segunda-feira, março 31, 2008

Brasileiros melhoram, mais ainda mentem

Brasileiros melhoram, mais ainda mentem na política
Fernando Schweitzer de Oliveira , Florianópolis-SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


A Agence France-Presse, que possui 110 escritórios e mais de 50 correspondentes em 165 países com cinco grandes sedes regionais, trás matéria vinculada em veículos diversos sobre um tal índice de “civismo” criado para medir o nível de civilidade do povo Chinês. Tal índice fora criado no objetivo de calcular o que deu ou não certo nas medidas que procuram fazer uma melhor imagem da China nas Olímpiadas de Pequim.

A matéria: “Chineses melhoram, mas ainda cospem muito nas ruas”, http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/080208/mundo/jo_pequim2008_sociedade trás um estudo onde em uma escala de um a cem, realizado pela Universidade de Renmin, de Pequim, fixou um "índice de civismo" a fim de avaliar a eficácia dos esforços do governo para melhorar as boas maneiras dos chineses. Entre outras questões, examinou-se o respeito às normas de saúde e ordem pública, a atitude em relação aos estrangeiros, o comportamento nos eventos esportivos e a vontade de contribuir positivamente nos Jogos Olímpicos.

Essa iniciativa poderia ocorrer no Brasil? Quem sabe índices de corrupção pudessem ser criados, para termos comparações científicas de quem roubou mais, se Lula ou FHC. Assim os mesmos não precisariam mais ficarem nesta guerrinha de ataques do jogo de empurra. Onde quem atirava pedras hoje experimenta o lado vidraça. E com um atirador competente, com tantos anos de vidraça, que embora as vezes erre a mira, acerta muito pois sabe os erros do inimigo, que são os mesmo que outrora foram os seus.

O estudo ainda trás curiosidades como: O estudo se concentrou em dez mil chineses e mil estrangeiros residentes em Pequim, assim como em 3.000 horas de observação dos lugares públicos.
Revelou que o costume de jogar lixo na rua diminuiu no ano passado para 2,8%, frente aos 5,6% de 2006, e o de não respeitar as filas caiu de 6% a 1,5%.
Aqui poderiam calcular p costume de empurrar escândalos para debaixo do tapete, que tal? Ou o costume de dizer que o crime feito por outro governo é pior, desconsiderando o fato e focando no malfeitor.

Fora feito também uma campanha onde se instaurou "um dia por mês de respeito às filas de espera", outra levou à multiplicação de multas por cuspir no chão e outra tirou os mendigos das ruas.

Poderia se fazer no Brasil um dia por mês onde se é proibido acusar sem provas, outro de multas para quem mete a mão no dinheiro público e outra tirando os mendigos pedintes de voto das ruas.

PEQUIM (AFP) - Os moradores de Pequim estão cuspindo menos nas ruas e furando menos filas, mas ainda não estão à altura da imagem que a China quer passar para o mundo durante os Jogos Olímpicos, segundo uma pesquisa publicada nesta sexta-feira pela agência Nova China.

Será que nós teríamos essa mesma postura para tentar impressionar a opinião pública mundial para algum evento futuro, ou pelo menos para melhor o mar de lama que vemos de jornalões a jornalinhos de bairro? Parece que temos sempre mais tragédias a contar do que vitórias.

Tekoha, lugar de origem . Assim diria um Guarani

Fernando Schweitzer de Oliveira , Florianópolis-SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

Apesar de ser a maior população de um povo indígena no Brasil, esta é também uma das que tem seus direitos menos reconhecidos pelo Estado, principalmente o direito à terra, tendo uma média de menos de meio hectare por Guarani. Em todo o Brasil, ainda faltam ser reconhecidas 95% das terras tradicionais guarani.

Sem terras para cultivar e ter de onde tirar seus alimentos, somente nos anos de 2003 a 2005, o povo Guarani viu 183 de suas crianças com menos de cinco anos morrerem por desnutrição, o maior índice entre os povos indígenas no Brasil.
O ápice da tentativa de re-articulação desse povo, que teve início em fevereiro de 2006, com a realização do “Primeiro Encontro Continental Guarani”, em São Gabriel (RS)। Seguido em abril do mesmo ano por um “Segundo Encontro”, em Porto Alegre.

