sexta-feira, outubro 30, 2009

Os filhos de Adão

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



Em um mundo virtual, trivial e repleta pelo imperativo “vida moderna” como pretexto para qualquer besteira que se diga em prol de avanços, muitos desse que parecem retrocesso . Mesmo com intranet, infranet, internet, NET hoje ainda é possível que176 páginas possam causar polêmica? O sábio, provocador, inquieto, sagaz, crítico, comunista, escritor e polemista José Saramago consegue. Sua compatriota conhecida talvez mais cá que lá, a dramaturga, escritora e jornalista Maria Adelaide Amaral, 67, diz não ter o menor interesse de ler "Caim", novo livro de seu de Saramago, que entrou nesta semana na lista dos mais vendidos no Brasil.

Compatriotas, pero no muy amigos

Estamos em plenos anos 2009, beliscando 2010 e a qualquer barbárie que escutamos o jargão mais velho que minha avó nos caí a boca ou ao ouvido. “Isso é coisa de gente atrasada”, pois bem. Neste caso vejo que a um teor mais sintomático que racional na declaração da luso-brasileira, sendo que muito me apedrejariam por disser que uma escritora renomada e etc, possa ser dita como antiguada. Amaral diz em evento da Folha de S. Paulo e para a mesma que, teve teve sua religiosidade aumentada a pouco tempo e tentou explicar seu desinteresse pelo novo trabalho do escritor ateu. Em 2003, a autora de sucessos no teatro e na TV superou um câncer e se apegou cada vez mais ao catolicismo. Mas francamente nada contra a religião, mais em um evento oficial como escritora, ícone, opiniões particulares e rancouras creio não caber. Quanto mais em uma religião baseada no medo, morte e mentira. Parece-me vir apenas a título de minorar a obra, que já por si só é um exito.

Deus ou deus?

"Caim", novo livro do escritor português José Saramago, terá lançamento durante a Feira de Frankfurt, que começou a polemizar já de seu lançamento em 14 de Outubro. Saramago, como sempre, Saramago. Um ponta pé no embole e frisón que estaria por gerar deu-se na frase: "A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus"- proferido sem pudores pelo autor. O Nobel de Literatura de 1998 ao usar até mesmo de palavrões para contar a história do primogênito de Adão e Eva, choca aos puritanos ou demagogos. Todavia os conhecedores da obra do português compreendem a ótica e coerência desta obra, onde o responsável pela morte do irmão Abel é protagônico.

Quando Deus é chamado de "filho da puta", a reação dos setores mais reacionários é de contra-atacar e chamar-lo de herege. Não ponhamos instituições como culpadas o não de algo, sim as pessoas que compram algo de certas instituições, sejam em que sentido for são culpados criminais em maior grau de responsabilidade que as próprias. Independente da força de ímpeto das palavras em este caso usadas pelo escritor, a óbvia provocação tem duas vias de fato em posicionamento ideológico. Uma que escandaliza-se e outra que aplaude.

Partidarismo santo

Os primeiros o fazem por estarem dentro de crenças cristianas, passam a usar em algumas vezes algumas das más palavras que Saramago atira a “Deus”, entre aspas já que não crê em sua existência. Os que aplaudem são os que gozam do poder de status quo, pois como ateus simples não podem com tanta “propriedade” fazer o mesmo que o lusitano. Neste caso o romancista português, conhecido por posições de esquerda e seu gosto pela provocação, entre outras disse que a Bíblia é um "manual de maus costumes". Seja que, o rebu está feito e instaurado.

A obra herege

Nesta parte da trama o autor através da ótica, ou retina de um Caim contestador profere e indaga a Deus: “Esse senhor "rancoroso" admite a culpa pelo crime contra Abel, não hesita em estimular guerras, matar crianças inocentes, punir os bons e fazer com que as pessoas acreditem em situações improváveis. Como é possível um homem embriagado engravidar uma mulher? Como todos os animais do planeta poderiam ter sido representados na Arca de Noé? São algumas das perguntas que Caim se faz ao observar a trama bíblica. Ainda afirma que, por meio dele, expõe a "infinita dimensão da estupidez humana", capaz de acreditar em fábulas como essas. "Curiosamente, não se repara que Deus não fez nada durante a eternidade que precedeu a (suposta) criação do universo. Depois, não se sabe por que nem para que, resolveu fazer um universo. E desde então está outra vez sem fazer nada", conclui.

Provocante Nobel

José Polêmica Saramago, é o contestador nato e aos mais de 80 anos ainda um rebelde. Em um colóquio com o filósofo italiano Paolo Flores D'Arcais, o escritor português chamou o papa Bento 16 de "cínico" e disse que a "insolência reacionária" da Igreja Católica precisa ser combatida com a "insolência da inteligência viva". "Que Ratzinger tenha a coragem de invocar Deus para reforçar seu neomedievalismo universal, um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual" desta pessoa, disse o Nobel de

Literatura. Publicitário, além de escritor?

Uns vão dizer que o livro é uma obra marqueteira, outros que veio tarde e que coisas que se falam no tal já deveriam ser palavra de regra. O que ocorre é que as pessoas deveriam despir-se do seu pré conceito e encarar como uma ficção. Isso no ponto de vista arte, pois arte não é sacra nem profana, o é. A velha história que sempre questiono. O importante é o que se diz ou quem diz algo? Arte pela arte, palavra pela palavra, verdade pela verdade, coerência e ética e nada mais. Valores cada um tem os seus, mais o importante é usar-los com critérios. Com critérios tudo, sem critérios nada.

