segunda-feira, setembro 15, 2008

A cultura em "Desterro"

Fernando Schweitzer, Florianópolis-SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

Uma lastima numa região que possui apenas 6 casas de espetáculo, e cinemas q na verdade parecem só um, pois tem a mesma programação comercialóide. Outra lástima fora a reportagem pequena e superficial do Programa "Estúdio SC" da filiada da Rede Globo em Santa Catarina, a RBS TV, sobre o fechamento do Cine York, com cara de matéria de gaveta!
Esta nota que circula em blogues e via comunidades de relacionamento dada pelo Jornal Notícias do Dia, da uma noção do que era o então fechado cinema, domingo 14 de Setembro de 2008:
"A perda do município é do Estado igualmente. O espaço é charmoso e tem elementos – como tapete vermelho importado, poltronas macias e confortáveis de veludo belga na cor vinho, assim como coleção de cartazes de cinema antigos – que a caracteriza como uma das boas velhas salas, mas com o conforto do ar-condicionado. Com o fechamento encerra-se um espaço cultural valioso, restando apenas o Clube Nossa Senhora do Desterro, no CIC, em Florianópolis, como opção aos que preferem uma programação menos americana e mais sofisticada”.
O veículo de propriedade da RIC SC, que também detém as repetidoras Record e Record News no estado, também peca pelo óbvio. Ambas relatam a casa como um local sofisticado em sentido pejorativo. O impresso ainda ameniza a gafe ao fim da nota, mas mesmo assim ninguém informou que os ingressos praticados na casa eram menor que em Cine-Shoppings Blackburters. ( R$ 10,00 e R$ 5,00 meia entrada )
São José possui aproximadamente 200 mil habitantes e além do Cine York, a cidade possui apenas mais 5 salas da rede Arcoíris cinemas no Shopping único da cidade. A se considerar que o centro de Florianópolis fica a 25 minutos de ônibus da casa é de se abismar que possa em uma cidade sã fechar-se um cinema único ou o ultimo cinema no sentido mais amplo da palavra. Somando a população da capital e as cidades ao seu entorno temos cerca de um milhão de habitantes. Formam uma área urbana contínua: Biguaçu, Florianópolis, Palhoça e São José.
Um pouco de história

A dialética do bem contra o mal usado nos veículos é simplória, talvez ao nível da cidade de Nossa Senhora do Desterro. Com a Proclamação da República a vila elevou-se a cidade aonde decidiram fortalecer o nome correto, mas agora passando apenas a se chamar "Desterro", nome esse que desagradava os moradores pois este termo lembrava "desterrado" ou seja, alguém que estava no exílio ou quem era preso e mandado para um lugar desabitado. Esta falta de gosto pelo nome trouxe hora ou outra votações para mudança do nome, um deles o de "Ondina" deusa da mitologia que protege os mares e que foi descartado até que com o fim da Revolução Federalista, em 1894, em homenagem ao então presidente da República Floriano Peixoto Hercílio Luz mudou o nome para Florianópolis.
Nesses momentos em que questiono o porque de se ter mudado o nome de Desterro. A região hoje se deteriora e se desterra um pouco mais culturalmente. Peculiaridades de uma terra onde se tem um dos transportes mais caros do país, custo de R$ 2,50 a dinheiro, e uma infinidade de tarifas a cartão no sistema desintegrado da capital, ops... "Sintema Integrado de Transporte". Haja parenteses! E a se considerar que existem municípios que se é mais rápido chegar ao centro da capital, do que a bairros devido a esse sistema, o preço das tarifas intermunicipais deveriam ser revistas. Tem ônibus que trafega sem placas de preço e cobrando valores de quase cinco reais para trechos ínfimos. O que faz com que as pessoas tenham q esperar no mesmo ponto até que o ônibus mais barato passe.

Para não mudar o tema do artigo

E se alguém perguntar: Porque você não vai a locadora? Responder ou não responder, eis a questão! "Vambora!" A ultima vez que perguntei na locadora onde tinham filmes brasileiros ouvi a seguinte frase: "Tem aquela prateleira ali no fundo com filmes brasileiros... Aqui ficam os de comédia, ação ali e depois atras tem uma prateleira de filmes brasileiros do lado da prateleira de outras línguas."
Eu nem sabia que minha língua era inglesa, mas tudo bem, pelo menos alguém já admite indiretamente sermos uma país colônia dos Estados Unidos. Que mal há nisso, se a Guiana ainda é Francesa? A Guiana Francesa que ainda é um departamento ultramarino da França na costa atlântica da América do Sul. Como parte integral da República Francesa, a Guiana Francesa é representada no Senado e na Assembléia Nacional da França, seus cidadãos participam das eleições para presidente da República Francesa. Como parcela do território francês tanto quanto as partes da República Francesa localizadas no continente europeu, a Guiana Francesa é considerada parte da União Européia, e a moeda local é o Euro. Aqui ganharemos em dólar quando ein? Salário mínimo americano? Ah, esqueci que somos apenas uma colonia pós-moderna, não parte. Somos apenas explorados sem nada ganharmos além da grande honra da invasão.

O nome era um prenúncio da tragédia

A tristeza é imensa, as saudades já sã infindas. Como uma parte de mim que se perdera em um acidente. Ao caminhar a beira mar por 40 minutos e chegar ao melancólico, agora ainda mais, centro histórico de São José não poderei assistir a um bom filme. O café revigorante do bar no térreo do casario que abrigou nosso cinemão não terá o mesmo sabor. Aquele sabor dos comentários do filme recém assistido.
Cine York, logo York. Um lugar que fora feito em prol do cinemão como diziam os cults da cidade, acaba sucumbindo devido a injusta concorrência das grandes salas e "Cines-Shoppings". Parece até uma peça do destino ala filme alemão, como "DO OUTRO LADO (2007) Alemanha / Turquia", que precisei ir a Balneário Camboriu ver.
Meu último filme lá foi "Amar... Não Tem Preço" ("Hors de Prix", França, 2006), do diretor Pierre Salvadori.
O filme conta com a atuação de Audrey Tautou, e Gad Elmaleh.Jean é um tímido bartender que é confundido com um milionário por Irène, uma oportunista. Ao descobrir que ele não passa de um pobretão, a moça o abandona e ele tenta comicamente reconquistá-la.Jean, assim como o Valjean do livro "Les Miserables", de Victor Hugo, é um miserável, mas conquista o amor da interesseira e se torna gigolô em um hotel de luxo.Uma moeda de um euro sutilmente circunda as ações do filme. Antes como um presente de Jean à Irène e, depois, como retribuição a ele. A idéia é que em algum momento ambos "se venderam".A comédia romântica, que tem duração de 110 minutos, levou mais de 2 milhões de pessoas às salas de cinema francesas. ( Folha de São Paulo )
Dois milhões lá e uma sala vazia aqui? É a dura realidade na região da Ilha da Magia. E como na época de "Desterro" continuamos praticamente sem cinema. Desterrado estou mais que o miserável Vitor Hugo.

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