segunda-feira, agosto 31, 2009

Falta

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



A grande novidade do domingo (30 de Agosto de 2009), de novidade pouco teve. O tal polêmico Programa do Gugu, com o próprio, só que agora atravez do canal 7 de São Paulo, de novo teve apenas com cenário "high-tech" com 120m² de telas de LEDs que são coordenadas de acordo com os quadros do programa. No total, o espaço tem 650m² e pode receber uma platéia de até 200 pessoas.

A Audiência

De acordo com dados preliminares obtidos pelo ’O Planeta TV!’, o "Programa do Gugu", no horário das 19h56 às 00h03, marcou uma média de 16 pontos com pico de 19,5. O programa de estreia ficou na liderança por aproximadamente 15 minutos. Veja o ranking do horário:

Esses foram os índices da guerra dominical no horário nobre da TV brasileira: Globo - 22, Record - 16, Rede TV! - 9, SBT - 8. Realmente ao menos para estreia. Os índices do Ibope representam aproximadamente 60 mil domicílios, dados que servem como referência para o mercado publicitário.

Equilíbrio sem conteúdo

Quando é que nos poremos a pensar, ou melhor, a repensar o que nossas concessões "públicas" estão a fazer no caso das TVs, para nao ter de falar do "transporte público" e demais relegos de serviços que segundo a constituição sao de responsabilidade das instituições governamentais.

Enquanto no país o governo for forte e as instituições fracas teremos cada vez mais teremos maiores disparates como o estratosférico contrato de Augusto Liberato pela Rede Record. A inflação saiu do supermercado e chegou ao alto degrau da televisão.

Quando vemos o velho patrão, sua criação em outro canal e contra eles o Faustão é uma competição com muito ão para um só dia na televisão. O que ocorre é realmente só para continuar a rima é literalmente falta de opção.

Como a música

É impossível saber se o louco hoje é quem produz ou quem dá Ibope a certas coisas. Como a música Shakiriana "Si me falta el argumento y la metodología, cada vez que se aparece frente a mi tu anatomía". Em meu caso digo que não tenho mais realmente que argumentar dentro da óbvia situação, e nao haverá metodologia para não deixar-me estarrecido com o pandemônio ao qual está se tornando a TV no país. E a anatomia paradoxal que me trava os sentidos é a TV atual.



Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

domingo, agosto 23, 2009

GGM: A Grande Guerra Midiática

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



É insuportável começar um artigo sobre TV usando o termo "******" pelo Ibope, embora acredite que possa tranqüilamente abordando o tema aludir claramente a tal palavra "secreta" de seis letras a que não citei, ainda.

Ademais do fenômeno “A Fazenda”, que refletiu índices recordes em programas como o “Hoje em Dia”, “Geraldo Brasil” dentre outros da casa nos dias em que repercutiam as polêmicas do reality. A revista matinal da Record registrou 14 pontos e o programa de Geraldo Luís 13 pontos de média na última quinta (20), índice recorde das duas atrações desde suas respectivas estréias. Neste mesmo dia, a Record alcançou suam maior média em 2009. Foram 11 pontos entre sete da manhã e meia-noite.

A tempos que a emissora tem investido em frentes múltiplas para alcançar o almejado posto de emissora líder no país, o que ao menos diz pretender. O combate entre as duas maiores redes do painel nacional atual segundo a Folha Online de 22/08/2009, está por iniciar uma nova fase. O combate via documentários. A Record comprou na quarta-feira (19) os direitos de "Muito Além do Cidadão Kane", produção inglesa de 1993 com pesadas críticas à Rede Globo. Em contra-ataque, a Globo negocia "Universal, Uma Ameaça ao País dos Crentes" (2002), documentário francês inédito no Brasil e no YouTube.

Um aviso aos navegantes

Para quem não tem idéia de que se trata um ou ambos os documentários é valido aludir a que se propõe cada um dos trabalhos.

Enquanto o filme francês, produzido pela TV católica francesa KTO, retrata a relação estreita entre igreja e emissora de TV. Ainda segundo a produção, não passa de um meio para Macedo aumentar sua própria influência política. A certa altura, entrevista o atual senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que admite que o governo "aceitou" a venda da Record para uma igreja, embora isso fosse, à época, vetado pela Constituição.

Já "Muito Além do Cidadão Kane", que está na íntegra no Google Videos, foi idealizado como programa em quatro blocos para o canal inglês Channel Four, em 93. Convencionou-se chamar essa obra de documentário porque, depois da TV, os blocos foram unidos e vendidos na íntegra em CDs e fitas piratas no Brasil e em outros países. "Muito Além do Cidadão Kane", produção inglesa de 1993 com pesadas críticas à Rede Globo. Tem em momentos depoimentos de grandes figuras históricas como: Leonel Brizola, Antonio Carlos Magalhães e até mesmo o atual presidente, quando ainda era um sindicalista de esquerda.


