto do porto da cidade, depois que uma carga de fertilizantes explodiu. O contêiner, segundo o Centro de Informações Toxicológicas (CIT) da Secretaria de Saúde de Santa Catarina, continha nitrato de amônia, difosfato de amônia e cloreto de potássio, o que provoca uma grande fumaça que se espalha pela cidade e já tem risco que chegar ao litoral de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.

A supervisora do CIT, Marlene Zannin, explica que a população deve permanecer calma e atenta aos sintomas. Segundo ela, a dispersão dessas substâncias (nitrato de amônia, difosfato de amônia e cloreto de potássio) provoca alguns efeitos agudos, como tosse, pele avermelhada, olhos lacrimejantes e doloridos, além de congestionamento das vias orais.

segunda-feira, setembro 23, 2013

Rock in Beiramar, um projeto para o futuro

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Podíamos fazer em Floripa o Rock in Beiramar, mas só com artistas locais e um convidado nacional por dia do evento. Alguém sabe o preço de uma entrada comum no evento carioca, que refiro não nominar? Pô, se o rock é rebeldia... Fica meio difícil ser rebelde com mais de 300 contos só para entrar num show.

A indústria cultural ou de entretenimento por si só não são sempre um mal, mas quase que em 99% o é.

O iluminismo como mistificação das massas no ensaio Dialética do Esclarecimento, de 1942, publicada somente em 1947,  Theodor Adorno e Max Horkheimer já nos salgaram a santíssima ceia do voyerismo patológico contemplatório das peripécias do entretenimento vil e vulgar travestido de cultura

A indústria cultural idealiza produtos adaptado-os ao consumo das massas de manobra travestidas de ser humano, e causando inconscientemente sobre o status quo de inconsciência das coletiva. Ela pode ainda ter função no processo de acumulação de capital, reprodução ideológica de um sistema, reorientação de massas e imposição de comportamento.

Temos 2 ícones deste tipo de produção massificada e de nível raso de necessidade intelectual para assimilação de "arte". Hollywood e sua mega industria de enlatados, séries e filmes de humor chulo e filmes catástrofe. No perímetro local, temos a Rede Globo, com suas novelas de padrão "internacional", filmes em co-produção com artistas exclusivos de sua empresa, séries e humorísticos de comicidade torpe e falha.

Os rapazes no bar da esquina hoje infelizmente não comentam o resultado do Festival Nacional da Canção ou da MPB, ou da Record, ou da excelsior. Uma postura de super valorização da arte Kitsch hoje traz nossos moços, e moças, a comentar o Premio Tim, Trofeuzinho do Fastão VMI, Grammy e outras pretensas premiações a músicos.

Para ninguém se perder, Kitsch, é um termo usado para denominar uma nova forma de arte: a pseudo-arte. Com o surgimento da nova classe média e a grande demanda informacional, tornou-se necessário à cultura e a arte uma adaptação ao seu novo público e a produção em massa. Isso claro, para os nossos filólogos alemães da querida Frankfurter Schule, chulamente conhecida como Escola de Frankfurt.

Vamos começar a organizar então o Rock in Beiramar? Esperando claro que ele não se perda como o festivalzinho carioca com o passar dos anos. Que juremos que não estarão no evento cantores de Punk, Funk, Axé, Vanerão, Xaxado, Forró... Nada contra, mas para não descaracterizar o evento.


quinta-feira, setembro 19, 2013

Os Cabritinhos: Uma noite infantil em São José

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista
Corrigido em 21/09 - 19:09

Re-estrear é viver. É um jogo mega intenso que artistas vivem e revivem a cada novo projeto. Nesta quarta-feira, 18/09, a Companhia Teatral Pantomima, produzida por Alexandre Emerim e dirigida por Rafael Reus, iniciou a nova temporada de apresentações do suspense infantil "Os Sete Cabritinhos e o Lobo Mau" de  Jacob e Wilhelm Grimm. A boa adaptação da companhia para o clássico esteve no Teatro da Arena Multiuso de São José, as 20h.

Elenco e produção de  "Os Sete Cabritinhos e o Lobo Mau"
Originalmente a história conta que um Lobo Mau pinta sua pata de branco. Ele retorna à casa dos cabritos e diz "deixem-me entrar, é a mãe de vocês". Os cabritinhos veem a pata branca e ouvem sua voz doce, então abrem a porta. O Lobo Mau engole os seis cabritos. O mais novo deles se esconde do lobo e não é comido. Quando a mãe cabra retorna da floresta, encontra a casa revirada e apenas o mais novo de seus filhos.  

Com uma alteração na ordem das vítimas do Lobo, o espetáculo, mesmo incluindo músicas e coreografias seguiu boa parte da história clássica, com a introdução de um painel com o desenho figurativo da cada personagem, que apagava quando o mesmo se afastara a casinha, o que provocou uma interação imediata dos infantes lá presentes. Ponto positivo desta versão.

O final novo realmente foi um "quê" a mais. Se antes a mãe cabra pede a seu filho novato um par de tesouras, uma agulha e linha, para corta a barriga do Lobo Mau de onde saem os seis cabritinhos. Eles enchem a barriga do Lobo Mau com pedras e a mãe a costura. Quando o lobo acorda, ele fica com muita sede. Ele vai ao rio beber água, mas cai no fundo por causa do peso das pedras. A família das cabras comemora e vive feliz para sempre. Aqui a coisa foi mais leve.

