terça-feira, março 27, 2018

Sucesso internacional do Humor Grotesco estreia em Florianópolis

A comédia de humor grotesco, O Cortejo, iniciará temporada no próximo dia 07 de Abril em Florianópolis e seguirá aos sábados de Abril, as 20h30, com a Cia. A Tribo da Arte no Teatro Bacchus Cavea, que faz parte do complexo cultural Nau Catarineta no bucólico bairro de Santo Antonio de Lisboa.

O Cortejo, no original, "ESPERANDO LA CARROZA" (Esperando o carro fúnebre) é um filme cômico cult argentino que estreou em 06 de maio de 1985, baseada na peça de gênero criollo grotesco (costumes) ou comédia de humor negro. Inspirado no jogo homônimo do uruguaio Jacobo Langsner que estreou pela Comédia Nacional do Uruguai em 1962 e foi dirigido por seu colega uruguaio Sergio Otermin. O espetáculo é a adaptação firmada pelo diretor e autor teatral galego, Nando Schweitzer de ESPERANDO LA CARROZA(1962). Usado o texto original uruguaio de Jacobo Langsner, mesclado a versão cinematográfica argentina(1985) e ambientada no bairro paulista do Bixiga, retrata uma típica família italiana e conflitos universais.

O Cortejo teve sua estreia em novembro(2016) fazendo longa temporada todos os sábados no Centro Cultural Matrika, no momento em reformas para readequação e agora regressará em apresentações pontuais por vários municípios do estado. No Brasil o gênero de humor grotesco praticamente inexiste. Somado a este fator, o ineditismo do autor Jacobo Langsner foram a grande prerrogativa da decisão da Companhia A Tribo da Arte em traduzir, adaptar e produzir o seu maior sucesso em nível internacional. O romeno, radicado no Uruguai, e ainda vivo recebe de nossa parte o empenho de honrar sua trajetória de prêmios em ambos lados do Atlântico.

São o tripé de nossa montagem a pesquisa linguística do sotaque típico do bairro do Bixiga, na capital paulista que abriga a maior colônia de italianos e ascendentes do planeta praticando a uniformização da linguagem e sonoridade; a crítica sociocultural abordada no texto quanto ao descarte dos idosos em uma sociedade brasileira que em sua média envelhece a passos largos; e a desconstrução do discurso de que o único teatro possível é o subsidiado, superfaturado e insípido teatro com atores globais e grandes patrocínios como forma de entretenimento e instrumento artístico, ou de reflexão.

A octogenária Mama Cora (Nando Schweitzer), tem quatro filhos: Antonio (Kleber Soares), Sérgio (Maykon Ramos), Emilia (Jouber Albuquerque) e Giorgio (Wagner Cabral). Cora vive com este último, que passa por uma situação econômica angustiante, estresse financeiro e falta de espaço. Conflitos de gerações constantes somados ao péssimo humor de sua nora, Susana(Caren Odebrecht), disparam a trama de O Cortejo. Susana após ter uma maionese transformada acidentalmente em flã por Mama Cora vai desesperadamente a casa de seu cuinhado Sergio, implorar para que a idosa vá viver com ele por um tempo. Ela que estava a preparar maionese, e foi ao encontro de sua filha, deixando-a a merce de Mama Cora. Chegando furiosa a casa de Sérgio, que espera a ala rica da família para o almoço de domingo preparado por sua esposa, a Elvira(Aline Caminha) e sua filha Matilde(Yasmin Krug). Em meio a discussão de onde irão descartar a ancião e matriarca chegam os novos-ricos Antonio e Nora(Ju Linhares), sua esposa, que têm promovido o almoço econômica e socialmente em circunstâncias pouco claras.

O destino de Mama Cora enquanto o almoço não se inicia é desconhecido. Ao passo que ninguém quer assumir a responsabilidade para com a idosa, e cada um tentará impor a sua opinião, a ancião desaparece. Ao buscar sem encontrá-la os filhos fazem uma denúncia do desaparecimento a polícia e logo chega a notícia de que foi encontrado o cadáver desfigurado de uma velha debaixo de um trem. Os filhos fazem o reconhecimento do corpo se inicia o funeral aonde se revelarão muitos fatos obscuros desta peculiar família de ascendentes italianos do Bairro do Bixiga, pois algo há de se fazer enquanto todos estão Esperando o Cortejo.