O mesmo produto, vários interessados

A Record fez uma aquisição poderosa comprando o documentário "Muito Além do Cidadão Kane" ("Beyond Citizen Kane"). A emissora fechou o negócio nesta semana, mas já havia tentado adquirir os direitos de exibição para TV brasileira nos anos 90. Segundo apurou a Folha Online, o material saiu por menos de US$ 20 mil para a emissora do bispo Edir Macedo.

Detalhe nesta historieta dentre desta grande história que é a batalha entre Globo e Record é que a emissora do falecido Roberto Marinho já havia tentado compra-lo para que o pudera engavetar. A grande sacada Simon Hartog, diretor da obra e que morreu em 1992, foi a analogia entre dois personagens que justamente vai a justificar o título da obra. Transmitido pela primeira vez em 1993, no Reino Unido, onde o empresário Roberto Marinho surge como ícone da concentração da mídia no Brasil, em referência a Charles Foster Kane, magnata das comunicações vivido pelo cineasta Orson Welles em "Cidadão Kane" (1941).


GGM: A Grande Guerra Midiática

Tentei refutar o inevitável, usar a palavra secreta do artigo. A batalha via documentários é uma busca de ratificação de suas retóricas discursas, dentro da GGM que os dois impérios por fim as claras resolveram travar. O que na verdade é uma grande estratégia. Sempre em várias rodas de violão de minha adolescência acabávamos por perguntar-nos: "O que será que tem nesse tal "Muito Além do Cidadao Kane" que faz a globo querer proibir a exibição no Brasil?".

Detalhe, na época não havia Google, Youtube, etc, etc, etc... Mas nada como uma vinculação em rede nacional e que vai mais que esquentar a GGM brasileira.

Obviamente que já assisti trechos de ambos documentários. Não inteiros pois a qualidade de imagens e som são sofríveis. Mas creio que hoje saiu na rua com meu violão a imaginar-me um fedelho e a gritar, ou quiçá compor uma canção. Aonde poderia eu a falar sobre este tema, onde o refrão seria:
Finalmente irei saber o que a Globo tem a temer...
Kane me diga o que passou
O que a Globo não contou
Por tantas décadas de história
Kane me diga o que passou
Por anos que estou
A ermo de minha história

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

terça-feira, agosto 18, 2009

Com a palavra o artista!

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


Quem disse que a fórmula iria cansar e perder a graça se estabacou. De acordo com dados obtidos com exclusividade pelo "O Planeta TV!", neste dia 16 de agosto no horário das 20h54 às 23h29, assim ficaram as médias de audiência medidas pelo Ibope: Globo 19; Record 16; RedeTV 11 e, SBT 10.

O que passava neste horário é o mais interessante que os números nos farão pensar muita coisa. Na ordem de emissoras: Fantástico; A Fazenda; Pânico na TV; Domingo Legal. Nesse baião de doido o ”Pânico na TV!” está em festa! O programa exibido na noite deste domingo, dia 16 de agosto, conquistou pico de 17 pontos e ficou na liderança por aproximadamente 5 minutos.

A ironia da turma do pânico não é chusma é linha editorial. Talvez isso explique records e mais record no histórico do programa. Em um momento em que na TV cada vez mais, artistas não são artistas, jornalista não precisam tão pouco ser jornalistas (vide a ultima decisão do STF)... O programa que sempre questionou na cara mesmo certos tipos de celebridades o quão artistas estas o são, tem na atualidade cada vez mais material de trabalho, somado aos anos de pratica são fatalmente hilariantes.

Sempre se questiona se o programa é um humorístico, ou o que? Ou que sem nenhum demérito creio ser o melhor termo para não definir este ícone único da nova maneira de fazer TV no mundo. Também muito se fala da mescla de ficção e jornalismo que eles como ninguém sabem fazer. Penso que um jornalista "sério" com sua endumentária tem seu papel em veículos de comunicação. Agora, quem disse que este pinguim de geladeira é um ser real. Qual é o marido que diz um boa noite tão formal a esposa como o sr. Bonner?

Acima de tudo o Pânico na TV é sim para fazer rir. Mas creio que seu estilo é mal rotulado. Muitos o põe como bandalha, humor escraxado, etc... Eu os vejo trabalhar em cima de um estilo pouco explorado no Brasil, seja em TV, teatro, cinema ou o que for que é a trágiocomédia. Que em poucas palavras consiste em muitos casos em mostrar algo trágico, por uma lente satírica, fazendo com que o público ria da desgraça das personagens. Estas muitas vezes passando por refletir o que passa na vida de cada um do público, que acaba por rir de sua própria tragédia indiretamente.

