quinta-feira, dezembro 23, 2010

Ano novo, lixo novo e costumes velhos

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



Verão, sol, caminhadas... Assim pensei meu dia livre. Ao andar pela "renovada" avenida que perpetra um dos metros quadrados mais caros do país tive uma infeliz constatação. Aos 35ºC do primeiro dia de calor forte em Florianópolis, fazendo o trajeto bairro-centro senti uma mistura de alegria e tristeza.

A felicidade em estar em uma ainda bela paisagem, apesar de degradação da mesma. A tristeza veio ao olhar uma ave nadando ao lado de uma garrafa de Smirnoff Ace, não sei precisar se era um flamingo ou um cisne, enfim. Pensei ser uma excessão, mas depois de contar mais de 35 objetos a margem da baia da contabilidade.

O mais impressionante foi perceber que apesar das novidades como 2 bancos de madeira ecologicamente correta a cada 2 Km, essas obras arquitetônicas tal qual o restante do percurso são privados de lixeiros. Portanto, não se é de admirar a quantidade de lixo jogada ao mar e a sua margem.

O nível de educação da nossa burguesia é nulo. Imagina-se que apenas as camadas menos abastadas não possuam educação, consciência, ecológica e sociabilidade. Equívoco sublime. É de impressionar a qualquer ser racional que se gaste dinheiro com palmeiras que nem sombra farão ao invés de árvores mais bonitas e de maior utilidade urbanística e climática.

Segundo o secretário de Obras da cidade, a parte do calçadão da avenida deve ficar pronta em janeiro. Já a recuperação do asfalto, que começou no fim de outubro, está prevista para ser concluída ainda antes do Natal. A avenida construída durante nove anos – de 1969 até 1978, nunca havia recebido uma revitalização completa, por isso há necessidade urgente de um recapeamento com asfalto especial. De acordo com o secretário de Obras, Luiz Américo, a revitalização vai custar mais de R$ 17 milhões.

Esperemos que até o caríssimo e também inútil show da virada, que a cada ano sai mais caro e tem atrações piores, tenhamos lixeiras na nova Beira Mar e não multiplicado o lixo que trogloditas burgueses e não burgueses fazem o favor de nos contemplar ao visual da baia norte. Se já não bastasse que a anos o esgoto despejado sem tratamento a tenha tornado imprópria para banho.

Sanitários e lixeiras ou heliponto?

O que se pode esperar para este Ano novo? Ano novo, lixo novo e costumes velhos. E nossa grande mídia apática comemorando a inauguração de mais uma obra inútil com dinheiro público no país. Tanto dinheiro e não conseguiram nem colocar no orçamento da grande obra pra inglês ver, nem lixeiros, tão pouco banheiros públicos. Aliás, problema esse em toda a cidade. Sobram lixo e fezes nas ruas, principalmente nas festas de fim de ano e carnaval, bem como no decorrer do ano e em fins de semana nem comentar.  Mas ganhará um novo trapiche e um heliponto que já está pronto.

Com respeito aos leitores, mas acho muito mais importante ter onde jogar o lixo e cagar que um heliponto. Pelo menos por hora, afinal desisti de comprar um helicóptero essa ano, porque o novo governo resolveu aumentar a taxa de juros.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Coordenador do Curso de Jornalismo da Estácio de Sá está suspenso

Alguns fatos na vida nos fazem pensar, outros somente lastimar. Toda a comunidade de atuais e ex-estudantes da Faculdade de Jornalismo da Estácio de Sá, está semana fomos pegos de surpresa por uma notícia. O afastamento do coordenador do curso, Paulo Scarduelli.

Dentre varias manifestações de repudio faço da palavra e sentimento de muitos o meu. Em carta aberta a Faculdade Estácio de Sá - SC e a comunidade da grande Florianopolis.


São José - SC, 17 de Dezembro de 2010.


Caros cidadãos,

cada vez fico mais perplexo com os rumos que toma o curso de jornalismo da Faculdade Estácio de Sá - Santa Catarina. Ao receber a notícia do afastamento do coordenador Paulo Scarduelli, devido a um inquérito administrativo do qual o sr. Paulo Arenhart aponta-o, ou acusa o coordenador de "manda-lo dar nota aos alunos". Ainda mais bestificado fiquei ao saber que a faculdade aceitou tal "denúncia" e o nosso querido Paulinho, como sempre o chamaremos, está afastado até ser julgado.

Sinto-me ferido em meu mais profundo amago, tanto pelo fato do afastamento do professor Paulo Scarduelli, bem como pelo motivo que a mim parace estapafermo e sem lógica.

Eu tive "aulas" e é realmente com aspas, com o sr. Paulo Arenhart. Nestas realmente conteúdo não tive, além de que sofrer uma avaliação descriteriosa de meu desempenho. Críticas todos recebemos, desde que obviamente elas tenham critérios e embasamento teórico, no mais torna-se-a qualquer observação um mero achismo vulgar. Ademais, da falta de planejamento das aulas e do não seguimento do plano de ensino proposto na grade e pago pelo meu bolso, ter-se notas rebaixadas por número de faltas foi o ápice do circo que foram estas aula aonde eu e muitos outras alunos sentiramo-nos os palhaços.

Aqui fica meu apelo impreterível pela coerência e pela justiça. Estou por este, dentre outros motivos de mesma ordem deixando novamente o Brasil e esta instituição, mas não abandonarei jamais a minha ética e coerência.


Fernando Schweitzer,
à Faculdade Estácio de Sá - SC.

sábado, dezembro 11, 2010

Em que pé estamos?