Arrependido o Lobo se tornou amigo dos cabritinhos. Como em todo musical terminaram todos felizes para sempre e dançando. O ponto vulnerável da montagem, foi a excessiva participação do público. Ainda que previsível em infantis, a interação muitas vezes não existia, a título de se seguir o roteiro. Causando um estardalhaço dos pequenos espectadores que não ouvidos, gritavam apontando o lobo.

Contudo houveram momentos de verdadeira magia do teatro. Duas crianças subiram ao palco para ajudar o caçador a capturar o Lobo... Mas quando o lobo apareceu correram do palco, ao melhor estilo de ruptura da quarta parede. 

O produtor também comentou sua iniciativa de fazer um infantil no meio da semana, concorrendo ainda com o futebol na emissora líder do país como "uma forma de criar outras alternativas para os país que trabalham, e uma nova opção que não o cinema durante a semana para crianças. E uma tentativa de aumentar a cultura teatral no estado, criando novos nichos e opções, como já é feito em outras partes do país.

quinta-feira, setembro 12, 2013

SERTE e projeto Cor & Vida iniciam cooperação na próxima semana

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Bryan Lacerda, músico e Magna Martins, pedagoga
Hoje, 12/09, pela manhã na sede da SERTE(Sociedade Espírita de Recuperação, Trabalho e Educação), no bairro da Cachoeira do Bom Jesus, os atores Bryan Lacerda e Fernando Schweitzer conheceram seus futuros alunos de teatro e música. Juntamente com a coordenadora pedagógica do instituto, Magna Terezinha da Luz Martins, deram o ponta pé inicial ao projeto Cor e Vida.



Magna Martis, pedagoga e Fernando Schweitzer, ator
O projeto tem o intuito de levar arte e literatura, através de oficinas ministradas por vários voluntário. Estas que serão realizadas no Educandário Lar de Jesus, espaço que é coordenado pela SERTE. A pedagoga e os artistas montaram as primeiras turmas do projeto que ocorrerá inicialmente as terças e quinta-feiras, de 9h as 10h30, e atenderá alunos do ensino fundamental de 4 a 6 anos.

Bryan e Fernando já trabalharam juntos no musical, Antes do Golpe, dirigido e roteirizado por Fernando Schweitzer que teve estréia em Florianópolis no mês de Agosto. Bryan é musico e acadêmico de direito do CESUSC, e este ano teve sua primeira experiencia como ator, e ficará a cargo das aulas de música. Já Fernando coordenará as oficinas de teatro. E 

Logo do Projeto Cor e Vida
Como idéia inicial o projeto busca uma maior integração das crianças e comunidade com as artes. Ainda existe a previsão de que ao fim deste ano ocorram mostras abertas ao público como conclusão das oficinas. Os participantes realizarão apresentações numa mostra com data ainda a se definir. 

Coordenadas por Marcelle Costa e o jornalista Nícolas David, também estarão sendo realizadas oficinas de leitura, que também são voluntários integrantes do o projeto. 

Paralelamente os atores e produtores estão trabalhando no projeto de um novo espetáculo que terá estréia em outubro, fora de Florianópolis, com a companhia A TRIBO PRODUZ, dirigida por Fernando Schweitzer.

terça-feira, setembro 10, 2013

A Parada é da Diversidade, mas tudo tem seu preço

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Ataques homofóbicos acontecem? Sim inclusivo em paradas do orgulho gay. Esperei um dia para dar nota, pois quis averiguar a repercussão de tal feito. Um casal de namorados foi agredido por um bando tendo lesões leves no rosto. Após o ataque a organização da 8ª Parada da Diversidade de Florianópolis parou o show e chamou o casal no palco, sendo esse um dos poucos momentos politizados do evento ocorrido na Avenida Beira-mar Norte na capital catarinense.

Quando em Amores Imaginários, Xavier Dolan, o ator, diretor e roteirista quebequense disse através de sua obra "que se alguém morresse a cada vez que eu apertasse F5, não sobraria ninguém vivo no mundo"... Ele traduziu a alma do ser humano, especificamente do ser que espera na sua caixa de correio eletrônico a resposta do ser amado. Da comunidade homossexual que ainda espera ser aceita no mundo moderno. Hoje ele é um exemplo do gay exitoso e premiado mundialmente, este aceito pela sociedade. 

Na lacuna incipiente entre o modelo idealizado e o mero mortal encontramos as várias cores do arco-íris. Resolvi imergir na paradoxal invisibilidade e ir de ônibus a 8ª Parada da Diversidade de Florianópolis. Ao chegar ao terminal do centro vi um rapaz com uma mancha de sangue na camisa, metade do rosto com a barba feita e maquiagem feminina e a outra com barba, e carregando dois cartazes. Para Bruno(23), de Palhoça, "a homofobia tem como raiz a supervalorização do masculino sobre o feminino na sociedade".

As paradas no Brasil tendem a não ser de ordem muito politizada ou de protesto, por isso me chamou a atenção um dos cartazes que Bruno trazia: "Todo homem seja hétero, gay ou bi tem um lado feminino". Ele explicou que muitas vezes "o homossexual mais masculino é melhor aceito" e "o sangue representava no lado esquerdo justamente a forma com que a sociedade fere o feminino", considerando ainda a mulher como inferior.