Estou por ler a obra, só não o fiz porque por aqui onde vivo a literatura em língua portuguesa não chega. Quero poder falar um pouco mais sobre, mas ao contrário de muitos, prefiro falar bem ou mal do que conheço. Outro dia buscava um simples Nelson Rodrigues e não achei. Coisa que mesmo num Brasil onde o nacional não tem muito valor, se encontra até em livraria de bairro. Creio que se não encontro por aqui, pedirei a um amigo ou amiga que me envie por correio. Quero descobrir dentre outras coisas se somos ou não filhos de Adão. Claro que segundo a lente de José Saramago.



Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

segunda-feira, outubro 19, 2009

Luso-fobia ou Brasileiro-fobia?

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


A prova de que hoje a linearidade histórico-temporal não mais existe se deu em repercussão a uma matéria feita em 2007 para o canal GNT, por Maitê Proença. Um efeito bola de neve que hoje movimenta internautas e a mídia luso-brasileira. Para situar alheios a essa quase colisão diplomática, cito a matéria da Folha Online de 13/10/2009 - 21h24:

Maitê Proença grava pedido de desculpas aos portugueses.

Maitê Proença gravou hoje um pedido de desculpas pelo vídeo no qual aparece fazendo piadas durante uma viagem a Portugal. Exibido há dois anos no "Saia Justa", no canal pago GNT, o vídeo motivou a criação de um abaixo-assinado que exige "um pedido claro de desculpas" da atriz.
A polêmica veio à tona após reportagem publicada pelo português "Jornal de Notícias". Maitê afirma que o vídeo é uma "brincadeira caseira". "Brasileiro é muito brincalhão", argumentou. "A gente brinca com aquilo pelo qual a gente temafeto."

Ainda em tempo os números da "crise diplomática" Brasil-Portugal são pra mais do que expressivos. Polêmica qual a direção do canal GNT oficialmente em comunicado lastima: "A direção do canal GNT, no Brasil, afirma que não houve qualquer intenção em ofender os portugueses e Portugal ao exibir o vídeo no "Saia Justa", em março de 2007.
O GNT lamenta a repercussão negativa do quadro "Saia de Vídeo" e pede desculpas aos cidadãos que se sentiram atingidos."

Entre as várias brincadeiras da atriz uma que muito irritou nossos patrícios falava de uma placa com o número 3 pendurada ao contrário em frente a uma casa, e conta os problemas que enfrentou durante sua hospedagem no país. "Tive problemas com a internet do hotel e pedi um técnico para arrumar. Mandaram um técnico que não sabia nada de informática. Ele olhava pro meu mouse como se fosse uma capivara", em um trecho do Saia Justa. "Depois a gente fala de português, que eles são esquisitos. Mas é assim mesmo". Todos os meios já repercutiram o tema, tanto na TV, seja em Portugal ou no Brasil. Das últimas matérias sobre o tema Maitê dada a revista Caras, mostra já o desgaste seu com o assunto: "Amo e amarei Portugal, independentemente dos mal intencionados", declarou.

Índices numerológicos da peleia

Mais os números e a ola sobre o ocorrido é gigantesco. No Youtube é que a coisa esquenta, pois os ataques verborrágicos de ambos lados tomam uma proporção inimaginável ao considerar-se que estamos ao ano 2009, da dita era pós-moderna. Ao fazer uma busca no Google me assustei com o resultado da pesquisa: "Maitê Proença"Portugal. Na Web o sítio aponta: Resultados 1 - 10 de aproximadamente 132.000 páginas em Português sobre "Maitê Proença"Portugal. (0,27 segundos). Em vídeos se têm de resultados 1 - 10 de cerca de 251 para "Maitê Proença"Portugal.

Se compreende em estes desde artigos contra e em favor da atriz, vídeos com a matéria e centenas de vídeos respostas e sub-titulados acima da reportagem do GNT. A mim parece uma coisa tão louca e febril que se crie uma espantosa discussão por um quadro que intenciona-se despretensiosamente a, e de título "Saiu de Vídeo", como se fora um vídeo caseiro. Até eu me meti a fazer um vídeo resposta a um dos que se intitula: Resposta a Maitê Proença - Saia Justa - Portugal, que está com aproximadamente 80 a 85mil acessos no momento - http://www.youtube.com/watch?v=tX_GPxkuEP8&feature=related .

Um novo recurso do Youtube ao menos para a minha pessoa me tentou por acidente de percurso. Agora acima da opção comentários existe o "Resposta ao vídeo", este que ao chegar de uma festa em Buenos Aires cliquei na intencionalidade de fazer um comentário ao vídeo xenofóbico e descobri essa função em que você pela câmera caso a tenha conectado ao ordenador ou PC. Fui por ato osmótico ao link este, pois até então era ao mesmo lugar disponibilizada a função de comentário.

Não resisti a tentação e gravei um vídeo resposta de 33 segundos em 14 de Outubro de 2009, era um pouquinho mais mas o sistema cortou minha frase final: "O Território que hoje é chamado de Brasil". O vídeo de resposta ao vídeo de resposta, adoro essa redundante mais necessária aclaração, têm como título: Re: Resposta a Maitê Proença - Saia Justa - Portugal. Esta outra singela produção caseira ( http://www.youtube.com/watch?v=MXaNxv_zA-o ) gerou até o momento de escritura deste artigo a aproximados 11000 acessos, para mais de 700 comentários, ainda mais de 80 avaliações e centenas de ataques pessoais xenófobos.