Sábados de Abril, as 20:30
Ingresso - 30,00; estudantes e moradores do Santo Antonio de Lisboa 15,00
Nau Catarineta
Rua Cônego Serpa, n. 30, Santo Antônio de Lisboa
https://www.facebook.com/EspetaculoOCortejo
Ingressos: retirada uma hora antes do espetáculo
* Reservas pelo telefone 48 99697 8890
Meia entrada é aplicada a moradores de Santo Antônio de Lisboa, classe artística, estudantes, professores, maiores de 60 anos e portadores de necessidades especiais.

Elenco 2018

Giorgio – WAGNER CABRAL 
Susana - CAREN ODEBRECHT
Mama Cora – NANDO SCHWEITZER
Sergio – MAYKON RAMOS
Elvira – ALINE CAMINHA
Matilde - YASMIN KRUG
Nora – JU LINHARES
Antonio – KLEBER SOARES
Emilia - JOUBER ALBUQUERQUE

ADAPTADO E DIRIGIDO POR NANDO SCHWEITZER

Confirme presença no evento https://www.facebook.com/events/427045404379161/

Visto a falta de elenco para projetos ousados e sem patrocínio na cidade de Florianópolis o diretor galego residente na capital catarinense buscou uma solução inusitada para sua nova peça Somente Tu e Eu, que fará temporada paralela a "O Cortejo", e terão temporada tripla em várias cidades com a remontagem de Bacalhau Regado ao Vinho que completou 20 anos em 2018 regressará, além da inédita adaptação de Eles Não Usam Black Tie, inspirada na obra de Gianfrancesco Guarnieri.


sábado, março 17, 2018

A Caça dos Homossexuais e Travestis [Pragmatismo Político]