Fotógrafo Leonardo Ramos
Já no coletivo segui a conversa e acompanhei esse jovem e uma amiga para o evento, que já havia começado. Ao descer uma senhora de 56 anos pede para ver os cartazes que Bruno levava. Logo Márcia, que afirmou ser heterossexual disse crer que "homofobia, como qualquer coisa que seja radical deve ser desprezadas, abolidas".

Drags que fizeram shows desfiaram antes em trios
Cassandra Vablatsky, Rafaely Bitencourt e Sarah Topdrag
Fotógrafa Petra Mafalda
Rumo ao palco onde ocorriam vários shows havia uma grande aglomeração e pouco policiamento. Inusitadamente no meio das pessoas haviam casais heterossexuais que se beijavam e trocavam carícias de forma agressiva e visceral em um ato claro de rejeição a homossexualidade. Uma constante durante todo o evento também era a tentativa incluso a força de alguns jovens de beijarem garotas lésbicas, o que gerava conflitos e algumas discussões. 

O clima era de uma tensa mistura... Festa, apreensão, alegria, música e precaução. Um mulher incomodada com um casal hétero que chegava a aparentar estarem alcoolizados, que se tocavam maneira  promíscua ao lado de crianças que neste momento assistiam uma companhia de dança, pediu que parassem ou que fossem para casa. O que gerou uma conversa não muito amistosa, até que o casal se deslocou para outro ponto da parada.

A temperatura subia, pela aglomeração das pessoas. Então o primeiro grave incidente. A música parou. Um casal homossexual foi agredido e subiu ao palco com visíveis marcas no rosto mesmo para que estava distante do palco como eu. Um dos dois garotos, após o pronunciamento dos organizadores em repúdio a ação, falou: "Eu não desejo nada de mau para vocês... Esse corte que eu vou levar no rosto, ele vai curar. Mas a única coisa que eu espero é que tenha cura o preconceito de vocês".

Fotógrafa Samara Castilho
Tiago Silva, vereador e militante LGBT, disparou: "Vocês já nos dão violência o ano todo, e ainda vem aqui para nos agredir na nossa parada?". A artista que apresentou os shows da oitava parada de Florianópolis, Selma Light, deu segmento ao evento afirmando que "a nossa alegria é muito maior do que essa violência".

Sem problemas de maior relevância os shows terminaram 50 minutos depois. Era hora de voltar a ser invisível como muitos optamos pelo regresso ao centro caminhando. Logo que caminhávamos pela ciclovia era possível ouvir carros buzinando para as pessoas que saiam da parada. Em três ocasiões pessoas abrirão os vidros de seus carros para gritar a mesma frase: "Sai daí bando de veados!". E o terceiro com uma frase adicional: "Vocês tem de morrer, veados do caralho!".

De volta ao ponto inicial, aos esperar um ônibus para o continente, na fila atrás de mim, conheci cinco pessoas Não pude deixar de escurar de uma delas "cara, a gente se conheceu agora e vamos bora todos juntos", então iniciei uma conversa. Deduzi que haviam portanto um casal recém formado, por dois homens e três garotas.

Em meio a olhares conservadores ao casal de seus amigos recém conhecidos, perguntei a Patrícia(21), que pensava da palavra homofobia e recebi um cortante "nada a ver! Eu só queria que todo mundo vivesse em paz". Já mais relaxados e com todos na conversa, Eziel(42), reflete sobre a importância da parada da diversidade. "Ela é serve para as pessoas terem noção de o que que é. As pessoas completamente ignorantes quanto ao significado da palavra homofobia, que muitas vezes começa em casa mesmo. A parada historicamente em várias partes do mundo representam nossas conquistas. Contudo, ao menos hoje não se trata mais homossexualidade como doença".

Rodrigo(22), estimulado pelo falante e possível futuro namorado intimou "e você também não vai me entrevistar?". Além de declarar que era do interior e preferia não dizer o nome de sua cidade, afirmando que o tema ainda é um tabu por lá. 

Provoquei-lhe perguntando quando seria a primeira parada em sua cidade e rindo me respondeu: "Acho que lá nunca vai ter!", ainda me revelou três coisas. Que passou muito medo durante o ataque homófobo, pois estava perto do casal que foi agredido na parada e que pela primeira vez estava indo a casa de alguém que conheceu no mesmo dia. Finalizando, "não sou muito a favor da parada gay, porque acabam enfatizando também muitos aspectos negativos dos homossexuais. Tem muita promiscuidade!".

Mas e em dias normais, onde estão os gays? Além do armário claro. A noite na bote "Mix Café", a mais antiga da cidade, conheci Leda(28). De imediato me surpreendeu com  frase: "Homofobia não existe, as pessoas que fazem a homofobia. Respeito se conquista com caráter, na forma de se agir e de ser. - sentando e tirando os saltos decretou. "Existe um grande preconceitos dos próprios gays, é cultural...".

Leda acredita que a parada deve deixar de pregar "humildade, amor, paixão... Essas coisas que não combinam com a luta. Porque tudo aquilo que implorado as pessoas malham mais...". Vendo na vitimização uma construção de fragilidade da comunidade LGBT. "As pessoas aprenderam a usar a palavra amor e Deus, como se isso fosse solução. Mas até hoje ninguém nos trouxe solução. Esses que vão no palco e gritar com um microfone na mão sou homossexual no 8 de setembro, no dia 9 não vai continuar se dizendo homossexual".