E está previsto para este ano um novo encontro, e ressaltando que sempre orado em guarani.
“É preciso mostrar que existimos como um grande povo. Temos o mesmo sangue, somos parentes que passamos pelo mesmo sofrimento. Não existe absurdo maior do que dizer ‘índio argentino’, ‘índio paraguaio’, ainda mais ‘índio brasileiro’. Para nós, as fronteiras não existem”, esclarece o cacique da aldeia Tey Kue, Zenildo.

Pajé versus Sua Santidade

“Nossas terras são invadidas, nossas terras são tomadas, os nossos territórios são diminuídos, (e) não temos mais condições de sobrevivência. Queremos dizer a Vossa Santidade a nossa miséria, a nossa tristeza pela morte de nossos líderes assassinados friamente por aqueles que tomam nosso chão, aquilo que para nós representa a própria vida e nossa sobrevivência neste grande Brasil, chamado um país cristão.
Santo Padre, nós depositamos uma grande esperança na sua visita ao nosso país. Leve o nosso clamor, a nossa voz para outros territórios que não são nossos, mas que o povo nos escute, uma população mais humana lute por nós, porque o nosso povo, nossa nação indígena está desaparecendo do Brasil”

Discurso feito por Marçal Tupã-i ao Papa João Paulo II, no ano de 1980, em Manaus. Principal líder Guarani na luta pela terra, Marçal foi assassinado três anos depois na terra Marangatu, no Mato Grosso do Sul, por pistoleiros de uma fazenda. Ainda hoje ninguém foi punido pelo crime, nem a terra Marangatu pelo qual lutava foi definitivamente reconhecida pelo Estado brasileiro.

República Comunista Cristã Guarani

Em todos os 500 anos de resistência à colonização, a experiência de resistência mais marcante na história Guarani foi sem dúvida a realizada dentro das Missões Jesuítas. Chamado por alguns historiadores de República Comunista Cristã Guarani, as missões foram definidas pelo filósofo francês Voltaire como “um verdadeiro triunfo da Humanidade”.
Foi no início do século XVII que os Guarani deixaram de enfrentar isoladamente as expedições chamadas de bandeiras que destruíam suas aldeias, os matavam aos milhares e os escravizavam, e passaram a se agrupar nas missões criando mais força e organização no enfrentamento.
As missões jesuítas onde viviam os Guarani se estendiam pelo Sul do Brasil, Uruguai, Norte da Argentina, todo o Paraguai e Sudeste da Bolívia. Apesar de algumas imposições religiosas, nas missões, onde a população ultrapassava as 25 mil pessoas (população maior do que a que habitava a cidade de Bueno Aires e São Paulo), os Guarani puderam exercer seus costumes e sua economia de reciprocidade.

Economia da Reciprocidade
http://www.campanhaguarani.org.br/economia.htm
O conceito de propriedade para os Guarani é muito diferente do que se entende na sociedade envolvente. O povo Guarani não se considera dono da terra, nem daquilo que vive nela. O que entende é que receberam de Deus o direito ao usufruto da terra, que deve ser feito de forma respeitosa, equilibrada e limitada, vigiado pelos deuses e os outros Guarani.
Sem se considerar donos das terras, os Guarani respeitam entre si o domínio territorial familiar em cada tekoha, por isso não invadem ou aproveitam de seus recursos sem a devida permissão.
Na economia Guarani, o princípio da solidariedade com o próximo não se manifesta de forma coletiva, em que todos trabalham juntos e todos são donos de tudo. O que existe é uma obrigação moral de ajudar sempre que o outro necessitar, de receber ajuda quando precisar e participar com alegria do trabalho do outro Guarani sempre que o outro necessite. Esta ajuda recíproca é chamada de Jopói.
A generosidade é uma das virtudes mais importantes na sociedade Guarani e uma pessoa egoísta, que acumule bens, por exemplo não compartindo aquilo que produz com as demais, é criticada e marginalizada.

