segunda-feira, fevereiro 13, 2017

Florianópolis: A Capital em que o teatro agoniza

Estou sem aumento desde 2004... os ingressos teatrais independentes neste período baixaram 67%. Dada as crises dos últimos 3 anos... se gasta mais para produzir uma peça hoje que em 2005(o mesmo espetáculo). A remontagem de meu trabalho atual não poderá recorrer a brechós, porque estes faliram na cidade de Florianópolis e fecharam. 

Os ingressos hoje no teatro independente na capital catarinense estão por volta de R$ 20,00 há uma década eu cobrava 50. Hoje existem menos locais de apresentação que a anos atrás, com aluguéis mais caros para utilização dos poucos restantes. E nem por isso estou invadindo lojas para montar os figurinos da peça, nem possuo pistolas para poder roubar, nem invadindo mercados para poder comer.
A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas no palco
Nando Schweitzer e Luis Gustavo Nunes
SOMENTE TU E EU/Teatro Commune - São Paulo
Um abismo artístico existe hoje na capital catarinense. É impensável para os dias atuais ter-se 5 montagens ano em uma companhia teatral independente, por falta de seres humanos. Sim, falta de seres humanos interessados em produzir arte. Tudo se resume a nichos. Cada corrutela se fecha e se afunda. Atores da banda A não trabalham com os da banda B. Parecem globais que antigamente tinham medo de ir para outra emissora e ficar sem trabalho posteriormente.

Parece que estou em um momento surrealista de minha encarnação, mas se a alguns anos buscando muito se conseguia assistir a 10 espetáculos distintos produzidos na cidade, hoje não se encontram mais que 5 inéditos. Eu mesmo colaborei com isto sem querer, pois meu último espetáculo teve de estrear em São Paulo. Dado o fechamento do Theatro Adolpho Mello a alguns anos, do Teatro a UBRO e Casa das Máquinas há alguns meses e da horrenda gestão dos Teatros: Arena Multi-Uso em São José, CIC, TAC e Pedro Ivo na capital, ficou impossível conseguir uma pauta por aqui. Não esquecendo que o Teatro da UFSC nos últimos anos não permite mais apresentações de grupos que não sejam vinculados a própria UFSC.

Muitos podem perguntar-se o porque deste declive ladeira abaixo. A resposta é sucinta. Temos menos teatros abertos hoje na grande Florianópolis que a 10 anos atrás. Temos menos companhias teatrais que a 10 anos atrás. Temos menos cultura que a 10 anos atrás.

Desafio a qualquer um a assistir 2 espetáculos locais por mês inéditos em Florianópolis.

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