quinta-feira, janeiro 30, 2014

Felix é um desfavor aos homossexuais

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Depois do engavetamento de um beijo gravado entre homens em América, no ano de 2005, estamos de volta a chata polêmica. Ao menos aquele beijo seria entre um "homem", ser com trejeitos masculinos e uma bicha louca e afetada. Gosto da diversidade.

Só mesmo a Grobo... SE SAIR um beijo "gay" na atual trama das nove, do assumidamente bissexual Walcir Carrasco, será um desfavor a militância. Em um país homófobo, arcaico, limitado e que não consegue ser laico ter um beijo entre mariquitas afetadas é o mesmo que um beijo lésbico. 

Agradará a machistas e bibas enrustidas. Apontará apenas que a sociedade brasileira está atrasada com relação a países do Mercosul e América Latina onde o matrimonio igualitário é realidade a anos. Como se para ser homossexual fosse necessário ser puta, efeminado, drogado e uma mariposa louca. 

Muitos virão reclamar a pessoa equivocada... Ou já o fizeram. Ah então manda carta pra central globo de produção. Afinal eles que estão construindo no imaginário popular esse conceito de homossexualidade. Ou seria reforçando o que o povo já pensa sobre os homossexuais, afinal ela trabalha os rumos de suas tramas de novela através de grupos de pesquisa, com representações equivalentes percentuais as camadas e classes sociais existentes no país percentualmente. 

Ou seja, vocês são tão astutos que ao criticaram o meu comentário, não percebem que o que vocês deveriam criticar é a Rede Bobo de manipulação. Esta que reforça esteriótipos a um share de 72% dos televisores no último episódio desta trama MÁ-RA-VI-LHO-SA.

Esteriótipo na mente da sociedade de um homossexual
O que faRta no BrasiR é uma escola de qualidade para que não se tenha mais analfabetos funcionais que não saibam interpretar uma oração simples, quem dirá uma composta. Antigamente se tinha como homossexual o sinônimo de inteligente, pessoa diferenciada... É, o tempo passa e as coisas mudam, hoje tá virando sinônimo de homossexual: Felix(bicha má), anjinho(o amante mudo, enrustido e sem cérebro), Bi-sexual (Dando piti afetadamente, depois de trair o esposa de anos com uma mulher má), Carneirinho (Efeminadinha e burra, que todos se aproveitam). 

Que grandes exemplos de HOMOSSEXUAL. Porque gay é um termo americanizado, que se entende por alegre, cheio de plumas, afetado. VÃO ESTUDAR POVO!!! Na novela onde uma péssima atriz perde o protagonismo para um ator mediano, mas menos pior que ela, talvez tenhamos o desejado, tão sonhado por alguns, beijo "gay" na Rede Globo. Brasil, você me cansa as vezes!


Arte catarinense: Diferentes sempre, inimigos jamais!

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Pra que mentir, fingir que perdoou, tentar ficar amigos sem rancor... Assim recitava Cazuza a mais de duas décadas. Mas quem aprendeu a lição?

Ser cabaço hoje é lei... Regimento interno e externo da sociedade padronizada e chata do mundo atual. Em um país onde Gerald Tomas é vangloriado e Antunes Filho um semi desconhecido, não se pode esperar muito mesmo.

A incultura é o que incenteveia a corrupância.

Os famosos quem? Estes pseudo-sub-celebridades regionais, conhecidos apenas pelo seu círculo de amizades sodomistas e restritos.

Alguma atriz, modelo e dançarina da atualidade
Hoje o teatro catarinense cresce em número de espetáculos, mas sucumbe em diversidade. A criação do curso de artes cênicas na universidade federal deu uma pitada na corrida presidencial... Digo, artística. Mas ser udescquiano ainda é honor e status na capital catarinense. Pode ser que a nova geração social que hoje decide cursar cênicas tenha feito o seu papel contestador, e modificado o panorama da instituição. Mas confesso que raramente consigo ter uma conversa PROLONGADA, de tantas que já tive com o povo que se diz fazer arte no estado, com prófugos desta instituição renomada.