Hoje não são espelhos

Devemos nos perguntar na atualidade coisas simples, mas com sinceridade.
Porque a recente Declaração Sobre Direitos dos Povos Indígenas, aprovada em 13 de setembro, não fora traduzida para a língua Guarani? Será que continuamos a enganar hoje não com espelhos, mas com uma retórica semelhante a da Metrópole do passado?

Argentina – População: 42.000
Grupos: Mbya e Ava Guarani
Fonte: Endepa – Equipe de Pastoral Aborígine Argentina

Bolívia – População: 150.000
Grupo: Chiriguano
Fonte: Estimativa feita pela Assemblea del Pueblo Guarani (APG), entidade que representa diretamente as mais de 300 comunidades Guarani na Bolívia

Brasil – População: 50.000
Grupos: Kaiowá (Pãi-Tavyterã); Mbya; Nhandéva ou Chiripá
Fonte: Estimativa feita pelo Conselho Indigenista Missionário a partir de dados apresentados pela Fundação Nacional de Saúde

Paraguai – População: 53.500
Grupos: Kaiowá (Pãi-Tavyterã); Avá Katú; Mbya; Aché; Guarani Ocidentais, Nhandéva
Fonte: Censo Nacional Población y Vivienda del Paraguay dados coletados no ano de 2002

Uruguai – Os Guarani frequentam seu tekoha, mesmo sem o reconhecimento do Estado.

Os esforços de integração com o feito Mercosul, pensa apenas na visão branca da América Latina. Será que este povo que não compreende essas fronteiras que hoje tentam se mesclar pelo Mercosul, pois para eles tais divisões nunca existiram, não serão ouvidos nunca para que suas necessidades étnicas-sócio-culturais sejam restabelecidas?
Será que se os Guarani como povo nativo declarassem sua independência este ano como o Kosovo fez dia 17 de Fevereiro, seria reconhecida pelo Mercosul, como o Kosovo será pela União Européia?
No momento da história onde se debatem sem terras e latifundiários. Onde magnatas da Agroindústria se escalpelam desesperados em ações milionárias e conseguem na “justiça” reintegração de posse. Os Guaranis poderiam pedir também reintegração de posse de suas terras. Só por questão de justiça.

Quem já viu o novo casal gay da mídia?

É sim uma aparição discreta, quase que um casal a lá Marcel Marceau ( Mímico Francês, pra que não sabe ). É sutíl e de bom gosto, considerando que é feita por publicitários, que sempre utilizam esteriótipos, como no caso daquele Shampoo. . Na propaganda de um shampoo um homem perguntava para uma mulher qual era o segredo dos seus belos cabelos. Ela respondia que era um "segredo, que só conto para as amigas". Então o rapaz respondia. "então conta". Dando pinta até o ultimo fio do cabelo da axila.
Este caso foi o que eu chamo de politicamente correto. Teve humor, sem depredação, seja ideológica, ou de consenso geral.
http://internet.boticario.com.br/portal/site/internetpt/
Acredito que o Boticário indiretamente sugere ao público gay essa nova linha. O nome é também um tanto sugestivo: Linha Sophie. O Slogan então: Brilhe no meu mundo cor de rosa.
Será que vai dar briga em casa?
O que dizer? Qual foi o objetivo? Teve objetivo?
Há quem defenda que foi uma piada pra animar uma propaganda sem sal. Acredito que só os desatentos aos detalhes falariam isso! Pois a tentativa da publicidade é sempe de atingir um público amplo, no sentido de conhecer a existência do produto. Mas ao mesmo tempo que todos saibam o qual nixo exato o produto se destina, a era da metralhadora giratória acabou.
O inusitado é que a linguagem sutil, despretensiosa e ética sem demasia trás um ameno e leve sorriso, como devem ser piadas de bom gosto e não pejorativas.
A cena é até mesmo corriqueira, comum. O que sucinta uma questão que creio não deva ter surgido na produção: Será que ele é?
Outra coisa! Antes que me esqueça. Propagandas trabalham em em favor ou fazendo contra-pontos ao consenso geral e subconsciente coletivo. Se rosa é cor de menina e quando um menino gosta ele já é taxado de bichinha, nada mais justo que com um slogam como esse. Qua a “bichinha” fique com inveja, no bom sentido claro, do perfume da moça esplendorosa. Também é uma visão sub-liminar da propaganda, trazendo assim o desejo de consumo deste público. Que claro também pode ter a idéia de obter este produto “rosa” para despertar nos homens o que a mulher ao desfilar pelas ruas com ele causou.
Brilhe no meu mundo cor de rosa.

