quarta-feira, agosto 27, 2014

Saudades dos 80: Meu nome é Eduardo Jorge!

Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral


Saudades do debate presidencial de 1989. Eram mais claros os ataques, eram mais explícitas as ideologias. Na noite de 26/08, via TV Bandeirantes, tivemos o primeiro debate de 2014 com quase todos os candidatos. Nele tivemos 4 blocos ideológicos claros: uma esquerda erudita e talvez incompreensível para o público, uma direita reacionário que não terá somada 2% dos votos, um centro perdido feito cega chapado em tiroteio com neblina, e uma centro-direita travestida de social democracia e que por vezes pincelava um aceno tacanho para o centro ou até para a esquerda.

Um novo Maluf, era Aécio Neves, com  seu discurso populista e vazio de propostas. Brizola reencarnou em Luciana Genro, bandeiras do trabalhismo de centro esquerda como a reforma agrária foram tocados apenas por ela. Roussef chegou a prismar a um Mário Covas de saias, nem conservador e tão pouco radical esquerdista. Marina Silva, mostrou-se como um Lula alfabetizado de passado de esquerda mas com um discurso beirando a simpatia, mas sem querer assustar o povo brasileiro, temoroso por mudanças, covarde e sem ideologia.

Os três patetas, cada um a seu modo nos serviram como válvula de escape para o show midiático. Levy e seu icônico bigode pareciam ao senhor Aureliano Chaves do extinto PFL, no discurso um democrata e nas entre linhas um conservador clássico. Everaldo, como lhe chamou Luciana Genro, mostrou-se o mais neoliberal, como Reinaldo Caiado outrora inconsistente e querendo privatizar o país (se é que resta muito para privatizar). Ainda, Eduardo Jorge, um baloarte sem parâmetros históricos, talvez lembre pela comicidade ao falecido Enéas.

Creio que iremos nos divertir neste pleito eleitoral. Muito. É trágico pensar no quanto o debate político empobreceu-se, e se pasteurizou. A paleta de cores hoje é mais fechada, simples. Saudosos anos 80... Não só nas artes, TV, mas também na política.




terça-feira, agosto 26, 2014

Eleições 2014: Como uma corrida de cavalo!

Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral

Evoluímos ou involuímos? Polar ou bi-polar? Brasil hoje em pleno ano eleitoral vai reviver um dos momentos de viés mais democrático dentre de suas díspares eleições. 

Creio ser um absurdo a legislação eleitoral do país das bananas, samba e mulher pelada. Em um âmbito em que se irá discutir o futuro da nação, ou melhor, se este terreno de falantes de um quase mesmo idioma passarão a poder sentirem-se parte de uma real nação.

Não  demos com o cucuruto na parede e nem miremos longe. Basta lembrar do primeiro debate presidencial da nova, e fraca ainda, democracia-política brasileira. Dado que em 1989, a mesma TV Bandeirantes lançou-se ao desafio de sediar e televisionar o primeiro embate pós regime ditatorial com todos os presidenciáveis. Com exceção dos que não aceitaram.


Lula, Collor, Maluf, Brizola, Covas, Afif, Freire... Enfim, mil ideologias e proposições para o país. O arco era iris. Mas o que mudou? O coxinhismo pseudo-esquerdo-direitista assola o Brasil. Teremos nesta terça, 26, o primeiro debate presidencial de 2014. A Bandeirante, hoje Band, tentará resgatar algo desta história democrática, pois diferente de 2010, teremos quase todos os candidatos presentes e não só os principais.

Estarão presentes nos estúdios da Band, no Morumbi, em São Paulo: Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB), Aécio Neves (PSDB), Pastor Everaldo (PSC), Luciana Genro (PSOL), Eduardo Jorge (PV) e Levy Fidelix (PRTB). Mas ainda não termos os ditos nanicos PCO, PSTU, PCB, PSDC do senhor da musiquinha chiclete, Eymael.
Outras emissoras já recebem avisos de protestos e ações na justiça por não quererem nada mais que o três principais candidatos, mais bem posicionados nas pesquisas de intenção de voto. O que para meu ver é por si só anti-democrático.