A boa filha a casa torna

Agora ao pedirem que a senhora Maitê Proença Gallo (São Paulo, 28 de janeiro de 1958) é uma atriz, apresentadora de televisão e escritora brasileira. Filha de Margot Proença e Eduardo Gallo, Maitê Proença chegou a iniciar o curso de graduação de Psicologia na PUC-SP, mas não o concluiu, pois a carreira paralela de atriz decolou. A atriz é mãe Maria Proença Marinho, nascida em 1990. Eu conheci a atriz por primeira vez ao trabalhar na hilariante Sassáricando de Silvio de Abreu, que tinha no elenco os grandiosos Paulo Autrán e Tônia Carrero. Atores novos também faziam parte da trama, incluso o ganhador de uma das edições do programa português de show de realidade: "Quinta dos Artistas", Alexandre Frota.

Esse elo eu faço somente para explanar como bestificado fiquei com tamanha chacrinha diante deste ocorrido. Que alguém se ofenda com determinada coisa, fato, facto como ainda os antigos diriam, e todavia confesso que uso também para remeter alusivamente a factualidade de algo creio que seja valido. Já diz a máxima: "Posso não estar de acordo, mas defendo seu direito de se manifestar até o dia de minha morte". Mas é um tremendo despautério certos tipos de comentários que estão sendo postulados de ambas as partes. Citarei democraticamente dois, um de cada "lado", dos mais leves para não chocar a quem conseguiu chegar até aqui.

Os dois lados da moeda são iguais

Cito aqui o comentário do obviamente português de usuário no portal Youtube DB1143: "Só para que saibas seu zuca de merda, quando os Portugueses e o seu Grande Imperio chegaram ao brasil, voces zucas ainda eram macacos e viviam em arvores, deviam estar eternamente gratos aos Portugueses por vos terem ensinado a andar em duas pernas! Nao ver ouro nenhum! FILHOS DA PUTA", do qual juro não ter alterado uma vírgula.

Do lado de cá a coisa também não é tao simpática nem tao pouco mais polida. O usuário Zekitcha2, tenta fazer uma meia culpa, mas também cai na xenofobia: "Mais ignorante do que as colocações preconceituosas da arrogante Maitê é a reação desproporcional que o videozinho da Maitê causou. Esse programa Saia Justa é visto por uma ínfima minoria de brasileiros bestas, na TV fechada, ou seja, paga. Ao darem cartaz a essa jumenta, estão muito mais fazendo um favor a ela e um desfavor a Portugal, corroborando as afirmações dessa jumenta de pai, mãe e avós, pelo visto.
Ou seja, vocês, portugueses, estão confirmando o que Maitê disse.", idem a primeira cita.

Pobre Maitê, se há um erro existencial nessa história não foi apenas seu. Uma que a direção do canal poderia ter cortado a cena da fonte, e não a descrevo porque particularmente me parece um tanto mais que depreciativa, pois tenho TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo, se quer pego dinheiro que caia no chão quando estou na rua a não ser que tenho álcool para desinfetar.

Esqueceram um ser humano nesta história A atriz antes conhecida apenas por ter interpretado personagens históricos, como Marquesa de Santos e Dona Beija, Maitê foi muito elogiada à época quando fez, no teatro, a Princesa Isabel; agora também o é por uma gafe que um bom editor ou diretor de programa poderia ter evitado. Ao passar dos anos pudemos vê-la na televisão onde fez a romântica Juliana em Guerra dos Sexos 1983 e a professora Clotilde, par romântico do bóia-fria Sassá Mutema de Lima Duarte, em O Salvador da Pátria, de 1989. Talvez seu papel mais expressivo na TV.

Longe de defender qualquer gênero de preconceito seja: xenófobo, racial, homofóbico ou qualquer outro que o ser humano sejam ainda capaz de criar, somente vejo um demasiado exagero nessa história. Todavia erros ocorrem, e se esse foi o de Maitê, que tanto quanto ela foi humilde em admitir-lo seriam os lusofóbicos e os brasileirófobos, e os não nenhuma dessas duas coisas em aceitar suas desculpas e ter a soberbia de encerrar esse tema.

Carreira, ou corrida?

Passa que como “ator-MENTADO”, sei o quão é difícil a carreira e seja como for existe uma profissional e mãe de família que tao pouco está sendo digamos muito respeitada por muitos devido a este vídeo. Coerência deve pedir quem a têm. Sem embargo de uma maneira ou outra Maitê Proença tem sua história inegável e simplesmente não pode servir a preconceituosos que aproveitam um ocorrida para finalmente mostrar quem verdadeiramente são. Poderia citar tanto meu currículo, mas o artigo não é sobre mim, quem quiser que vá se informar no Google. E embora nunca tenha buscado fazer nada além do teatro não considero atores de TV artistas menores como muitos atores teatrais. São formatos distintos e independente de onde se atua, ainda defino estes que o fazem bem ou mal, em atores e não atores. E continuo a chamar Maitê de atriz, com propriedade.

O currículo é extenso, citando apenas as obras mais conhecidos realizadas por ela como em 1991 fazendo a segunda Helena de Manoel Carlos, em Felicidade, fazendo par romântico com Tony Ramos, o que se repetiria em O Sorriso do Lagarto, do mesmo ano, A Vida como Ela é..., em 1996, e em Torre de Babel, de 1998. Todas exibidas em muitos países da Europa. Exceto A Vida Como Ela É…, série de televisão baseada nas obras do maior escritor brasileiro em minha modesta opinião, Nelson Rodrigues, com adaptação de Euclides Marinho e direção de Daniel Filho, premiado em 1997 como melhor diretor pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Mas seu currículo se perderá? Devido a este vídeo ao menos em Portugal creio que a senhora Proença não terá mais tanta receptividade do povo lusitano. Eu particularmente vejo um ranço de preconceito nessa repercussão, afinal parece-me desculpa esfarrapada certas agressões portuguesas a coletividade dos brasileiros seja por internet ou com os imigrantes ou turistas que pisam em território europeu. E engana-se quadradamente quem pensa que em Portugal a coisa é mais amena. Piadas ou...