Tá buena!?

Por Nando Schweitzer

Guiana Francesa Pode Ficar Fora do Mercosul

Fernando Schweitzer, Florianópolis-SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

Lula chega à Guiana Francesa para reunião com Sarkozy http://br.noticias.yahoo.com/s/12022008/25/politica-lula-chega-guiana-francesa-reuniao-sarkozy.html

A Reportagem Original ( Trecho )
Vestindo uma guaiabera (camisa típica do Caribe), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou hoje na Guiana Francesa e foi recebido pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, que, em contrapartida, vestia um terno escuro. Os dois presidentes cumprimentaram os populares que estavam no local e, na tarde de hoje, assinarão o protocolo de cooperação para o desenvolvimento da região de fronteira, que contará, inclusive, com um fundo. Os valores desse fundo ainda não foram detalhados. Depois de passar em revista as tropas, os dois presidentes se deslocarão até a prefeitura, onde discutirão temas nas áreas de defesa ambiental e tecnológica.
Sarkozy oferecerá a Lula um almoço no Campo Bernet. Os dois presidentes ainda farão uma declaração à imprensa. No início da tarde, já do lado brasileiro, Lula terá encontro com lideranças políticas de Oiapoque. Às 15h50, o presidente embarcará para Macapá. Lula chegou ontem a Macapá e deveria ter chegado à Guiana Francesa às 9 horas de hoje, mas o encontro foi adiado em duas horas por conta do mau tempo. O percurso até a Guiana Francesa foi feito em uma lancha pelo rio Oiapoque.

Pasmo, por dois motivos, primeiramente pela minha desatenção e pela real falta de conhecimento de que a amiga França possui ainda uma colônia na América do Sul. Ora veja, eu me envergonho por não ter conhecimento sobre esse fato, mas me envergonho mais por nosso presidente estar fazendo tal parceria com a França, digo Guiana Francesa. O que me admira é a omissão na reportagem de que a Guiana Francesa (em francês Guyane française, oficialmente apenas Guyane) é um departamento ultramarino da França (département d'outre-mer, em francês) na costa atlântica da América do Sul (e, como tal, é o principal território da União Européia no continente). Então poderíamos fazer um tratado ou negociar algo com a União Européia através da Guiana? Não! Ela é só um departamento ultramarino da França.

A História
Colônia francesa até 1946, desde então a Guiana Francesa é um departamento ultramarino francês. Como parte integral da República Francesa, a Guiana Francesa é representada no Senado e na Assembléia Nacional da França, seus cidadãos votam para presidente da República Francesa, etc. Como parcela do território francês tanto quanto as partes da República Francesa localizadas no continente europeu, a Guiana Francesa é considerada parte da União Européia, e a moeda local é o euro, assim como os departamentos ultramarinos de Martinica, Guadalupe e Reunião.

Hora veja, então os amazônicos da região norte do Brasil são impedidos de migrarem, e/ou trabalharem, na Guiana porque a França não quer latinos em seu território. Agora entendi. Pois minerar e receber em Euro deve ser melhor que em reais.

A economia da Guiana
A economia da Guiana Francesa é baseada principalmente na pesca e na extração mineral. Além claro da base de lançamento de foguetes e satélites da Agência Espacial Europeia (ESA), situada em Kourou. O aluguel da base de lançamento rende dividendos à administração local.

