quinta-feira, janeiro 19, 2017

Campanha polêmica: Há meninas com pipi e mulheres com xaninha, sim!

Uma campanha provocou controvérsia no País Vasco e Navarra, Comunidade Autônoma dentro do território da Espanha, na semana passada ao dizer que "há meninas com pênis e meninos com vulva". A campanha criada pela associação de famílias de menores transexuais Chrysallis Euskal Herria foi fortemente criticada. Nahiene tem nove anos e a sua entrevista tornou-se viral após ter sido lançada uma campanha que diz: "há meninas com pênis e meninos com vulva".

"A maioria sofre cada dia porque a sociedade desconhece esta realidade", disse a associação Chrysallis Euskal Herria na sua página do Facbeook. Do lado oposto, a plataforma católica Hazte Oir pediu que a campanha fosse retirada das ruas e afirmou que ensinar aos filhos "ideologia de gênero é uma maldade".

Asista ao vídeo: http://www.dn.pt/sociedade/interior/nahiene-a-meninaque-se-tornou-um-simbolo-datransexualidade-na-infancia-5610810.html

As redes sociais que amam polemizar e problematizar tudo desta vez deram pulsão a uma entrevista de Nahiane, uma menina de nove anos transexual, e o vídeo tornou-se viral. Nahiane, que nasceu Nahier, foi ao programa de televisão Ahora!, do canal Vasco EITB2, em outubro do ano passado contar a sua história. Mas apenas esta semana, a entrevista de Nahiene foi vista por milhares de pessoas, que debatem nas redes sociais sobre a transexualidade na infância.

Ana Ramírez de Ocariz, a sexóloga entrevistada no programa, explicou que muitas vezes os pais se culpam pelos filhos serem diferentes mas que esta questão não é educacional nem genética, e sim de identidade.

Nerea García, mãe de Nahiane, contou que a filha foi revelando como se sentia em relação à sexualidade assim que começou a expressar-se. "Com jogos, desenhos. Foi-nos comunicando à sua maneira desde que começou a falar", explicou. No princípio os pais acharam que era uma "brincadeira de crianças" e disseram várias vezes à Nahiane, e até com "palavras muito duras", que ela não era uma menina. "Mas claro, nós não sabíamos o que se passava, não conhecíamos esta realidade, então não ligávamos".

Nerea e o resto da família apenas aceitaram a vontade de Nahiane de ser tratada como uma rapariga quando a menina disse a chorar que preferia morrer do que viver como um menino, aos quatro anos de idade. "Todos nascemos homens ou mulheres mas a maneira como descobrimos a nossa identidade sexual é diferente. A partir dos dois anos, quando as crianças já conseguem expressar o que sentem conseguem dizer" quem são, explicou a sexóloga.

A família fez então um esforço para adaptar-se à mudança e aceitar que o menino Nahier já não existia. Nessa caminhada, falou com especialistas, como a sexóloga Ana Ramírez de Ocariz, e tentou falar sobre a transexualidade na infância com mais pessoas, para divulgar o tema.

Nerea lançou um livro sobre o tema que poderá ser lido nas escolas e garante que os alunos de forma geral compreendem bem a situação. Nahiane deixa uns conselhos a outras crianças transexuais: "sejam fortes e lutem para serem vocês mesmos".

A transexualidade na infância foi a capa da revista National Geographic do mês de janeiro, sendo a primeira vez que a publicação com mais de 130 anos fala sobre as questões de género.

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