Identifiquei um comportamento diferenciado a todos os anteriores de meu circulo social udescquino, em um rapaz que conheci, todavia, não fora suficiente para tragar as clássicas críticas, que não apenas provém de minha pessoa aos atores e afins desta.

O público, oh algoz eterno dos artistas... Pensar, ou não pensar nele? Eis a questão. Muitos dirão que não se deve pensar nele, e fazer uma "arte pela arte", outros dirão que "fazem arte para o público".

Nem um, nem outro. O dilema não está em pensar ou não no público ao momento da criação. Ela é acidental. A execução essa sim requer além de técnica, visão, e percepção do público. Um espetáculo que talvez funcione em Porto alegre pode ser incompreendido em Florianópolis por exemplo. E obviamente o inverso também pode perfeitamente ocorrer.

Em um momento onde as companhias teatrais se esmeiram por fechar elencos para a temporada 2014, sofrem com a falta de pessoas capacitadas e com currículos de peso, o dilema está no ar. Experiência ou diploma, o que faz um bom ator?

Sejam nos ditos temas e textos populares, como os que se auto intitulam teatro conceitual, a falta do antigo espirito  de ator parece ter sumido da cena catarinense. Pois uma comédia de costumes mal atuada pode resultar mais incompreensível que um espetáculo de estética elaborada bem executado.

Ensaiar pouco, ganhar muito e em pouco tempo é o lema do momento. Aureos tempos em que Tonia Carreiro e sua companhia que transformaram o advogado Paulo Autrán no maior ator da história do Brasil podiam fazer longas temporadas de terça a domingo, e viajar pelo país apenas gerenciando sua bilheteria.

Um teatro preocupado em ser e fazer teatro e nada mais. Atores que se sentiam rebaixados ao serem convidados para atuar na TV. Profissionais forjados nas tabuas do tablado e longe dos liceus. Criaturas que se faziam irreconhecíveis a cada espetáculo, a cada personagem.

O Tempo vai, o tempo vem

Ainda lembro-me a ultima vez que fui ao Festival Isnard de Azevedo, no CIC. Para meu peculiar parecer e critérios a montagem de Uma obra de Arte, de uma companhia de Londrina-PR, foi de encher os olhos. Sem embargo a vencedora do festival fora outra de uma companhia manézinha que até hoje recolhe os louros deste premio quiçá merecido.

Longe de juízos simplórios de valor, mas o que me destrambelha o pensar, o respirar e meu viver é: Esta certa arte incompreensível e inacessível para reles mortais. Ou seja, se você não cursou X curso, não trabalhou com X pessoas do X circulo deixas de ter a aura da perfeição e o poder da acessibilidade ou gosto refinado suficiente para valorar essas primorosas e conceituais obras de arte pós-modernas.

Saudosos tempos em que independente da formação, e obviamente não excluo que um ator ou diretor deva capacitar-se, aperfeiçoar-se e todos outros ar-se possíveis. Mas concordando com Adorno, creio que a aura da ineditibilidade e essência da arte se perde com certos tipos de academicismos errôneos. São desfavores de caráter tácito o não reconhecimento a pureza da arte como emissária da emoção e da cultura.


Quando o nosso festival de teatro ainda era competitivo e em sua abertura trazia palestrantes interessantes e na época nem sonhava ser jornalista, fiz uma singela pergunta a Paulo Autrán. Esta mesmo que fora ovacionada antes de sua resposta. O pobre ator outrora iniciante com pouco mais de 5 anos de teatro e umas 20 peças no currículo inquieto proferiu: "Senhor Paulo Autrán, existe no eixo Rio-São Paulo, aonde trabalhas com maior frequência algum tipo de monopolização ou máfia na utilização dos teatros como existe em Florianópolis?"

Os anos passaram e a pergunta hoje ainda é atual. O ator, sereno, respondeu: "Máfia existe em todo lado neste país. E se isso ocorre aqui cabe ao meio artístico unir-se e lutar para que isso não ocorra...".

Alguns dirão que sou preconceituoso

Jamais monsieur!!! Nem com héteros tenho preconceito, como igual. Obviamente nem todos, só os interessantes. Posso estar ao lado de qualquer tipo de ser, seja este real ou imaginário, sem preconceito. Mas a recíproca deve ser verdadeira... Quanto ao preconceito, dizia.