A história é uma narrativa, disso não há dúvidas. Quando abrimos um livro de história, ou ouvimos uma aula, ou estudamos para o vestibular, sabemos que aquilo que nos é contado é uma narrativa, uma forma de interpretar os fatos, a partir de certa perspectiva relacionada a um sujeito específico. Uma forma de olhar, ou como nos diria Donna Haraway, em seu artigo, “Saberes Localizados“, uma tecnologia do olhar.
Um saber localizado, a partir dos “corpos que importam” naquele contexto. Com a história da Ditadura ocorreu o mesmo. Nós aprendemos a lê-la e conhecê-la a partir de narrativas de heróis: Carlos Marighela, Vladimir Herzog, Frei Tito, e tantos outros nomes, que nos surgem em narrativas (merecidamente) heróicas de luta pela democracia.
Aos poucos, a história começa a nos contar nomes de mulheres, um trabalho árduo de pesquisadoras e feministas que olham novamente para aquele período e se perguntam: Onde estavam as mulheres? Assim surgiram nomes de mulheres vitais na luta contra o Regime Militar de 64: Amélia Teles, Ana Maria Aratangy, Crimeia de Almeida, Nildes Alencar, Maria Aparecida Contin, entre outras. Mulheres que foram invisibilizadas pelos relatos hegemônicos (masculinos) do período, mas que têm surgido como nomes importantes na luta pela redemocratização do país.
O saber histórico, ou seja, das narrativas, está em constante disputa. Precisa ser visto e revisto o tempo todo. No caso específico das pessoas transexuais, travestis, gays e lésbicas, é preciso um esforço na releitura do período da Ditadura civil-militar para encontrarmos nossa participação.
Tanto as violações que sofremos, quanto nossa participação nas lutas, como foi o caso de Herber Daniel, do Colinas (Comando de Libertação Nacional), organização à qual também pertenceu Dilma Roussef, nossa atual Presidenta.
Herber Daniel (Herbert Eustáquio de Carvalho), como nos relata o historiador James Green, brasilianista da Brown University, que por ser um homem gay, teve de esconder sua sexualidade para poder pertencer ao coletivo de luta anti-golpe, uma vez que a figura do homossexual, era tão apagada, desprezada e temida, que nem mesmo nos meios de esquerda eles eram aceitos.
O homem gay afeminado não “combinava” (cof) com a Revolução, havia, obviamente, um ideal de corpo revolucionário – este era geralmente viril, forte, másculo, heterossexual, cisgênero -, e não um corpo “degenerado”, “perverso”, “doentio” e “afeminado”.
Assim como Hebert, suponho que muitos outros homossexuais não podiam viver sua sexualidade livremente dentro de coletivos anti-golpe. Mas não foi apenas na “esquerda” que enfrentamos a intolerância e o preconceito. O governo autoritário da Ditadura Militar, tinha também, obviamente, um ideal de “povo” e de corpo são. Para isso, pôs em curso, um processo de higienização e caça à homossexuais, travestis, transexuais, e todo e qualquer desviante sexo-gênero, e “degenerados”. Amparados por uma ideologia cristã de família e moral, os governos municipais e estaduais realizaram verdadeira caça à homossexuais e travestis no Brasil, como nos conta o relatório da Comissão Nacional da Verdade – CNV , em capítulo destinado à violência contra a população LGBT.
O processo de limpeza e higienização era feito através de “rondões”, nas palavras do relatório da CNV, escrito por Renan Quinalha:
Em 1º de abril de 1980, O Estado de São Paulo publicou matéria intitulada “Polícia já tem plano conjunto contra travestis”, no qual registra a proposta das polícias civil e militar de “tirar os travestis das ruas de bairros estritamente residenciais; reforçar a Delegacia de Vadiagem do DEIC para aplicar o artigo 59 da Lei de Contravenções Penais; destinar um prédio para recolher somente homossexuais; e abrir uma parte da cidade para fixá-los são alguns pontos do plano elaborado para combater de imediato os travestis, em São Paulo”. (Relatório CNV, pg. 297)
Ainda segundo o mesmo relatório, foi estabelecido formas de “medir” o corpo das travestis, recolher suas imagens para “averiguação” a fim de determinar o quanto perigosas elas poderiam ser. O risco que ofereciam, nas palavras da Polícia, era de perverter e incentivar a juventude, além de propagar tais “abomináveis” práticas. Foi estabelecida uma associação direta entre os desvios sexo-gênero e a ideologia comunista. De modo que, a prisão de homossexuais e travestis, deveria ser feita de forma prioritária, como uma das formas de combate à perversão perpetrada por “comunistas”.
É importante perceber a ênfase sobre a “imagem” da travesti. No período da Ditadura, conhecemos nomes de travestis que se saíram muito bem, como é o caso da travesti Rogéria. Mas que imagem ela possuía? Porque não era uma imagem perseguida? Esta não é uma reflexão que caiba neste texto, talvez em um próximo. Mas pensarmos acerca disso é importante.
No RJ, a travesti, negra e chacrete, Weluma Brum, nos relata suas experiências com a polícia. Naquele momento, Weluma nos narra, que certa vez, ao ser parada pela polícia enquanto se prostituía na Central do Brasil-RJ, fora obrigada a fazer sexo oral nos policiais para não ser presa. Isso depois de apanhar de 4 policiais, que lhe batiam e davam choques. Depois, Weluma conheceu a estratégia mais comuns entre as travestis para evitar a prisão, segundo ela “Nós nos cortávamos com gilete, para que os policias não nos prendessem, vejam aqui, tenho ainda cicatrizes. Eles tinham medo que a gente se cortasse”. Este medo, é claro, advinha do estigma de serem soropositivas, afinal, é neste período que a AIDS é considerada “o câncer gay”, a partir de uma cruel biopolítica.
Outro importante aspecto do depoimento de Weluma, é quando ela diz: “Eu não sabia o que era uma travesti, jamais tinha ouvido falar disso”. No período da Ditadura, como nos relata o texto final da CNV, outra forma de perseguir e invisilibizar travestis e gays é a censura, que impedia que o tema fosse falado, comentado, na televisão e em jornais.