A colônia
Há presença francesa na Guiana Francesa se dá desde pelo menos 1644. É interessante pensar nos tempos atuais da Globalização, que contra censo é termos uma Colônia oficial em domínio de uma potência Européia. Nestas horas que devemos pensar nos rompantes da nossa mídia que indigna-se tanto com medidas de Presidentes como Hugo Chaves e Evo Morales, e que querem controlar ou invadir a Amazônia Brasileira. Quando ao mesmo tempo temos uma Colônia administrada pela França querendo construir uma ponte sobre o Rio Oiapoque, para integrar a Guiana ao Brasil, em território de Floresta Equatorial e Amazônica. Impedir que os desempregados Brasileiros da longinqua região norte do extremo Oiapoque busquem trabalho no vizinho território Francês calados, e louvar uma ponto de milhões de Euros para que a França tenha um acesso facilitado as riquezas da Amazônia no mínimo é um contra censo de nossos queridos jornalões.

Alguém poderia questionar se não é pedir muito, se o nível de analfabetos no departamento ultramarino da Guiana, cujo na escola sempre me ensinaram erroneamente que era um dos “países” da América Latina. O nível de pobreza da população são os mesmos dos outros departamentos franceses? Os investimentos do Governo Sarkosy e seus antecessores sempre destinaram investimentos iguais ao departamento da Guiana? Ou será que este departamento é só uma jazida produtora de riquezas para a metrópole?

Guiana Francesa Pode Ficar Fora do Mercosul
Quem será que publicaria esta manchete? Estou triste com este fato. Após sonhar com uma América do Sul mais integrada, teremos que integrar a França ao Mercosul. Venezuela no livre comércio sulista seria terrível para nós dizem especialistas. Um retrocesso para o bloco! Bolívia não nos interessa comercialmente.
Mas esqueçamos os pseudo-economistas. Pensemos em uma reunião da cúpula do Mercosul em Caiena (Cayenne). Digamos que tenhamos representantes de Chile, Uruguai, Argentina, Paraguai, Brasil e os novos membros Bolívia, Colômbia, Venezuela e outros do pacto Andino e afins numa futura reunião de cúpula do bloco, esperando o membro rico e ilustre Sarkosy ou seu sucessor que se atrasara pois estava na capital de seu país, para dar a decisão final se aceita ou não tornar-se membro do Mercosul Afinal para quem mora no departamento da Guiana, têm como capital federal Paris. Será que a França topa?

Entre a Rosa Vermelha e a Moeda Verde

Entrevista Exclusiva: Entre a Rosa Vermelha e a Moeda Verde

Ângela Albino fala de comunismo e sociedade

Ângela Albino, 38 anos. Foi à única vereadora mulher eleita em 2004, na ultima legislatura em Florianópolis, pelo PCdoB, Partido Comunista do Brasil. Apontada em pesquisas prévias como possível candidata de uma articulação de esquerda ela me concedeu em seu gabinete entrevista onde abordamos vários temas. Da moeda verde a bandeira vermelha. Relatora do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores de Florianópolis. Onde Marcílio Ávila, vereador licenciado e ex-presidente da Santa Catarina Turismo (Santur), é um dos indiciados na Operação Moeda Verde. Como seu próprio blog afirma, estar de portas abertas, assim fui recebido. Após cordialidades e cumprimentos sentamos e de início disparei a primeira pergunta.

