segunda-feira, setembro 29, 2008

O Circo Eleitoral em Debate

Fernando Schweitzer, Florianópolis-SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



Em período eleitoral é que a gente descobre que o vizinho é de esquerda, ou direita. Dentre esses seguimentos primórdios se conservador, social-democrata, progressista, trotskista, social-liberal, socialista, liberalista, democrata. Os adesivos de carro é a primeira pista, as conversas de bar deixando de ser apenas sobre futebol e sexo, no ônibus a senhora da frente fala com o motorista sobre algo mais que a chuva que vai cair logo mais.

Muitos dizem não gostar de política ao serem entrevistados, pois está estigmatizado que política é algo ruim. Mas ao mesmo tempo ninguém numa roda de amigos ou no ponto de ônibus deixa de dar seu pitaco em período de eleições. No ônibus outro dia houve uma senhora dizer: "Ele asfaltou a rua da minha vizinha, e agora vai asfaltar a minha!"

A polêmica se gera a partir do ponto em que ela citar quem é o candidato dela, pois alguém de pronto pode retrucar algo sobre o passado do que promete tais façanhas. Assim desencadeando o debate entre os pobres plebeus da nação.

Pérolas aos porcos

Após desqualificar a petista, Paulo Maluf desperta a fúria de Marta, que por sua vez, investiu em ataques a Paulo Maluf: "Seu sonho é asfaltar o Tietê", disse ela, respondendo ao ex-prefeito que é psicóloga, mas sabe bastante sobre transporte. "Como psicóloga, tenho bom senso, não vou asfaltar o Tietê."

A ultima pesquisa Ibope esquentou mais ainda a eleição paulista, onde o prefeito de São Paulo e candidato à reeleição pelo DEM, Gilberto Kassab, subiu 4 pontos percentuais - de 21% para 25% - na mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope. Geraldo Alckmin teve oscilação negativa de 1 ponto percentual, de 21% para 20%. Marta Suplicy, continua liderando o levantamento com os mesmos 35% das intenções de voto da sondagem anterior.

Mas midiaticamente o grande interlocutor de pérolas Maluf, trouxe um mal estar quando perguntou para Soninha (PPS), o que ela faria para combater as drogas nas escolas. Pois ela já admitiu em entrevista à revista "Época" que usou maconha. O DR. Paulo Salim Maluf não tem papas na língua, dentre outras coisas. Na verdade está para levantar a chapa proporcional, sabendo que não tem chances de ir ao segundo turno, vê-se em posição privilegiada para criticar a torto e a direita. E sobrou até pra Soninha, que possui posição clara apesar de não convencional quanto a questão, que é de descriminalizar para combater o tráfico.

Ex bom é ex morto!

Os ex-aliados nesta reta final multiplicam suas fagulhas entre si, mesmo pegando no pé da senhora Marta do relaxa e goza, que certamente será utilizado no segundo turno com mais veemência por um deles dois. Ninguém sabe se em 2° turno serão novamente aliados mas as farpas no momento são de grosso calibre. Gilberto Kassab (DEM), disse que o adversário Geraldo Alckmin (PSDB) tentou convencê-lo a não disputar a eleição em troca de participação em sua eventual gestão na Prefeitura de São Paulo e apoio a uma candidatura ao governo do Estado, em 2010. O tucano negou. Então entra nosso palhaço da noite no debate da Record. Com a palavra Maluf: "Vou dizer que Kassab apoiou Alckmin em 2002 e Alckmin retribuiu em 2004. São farinha do mesmo saco. Eles brigam na sala de visita e se reconciliam na cozinha".

Escola de circo

Como num enredo circense as piadas nesta campanha eleitoral são as mesmas de sempre, o que mudam as vezes são os palhaços e as improvisações. Como em um picadeiro o show supre a falta de propostas. Quando vemos o debate no real sentido da palavra começar a fluir, seja um ou outro candidato não controla seu extinto, baixa o nível. É aquela máxima de quem não é visto não é lembrado. Fazer circo se diretamente não trás votos, dá visibilidade! E como se dizia antigamente: "E o palhaço o que é?". E a platéia respondia: "É ladrão de mulher!". Ainda bem que os políticos não perguntam ao povo: "E político o que é?".

Seja na TV ou nas ruas o debate sobre as eleições é de rir pra não chorar.

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