O jovem homossexual, a jovem trans ou travesti, não tinha como saber de sua sexualidade ou de sua identidade de gênero. Não havia representação na mídia, revistas, ou outras formas de conhecimento. O que havia era aquilo que Hannah Arendt chama de “profundo sentimento de não-pertencer”, o pensar estar sozinho “Será que apenas eu sou assim”?, “Havia bares e todo um sub-mundo gay”, frequentemente invadidos pela polícia, e de difícil acesso para o jovem homossexual ou travesti pobres.
Não havia parâmetro de identificação com outros sujeitos como eles. Havia, outrossim, os discursos pecaminosos. Na pesquisa para a elaboração deste texto, não tive contato com nenhuma pesquisa sobre a taxa de suicídio de jovens durante a Ditadura Militar, suponho que deva ter sido alta, sobretudo entre os jovens LGBTs (termo ausente naquele período).
Também gostaria de exemplificar, com um trecho do Relatório da Comissão Nacional da Verdade, o olhar que a Ditadura civil-militar de 64, possuía acerca de gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e demais desviantes sexo-gênero:
A Revista Militar Brasileira, por exemplo, entusiasta do golpe, publicou artigos lamentando o declínio moral e o perigo da homossexualidade para a sociedade defendida por eles. Em 1968, no artigo “Rumos para a educação da juventude brasileira”, o general Moacir Araújo Lopes, membro do conselho editorial da revista, culpou a “infiltração comunista” feito por “pedagogos socialistas-radicais” como a causa do “desastre” cultural, religioso e sexual que a juventude vivia: “realmente, como designar a aceitação do homossexualismo, a vulgarização, entre a mocidade, do uso de entorpecentes e de anticoncepcionais, o enaltecimento do adultério, a aceitação pública da troca de esposas por uma noite, etc., etc., etc.”. Em 1969, o general Márcio Souza e Melo escreveu que “publicações de caráter licencioso (…) poder[ão] despertar variadas formas de erotismo, particularmente na mocidade, (…) contribuindo para a corrupção da moral e dos costumes, (…) sendo uma componente psicológica da Guerra Revolucionária em curso em nosso País e no Mundo”. Já em 1970, na revista Defesa Nacional, um autor, que usou um pseudônimo, argumentou que a mídia estava sob a influência da “menina dos olhos’ do PC” ( Partido Comunista, parênteses incluído por mim) e que os filmes e a televisão estavam “mais ou menos apologéticos da homossexualidade”. O general Lopes também publicou, na Defesa Nacional, um artigo contra “a subversiva filosofia do profeta da juventude” Herbert Marcuse, cuja filosofia promovia “homossexualismo” junto com “exibicionismo, felatio e erotismo anal”, além de ser parte de um plano de “ações no campo moral e político que (…) conduzirão seguramente ao caos, se antes não levassem ao paraíso comunista”. (Relatório CNV, pg. 292)
Além da caça à homossexuais e travestis nas ruas, para “limpeza”, empreendeu-se forte mecanismo de censura contra jornais, revistas, ou quaisquer outros meios que dessem alguma visibilidade a essas pessoas transviadas. Notório foi o caso do jornal “O Lampião da esquina”, destinada ao público homossexual, e que foi combatida amplamente pela censura, porém resistiu.
Quero destacar aqui, que para o olhar da Ditadura e dos sujeitos naquele período, não havia a distinção entre orientação sexual e identidade de gênero, como hoje o fazemos. Éramos todos “homossexuais” para eles. De modo que os registros da Ditadura, não esclarecem com clareza quem era travesti e quem não era.
Outro aspecto importante é sabermos que durante este período a homossexualidade (então conhecida como “homossexualismo”) era entendida como uma patologia. Muitos gays, lésbicas, travestis e transexuais foram internadas em manicômios como o Manicômio do Juquery, em SP, e o Manicômio de Barbacena, em MG. Alguns dos relatos destas pessoas podem ser conhecidos nos textos da historiadora Maria Clementina, do Departamento de História da Unicamp.
Quero ressaltar ainda a participação das lésbicas na resistência à Ditadura, com destaque à Cassandra Rios, autora do livro, censurado e proibido em livrarias, “Eudemônia”. Cassandra foi diversas vezes processada e perseguida pela Ditadura, não tendo havido ninguém que a defendesse ou se mobilizasse contra a perseguição realizada contra ela.
No movimento LGBT, lembramos sempre da Revolta de Stonewall, e esquecemos (ou desconhecemos) que o Brasil teve também a “mini-revolta de Stonewall” que ocorreu em São Paulo, no Ferro’s Bar, bar em que lésbicas reagiram a tentativa de expulsão delas, tanto pelo dono do estabelecimento, quanto pela polícia. Naquele espaço, panfletos de luta e liberdade sexual eram vendidos, e o ainda incipiente ativismo era discutido.
Renan Quinalha e James Green, recentemente lançaram um livro sobre o tema intitulado: “Ditadura e homossexualidades: Repressão, Resistência e busca da verdade” (Publicado pela EdUFSCar. Conversei ontem com Renan acerca do título do livro, e perguntei: “Por que homossexualidades?”, Renan me respondeu que não queriam ser anacrônicos, pois naquele momento, não havia a sigla “LGBT” e nem tampouco, se falava em “travestis”.
A justificava do autor é plausível, porém, é importante a problematização (que o livro traz já em seu primeiro capítulo) de que a travestilidade e a transexualidade não são “tipos de homossexualidade”, como sugere o título, uma vez que, já o sabemos com clareza desde Gayle Rubin e o artigo “Traffic in women: notes on the political economy of sex”, que orientação sexual e identidade de gênero são conceitos distintos. No caso específico do livro de Quinalha, é importante notar que, para o olhar da Ditadura, a travesti é apenas mais um tipo de ” gay”, e que o livro, por pretender-se fiel ao período, optou por tal nomenclatura.
O trabalho de encontrar onde estávamos ao longo da Ditadura apenas começou. Os sujeito desviantes, passam, agora, pelo momento de olhar para si, e se perguntar “Onde estávamos”?. O que sabemos hoje, é que a violência contra a comunidade LGBT, se deu em diversos âmbitos, na limitação de suas potências artísticas, na participação política, no trabalho, no exercício da liberdade, no conhecimento de si mesmo. Na patologização (ainda hoje sofrida pelas pessoas trans).
Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