Agora a pensar estou cá, os portugueses também fazem piadas com brasileiros, alentejanos e etc. Nós com gaúchos, paulistas, cariocas, paulistas, turcos, judeus, americanos, baianos, enfim... Se fosse assim ao ponto de nos estressarmos a cada anedota, teríamos programas tao engraçados quanto os de humorísticos portugueses ou americanos. Ops... Me escapuliu. Era piada. Agora me processem por opinar que as comédias portuguesas não me fazem rir.

O que passa com a gente na atualidade? Todos estão muito histéricos, mal humorados e expondo seus preconceitos através da intertextualidade descontextualizada dos fatos, ou vídeos no caso. Seres humanos vocês nada aprenderam com o Nazismo, Facismo, Salazarianismo, Franquismo, Bushismo, americanismo, Stalinismo, Mercantilismo entre outros ismos. Só digo que devemos ter um pouco de leveza mesclada a responsabilidade obviamente em nossas vidas, para não atingirmos a vida "perfeita" dos países nórdicos onde as pessoas se suicidam de tédio.


Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

domingo, outubro 11, 2009

É um barato o Cassino do Chacrinha!

Artigo conjunto por:
Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista
Ramón Dutra, Florianópolis/BRA - Jornalista, Blogger, Crítico de Cinema e Mídia


José Abelardo Barbosa de Medeiros (Surubim, 30 de setembro de 1917 — Rio de Janeiro, 30 de junho de 1988), o Chacrinha. O que foi ou é este senhor para a história da TV Brasileira é impossível nominar, dizer ou explanar. Um dos poucos ícones do entretenimento que transitou dignamente por várias emissoras de TV.

Seu cunho popular nunca fora negado nem por ele. Com frases cabalísticas como: "Na TV nada se cria, tudo se copia!", ele mais que Nostradamus profetizou o que hoje vivemos no meu cultural e de entretenimento no país, no mundo.

Do Surubim para o mundo

Recém lançado em festivais um documentário sobre um rapaz nordestino que contagiou de alegria o país têm causado burburinho e controvérsia no meu pseudo-cult-alto-intelectualizado dos festivais audiovisuais.

Os ingredientes mais que conhecidos fazem da película um particular: chacretes e calouros de um dos programas de maior sucesso da TV brasileira (exército de anônimos que a indústria do entretenimento cria para, em seguida, descartar), entre depoimentos pra lá de polêmicos recheiam a obra. Cita em entrevista a Folha de S. Paulo: "Fiquei esquecido, mas tenho alma de artista", crê Manuel de Jesus, buzinado dezenas de vezes. No filme, ele entoa "Quando o inverno chegar..." e, à chegada da nota mais aguda, buzina para si: "Fon-fon".

Quem quer abacaxi?

Além das roupas engraçadas e espalhafatosas, foi um escalde de criatividade. Entre várias frases que se enraizaram na cultura popular da época e permeiam muito até hoje como: "Na televisão nada se cria, tudo se copia", "Teresinha!", "Vocês querem bacalhau?" , "Eu vim para confundir, não para explicar!" e "Quem não se comunica, se trumbica!" e "Quem quer abacaxi!". Mistura explosiva dados por bordões, chavões populares, calouros e jurados. Estes que o ajudavam a criar o clima de farsa, quase uma literatura de cordel via TV, no qual se destacaram Carlos Imperial, Aracy de Almeida,Rogéria, Elke Maravilha e Pedro de Lara, dentre muitos outros. Também nunca, jamais se pode deixar de mencionar os mais que criativos nomes de suas dancarinas como Rita Cadillac, Índia Amazonense, Fátima Boa Viagem, Suely Pingo de Ouro, Fernanda Terremoto.

Alô Alô Terezinha, documentário dirigido por Nelson Hoineff, esmiuça para o público quem foi Abelardo Barbosa, o irreverente Chacrinha. Com um detalhado trabalho de pesquisa e imagens recuperadas, Hoineff conta a trajetória do apresentador como se fosse um programa de televisão. Essa meta-linguagem inter-textual por si só já é merecedora de aplausos, mas a "crítica especializada em cinema" como sempre é capaz de azedar o bolo do bom e aplaudir os similares em concepção ao molesto, insosso e desprovido de sentido "Cinema Novo", ao qual o público sempre saiu das salas de cinema igual a quando entrou, pensando que cinema é algo inatingível a não ser para seres super privilegiados como os tais críticos especializados.

Um veículo ou formato audiovisual que toma de outro elementos tanto para sua linguagem e/ou discurso, muitas vezes se torna uma pavada. Neste caso o documental creio ser perfeito pois, busca mais que falar sobre uma pessoa, fala sobre um programa de televisão. Para isso mitificar o criador Abelardo Barbosa faria desmerecer o documental.

Ainda o criticam, mas ele entendia o povo

A figura polêmica do tema se estende para a receptividade de crítica e público ao trabalho. Exibido em dois festivais de cinema, Rio de Janeiro e Recife, o documentário dividiu opiniões. Muitos se divertiram e voltaram no tempo ao ver o espírito do “Cassino do Chacrinha” recriado no longa. Outros se sentiram ofendidos, inclua ai algumas ex-chacretes, com as declarações com conotação sexual da vida nos anos 70 de Chacrinha e seus colegas de trabalho.