Fernando Schweitzer - Como você prefere ser chamada: Vereadora, Ângela ou Prefeita?
Ângela Albino - ( Risos ) Ângela eu vou ser sempre... Vereadora acaba em 2009. E prefeita tem-se uma construção a fazer. A pior parte é quando me chamam de senhora... Por que de um dia pra outro virei senhora. Espero que seja só uma convenção. ( Mais risos )
Fernando Schweitzer – Quanto as afirmações do vereador Marcílio Ávila em alguns jornais sobre um possível caixa dois em sua campanha a deputada na ultima eleição. O que você pode declarar?
Ângela Albino – Nós sempre tivemos uma relação muito produtiva na câmara. Acredito que devido e também ao fato de eu ter sido designada relatora do processo de cassação dele, que poderia haver uma facilitação da minha parte. Ele ficou indignado. E então apareceram essas denúncias da parte dele, somente depois que eu fiz o parecer que culminou na cassação dele. Esse processo foi o próprio juíz quem fez a abertura, encaminhando os elementos para que fossem tomadas medidas administrativas.
Fernando Schweitzer – E como surgiu o processo para a cassação que ocorreu?
Ângela Albino – Foi levado a comissão de ética. O presidente da comissão me designou relatora, e foi aprovado por unanimidade no Conselho de Ética.
Fernando Schweitzer – E quanto ao caixa dois na ultima eleição?
Ângela Albino – Até hoje estamos atolados... - O que ressalta com um gesto. - E essa denúncia não ocorreu na justiça eleitoral. A notícia que nós temos é que foi feito uma folha. E é isso... Uma interessante discussão a se fazer, para a mídia é também o fato de ele hoje estar sendo investigado pela Polícia Federal por formação de quadrilha. Chama uma coletiva, diz que eu sou azul e fica o dito pelo não dito.
Fernando Schweitzer – E como fica a retratação?
Ângela Albino – Nós já entramos com um processo pedindo a retratação pública quanto a isso.
Fernando Schweitzer – Entramos nesta polêmica, e não fugindo dela, mas ampliando a perspectiva pois queremos descobrir mais você e não somente suas ações. Como é ser e estar em um partido comunista hoje, em um momento onde sociólogos e grandes semanários trazem matérias e estudiosos dizem que o Socialismo acabou, e que é algo segundo esses artigos que não deu certo?
Ângela Albino – Eu não estaria em outro partido. Algumas pessoas diziam durante a campanha a deputada que eu era maior que o partido e tal. Mas eu só estou na política por causa do partido. Eu não tenho uma aspiração pessoa de ter um mandato, pra mim é uma tarefa. E ser comunista pra mim é o único sentido de estar aqui. E quanto a essa questão de o socialismo ser página virada e não deu certo, o capitalismo não deu certo. Nós criamos com o capitalismo uma multidão de marginais, nós destruímos o meio ambiente, nós matamos as pessoas pelo fator de desigualdade social, então o capitalismo não deu certo. O socialismo a gente não viveu ainda.
Fernando Schweitzer – E em alguma parte do mundo ele já realmente foi aplicado?
Ângela Albino – Nós temos experiências de socialismo real. Na União Soviética, em Cuba, na China onde se está em um processo e discussão. O que reafirma que se trilha um caminho. É algo que tirou milhões da miséria. A China deu uma das maiores contribuições no mundo de retirada de pessoas do patamar de abaixo da linha da miséria. O que mostra que o socialismo pode dar certo.
Fernando Schweitzer - E o que deu errado?
Ângela Albino – O que eu acho que deu errado é pensar que um explorar o outro, pode dar certo em algum lugar. E a tendência do capitalismo é a concentração. E se já há poucos recursos pra todo mundo e você ainda concentrar.
Fernando Schweitzer – E o exemplo de Cuba como você vê?
Ângela Albino – Cuba é um país 98% da população é alfabetizada e tem-se acesso a saúde. Eu acho isso mais saudável que outras diferentes experiências. Principalmente se a gente pega a situação em que Cuba estava antes, o que muita gente esquece.
Fernando Schweitzer - E o capitalismo não tem bons exemplos também?