quinta-feira, março 15, 2018

Mariellemos, a cada dia mais e mais!

Ontem 9 tiros restiraram da vida e de um país tão necessitado de pessoas, de seres humanos, uma bela criatura. Eu que estudei jornalismo na Estácio, não posso deixar de pensar minuto a minuto do crime no Estácio(bairro carioca). Além de todas as motivações que me comovem nesta catástrofe midiática, nesta possível execução de uma linha de pensamento por assim dizer que é das mais alarmantes desfeitas deste país tão desfeito.

Direitos humanos só podem fazer sentido quando vivemos num mundo com sentido. "Quantos mais precisam morrer para que essa guerra acabe?", referindo-se ao caso do jovem também assassinado na mesma cidade ao sair de uma igreja. Esta foi uma de suas últimas postagens da militante e vereadora Marielle Franco. Negra, nascida e criada na Maré favela que já fora invadida e intervinda algumas vezes, mãe aos 19 anos, foi uma candidata de forte apelo sociocultural em sua primeira campanha, ao levantar as bandeiras do feminismo e da defesa da população das favelas pelo esquerdista, PSOL. Foi a 5ª mais votada pelos cariocas.

Como nada é tão ruim que não possa piorar, ainda mais em se tratando de Brasil aonde o autoritarismo e o fascismo cresce a passos largos e em alta velocidade, já se pode ver nos comentários de postagens nos grandes diários pessoas pouco humanas a comemorar o trágico ocorrido. Existe no país tropical uma máxima que é a do pobre capitalista, "de bem", pró-capitalismo mesmo sem ter capital. Este genótipo pósmodernolíquido brasuka é assustadoramente insensível ao outro. Incapaz de ter embatia com os de sua própria classe. A empatia somente existe dos de baixo para com os de cima da cadeia alimentar, a inversa inexiste.