Hoineff se defende das críticas ao afirmar que quis fazer um documentário com o mesmo espírito excêntrico de Chacrinha, um tapa no politicamente correto e humor com amarras, vividos hoje. O diretor acredita que "na televisão atual o apresentador não teria espaço por tudo ter ficado burocrático. Coisa que ele, Chacrinha, nunca foi." Friamente pode-se dizer que criticar Hoineff é por tabela retomar a critica ao popular, pois Chacrinha é sinônimo de popular.

O produtor-idealizador do filme ainda provoca os grandes, ou pequenos entendedores do audiovisual do país: "Meu limite foi o limite do Chacrinha. Não ridicularizo ninguém", garante. "Mas tem gente que só acha bons os documentários do Discovery ou aqueles sobre miséria."


Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista
Ramón Dutra, Florianópolis/BRA - Jornalista, Blogger, Crítico de Cinema e Mídia

quarta-feira, outubro 07, 2009

SINCERANDO Falando sobre...

Clássicos Pós-Modernos

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



O que define um clássico? No futebol seria como aquele jogo que até os não aficionados do futebol se interessam ou comentam. No teatro as obras que, mesmo que não sejam interessantes, de alguma forma criaram uma nova onda, linguagem ou parâmetro diferencial dentro da história do teatro ou da sociedade.

A Televisão é um invento relativamente novo, mesmo tomando elementos narrativos audiovisuais do cinema e do rádio, a mescla como que veio com o tempo a condensar-se e criar um bicho muito particular. A linguagem televisiva foi se consolidando a um ponto na história mundial de forma impressionante. Grande exemplo são os produtos televisivos que vão para o cinema e muitos cineastas mais ortodoxos e críticos de cinema afirmam ser uma invasão, senão apenas uma exibição de um produto televisivo em tela grande. No Brasil o fenômeno "O auto da compadecida" de Ariano Suassuna, foi ponto de controversia no meio audiovisual. Pois que, a peca teatral adaptada e exibida em formato de micro-serie pela Rede Globo, sofrendo apenas alguns cortes de edição foi lançado no circuito nacional de cinema e obteve milhões de espectadores.

Quais as "causas, motivos, razões e circunstâncias"?

Indubitavelmente um dos maiores clássicos da televisão mundial é "El Chavo del 8", conhecido no Brasil como apenas "Chaves". Hoje a série também tem sua versão desenho animado também. Chaves, já foi exibido em mais de 90 países, onde conseguiu os primeiros lugares de audiência, inclusive no Brasil onde apesar das reprises do seriado, sempre foi um ponto forte do SBT por conseguir alavancar a audiência de algum horário. Em alguns momentos, voltou a superar o também clássico Pica-Pau.

A meta-linguagem sócio cultural que é usada por Bolaños em Chaves é sutil, digamos politicamente correta para a época e talvez ainda para hoje. Chaves é o retrato da América Latina e quiças do mundo. Ao retratar um órfão, aborda indiretamente a condição de extrema pobreza, e isso em 1971, em que vivemos. As personagens todas não eram arquétipos, mas densamente bem caracterizados. Realmente verossímeis. Seja em sua construção pelos intérpretes como pelo conceito embutido em suas sinopses.

Quico e dona Florinda são o retrado da nossa classe média falida que como sardinha e arrota caviar. Seu Madruga, esse é o melhor, mostra como se pode viver sem trabalhar, ou que não se pode trabalhar para viver. É uma metáfora irônica as condições de trabalho a que o imperialismo nos coloca, aonde se trabalha não para viver, apenas sobreviver. Professor Girafales poe em uma única frase o que é ser professor em nosso território: "Eu tenho esperança no futuro, e essas crianças são o futuro...". Dona Clotilde, a bruxa, que é julgada apenas pela aparência, pode-se considerar uma crítica a ditadura descartável da beleza. Mesmo porque Angelines Fernández Abad, era considerada até a década de 60 uma das mulheres mais lindas do México, a atriz espanhola recebera também muitos prêmios como atriz dramática. Chiquinha tinha um que de menino moleque e também de pós modernidade, já uma tendência hoje de androgenia social cada vez mais comum, seguindo a linha feminista com Dona Neves, brilhante interpretações de María Anthonieta de las Nieves.

Os capítulos "perdidos"

A série exibida pelo SBT, vêm sendo reprisado até que episódios novos apareceram em 1988. Em 1990 e 1992, os últimos lotes de episódios foram comprados pelo SBT, no entanto, somente episódios até a fase entre 1979 e 1980 foram exibidos. Alguns foram exibidos apenas uma vez e/ou deixaram de ser exibidos e são chamados de episódios perdidos. O canal de Silvio Santos alega que uma enchente ocorrida em 1992 destruiu boa parte dos episódios, mas os fãs dizem que não é bem assim, já que no ano 2000 o SBT chegou a exibir alguns capítulos "perdidos". O movimento que tem um site, onde conta com um abaixo-assinado virtual para quem quiser participar desta tentativa junto ao SBT, para que episódios da série mundialmente exitosa de Roberto Bolaños. Existe hoje um abaixo assinado que já chega próximamente a 2000 assinaturas virtuais. Repercutiu em alguns sítios web, e já é comentado nos corredores do SBT. Quem ainda não conhece o movimento "Chavista", ou ainda não participa pode acessar e aderir através do sítio http://www.grandesclassicos.net/movimento/index.html.

Foi sem querer querendo

Chaves chegou ao Brasil juntamente ao nascimento da TVS, que depois viria a se chamar Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), a emissora de Sílvio Santos. Em meio a falta de recursos na época para preencher a grade de horários, Sílvio optou pela parceria com a televisão mexicana. Importar atrações como telenovelas, séries e filmes do México era barato e trazia bons resultados. Eis que chegava um lote de novelas da Televisa que foram dubladas pela Maga, em parceria com o SBT.