Ângela Albino – O capitalismo tem 400 anos. Nós temos 70 de socialismo como experiência. Ainda considerando que Cuba vive um arrocho econômico que a maioria dos países não suportaria. Pela mais pura crença no socialismo. Por saber que antes da revolução, havia a riquesa de uns poucos e a plena pobreza de muitos. E interessante pensar que a geração de 15, 20 anos não viveu o antes será que irão entender o quão importante foi a revolução?
Fernando Schweitzer – É como quando os mais velhos dizem: Você fala isso por que você não viveu?
Ângela Albino – Hoje por exemplo quando alguém diz: Tem que fechar o Congresso Nacional! Quem fala isso não viveu um período na história de cerceamento de liberdade. Que tem que arrumar, tem que arrumar...
Fernando Schweitzer – E após a primeira eleição em 1989 desta fase no Brasil, após a antecessora em 1961, você pensa como o nosso processo eleitoral?
Ângela Albino – Muito deficitário, primeiro porque é uma democracia representativa. Vai lá de dois em dois anos, vota num sujeito, nunca mais se quer saber o que foi feito. Quais foram seus projetos. O que ele defende. De que lado ele esta. E não se busca uma democracia participativa onde nós cidadão busquemos saber o que esta acontecendo.
Fernando Schweitzer – Você trás no seu material de gabinete uma coluna chamada é lei. Eu quero destacar alei aprovando o Parque da Luz como área de preservação. Por que e como foi esse processo de aprovação e tramitação desta lei?
Ângela Albino – Aquele é um espaço público, que já foi o 1° cemitério da cidade, onde no séc XVII, os “bons homens” da cidade eram enterrados. E anterior a isso o costume era se emparedá-los nas igrejas, e quando surge uma lei proibindo devido a surtos de doença, surge o cemitério neste local. A anos atrás ali se tornou uma áreas de depósitos da Secretaria de Obras. E ao mesmo tempo com a Avenida Beiramar, a área foi se tornando mais valorizada já temos a construção de 3 prédios nesta área.
Fernando Schweitzer – E qual a alteração que se propõe?
Ângela Albino – Antes se tinha naquela área o zoneamento de 2 ruas dentro daquele terreno, e uma área de convívio ou institucional. Onde a prefeitura no dia 5 de junho, Dia Mundial dom Meio Ambiente, teve uma idéia genial no meio de um evento no Parque da Luz. Construir uma nova sede da Prefeitura ou na cabeceira da ponte ou no outro extremo do parque. Com a idéia de que se iria construir só em uma parte e o resto preservar. Quando na verdade iria tudo se tornar um “grande” estacionamento. - O termo fora mais forte, mas a pedido da entrevistada está amenizado.
Ângela cita Veríssimo e um conto que fala que certos momentos só podem ser retratados com certas palavras, para que não se perca o sentido semântico das colocação feitas. Ainda se retratando.
Fernando Schweitzer – E com a aprovação desta lei como você se sentiu?
Ângela Albino – Eu até comentei com um amigo. Que se o mandato acabasse naquele dia, eu estaria realizada. Pois agora definitivamente não se pode construir nada na área que ainda restou. E está para sempre garantida a ultima área verde de convivência urbana na capital.
Fernando Schweitzer – E agora como um parque aprovado em lei, o que na prática muda?
Ângela Albino – O primeiro passo foi dado transformando em área verde definitivamente. O que agora deverá ser feito é a inclusão de trilhas, iluminação, brinquedos para as crianças, manutenção dos jardins.
Fernando Schweitzer – Você tem alguns outros projetos importantes aprovados na casa. E também interagido muito com as frentes parlamentares. Isso tem facilitado os projetos de cunho social como a Semana Municipal da Cultura Negra?
Ângela Albino – Nós ainda temos um nó, que é a participação popular muito acanhada. Tem-se um movimento social por um lado bem desenvolvido. E por outro uma imensa maioria que não participa da vida política da cidade. Outro dia estava num bairro de classe média alta, e as pessoas não sabiam sobre os acontecimentos da CPI da Moeda Verde. As pessoas diziam: Ah é!? Mas casaram? É mesmo uma contradição.
Fernando Schweitzer – Agora você falando de sociedade, me veio uma pergunta um pouco fora do contexto. Você acha que as conversas de bares hoje são menos politizadas do que eram a 20 anos atrás?