Para quem por não aceitar comentários discriminativos e por tentar não seguir uma conversa com o agressor em uma danceteria, logo após sofreu um ataque a frente da mesma que se não chegou ao óbito foi por sorte, um caso assim só pode fazer-se pensar que o Brasil é um país que não tolera o diferente. No casa de Marielle que além de ser diferente, fazia a diferença ao fazer diferente... Realmente neste país em que vivemos ela era uma afronta. 

Estamos hoje no Rio de Janeiro em estado de exceção. Intervenção militar hoje, intervenção miliciana a tanto tempo, intervenção social a muito. As expressões do carioca como você ser do asfalto ou da favela, são históricas. O que surpreende é que com toda essa bagagem de incluso já ter sido outrora a capital de um império luso que capitaneava países em outros continentes hoje se encontre em pleno caos.

Comportamentos casuais e aleatórios também são governados e estas podem predizer dois resultados para uma acontecimento?

A Anistia Internacional se pronunciou, em nota, afirmando que as autoridades "através dos diversos órgãos competentes, deve garantir uma investigação imediata e rigorosa do assassinato" de Marielle, e que "não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria" do crime. Sem ter uma grande estrutura financeira sua candidatura virou um tsunami, pois atraiu mais 46 mil eleitores no pleito.

Eleita em 2016, esta mulher, negra, moradora de favela, ativista dos Direitos Humanos, LGBT, orgulho de seus pares do PSOL precocemente é usurpada do convívio e da luta em um país aviltadamente desigual. A lamentar também a morte de Anderson Pedro Gomes, servidor da Câmara que estava dirigindo o carro alvejado por tiros que tinham um destino óbvio e certeiro, a democracia.

Momentos antes de morrer, Marielle fez uma transmissão ao vivo em seu Facebook, durante uma roda de conversa do evento "Mulheres Negras Movendo Estruturas", realizado na rua dos Inválidos, na Lapa. Parece até roteiro de Fellini, mas essa é uma tragédia do Brasil real. Mariellemos, a cada dia mais e mais, ou sucumbiremos neste país medíocre, conservador, preconceituoso e covarde.

O PSOL, partido da vereadora ainda faz um chamado para um ato em homenagem e protesto em Florianópolis, marcado para as 17h desta quinta-feira, com concentração no Largo da Alfândega, no local conhecido como Esquina Feminista. “Transformaremos o luto em luta. Exigiremos justiça”, finaliza. a nota oficial do PSOL Florianópolis. 

Do Outro Lado do Rio

Agora temos uns piazinhos metidos a políticos e formadores de opinião que lançam postagens deste nível. Acompanham a atrocidade da imagem este texto esdrúxulo: "Sim, todos os homicídios no Brasil são políticos. Todos os mais de 60 mil." E a este coro de mongoloides unem-se fãs de Bolsonaro a comemorar um assassinato. 

Foto de MBL - Movimento Brasil Livre.