Pânico usando de personagens muito bem construídos diga-se, faz arte. Questionando pseudo-artistas faz jornalismo. Mesclando esses dois elementos produz entretenimento. Eu auto-ratifico o meu discurso deixando no ar apenas o seguinte levante. É verdade ou não que hoje não existe nada mais trágico, ou em estado mais trágico que a "cultura" no país?


Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

quarta-feira, agosto 05, 2009

Sonho de Ícaro

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



Esta semana que passou foi um pouco atípica, por não dizer-se estranha na TV Brasileira. Os mais impensáveis exitosos produtos televisivos em questão ibope foram a milésima versão de "Bety, la Fea", original colombiana de Fernando Gaitán. Esta que já teve desde versão gringa a mexicana. A terça-feira (04) estreou a versão em parceria com a Televisa(Mex) na Rede Record. Os índices ficaram abaixo do sonhado pela emissora, embora sendo coerente e justo se deva reconhecer que não é simples estrear em mesmo horário que o grande sucesso global e sem sal do momento, Caminho da Índias.

O que se deve entender é que o público brasileiro é muito conservador e prestigia a Rede Globo por osmose. Nada além da vênus platinada tem o tal selo de qualidade Globo. Embora não veja um produto de qualidade na Rede Globo a mais de 2 décadas, exceto por Os Normais. A pasteurização do público mesclada a uma acomodação fenomenal, quase um status quo sócio cultural, faz com que se compre produtos de terceira linha como de primeira se na poderosa estão sendo vinculados. E o contrário também sucede, ou seja, se está fora da Rede Globo o bom lhe parecerá feia. Aí entra o problema para "Bela, a feia", nome da versão recém lançada pela emissora da Barra Funda. Adjunto a isto também se deve ver o fiasco que foi a ultima temporada da saga do mutantes, que chegou a beirar 6 pontos pífios em suas "emoções finais".

Mesmo com todo esse histórico sociopático coisa rara está a passar na mente do povo brasileiro este semana. Por incrível que pareça, a Rede Globo perdeu novamente para o programa religioso da Record. Na última segunda (03/08), o programa “Fala que Eu te Escuto” marcou uma média de 6 pontos. No mesmo horário, a Globo que exibiu o “Programa do Jô” também marcou a mesma média. Enquanto a Globo exibia uma entrevista com a cantora Elba Ramalho, a Record pegou carona em “Bela, a Feia”. Esse outro fenômeno mundial que é a nova aposta da emissora e ainda mais em horário nobre que de acordo com dados preliminares obtidos pelo portal O Planeta TV!, a estréia da novela adaptada por Gisele Joras, no horário das 20h30 às 21h39, marcou uma média de 10 pontos com pico de 13.

O X da questão vem em que TV é hábito, e como sempre em desesperação as emissoras brasileiras e suas grades voadoras são o maior inimigo da perfeição, digo, da audiência. Este sonho de ícaro que todas almejam e poucas alcançam. E seguindo essa tradição após o término do reality "A Fazenda", a pobre feia vai mudar de horário.

A competitividade na tevê brasileira é algo que hora e meia ressurge como um novo ou velho Davi contra o grande Golias midiático global. Todavia acabam naufragando em sua própria volúpia e sede de êxito. A Record hoje se estabilizou em um patamar de boas médias com picos de liderança mais que não passam muito disso, ao contrário de a tempos atrás onde chegava a ter vários programas como líder absolutos de determinados horários.

É eminente que ou a Rede Record terá de voltar a estabilizar sua grade para cativar um público para chamar de seu. Mesmo com produtos como este um "sucesso mundial" ou internacional como queiram, existem outras coisas que fazem o êxito de um produto midiático. Do contrário o que pode ocorrer é um desperdício de dinheiro e em nada fluir em resultados. Hoje se pensar que a emissora investe 200mil reais por capítulo de novela é um grande feito, e a qualidade hoje de seus produtos são incontestáveis. Mas o erro é velho e conhecido, em tempos áureos SBT também tinha seus pontos de liderança, e se perdeu. Hoje o canal paulista é 3° na média mês do PNT e está sofrendo e investindo muito para tentar voltar ao status anterior de segunda rede do país.

Sem embargo vemos que de um lado a Rede Globo caiu em Ibope bem como em qualidade. De outro a guerra Record X SBT, essa que parece não ter fim. É como um cego em tiroteio que não sabe de onde vem a bala e menos para onde está o inimigo. A Globo segue tentando manter o ranzo de seu êxitoso histórico de glórias mil, enquanto os nanicos se escalpelam e sonham em um dia ser líder. Essa é a triste realidade da TV aberta brasileira, infelizmente.




Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista