domingo, fevereiro 08, 2009

Mudar é ruím?

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



As vezes pensamos que uma mudança é algo ruim. Em entrevista a uma revista Mato-grossense e compilada pelo portal "Na Telinha", a autora de "Chamas da Vida" me fez reflexibilizar este pensar sócio-normativo de que uma mudança sempre é algo ruim. A ex-autora Global que emplaca por primeira vez uma trama assinada solo está causando frissón entre a cúpula da Rede Record e no IBOPE.

Durante a entrevista Cristianne Fridman também admitiu que toma cuidado com a dosagem que vem dando a novela que iria ao ar às 21h, porém devido ao prolongamento do projeto de Caminhos do Coração, acabou sendo deslocada para às 22h, trazendo algumas mudanças a sinopse, que era mais leve. A inclusão de temas como pedofilia e o HIV foram feitos, que ocorreram devido a isso se tornaram temas centrais de alguns capítulos. Estes que em muito colaboraram para o êxito da trama e responsáveis por picos de índices.

Gosto de pensar que de vez em quando a mudança posso ser positiva partindo do primas de que a segurança falsa que muitos utilizam-se para argumentar a favor que as coisas sejam estáticas. O movimento estático da sociedade é um mal congênito, ou melhor a falta de mobilidade social e dos indivíduos da sociedade chega a ser cruel arma contra a evolução do ser humano.

O abjecto fugáz que a TV mundial se tornou é um reflexo no cotidiano. Aqui na argentina muito se critica a mega industrialização dos produtos de entretenimento. Uma critica que tem surgido e não sei se posso opinar sobre com propriedade é que os desenhos e séries americanas por exemplo, é de que se dubla em um dito "español neutro" as produções e que as crianças estão começando a não falar o espanhol argentino mais sim um outro espanhol.

Me parece salutar quando um produto de mídia de massa vai além do "preencher o horário". Como quando a polêmica "Vidas Opostas" inundou o Brasil como doses de realismos nunca vistos na TV do país. Mostrar e filmar em uma favela foi um dos milhares de pontos em favor da trama.

Pois como o espanhol padrão que preocupa "nuestros hermanos" por descolar da realidade particular da cultura do país em questão, no Brasil as favelas de mentira sem miscigenação e pobreza deveriam ser uma preocupação e fator para debates das tais entidades e ONGs que dizem defender a cultura do país. Bahianos que interpretados por péssimos atores de "teste de sofá" falam como Maranhenses, outros como Pernambucanos e quisás com sotaque do Rio de Janeiro. Esses últimos geralmente são os "não-atores" do momento. Jamais me esquecerei da novela "Da Cor do Pecado" onde Taís Araújo fazia uma maranhense que nunca havia saído na vida da cidade de São Luiz, pasmem, tinha sotaque rasgado de carioca. Ou seja o sotaque da atriz estava em cena, não o da personagem, caberia um pedido do estado do Maranhão em nota de imprensa rechaçando este ocorrido contra a cultura de seu estado ao mínimo.

Cristianne em sua tele se sai bem, pois além de realismo e temas de interesse ao público, trás honestidade em seu trabalho. A Maior prova de que existe fidelidade ao que a trama se propõe é seu sucesso absoluto no Rio como nao me faz mentir esta nota da Folha On-line:

Segundo os índices da última quarta (28), a novela de Cristianne Fridman bateu o Campeonato Carioca, exibido pela Globo, e liderou de forma isolada. Enquanto Carolina, de Juliana Silveira, e os outros empregados da fictícia G&G Sorvetes tentavam escapar de mais um incêndio criminoso, a Record emplacava 25 pontos de média com 28 de pico.

Na faixa entre 22h01 e 22h59, Madureira x Fluminense ficou em segundo lugar, com 23 pontos.


Os cariocas se reconhecem na tela desta trama realmente. E algo seria bom que muito mais gente reconhecesse, que mudar nem sempre é ruim. E mudar de canal as vezes faz bem. Para autora de "Chamas da Vida" já fez.

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