Leda vê que se por um lado na sociedade em geral existe preconceito, o próprio mundo gay também é um reflexo disso. "A beleza tem preço. Se você é bela você tá no auge da coisa. Se você é o que chamam de coroa... A não ser que você seja um cofre, não vão te dar a mínima. A travesti tem de ser talhada no bisturi, a bicha tem que ser bombada... E o que sobra... É o que têm pra hoje... As pessoas deveriam em vez de se preocupar com essas coisas ao conhecer alguém é perguntar se elas tem uma formação".

quinta-feira, setembro 05, 2013

O Brasil não é Irã, muito menos a Rússia?

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista 


Dono do Clube Lighthouse Cabaret, em Sochi, cidade russa que será sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, recentemente relatou em matéria a BBC a nova realidade na União Soviética. Ai... Agora é Rússia putianesca-capitalista, em matéria de 2 de setembro, 2013.
"Muitos gays mudaram o jeito de se vestir, removendo brincos, mudando o estilo do cabelo, para evitar problemas. Mesmo nos tempos de União Soviética, onde homossexualidade era uma ofensa criminal, os gays eram tratados melhor do que hoje em dia na Rússia. Pessoas comuns nos veem como criminosos. Eles nos odeiam". - afirma Andrei Tanichev. 

Nós do ocidente que recebemos por décadas de imposição imperialista os costumes antes tido como avançadas e democráticas, hoje claramente pós-neoliberalistas devemos abrir os 3 olhos. De perigo comunista a um ápice da liberdade de ultra direita legalmente reconhecida? Essa é a Rússia moderna que não apareceu na recente emissão do programa da Band, O mundo segundo os Brasileiros.

A matéria da BBC afirma que atos de homossexualidade entre homens foram descriminalizados na Rússia em 1993. (Entre mulheres eram permitidos?).

No bom estilo Dom Feliciano

Uma lei assinada pelo presidente Vladimir Putin em junho deste ano. A legislação russa bane a divulgação de informações sobre "orientação sexual não-tradicional" para os menores de 18 anos, o que acaba definindo a homossexualidade como uma ameaça para crianças e para a família.

Como que não sei. Eles devem acreditar mesmo que ser hétero não é algo pleno, pois é um comportamento que pode ser influenciado por comportamentos não ortodoxos. Agora vejamos. Se cada homossexual que desde o ventre tenta ser adestrado por sua família para ser heterossexual, fosse influenciado... Não teríamos segundo sensos oficiais 12,78% da população mundial de LGBTs.

Vladmir Hitler

As imagens mais absurdas do regime bucéfalo-nazista-alemão foram registradas pelos próprios agentes da SS, polícia alemã nazista que seguia ao chanceler eleito, o que equivalia na Alemanha do século passado na década de 20, ao presidente da república.

Como Afolfito, Putin também foi eleito. E as similaridades continuam. Putin além de falar alemão fluente, deve ter lido Mein Kampf(Minha Luta) onde o nosso arianinho-alemão tão querido, desvela a verdadeira natureza de seu caráter. Hitler divide os humanos com base em atributos físicos e psicológicos. Ainda afirma ele que os "arianos" estavam no topo da hierarquia, e confere o fundo da pirâmide aos judeus, polacos, russos, checos e ciganos. Segundo ele, aqueles povos se beneficiam pela aprendizagem com os superiores arianos. Putin e Feliciano creem que os héteros estão no topo.

Hitler também afirma que os judeus estão a conspirar para evitar que a raça ariana se imponha ao mundo como é seu direito, ao diluir a sua pureza racial e cultural e ao convencer os arianos a acreditar na igualdade em vez da superioridade e inferioridade. Ele descreve a luta pela dominação do mundo como uma batalha racial, cultural e política em curso entre arianos e judeus. A suposta luta pela dominação mundial entre estas duas etnias foi aceita pela população quando Hitler chegou ao poder. Putin e Feliciano creem que as sapas e os veados são os atuais conspiradores.

Comunistas não comem criancinhas

Ainda em 1930 Mark Serejskij, perito médico, podia descrever na Grande Enciclopédia Soviética que proferiu outrora: "A legislação soviética não reconhece crimes ditos contra a moral. As nossas leis partem do princípio da defesa da sociedade, e portanto prevêem uma punição somente naqueles casos nos quais o objeto de interesse homossexual seja uma criança ou um menor de idade…". A de considerar-se que a maioridade em casos como aptidão para o trabalho se dava aos 14 anos.

Os motivos para a criação da lei se baseado em ações da igreja católica ortodoxa russa e do estado para forjar uma identidade nacional baseada em valores conservadores de direita é claro. Onde não há espaço para nenhum liberalismo ocidental de ideias, sejam sociais, políticas ou sexuais.

"Por que nós devemos respeitar todas as suas tradições se vocês não respeitam as nossas?", questiona o parlamentar de São Petersburgo, Vitaly Milonov, um dos arquitetos da nova legislação. Pena que ele seja ignorante a sua própria história. Aí pensamos por devaneio que Marco Feliciano e homófobos brasileiros deve ter origem neo-russa.