Pena de morte para a cultura

A pena é que na cidade nem quem faz teatro assiste ao teatro local, exceto por seus amigos e correligionários de formação par. Essas panelinhas que tem historicamente o intuíto de não gerar público para a "concorrência" é um desfavor a geração e formação de um público de teatro no estado. Algo que como muito se esboça ocorrer na cidade de Joinville.

Mais que triste é você presentear colegas de profissão com entradas vip de seu espetáculo durante 2 anos em cartaz e apenas quando sua montagem está por estrear em São Paulo este amigo resolva ir prestigiar a sua pessoal. Ao menos ao encerrar a apresentação recebi um comprimento e ao sorrir uma frase raramente proferida entre profissionais de teatro por aqui, um elogio: "Felicitações, agora finalmente entendo muitas coisas que ouvi você dizer por anos e por teimoso e preconceituoso me recusava a escutar... Agora eu te entendo!".

Talvez estes dois loucos que hoje se entendem, pudessem tê-lo feito antes. Se artistas interagissem mais, se defendessem menos uns dos outros. Discutir não é brigar, e nem toda briga é gerada a partir de uma discussão. Diferentes sempre, inimigos jamais! Tomara que um dia seja assim o meio artístico catarinense.

quinta-feira, janeiro 16, 2014

Auto-respeito, nos falta!

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Quando o limite do certo e do errado perdem sentido? Quando desvelamos preconceitos e pré-julgamentos. Teoricamente. Ninguém tem o direito de determinar os trilhos para outros caminharem... Isso bem é verdade, ao menos filosoficamente.

A lei máxima de um país sempre é a sua constituição. Eis aí uma grande malha de dúvidas para nós reles mortais não legisladores, nem estudantes perenes de causa, ou peritos em leis constitucionais. Em nenhum país do mundo de meu conhecimento se tem na escola uma disciplina chamada "Constituição", embora religião seja obrigatória em vários.

Os tempos mudam, as sócio culturas transformam-se aos poucos, as vezes recebem choques. O choque anterior no país dos estádios faraônicos, dos hospitais deteriorados, dos trens e metrôs superfaturados, mensalões e assassinatos por homofobia com direito a torturas e uma lança cravada na perna a vítima.


Paremos a analisar coisas sutis. Quem nunca ao viver no interior não sonhou com o dia de ter um Atari, ou um televisor colorido? Esse era o sonho de minha infância e da maioria dos rapazotes. Hoje crianças ganham patinetes motorizados de cerca de R$ 2.385,00. Sim os tempos mudam.


Nossa sociedade é servilista? Não é utilitária. Senti isso na pele, outro dia ao cantar em um concurso onde um rapaz que recém havia conhecido foi a única a quem pude abraçar ao sair do palco. Enquanto os vários amigos de longa data não estiveram presentes. Obviamente este tinha seu objetivo utilitário, uma transa. Logo de lá saímos e fomos a um ambiente mais aconchegante, pois ele queria muito dar.

Doravante seguimos nos fingindo de puritanos no trabalho, escolas, nas ruas, campos construções e não conseguimos jamais enternecer-nos pelo drama e conflitos existenciais alheios seremos utilitários. Como uma Kombi velha, apenas utilitários. Não alcançaremos o mérito para tal e como tal ser dito epígrafemente humanos.

Se bem os humanos estão em escassez, os quase santos também. Até o papa admitiu recentemente que existem pedófilos entre sacerdotes e funcionários da igreja. Bom se padre recebe salário ele também é um funcionário, que deve obedecer a seu patrão... Foco!

Certo ou errado? Certo você seguir o que outras pessoas de valores hipócritas definem ser certo. Errado você seguir sua natureza. Critérios sempre, censura nunca mais. O seu direito em sociedade está restrito por um único bastião: "Nunca, jamais, nunca e jamais invadir o direito do outro...". Dá pra tentar?

Respeite-se ou se torne um ermitão! Repeite ou aceite o processo por cercear a liberdade do próximo. Um dos poucos artigos da constituição que vagamente lembro é o 5º em seu inciso IX: "...é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença."