O lote dublado, a então desconhecida serie teve aproximadamente oitenta episódios comprados, que foram dublados e apresentados ao dono do SBT. A atração tinha reprovação dos homens de confiança de Sílvio. Contudo, ele contrariou sua equipe e exibiu o seriado como teste no programa do palhaço Bozo, em 1984, alternando com o seriado Chapolin Colorado. A série se tornou um sucesso, tendo por vezes a maior audiência do SBT segundo o IBOPE, conseguindo vencer por várias vezes a Rede Globo. A partir de 1988 começou a ser exibido em horário nobre. Seu maior pico de audiência foi de 36 pontos, em 1990. Desde o fim de fevereiro deste ano, um grupo de fãs dos seriados Chaves e Chapolin, exibidos pelo SBT, batalham com um movimento chamado "Volta Perdidos CH & CH", onde pedem à emissora a exibição de episódios que não vão ao ar há muito tempo, alguns há mais de 15 anos.

A série somente uma única vez saíra do ar

A anos atrás a ameaça de não ter mais o seriado em teve aberta causou protestos no site do SBT, Orkut e até um piquete frente a emissora do patrão. Medida que acabou por não ocorrer e fez com que se criasse um novo horário de exibição as 5:30h.

Hoje existe uma outra mobilização na rede. existe um sítio que cadastra todas as repercussões do movimento e também um abaixo assinado evocado pelo seguinte texto explicativo:

AOS AMIGOS CHMANIACOS,

este abaixo-assinado visa trazer de volta inúmeros episódios das séries "Chaves" e "Chapolin" que, há anos sumiram do mapa. São os que figuram no famosíssimo guia de episódios perdidos. Incrivelmente, também há episódios inéditos que estão há mais de 20 anos dublados. Se você é realmente fã das séries, nos ajude a fazer com que o SBT acabe com a "piadinha". Se você pertence à Imprensa, ajude-nos também. Para maiores informações sobre os "episódios perdidos", acesse nosso site: www.voltaperdidosch.com

Gratos!

O pequeno e seus grandes feitos

Bolaños têm muitíssimas personagens em sua gama mais destacada, como o próprio Chaves, Chapolin Colorado, Dr. Chapatin, Chaveco, Pancada Bonaparte, Dom Caveira. Hoje atua ainda em teatro e a pouco fez uma turnê pela américa latina. Em seus programas mais conhecidos no mundo três já foram exibidos no país El Chavo del Ocho (Chaves) - Chespirito - El Chapulín Colorado (Chapolim).

Até mesmo em Os Simpsos, Bolaños fora citado, através da personagem Chapolim. O criador da série americana já declarou-se por diversas vezes um admirador do autor mexicano. Além de enaltecer os próverbios Chispirianos, por que Bolaños é conhecido como o Sheakspear mexicano e dado o apelido Chispirito, entoados pela personagem Don Ramón (Seu Madruga): Algumas frases de Seu Madruga ficaram bastante conhecidas, como: "A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena" e "As pessoas boas devem amar seus inimigos".

Hoje a gigante Televisa ainda exibe as 18h a maioria dos episódios. À época, 1971, quando fora exibido o primeiro episódio pela rede; as BGMs (músicas de fundo que tocavam durante o programa) originais do seriado eram composições famosas de instrumentistas norte-americanos como Pete Winslow, Tony Hymas e John Charles Fiddy. Como a produção da Televisa não possuía verba de sobra para compor músicas próprias, foram utilizadas músicas da década de 30 compostas por tais artistas. Além disso, um dos temas de abertura da série foi The Elephants Never Forget, de autoria do compositor francês Jean Jacques Perrey - os direitos autorais na época eram mais baratos.

O movimento chamado "Volta Perdidos CH & CH", onde pedem à emissora a exibição de episódios que não vão ao ar há muito tempo, alguns há mais de 15 anos, fora destacado no Portal Natelinha, em matéria de 05 /10/09. Entre outros sítios do setor também começam a eclodir notas sobre o movimento. Clássicos a parte, este tem uma legião de seguidores, continua líder do Ibope ao seu horário de meio-dia e ainda consegue divertir nesta TV atual. Isso sem apelação!


Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

Clássicos Pós-Modernos

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



O que define um clássico? No futebol seria como aquele jogo que até os não aficionados do futebol se interessam ou comentam. No teatro as obras que, mesmo que não sejam interessantes, de alguma forma criaram uma nova onda, linguagem ou parâmetro diferencial dentro da história do teatro ou da sociedade.

A Televisão é um invento relativamente novo, mesmo tomando elementos narrativos audiovisuais do cinema e do rádio, a mescla como que veio com o tempo a condensar-se e criar um bicho muito particular. A linguagem televisiva foi se consolidando a um ponto na história mundial de forma impressionante. Grande exemplo são os produtos televisivos que vão para o cinema e muitos cineastas mais ortodoxos e críticos de cinema afirmam ser uma invasão, senão apenas uma exibição de um produto televisivo em tela grande. No Brasil o fenômeno "O auto da compadecida" de Ariano Suassuna, foi ponto de controversia no meio audiovisual. Pois que, a peca teatral adaptada e exibida em formato de micro-serie pela Rede Globo, sofrendo apenas alguns cortes de edição foi lançado no circuito nacional de cinema e obteve milhões de espectadores.

Quais as "causas, motivos, razões e circunstâncias"?