A história recente, ou quase é controversa a essa falha argumentativa de Milonov. A Revolução de Outubro, também conhecida como Revolução Bolchevique ou Revolução Vermelha, foi a segunda fase da Revolução Russa de 1917, depois da Revolução de Fevereiro do mesmo ano. Começou com o golpe de estado, liderado por Vladimir Lenin e pelos bolcheviques, contra o governo provisório, em 25 de outubro daquele longínquo ano.

Anteriormente, até à época de Pedro, o Grande, a homossexualidade, na Rússia, era tolerado mesmo se sancionada pela Igreja Ortodoxa. Todavia, em 1706 foi instituída a fogueira para qualquer um que fosse descoberto em uma relação homossexual. Em 1917 com a Revolução de Outubro e, graças à intervenção dos cadetes (KD, Partido dos constitucionalistas democráticos), a homossexualidade foi finalmente descriminalizada. Os Bolchevique se demonstraram contrários a esta nova forma de liberdade, provavelmente porque tinham, em geral, uma postura sexófoba.

Economia capitalista com estratégia Stalinista

De volta ao clube gay em Sochi, o dono Andrei acredita que o debate sobre homossexualidade é desenhado para distrair os russos de outros problemas sociais e para unir o país em apoio ao governo. Se por um lado o regime comunista pregou por décadas a separação total do estado a igreja, hoje a república metade asiática, e inda não expulsa da União Européia volta a idade das trevas.

"Ações agressivas para aceitação de valores é injusta. Nós não falamos para a rainha da Inglaterra para não assinar a lei de casamentos gays no seu país. Nós não temos o direito de fazer isso, porque nós respeitamos a sua independência. Por que vocês não respeitam a nossa?", ressalta o deputado Milonov. O que vai de encontro ao pensamento liberal do militante Andrei Tanichev "O cidadão russo médio, sentado em casa assistindo TV agora entende contra quem ele precisa lutar, quem é o inimigo", disserta.

As primeiras repúblicas a abolirem os artigos contra o homossexualismo foram, depois da desagregação da União Soviética, a Lituânia, a Letônia, a Estônia e a Ucrânia, mas a necessidade de obter um lugar no Conselho Europeu e portanto de mostrar uma Rússia nova e liberal, induziu Boris Yeltsin a abolir com a emenda de 29 de abril de 1993 o art. 121, mas mantendo os crimes ligados à violência e à coação.

Ainda tentando adequar-se a modernidade ocidental, em 1993 a homossexualidade, depois da reforma geral do código penal, ainda era contemplada no art. 132, intitulado "homossexualidade ou satisfação de paixão sexual em outras formas pervertidas". Em compensação, com a redação de um novo artigo, se falou pela, primeira vez, de igualdade de gênero, frente aos crimes sexuais, e a maioridade sexual, foi estabelecida para todos, homens e mulheres, homossexuais e heterossexuais, à mesma idade, 14 anos.

O inimigo de hoje são paradoxalmente os ocidentais e os gays, por intermédio de países ocidentais que apoiam aos homossexuais. E quanto mais o ocidente apoia os gays na Rússia, mais os russos nos odeiam, porque o conceito mais aceito aqui é o de que o ocidente representa o mal. Na ultima parada gay Russa alguns ativistas em favor dos gays carregavam faixas dizendo "A Rússia não é o Irã", em referência à política de intolerância contra os homossexuais praticada pelo governo de Teerã.

Aqui do país da cura gay ficamos esperando as resoluções do G20, e que a Dilmão ofereça a exemplo da Argentina, asilo político-sexual homossexuais russos. Talvez nas próximas paradas eu leve uma faixa parecida a soviética. "O Brasil não é Irã, muito menos a Rússia.". Vai que cola!


Barrigada do Uol e do Flavinho

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista 


Uma matéria indignatória, como diriam os bolobolenses, me angustiou o fim de noite. No portal UOL, Beijo
gay sai na Argentina ao som do Caetano, uma nota de Flávio Ricco em 04/09/2013 se refere ao primeiro beijo gay na TV argentina.

Não posso crer que um portal deste porte, e jornalista renomado com salário mensal maior que o meu ganho anual possam dar tamanha barrigada.

Que o tal beijo gay ficará para depois de 2020, na teledramaturgia brasileira é fato. Mas não admitir, ou saber que o vizinho, já está na sua 2ª edição, apenas falando de horário nobre e 3ª edição. Considerando, o beijo acidental ocorrido em Los Exitosos Pells, quando o protagonista Martin entra em coma e seu irmão hétero assume sua personalidade. Sem conhecer seu irmão, pois foram separados bebês, por este fato desconhecia que ele mantinha um casamento de fachada, com sua companheira de telejornal.

Durante parte da novela ele evitou beijar seu marido, se apaixonou pela mulher de fachada do irmão... Mas em um momento... zaz... Seu marido, filho do dono do canal, lhe faz ameaças de deflagrar ao público do maior telejornal do país sua homossexualidade, e o beija. Tecnicamente esse foi um beijo entre 2 atores e não um beijo homoafectivo. Mas... E no Brasil?

Reproduzo abaixo meu artigo de 2010 onde falei sobre o primeiro e real, beijo homossexual na TV argentina. No artigo de 23/08/2010 - Beijo, política e sociedade, divulgado em vários portais à época.


Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


Um jogador de futebol de fama internacional, porte de modelo, casado, com dois filhos. Um exemplo para a sociedade. Outro, também jogador, só que recém iniciando a carreira. Este, uma promessa para o futuro no mundo futebolístico, mas muito intempestivo e ambicioso.

O que teriam em comum estes dois perfis além de jogarem no mesmo time? Sua sexualidade. Eis então que esta trama secundária em seus princípio começaria a despertar polêmicas. Afinal o futebol é o estandarte da virilidade, masculinidade, etc. Nas escolas, nas vilas, na TV, na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê o futebol é sinônimo de heterossexualidade.

A arte imita a vida, ou, a vida imita a arte?

Não podemos dizer que a tele-dramaturgia finja que homossexuais não existem. Apenas destina a eles o "seu devido lugar". Cabeleireiros, estilistas, artistas... Uma mistura de preconceito sexual, com desvalorização profissional. Ingredientes perfeitos para acomodar a massa conservadora que é o público brasileiro. Ou claro, podemos ter um afeminado, que subliminarmente seria o passivo, corrompendo o pseudo hetero que seria o ativo da suposta relação. Esta que obviamente ficará fadada a imaginação dos telespctadores, pois o grande tabú ainda não será quebrado. Ao menos não explicitado perante as "lentes da verdade", como diria o genial Clodovil.

Pensemos, só para não falar do fenômeno, seria um fenômeno que não existissem homossexuais no mundo do esporte. Desrespeitariamos o senso do IBGE, que afirma que 12,8% da população brasileira em 2009 é homossexual. E nisso não consideramos a grande parcela, provavelmente maior que esta, que não admitiria a um censor sua sexualidade.

Regressando a dramaturgia. Na Argentina, a emissora TELEFE exibiu uma cena de beijo gay na novela Botineras. E a repercussão fora tal que a trama dos dois jogadores de futebol que se apaixonaram, e no decorrer da trama chegaram a muito mais que um mero beijo. E estão todas as cenas disponíveis em seqüência no Youtube, buscando por Manuel & Lalo "Botineras" parte 13.

"A trama polêmica"

Com ingredientes de trama policial “Botineras” ( em tradução literal marias-chuteira) exibiu o beijo gay que causou “frisson” entre o público argentinos. E o casal não foi morto em uma explosão de shopping, e tem garantida presença no episódio final da trama veiculado no dia 24 de Agosto de 2010. O núcleo Lalo e Flaco ganha os olhos da mídia e público quando o experiente jogador Manuel “Flaco” Rivero (Cristian Sancho) quis demonstrar que se importa com seu colega de clube (Ezequiel Castaño), pelo quão nos capítulos seguintes notaria estar perdidamente apaixonado.

Castaño e Sancho, atores heteros e famosos, tornaram-se figuras constantes nas capas de revistas e nos programas da tarde na televisão. Desde o início do romance entre os jogadores, a audiência de “Botineras” cresce, conforme medição dada pelo Ibope argentino. O interesse do público com o folhetim, que tem apenas dois capítulos gravados de frente em relação ao que está no ar, fez com que a produção da novela aumentasse o número de cenas de amor entre Lalo e “Flaco”. A primeira cena de sexo homoafetivo do continente na televisão aberta começou com um desnudando o outro e terminou com a câmera captando do alto a imagem deles nus, abraçados na cama, em "conchinha".

Os atores da trama tem feito declarações em que mostram naturalidade com a repercussão e execução do trabalho que desempenham como os jogadores homossexuais. “Parti do princípio de que um gay é um homem. Evitei amaneiramentos. Se caíssemos no clichê, a história de amor não seria vista com respeito”, diz Sancho, que também é modelo de campanhas de roupa íntima. Castaño, rosto conhecido na TV argentina há 15 anos, quando estreou em “Chiquititas”, declarou: “Com Lalo, tenho a oportunidade de mostrar muito do que aprendi como ator ao longo desse tempo.”

Lá e cá

Como de costume no país vizinho a novela é uma co-produção. O que me parece fazer com que as tramas tenham mais liberdade na abordagem de temas polêmicos. Pois aqui temos além do assassinato das lésbicas bem sucedidas de Torre de Babel, o beijo gravado e cortado de América e o caso mais recente na novela poder paralelo. Onde as atrizes Paloma Duarte e Adriana Garambone  se preparavam para gravar as cenas do envolvimento entre as suas personagens, Fernanda e Maura, na Record, segundo informou o “Jornal da Tarde” na época.

Paloma chegou a ter sérios atritos com a cúpula da emissora por declarações feitas a mídia. “A gente começou a gravar, mas duvido que tudo vá ao ar”, declarou. Segundo a atriz, a trama de Lauro César Muniz teve vários cortes. “A gente caiu numa censura desmedida. A gente grava, grava e grava e muita coisa não vai para o ar. A equipe não gosta muito de falar desse assunto, mas essa é a realidade”.


Botineras é uma novela produzida  em parceria pela Underground Contenidos y Telefe Contenidos, associadas a Endemol Argentina. A trama policial escrita inicialmente por Esther Feldman y Alejandro Maci e idealizada por Sebastián Ortega, que tem no currículo os sucessos La Lola e Los exitosos Pells que foram protagonizados por Carla Peterson.

O Beijo politizado

Em particular chamou minha atenção. Assinada por Dayanne Sousa do portal Terra a matéria: Diretor de beijo gay: "Não quero trabalhar na Globo", que fala sobre a cena de beijo entre dois homens na propaganda eleitoral do PSOL em São Paulo, tem umas pitadas saborosas.