Então não necessitamos pedir licença a ninguém para sermos nós mesmos. Você precisa? Se pensou em responder sim, é porque você se auto-desrespeita.

terça-feira, janeiro 14, 2014

Que tal um "rolezinho" cultural?

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


A conta-cultura hoje qual é? Porque o termo sugere uma duplicidade a qual atualmente nem a população refil e descartantemente descartável alcançaria compreender. 

Campanha da marca Benetton que usou elementos
 considerados da contra-cultura
Vejo que o isolamento mútuo entre os países da América Latina se deva muito mais a americanização do continente, que consome por status qualquer porcaria proveniente das terras do Tio Sam e recusa tudo que
não seja americano. Como se um produto que não venha do Império do Norte não tenha a possibilidade de ser algo bom. 

Essa cultura ignóbil que principalmente teve força nos anos noventa por aqui, quando se ligava em uma rádio e não se escutava nada mais que o inglês. Salve as AMs que tocavam o que na época se rotulava brega e hoje é repertório de DJs em festas cults e trashs. Por nosso continente um adolescente, e não apenas eles, sabem mais do país de Obama, que sobre os países limítrofes. O Brasil é absurdamente ignorante quanto a cultura de seus países vizinhos.

Quem é normal hoje em dia? Ataques públicos de insanidade é o que hoje mais se vê, com pessoas fugindo de pedágio pela contra mão, partidos ditos de esquerda fazendo governos de direita, enfim. Os assuntos das conversas de bar na atualidade giram apenas em torno de quem trepou com quem. Seja na novelinha ou nos reality's.

Passando-se o Oba-Oba do réveillon, das frases puritanas, cristãs e de auto ajuda no facebook, além do desejo surrealista de que a passagem de ano no calendário seria como um mágico arco-íris ao qual passando por baixo se mudaria de sexo ou ao achar o seu início encontrarias um pote de ouro, racionalizemos "Oh, animais racionais do planeta!".

Assistindo uma entrevista de Elis Regina na TV Cultura, e ela com um impensável cigarro em mãos, descalça em uma poltrona faz refletir, além do conteúdo de sua angústia esbravejada em frases contundentes... Pausa. O politicamente correto da atualidade não nos permite. O que? Nada!

O tão revolucionista e intelectual Roda-Viva, também da TV Cultura, hoje faz um jornalismo coxinha. A décadas parecia um pub irlandês separatista envolto num breu ocasionado pelos cigarros e tragos de seus boêmios entrevistadores. Viver hoje está muito comercial de margarina Becel. O Maluco Beleza de hoje seria qualquer um que fale frases inéditas, que não seja um disco riscada da norma e do status quo acefalizante. 

E pensar que o careta de outrora hoje é revolucionário, ou ao menos menos cabaço que os jovens talentos atuais, ou diria separado "ta-lento". RPM hoje não significaria "Revoluções por Minuto", se traduziria "Roupa pra Mauricinho" ou "Rezando pelos Maricas". A segunda seria uma banda psy-rocker-evangélico-batista. A primeira um grupo de Axé-funk propagada pela galera dos "rolezinhos".

Hoje seria possível algum movimento real como o que teve seu auge na década de 1960, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação social e utilizando novos meios de comunicação em massa? Além de pancadarias nos estádios padrão Fifa.

É fato que precisamos mudar. Mas como? Eliminando o ócio intelectual e o marasmos a improdutividade encefálica. Basta proibir futebol e carnaval por uma década.

Jovens inovando estilos, voltando-se mais para o anti-social aos olhos das famílias mais conservadoras, com um espírito mais libertário... Não marginal, promíscuo e libertinoso, como os que hoje desrespeitam o próximo, ou a cidadania e humanidade.

Resumindo. Algo inédito, ou não, como uma verdadeira nova cultura. Seja nominada, rotulada como underground, cultura alternativa ou cultura marginal, focada principalmente nas transformações da consciência, dos valores e do comportamento, na busca de outros espaços e novos canais de expressão para o indivíduo.

Ma será que nesta sociedade atual e pasteurizada há espaço para se ser INDIVÍDUO? Será que... A vida é uma loucura travestida de normalidade e hipocrisia.