quarta-feira, março 14, 2018

A mensagem que nos deixaram com as manifestações

É interessante se pensar que uma camisa da seleção de brasileira de volei custa R$ 99,00, a da seleção nacional de handebol R$ 129,00, a de basquete R$ 159,00, a da CBF, ou seja, do futebol(ícone da alienação do país tropical) que fora a única vista nas manifestações ao lado de patos infláveis ocorrida nos últimos tempos R$ 169,90 a infantil(0-3 anos), a juvenil R$ 189,00, e a adulto R$ 229,90.
Tal reflexão nos leva a uma conclusão, de que o povo que perdeu seus domingos para os ditos protestos alardeadamente conta a corrupção, que de veras foi contra um governo de direita e que fascistas e manipulados denominam de comunista, é um ato para estudos profundos para psiquiatras e psicanalistas. Manifestar-se contra a corrupção e o comunismo, socialismo… algo que nunca houve e nunca haverá no Brasil é uma demonstração de psicopatia e analfabetismo histórico-político.
Senão isto, o alpendre só pode estar com uma máquina de fumaça contra mosquitos em que no lugar de inseticida, tem óxido nitroso ou algum alucinógeno mais forte. Pois, protestar contra a corrupção com uma camiseta da CBF é algo que somente a mentecaptos e acéfalos ocorreria.
Mas para não perdermos a semana e lutar contra a crise, que para mim vem desde 1964, daremos a solução para o nosso povo. Abram um negócio novo, pois em momentos de crise inovar é preciso. Comece preparando a coxinha de mandioca cozinhando o peito de frango em 600ml de água com o caldo de galinha e um pouco de sal. Quando estiver pronto retire e reserve o caldo (será usado no preparo da massa). Continue cozinhando o recheio da coxinha de mandioca preparando um refogado com o azeite, a cebola, o alho e o tomate picados. Adicione o frango desfiado, a salsinha e cebolinha e tempere a gosto. Sugiro manjericão e um pouco de rocoto ou pimenta dedo de moça, em pequenas doses para que a coxinha não fique indigesta, inovando com pedaços de tomate seco, em homenagem a seca do nordeste que desde Dom Pedro II, se promete acabar com a transposição do Velho Chico.
Enquanto você manda quem votou no governo continuista do planos de governo FHC para Cuba podes ir preparando a massa da coxinha de mandioca. Leve ao fogo médio uma panela com o caldo do cozimento do peito de frango e a manteiga. Quando o caldo ferver, adicione a farinha de trigo de uma só vez e mexa energeticamente até desgrudar da panela (cerca de 5 minutos). O resultado deverá ser uma massa lisa e sem grumos. Transfira a massa da coxinha para uma superfície de trabalho untada com um pouco de óleo de peroba, e espalhe com a ajuda de uma espátula ou de um cartaz da manifestação. Adicione a mandioca, pois fascistas adoram levar mandioca, e sove para misturar bem.
Enquanto o deputado Eduardo Cunha abre uma conta na Suíça pegue porções da massa e abra na palma da mão, coloque um pouco do recheio e feche em forma de coxinha e repita até esgotar a propina, a massa e o recheio. E logo chega a hora de botar a mandioca na rosca… Empane cada coxinha no ovo e depois na farinha de rosca. Geralmente os coxinhas fazem isso também quando são aprovados por meritocracia nos vestibulares de universidades públicas também. Coloque fritando em óleo quente até ficarem douradas (cor da camiseta da CBF) e coloque escorrendo em papel absorvente.
Suas coxinhas de mandioca da Palmirinha estão prontas! Sirva em seguida acompanhadas de mostarda e ketchup ou de um molho especial feito por si, como o molho de alho ou molho tártaro. Bom apetite!
Qual é a influência de meios de comunicação de massa, como a TV, sobre uma sociedade? Como as pessoas são mobilizadas a acompanharem um noticiário como se estivessem assistindo a uma telenovela, como ocorreu no recente caso da morte da menina Isabella? Os primeiros filósofos que detectarem a dissolução das fronteiras entre informação, consumo, entretenimento e política, ocasionada pela mídia, bem como seus efeitos nocivos na formação crítica de uma sociedade, foram os pensadores da Escola de Frankfurt.
Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor W. Adorno (1903-1969) são os principais representantes da escola, fundada em 1924 na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. No local, um conjunto de teóricos, entre eles Walter Benjamin (1892-1940), Jürgen Habermas (1929), Herbert Marcuse (1898-1979) e Erich Fromm (1900-1980), desenvolveram estudos de orientação marxista.
Os estudos dos filósofos de Frankfurt ficaram conhecidos como Teoria Crítica, que se contrapõe à Teoria Tradicional. A diferença é que enquanto a tradicional é “neutra” em seu uso, a crítica busca analisar as condições sociopolíticas e econômicas de sua aplicação, visando à transformação da realidade. Um exemplo de como isso funciona é a análise dos meios de comunicação caracterizados como indústria cultural.