Primeiro dizendo que o diretor de filmes Pedro Ekman se mostra surpreso com o sucesso do vídeo. Ele aproveita para atacar a programação da TV aberta, que chama de "retrógrada". E logo tras a declaração provocadora do mesmo - O que choca é que você não está acostumado a ver isso na TV. Na rua, você até vê mais. O choque é pelo conservadorismo da TV. A sociedade aceita muito mais esse fato do que o que está refletido nos meios de comunicação.

Eeeeeeeepaaaaa!!! Diria Vera Verão se estivesse viva. Ekman não é publicitário, marqueteiro e nem costuma fazer campanha. É formado em arquitetura, mas começou a trabalhar com vídeo. Filiado ao PSOL, ajudou com o filme do candidato ao governo de São Paulo, Paulo Bufalo, "até porque não tem muito dinheiro". - explicou.

Em nota ao jornal Folha de S.Paulo, a Rede Globo respondeu a crítica da imprensa de que o horário político foi mais ousado que as novelas de TV. Afirmou em resposta a poderosa: "Não achamos que nossas novelas da categoria entretenimento são os veículos adequados para tratar de questões sociais." A resposta é engraçada, porque quando convém, ela diz que a novela serve para fazer "merchandising social". Quando não convém, porém, ela fala que não serve para isso. É a velha e boa resposta de conveniência - alfinetou Ekman.

Por hora o tal beijo entre pares do mesmo sexo ficará restrito aos horários políticos e internet. Mas quem sabe o SBT volte a fazer uma co-produção com a TELEFE e nos surpreenda com "Maria Chuteiras". E  quem sabe Ronaldinho faz uma ponta, já quem tem relações comerciais com o grupo Sílvio Santos. Pra quem não lembra, Chiquititas de mesma origem e canal foi um sucesso e tem atualmente todos seus atores trabalhando na poderosa. Ou a Band que exibe Quase Anjos(dublada), CQC e A Liga: todas produções argentinas dessa mesma produtora, e exiba em versão dublada a inovadora Botineras. Ou o SBT reprise a série da extinta Manchete, como fez com algumas produções. Mãe de Santo, na emissora carioca é por muitos considera o único beijo gay da TV brasileira.



Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

quarta-feira, setembro 04, 2013

Falhamos



Liga, é união... Também pode significar junção de fatores distintos, ou até uma fusão de elementos forjados ao calor.

Dá liga de verdade um programa diferenciado. O aparente não editado, ou pouco editado, é um diferencia do programa. Se nota a ausência de OFFs (Narrações pós-gravação), que geralmente têm a tendencia a deturpar a título de explicar ao público leigo em algum tema sobre o mesmo.

Banheiros adaptados? Rampas de acesso em terminais? Respeito a legislação? Guias para deficientes visuais?

O Programa A Liga, da Rede Bandeirantes, do dia 03/09/2013 deu uma, na verdade várias. A simulação dos repórteres vivendo em situações cotidianas como deficientes trouxe vivacidade nas declarações destes profissionais, que antes nunca puderam por não portarem deficiência sentir-se como tal e qual.

Misturados a população mesmo com a presença de câmeras, muitos ultrajes ao ser humano com deficiência foram constatados. Ou seja nem mesmo a presença da mídia faz mudar hábitos tão enraizados sócio-culturalmente.

Falhamos. Ao tentar sermos seres humanos. Falhamos. Por inflar o ego e não ver além da grama do vizinho. Falhamos. Em cultivar o individualismo sem ser um ermitão, não.

segunda-feira, setembro 02, 2013

O pior lugar do mundo para ser gay

Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral


Primeiramente refuto a ineficiente ferramenta de inserção de vídeos do Blogger e por isto, posto o link crú, o que acho anti estético. Devido a isso divulgo o link do documentário realizado pelo DJ britânico Scott Mills http://www.youtube.com/watch?v=oQvGHpHHSlw&hd=1, para a rede BBC de Londres.

Parte do texto introdutório do documentário da BBC, narrado pelo senhor Mills fala ara quem não sabe, que lá na longinqua Uganda a homossexualidade é ilegal. Espancar e torturar é uma das penas que algumas pessoas podem "receber" caso sejam homossexuais. Queimar vivo, também é uma das sugestões para um homossexual pelo mero fato de gostar de outro ser de mesmo sexo...

Ao meio de várias atrocidades, a perplexidade de Scott era evidente. Creio que ele deveria vir a América Latina, a considerar, ou melhor comparar, temos democracias mais maduras que a do país africano. O Uganda teve a independência da Grã-Bretanha em 9 de outubro de 1962. Fingiremos neste artigo que não houveram varias ditaduras cristãs e não de ambos lados do oceano que separa os continentes, outrora unidos...

Milhares de anos atrás o Homo-Sapiens e o Homo-Erectus conviverem com os Neandertais, unha especie do xénero Homo (Homo neanderthalensis) que habitou a Europa e partes do oeste da Asia hai entre 230.000 e aproximadamente 29.000 anos (Paleolítico Medio e Paleolítico Inferior, no Plistoceno).