Indubitavelmente um dos maiores clássicos da televisão mundial é "El Chavo del 8", conhecido no Brasil como apenas "Chaves". Hoje a série também tem sua versão desenho animado também. Chaves, já foi exibido em mais de 90 países, onde conseguiu os primeiros lugares de audiência, inclusive no Brasil onde apesar das reprises do seriado, sempre foi um ponto forte do SBT por conseguir alavancar a audiência de algum horário. Em alguns momentos, voltou a superar o também clássico Pica-Pau.

A meta-linguagem sócio cultural que é usada por Bolaños em Chaves é sutil, digamos politicamente correta para a época e talvez ainda para hoje. Chaves é o retrato da América Latina e quiças do mundo. Ao retratar um órfão, aborda indiretamente a condição de extrema pobreza, e isso em 1971, em que vivemos. As personagens todas não eram arquétipos, mas densamente bem caracterizados. Realmente verossímeis. Seja em sua construção pelos intérpretes como pelo conceito embutido em suas sinopses.

Quico e dona Florinda são o retrado da nossa classe média falida que como sardinha e arrota caviar. Seu Madruga, esse é o melhor, mostra como se pode viver sem trabalhar, ou que não se pode trabalhar para viver. É uma metáfora irônica as condições de trabalho a que o imperialismo nos coloca, aonde se trabalha não para viver, apenas sobreviver. Professor Girafales poe em uma única frase o que é ser professor em nosso território: "Eu tenho esperança no futuro, e essas crianças são o futuro...". Dona Clotilde, a bruxa, que é julgada apenas pela aparência, pode-se considerar uma crítica a ditadura descartável da beleza. Mesmo porque Angelines Fernández Abad, era considerada até a década de 60 uma das mulheres mais lindas do México, a atriz espanhola recebera também muitos prêmios como atriz dramática. Chiquinha tinha um que de menino moleque e também de pós modernidade, já uma tendência hoje de androgenia social cada vez mais comum, seguindo a linha feminista com Dona Neves, brilhante interpretações de María Anthonieta de las Nieves.

Os capítulos "perdidos"

A série exibida pelo SBT, vêm sendo reprisado até que episódios novos apareceram em 1988. Em 1990 e 1992, os últimos lotes de episódios foram comprados pelo SBT, no entanto, somente episódios até a fase entre 1979 e 1980 foram exibidos. Alguns foram exibidos apenas uma vez e/ou deixaram de ser exibidos e são chamados de episódios perdidos. O canal de Silvio Santos alega que uma enchente ocorrida em 1992 destruiu boa parte dos episódios, mas os fãs dizem que não é bem assim, já que no ano 2000 o SBT chegou a exibir alguns capítulos "perdidos". O movimento que tem um site, onde conta com um abaixo-assinado virtual para quem quiser participar desta tentativa junto ao SBT, para que episódios da série mundialmente exitosa de Roberto Bolaños. Existe hoje um abaixo assinado que já chega próximamente a 2000 assinaturas virtuais. Repercutiu em alguns sítios web, e já é comentado nos corredores do SBT. Quem ainda não conhece o movimento "Chavista", ou ainda não participa pode acessar e aderir através do sítio http://www.grandesclassicos.net/movimento/index.html.

Foi sem querer querendo


Chaves chegou ao Brasil juntamente ao nascimento da TVS, que depois viria a se chamar Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), a emissora de Sílvio Santos. Em meio a falta de recursos na época para preencher a grade de horários, Sílvio optou pela parceria com a televisão mexicana. Importar atrações como telenovelas, séries e filmes do México era barato e trazia bons resultados. Eis que chegava um lote de novelas da Televisa que foram dubladas pela Maga, em parceria com o SBT.

O lote dublado, a então desconhecida serie teve aproximadamente oitenta episódios comprados, que foram dublados e apresentados ao dono do SBT. A atração tinha reprovação dos homens de confiança de Sílvio. Contudo, ele contrariou sua equipe e exibiu o seriado como teste no programa do palhaço Bozo, em 1984, alternando com o seriado Chapolin Colorado. A série se tornou um sucesso, tendo por vezes a maior audiência do SBT segundo o IBOPE, conseguindo vencer por várias vezes a Rede Globo. A partir de 1988 começou a ser exibido em horário nobre. Seu maior pico de audiência foi de 36 pontos, em 1990. Desde o fim de fevereiro deste ano, um grupo de fãs dos seriados Chaves e Chapolin, exibidos pelo SBT, batalham com um movimento chamado "Volta Perdidos CH & CH", onde pedem à emissora a exibição de episódios que não vão ao ar há muito tempo, alguns há mais de 15 anos.

A série somente uma única vez saíra do ar

A anos atrás a ameaça de não ter mais o seriado em teve aberta causou protestos no site do SBT, Orkut e até um piquete frente a emissora do patrão. Medida que acabou por não ocorrer e fez com que se criasse um novo horário de exibição as 5:30h.

Hoje existe uma outra mobilização na rede. existe um sítio que cadastra todas as repercussões do movimento e também um abaixo assinado evocado pelo seguinte texto explicativo:

AOS AMIGOS CHMANIACOS,

este abaixo-assinado visa trazer de volta inúmeros episódios das séries "Chaves" e "Chapolin" que, há anos sumiram do mapa. São os que figuram no famosíssimo guia de episódios perdidos. Incrivelmente, também há episódios inéditos que estão há mais de 20 anos dublados. Se você é realmente fã das séries, nos ajude a fazer com que o SBT acabe com a "piadinha". Se você pertence à Imprensa, ajude-nos também. Para maiores informações sobre os "episódios perdidos", acesse nosso site: www.voltaperdidosch.com

Gratos!

O pequeno e seus grandes feitos

Bolaños têm muitíssimas personagens em sua gama mais destacada, como o próprio Chaves, Chapolin Colorado, Dr. Chapatin, Chaveco, Pancada Bonaparte, Dom Caveira. Hoje atua ainda em teatro e a pouco fez uma turnê pela américa latina. Em seus programas mais conhecidos no mundo três já foram exibidos no país El Chavo del Ocho (Chaves) - Chespirito - El Chapulín Colorado (Chapolim).

Até mesmo em Os Simpsos, Bolaños fora citado, através da personagem Chapolim. O criador da série americana já declarou-se por diversas vezes um admirador do autor mexicano. Além de enaltecer os próverbios Chispirianos, por que Bolaños é conhecido como o Sheakspear mexicano e dado o apelido Chispirito, entoados pela personagem Don Ramón (Seu Madruga): Algumas frases de Seu Madruga ficaram bastante conhecidas, como: "A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena" e "As pessoas boas devem amar seus inimigos".

Hoje a gigante Televisa ainda exibe as 18h a maioria dos episódios. À época, 1971, quando fora exibido o primeiro episódio pela rede; as BGMs (músicas de fundo que tocavam durante o programa) originais do seriado eram composições famosas de instrumentistas norte-americanos como Pete Winslow, Tony Hymas e John Charles Fiddy. Como a produção da Televisa não possuía verba de sobra para compor músicas próprias, foram utilizadas músicas da década de 30 compostas por tais artistas. Além disso, um dos temas de abertura da série foi The Elephants Never Forget, de autoria do compositor francês Jean Jacques Perrey - os direitos autorais na época eram mais baratos.

O movimento chamado "Volta Perdidos CH & CH", onde pedem à emissora a exibição de episódios que não vão ao ar há muito tempo, alguns há mais de 15 anos, fora destacado no Portal Natelinha, em matéria de 05 /10/09. Entre outros sítios do setor também começam a eclodir notas sobre o movimento. Clássicos a parte, este tem uma legião de seguidores, continua líder do Ibope ao seu horário de meio-dia e ainda consegue divertir nesta TV atual. Isso sem apelação!


Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


domingo, outubro 04, 2009

La negra, a grande estrela hoje nos deixou

Fernando Schweitzer
Correspondente em Buenos Aires


Argentina em luto. Faleceu Mercedes Sosa, hoje 4 de Outubro de 2009, a artista nascida em Tucumán, exilada política sendo proibida de pisar em solo argentino pelos militares na década de 70. expoentes da Nueva Canción, um movimento musical latino-americano da década de 60, com raízes africanas, cubanas, andinas e espanholas. No Brasil, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, entre outros artistas, são expressões da Nueva Canción, marcada por uma ideologia de rechaço ao que entendiam como imperialismo norte-americano, consumismo e desigualdade social.

Seu corpo será velado no Congresso Nacional Argentino em Buenos Aires, até as 12h do próximo dia. Com mais de 50 álbuns na carreira "La Negra" como carinhosamente fora apelidada, recém gravou seu ultimo disco, um álbum duplo contando com várias participações. Dentre tantas figuras expressivas internacionalmente participaram Joaquín Sabina e Caetano Veloso.

A fila para a despedida a grande cantora chega a mais de 2 quadras. Mercedez a alguns dias teve um agravamento em seu estado de saúde levando-a UTI a ois dias atrás. Um de seus mais memoráveis momentos de uma carreira repleta de êxitos foi ao apresentar-se no Carnegie Hall e ser ovacionada por mais de 15 minutos.

O sentimento de comoção inunda ao país portenho. A sempre tao efusiva artista nos deixa, mais sua grande obra inexoravelmente resiste, tal e qual ela mesma resistiu aos anos de chumbo e a expulsão de seu amado país em um de seus momentos mais críticos. Seu ultimo lançamento "Cantora" recém saiu e é o "regalo" derradeira dessa estrala da música latina.


Fernando Schweitzer
Correspondente em Buenos Aires

quinta-feira, outubro 01, 2009

Mercedez Sosa internada em estado grave

Fernando Schweitzer
Correspondente em Buenos Aires



Buenos Aires, 1 de Outubro de 2009 10:56 - Esta noite após um agravamento de seu quadro de saúde, a cantora Mercedes Sosa volta a ser internada, e neste momento respira com a ajuda de aparelhos. A 11 dias internado no Hospital de "La Trinidad" devido a "problemas nos rins e pulmão", nesta noite teve um aumento brusco de temperatura o que levou os médicos a recorrerem ao uso de um respirador artificial.

Aos 74 anos de idade Mercedes Sosa não pode fazer o lançamento de seu ultimo projeto, o audaz álbum duplo "Cantora", devido a seu estado debilitado. Do projeto consta também a participação de grandes astros da música mundial como Joan Manuel Serrat, Luis Alberto Spinetta, Shakira, Gustavo Cerati, Charly García, Calle 13, Joaquín Sabina e ainda o brasileiro Caetano Veloso.

Seu repertório transitava do folclórico ao romântico e nanãoomente argentino bem como lalatino americano. Exitosa em todo o mundo esteve em 2008 também em Florianópolis dentre outras várias cidades brasileiras, nesta turnê que se concluiu em mais de 10 shows na Europa.

Escute no sítio web Youtube o adianto do seu ultimo trabalho "Cantora", no dueto com Caetano Veloso - com a canção "Coração Vagabundo".


Fernando Schweitzer
Correspondente em Buenos Aires

http://www.youtube.com/watch?v=Qcwr73SNjGM