terça-feira, fevereiro 17, 2009

Irritante Exclusão

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

A irreverente Fernanda Young finalmente tem data de re-estréia e a novidade é a presença de platéia no estúdio. O sarcástico, irreverente, envolvente e como todos as irritantes rimas sempre são cabíveis de mais uma, inteligente programa tem de tudo para lograr êxito nesta nova empreitada.

Uma ótima novidade, mas com um grande pesar. Porque não limam o chatíssimo "Programa do Jô" da grade da Globo de uma vez é minha pergunta eterna? Ao menos uma vez por semana, as sextas-feiras por exemplo. Em sua sétima temporada o “Irritando Fernanda Young” estréia no dia 26 de abril, no GNT, com uma novidade: o programa terá platéia, que participação da atração.

Ter uma platéia é um passo corajoso a ser dado, ao programa que continuará apresentado aos domingos, à meia-noite. Acredito que desde que não caia na armadilha que caiu Jô Soares que se perdeu no bonde da sua própria trajetória, Fernanda que a mim me parece muito mais inteligente, não misturando ser entrevistadora com ser comediante será um dos raros momentos criativos da TV brasileira dos últimos anos.

Pois existe uma grande diferença entre você fazer rir por levar o telespectador a uma reflexão ao invés de metodizar risos por atos tontos e pré-conceitos nulos de raciocínio. O fresco e a modernidade do "Irritando" é algo inacreditável. Ser cruel ser ser maldoso é um ato difícil dentro do humor. A ironia pode se tornar um riso de alegria se for criterioso a qualquer público.

Em contrapartida ao que muitos dizem quanto a ser muito elitista o humor sagaz do programa é valido lembrar que Fernanda Young foi criadora e roteirista do sucesso popular "Os Normais". Este que não prosseguiu apenas porque os atores não o quiseram, pois sentiram desgastadas suas imagens devido ao extremo êxito da serie e posteriormente do filme.

Acredito que excluir as pessoas que não tem acesso a TV fechada de bons produtos um preconceito e por que não uma semitização social e intelectual deletériamente cruel para com estes.

O que muitos poderão falar é que o cidadão de cunho mais popular não se agradaria de um programa de conceito e texto tão elaborados. Eu me pergunto é porque excluir e impor uma abstinência as coisas boas do mundo aos financeiramente menos favorecidos. Como se apenas os mais abastados pudessem ou tivessem o direito as boas coisas do mundo. A mudança de paradigmas é necessária sim, pois como cobrar que um popular de Ibope para Marcias, Ratinho e Sonias Abraao da vida se lhe privarem sempre do acesso a bons formatos e conteúdos? Desejo que essa irritante exclusão um dia cesse.

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