Fernando Schweitzer, Florianópolis/SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

A aristocracia ainda existe? E se, o que seria? Pois, a Aristocracia (do grego αριστοκρατία, de άριστος (aristos), melhores; e κράτος (kratos), poder, Estado), literalmente poder dos melhores, é uma forma de governo na qual o poder político é dominado por um grupo elitista. Normalmente, as pessoas desse grupo são da classe dominante, como grandes proprietários de terra (latifundiários), militares, sacerdotes, etc.

Este termo atualmente não tão usado é o retrato fiel do Brasil de hoje. Mas os ditos "melhores" e/ou "normais" de hoje são outros. Em um sociedade hétero-normativa longe de ser laica e muito mais ainda de ser justa. Como diria Michel Foucault em suas teses sobre as relações de poder na sociedade humana, um ser para destacar-se perante aos demais se auto-intitula o correto/melhor, fazendo com que o diferente seja desmerecido, para tanto criou um ser superior, em detrimento de um menor/diferente.

O Poder se expressa nas diversas relações sociais, assim, pode-se falar, que onde existem Relações de Poder, existe política. Por sua vez, a política se expressa nas diversas formas de poder e pode ser entendida como a política relacionada ao Estado, como também, em um sentido mais amplo, e não menos importante, em outras dimensões da vida social.

Hoje os héteros podem mais, têm mais direitos. Desde que despertam ao amanhecer, ao chegarem o trabalho, no ônibus, restaurantes, Shoppings, ao tentarem retornar a seus lares, tal qual em suas tentativas de lazer, aonde muitas vezes não conseguem regressar ilesos. Nem devo citar os miles de casos dentre eles os 78 itens da constituição, aos que se privam no país ao usufruto a comunidade homossexual.

Os recentes e alardeados casos de homofobia retratados em massa pela grande mídia fazem eco a um anseio de Ongs e entidades de direitos humanos a décadas. Em meio a isso surgem os desgastadíssimos, mas necessários temas carregados nesta onda: União civil e criminalização da homofobia. Em entrevista a Folha de São Paulo, a hoje senadora eleita Marta Suplicy fala dentre outros temas sobre os assuntos midiáticos do momento:

"Folha - Como a sra. avalia os últimos episódios de ataques homofóbicos em São Paulo? Defenderá a criminalização da homofobia no Congresso?

Marta - Nós estamos vivendo um enorme retrocesso na questão dos direitos dos homossexuais. O meu projeto sobre a união civil data de 15 anos atrás. Nós caminhamos enormemente na área jurídica, com grandes avanços que vão desde o reconhecimento da união à adoção de crianças, e uma paralisação absoluta no Congresso. Nem discussão tivemos nesses últimos anos.

Quando você tem uma sociedade paralisada nessas discussões você tem uma manifestação mais explícita da homofobia. Mesmo que tenhamos hoje paradas gays importantes, elas acabam se transformando em paradas festivas, e não em reconhecimento de direitos. Como estamos hoje, se eu fosse obrigada a escolher, preferia não ter parada gay e ter toda essa questão votada de forma positiva no Congresso, porque na verdade o que almejamos são os direitos civis.

A parada gay serviu para dar um espaço na mídia, mas não serviu para a transformação que precisa ser feita no país. Para você ter uma ideia, quando o meu projeto sobre a união civil gay foi apresentado, a Argentina era um país homofóbico quase. Hoje ela tem uma lei extremamente avançada e Buenos Aires é "friendly city" para gays. E nós aqui de "friendly city" temos espancamento na Avenida Paulista. Essa é a diferença.


Folha - E é a favor da criminalização da homofobia?
Sim."

Enquano isso na sala de justiça... Digo Rede Globo, a fabulosa série Clandestinos entrará para o roll de obras censuradas do período "democratico" brasileiro.A cena, que deveria ter ido ao ar no episódio de ontem de "Clandestinos - O Sonho Começou", mostra o ator Hugo (Hugo Leão) cumprimentando o diretor Fábio (Fábio Henriquez), de quem é amigo de longa data, com um beijo na boca. Ou seja, que o sonho do primeiro beijo entre iguais na TV brasileira não ocorreu desta vez?

A rede carioca que históricamente tem seus dois pés no conservadorismo e é a maior arma de manutenção de preconceitos e do status quo dos pré-conceitos da burrocrática e fascista realidade brasileira, como em outros casos pisou na jaca. Em 2005, os atores Bruno Gagliasso e Erom Cordeiro gravaram um beijo entre os personagens Júnior e Zeca, da novela "América", mas a cena não foi exibida.

Procurada pela Folha, a Globo informou que o episódio tinha como fio condutor a amizade entre Fábio e Hugo. "Para contar esta história, a emissora utilizou os recursos artísticos que achou mais adequados, incluindo a edição da cena que representou o reencontro dos dois."

Como se diz por aqui no sul: "Queres me enganar me dá uma bala. Eu sou criança!"

O momento é gravado pela assistente Elisa (Elisa Pinheiro), que fica curiosa sobre o passado de Fábio.
Apesar de não ter ido ao ar, a cena caiu no Youtube. É por essas e outras que gays são atacados na rua, na chuva e na fazenda nem tanto ultimamente. É o mesmo preconceito. A emissora é tão agressora quanto os snhores de respeito da sociedad hetero-normativa que atacaram homossexuais na Avenida Paulista recentemente. O Brasil é um país provinciano de mentalmente subdesenvolvida que teima proteger deliquentes. Aqui o violento e bárbaro é o correto e a v´tima o criminoso. O Brasil é uma grande mentira, um paísola metido a primeiro mundo.

Igual ao primeiro, ou que se crê primeiro mundo, só temos o preconceito, a criminalidade e o semitismo. Aristocrático ou burrocrático? Em que pé estamos?