O critério midiático de se convidar apenas os mais pontuados para um debate na TV, mais acessado meio de comunicação do país, é como se transformasse-o em um segundo turno antecipado.

A pergunta que não para de enlouquecidamente girar na panela de pressão desta quase morna sucessão presidência, doravante aquecida pelo acidente do candidato Eduardo Campos, PSB, é: A quem interessa debater o futuro do país? Aos brasileiros? Seres conformistas, analfabetos funcionais, americanizados, idiotizados e de sócio-cultura apática e anti-politica?

Não me interessa discutir como e porquês da imbecilização e por que vias históricas este povo se acomodou em viver na merda e mesmo assim sorrir. Quem vive de passado é museu. O que realmente importa é desvendar que não é, possivelmente, mais um representante do pensamento burocrático, apático, conservador, americanizado e servilista.

Evoluímos ou involuímos? Polar ou bi-polar? Qual é a voz da dita mudança que o povo diz querer? E se é que quer, que deixe de ser covarde e pare de pensar na eleição como uma corrida de cavalo. Na qual devamos votar no com "mais chances" e não no melhor candidato.

terça-feira, agosto 19, 2014

Sonolência é carência?

Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral


Tenho sentido muito sono. E você? Tem dormido bem? Dormir é algo inerente aos mamíferos. Segundo a OMS(Organização Mundial de Saúde) afirma que em média o normal e suficiente para a reposição energética e descanso, são 7 horas noite.

Porque quanto mais dormimos, menos recargados de energias nos sentimos? A propensão de um corpo é movimentar-se, a inércia do sono para o corpo é danoso ao excesso. Ao mesmo que a falta de horas possa causar-lhe problemas de concentração.

Estima-se que ao passar de sete horas imóvel a circulação sanguínea em partes extremas do corpo passa a ser comprometido pelos baixos níveis no ritmo cardíaco.

Mas quantos outros fatores temos na moderna vida dos humanos que nos impedem de dormir? Inflação, criminalidade, problemas amorosos, pressões laborais, familiares... etc.

Outro dia parei olhando as sobras geradas por minha janela aberta. A cada figura humana, imaginei um assalto possível.

segunda-feira, agosto 18, 2014

A Ressaca de Aécinho!

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Ilustração de revista de direita e tendenciosa
A ressaca moral é sempre pior que a alcoólica. Aécio Neves hoje vive o pior dia desde que decidiu se tornar um presidenciável. A bombástica pesquisa eleitoral do Instituto Data Folha que lhe tira a confortável posição de 2º nome mais apontado pelos eleitores em Outubro, foi um bande de gelo na campanha do tucano.

Muitos atribuem apenas a petistas a incessante perseguição e boicote a criação do Rede Sustentabilidade. Quando na realidade é sabido que parte preponderante de vários políticos ligados ao agronegócio e setores mais conservadores do PSDB e DEM, fizeram das suas contra a criação do novo partido.

Campos, que faleceu em trágico acidente aéreo criou uma alternativa de mudança de foco na eleição, mesmo antes de se associar a Marina Silva, arquitetando uma pluri-aliança de matemática confusa e complexa. Em cada estado costurou apoios de diversas vertentes, hora anti PT, hora anti PSDB.

Essa política de raspa de tacho funcionava mais ou menos como um grito dos excluídos. Não os de eleitores de Marina em 2010, tão pouco o dos protestos do ano passado. Um grito dos excluídos políticos, que tanto no poderio petista e aliados governista se via, mas que também não queria uma retórica anti esquerda beirando o fascismo como em certos aliados que apoiam o tucana como a "única opção anti o "mal comunista" que seria o PT.

Em meio a sua corrida para a criação para a criação do Rede Sustentabilidade eu tive a oportunidade de entrevistar a acriana e agora provável presidenciável. (Entrevista à Marina Silva).

O grande dilema de marineiros hoje viraram vidraça, e tem ainda outra dura tarefa, conciliar o cartel de lideranças tão ecléticas quanto a música brasileira que possui o PSB.

Pior conflito sofre o PSDB, que antes era fraco no discurso, pois atacava o PT de incompetente. Mas não podia bater e frente e propostas concretas, pois o PT é um governo continuista ao de Fernando Henrique Cardoso. E agora tem uma emblemática concorrente, que graças ao discurso vazio de voto útil não tirou de Serra o 2º turno em 2010.

domingo, agosto 17, 2014

Enterramos a terceira via? O medo venceu a esperança!

Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral


Deve ser o tempo... O clima... A idade... Ou até mesmo o excesso de tempo longe da televisão, que estão a fazer-me duro, impoluto e diriam muitas carpideiras: "insensível".

Crívelmente não tenho me comovido com imagens e vídeos compartilhados no Facebook. Quer ver me deixar desestimulado é um vídeo com o título de: "Realmente Comovente", compartilhado na linha do tempo ou retwittado. Não sou cristão mas por sócio-cultura impositiva grito por Deus. Ou seria deus, como adjectivo?

Estamos no momento recebendo uma avalanche de informações inúteis e repetidas, por e-mail, por celular, por redes sociais e consequentemente por vias de facto. Será a tecnologia vilã da sócio-cultura ou o reverso? Tarde de mais! Hoje são o mesmo significado e significante. O povo perdeu o brio e sua antes natural vontade de vencer na vida, e por conseguinte se desistiu do Brasil.

Perdemos a curiosidade infantil. Felizmente. Toda criança é chata e sem critérios. Um ser cheio de angústias e buscando desbravar o novo. Tolas criaturas... Como se existira algo novo... Nesta incorruptâncial e marasmática actualidade. Clamemos aos... Não clamemos a nada. Conforme-mo-nos com nossa substantiva incapacidade de sermos únicos, indivíduos. Comemorardes sua pasteurização lactal!

Deparo-me neste plácido domingo de conciliação nacional com pessoas que me dizem em rompantes gritos que buscam o novo. Mas irão votar nos tucanos que desgovernaram por 8 anos o Brasil e a décadas São Paulo. Território este que controla 5% do PIB do continente, e ainda assim é o maior disparate social e a maior escada de extremos em renda per capita do Brasil.

Enquanto que muitos fingem ter no defunto socialista o enterro de uma esperança e renovação política, estes mesmo baluartes de velhas praticas nada mais querem capitalizar suas campanhas para manutenção do status quo que impera neste rincão isolado culturalmente de seus vizinhos do continente Sul-americano. 

A questão neste instante aonde o honrado, mas jamais representante de uma real terceira via, é sepultado é: Realmente existe esquerda no actual Brasil. Se pragmaticamente se afirma que a terceira via é uma proposta entre a direita neoliberal e conservadora e a esquerda extremada ou socialismo, comete-se um vergonhoso e ignóbil erro académico e histórico no Brasil. A terceira via, camuflada e auto-proclamada como "a esquerda" está no poder desde 2002. Esta mesma que difere-se da direita que tenta disfarçar-se de centro, vide PSDB, ainda apoiada por mecenas do conservadorismo como o DEM; que em seus quadros ainda possui ex-membros da ditadura.

Comungando... Se viemos de um governo de direitas, não de direitos... Passamos por um governo de centro-direita, que se dizia esquerda... Piamente conjuro que a terceira via real no Brasil seja um discurso de ultra esquerda, para se ter como resultante um governo de centro-esquerda-democrática e plural, mais próximo de um estado laico e igualitário.

Enterramos a terceira via? Sim!!! Pois ela já esteve no poder e se desgastou na incompetência e escândalos de corrupção. Deixando claro o conceito de terceira via é o de se ter uma postura que mescle a política social socialista com uma interacção e o livre mercado nos preceitos liberalistas.