Ângela Albino – Com certeza. ( Sorri ) Essa semana em especial não por que tá todo mundo falando da Moeda Verde, com o fato novo da cassação... Mas no geral a gente passa por um período que é reflexo de uma construção. Nós vivemos 20 anos de Regime Militar. E nossos pais se formaram enquanto pessoas nesse período. Eles aprenderam a calar sobre política e a gente aprendeu a naturalizar o calar sobre. E aí muitos de nós não compreende o processo político. Se eu to bem o resto que se... E assim vai se construindo uma apatia.
Fernando Schweitzer – E quanto a polêmica em torno do projeto, cujo a câmara aprovou em segunda votação na segunda-feira (8/10) o PL 12.305/2007, que institui a data 17 de maio, como dia contra homofobia? Como a câmara reagiu, se reagiu ao projeto no inicio?
Ângela Albino – Foi feito o projeto com a maior correção semântica. Dia de Combate a Homofobia, lesbofobia e transfobia. Foi tão engraçado, pois tinha um vereador que não tinha a menor idéia do que era transfobia. Lesbofobia ainda tinha uma vaga idéia. A gente tomou ainda um cuidado de não se segmentar a discussão, pois é uma luta em comum, de vivência plena ao direito da vida. Eu entrei nessa discussão via movimento de mulheres. Por que existem várias exclusões: Das mulheres na sociedade em geral, das mulheres negras q são mais excluídas, por serem estas 2 coisas. As heterossexuais em relação as lésbicas tem posições sociais diferenciadas. E nós precisamos saber fazer esses recortes. E também não pensar que mulher é só aquela que passeia na Beira Mar. E esquecer a menina com 4 filhos na favela. São construções políticas diferentes que se deve fazer.
Fernando Schweitzer – E o projeto já está em vigor?
Ângela Albino – Não. Esse projeto de lei que regulamente o que ocorre exatamente nos casos crime, está em tramitação com uma imensa dificuldade.
Fernando Schweitzer – E isso devido ao que exatamente?
Ângela Albino – Nós temos um padrão do poder no país que é o homem, branco, heterossexual, com dinheiro e com 40 anos. Tudo que sair desse padrão, ou seja 98%, não está representado. Então há uma dificuldade de compreensão sobre esses temas. Me tomando por exemplo, sou a 7ª mulher vereadora eleita em Florianópolis. Nós nunca tivemos alguém do movimento GLBT aqui dentro.
Fernando Schweitzer – Tratamos de nichos a pouco. Como é pra você além de mulher, a única, ser comunista, e ter tantos projetos num cunho mais social? Como você é vista?
Ângela Albino – Eu acho Fernando que entra na dificuldade geral das mulheres. E agrega o do Comunista. Um poeta da década de 20, dizia que um comunista tem de ser melhor que os outras para adquirir um emprego. E nós mulheres vivemos um pouco isso.
Fernando Schweitzer – Pra tentarmos finalizar. O que você perguntaria para você mesma?
Após abrir um sorriso, baixar a cabeça e por a mão a testa responde.
Ângela Albino – Quando você vai tirar férias? ( Risos ) O que mais me espanta é conciliar tudo isso com ser mãe. Trabalhar 18 horas por dia e ter que chegar zerada, ver como o filho da na escola, escutar sobre as brigas com a namorada. Dar a maior atenção do mundo depois de passar o dia falando das quadrilhas, e o projeto de lei que não aprovou... É a parte mais difícil de um lado e a que mais me deixa viva.
Fernando Schweitzer – Reformulando. Qual a pergunta que você queria que te fizessem?
Ângela Albino – Depois do divisor de águas para cidade que á a Moeda Verde, a pergunta que fica é: Qual será a cidade após a Moeda Verde? É a pergunta mais importante pra se fazer agora.
Fernando Schweitzer – Aproveitando sua pergunta. Qual será a cidade que virá após a Moeda Verde?
Ângela Albino – Espero que seja uma cidade com mais participação popular. Em que o empreendedor sério entre pela porta da frente da Prefeitura e pela legalidade. E que a gente se dê conta de vez que na cidade vai ter de ter espaço para todo mundo, para rico, para pobre, para negro, para branco, para homens, para mulheres, para héteros, não héteros... Que a gente tem que aprender a construir uma cidade mais moderna.

Por Fernando Schweitzer