A estas épocas ter a vida ceifada por ser diferente já ocorria com os homos... Neandertais... Segundo algumas tésis Os hominídios evoluíram tal qual os conhecemos no continente africano, e daí foram desbravando o mundo, enquanto os antecessores neandertais sucumbiam naturalmente por desafios climáticos. Mas existem teses que dizem que eles por resistirem a dominação escravagista dos Homo Erectus e Homo Sapiens foram por estes exterminados.

Na semana em que no finíssimo bairro de Ipanema do Rio, um morador de rua quase foi enterrado vivo, pensemos. Será que estamos muito longe da Uganda no quesito intolerância? Não faz muito no metro quadrado mais cara do continente, um jovem foi aferido com golpes na cabeça, por ser homossexual, em que o agressor flagrado por câmeras de segurança usava lâmpadas fluorescentes. Estas que se esfacelavam no rosto da vítima.

Seguindo o documentário londrino vai a um bairro segregado de condições básicas de higiene, lá viviam seis pessoas que foram excomungadas e banidas pela própria família. Uma delas fora capa de um dos jornais que incitam a população deste país africano a denunciar amigos e parentes homossexuais. Está que por amigos e parentes foi apedrejada e teve de fugir de sua própria casa para salvar sua vida.

A típica piada das profissões pre-destinativamente, ou pre-destinadas ao grupo dos LGBTS, aqui ainda são um pouco mais amplas. Cabeleireiros, prostitutas, blé, blé, blé... Lá por já ser crime a homossexualidade, nem isso. Bem, neste ponto se está melhor por cá. Ainda restam além da marginalidade 4 ou 5 profissões para os homossexuais.

Mas há muitas mais similaridades entre Brasil e Uganda. Um alto percentual de cristãos no poder, por exemplo. Pastores evangélicos declarando abertamente que a homossexualidade é uma doença e que podem oferecer como opção a cura. E que como um vírus, o comportamento público da sexualidade não hétero pode influenciar outras pessoas que irão imitar essa abominação. Ou seja, ou pena de morte, ou tratamento psicológico, ou espiritual...

Em algo o Brasil difere, têm um índice inferior de analfabetos e superior de IDH. Será que isso fará a diferença por estes lados do Atlântico Sul? Esperemos os novos dados oficiais brasileiros sobre assassinatos por homofobia...

Ligue 136, caso não encontre um médico

Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral


Números de emergência... Quais você sabe de cor? Sem precisar consultar a telefonista? Ligue 136 e descobrirás um novo velho número, hoje ativado para a Ouvidoria Geral do SUS.

Com toda essa polêmica atual sobre o novo programa da pseudo esquerda no governo, o Mais Médicos, creio que devemos lembrar que os órgãos de fiscalização para isso estão.

Nada demais você denunciar irregularidades. Ligar uma vez por dia ao 190, 102 é saudável. Não estou falando de trote... Digo daqueles pequenas ações positivas diárias, que em tese todos deveriam fazer.

Outro dia esperando um ônibus, dois senhores estranhíssimos saíram de um carro e ao se aproximarem a um rapaz de toca com calça verde, do exército. Provavelmente o rapaz vinha de um período ou turno de seu serviço militar.

De tudo que poderia causar-me estranheza, o mais forte da cena foi a fragilidade com que as pessoas na parada de coletivos ficaram. O que fazer? Chamar a polícia? Como e de que maneira?

Nós, cidadães comuns, necessitamos um treinamento para dados momentos da nossa atualidade. E uma delas é como aprender a fiscalizar, denunciar e ainda assim não necessitar entrar no serviço de proteções a vítimas da polícia brasileira. Pois este não funciona muito bem.

Em tempos de corporativismo insano, médicos trazidos ao país por uma parceria com o braço da ONU no continente se tornaram inimigos mortais dos médicos mauricinhos brasileiros. 

Estaríamos por sofrer uma invasão ideológica, dos comunistas do único país do continente com alfabetismo zero e taxas de mortalidades infantis inferiores aos norte-americanos? Os mais articulados do tal exército de cubanos (médicos disfarçados) para levar o comunismo aos rincões do Brasil, onde supostamente vivem cidadãos mais simplórios e, portanto, vulneráveis à pregação ideológica.

Hoje, o Brasil possui 1,8 médicos por mil habitantes. Esse índice é menor do que em outros países, como a Argentina (3,2), Uruguai (3,7), Portugal (3,9) e Espanha (4). Além da carência dos profissionais, o Brasil sofre com uma distribuição desigual de médicos nas regiões - 22 estados possuem número de médicos abaixo da média nacional.

No caso argentino temos um país onde ao menos na sua capital a TV via cabo se popularizou nos anos 80. Aqui em casa ainda não tenho. A internet me supre os conteúdos de nossa limitada TV a cabo, onde só há conteúdo norte-americano. Vivendo em Buenos Aires, sempre me diverti com TVs mexicanas, cubanos galegas, espanholas, francesas, japonesas, italianas, etc... em vários seguimentos como música e documentários. Aqui não... O que vende é boa imagem e conteúdos exclusivos repetidos by american life.

Quem sabe agora graças aos médicos estrangeiros no país o povo descubra que entre Brasil e EUA existem mais de 100 países no planeta. E que com essas centenas de culturas há algo a aprender. Mas de veras uma cultura do império do norte é sadia. Ligar para emergências com maior frequência. Seja para denunciar o postinho de saúde ou hospital público sem médico, ou para denunciar crimes.