domingo, abril 20, 2025

A Crise da Representação e o Impasse da Esquerda Institucional

Desde o início dos anos 2000, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem adotado uma postura conciliatória com setores do capital, evidenciada pela "Carta ao Povo Brasileiro" de 2002. Essa estratégia visava garantir a governabilidade, mas resultou na manutenção de estruturas neoliberais e na desmobilização das bases populares. A recente pesquisa do instituto Paraná Pesquisas indicava naquela época da trágica eleição que levou ao poder o atualmente inelegível, Jair Bolsonaro, ao poder e dizia que este superaria Lula em um segundo turno, com 45,1% contra 40,2% das intenções de votos. Esse dado refletia a insatisfação de parcelas significativas da população com as alternativas políticas tradicionais.


A Ascensão da Direita e a Fragmentação da Classe Trabalhadora

A crescente adesão de setores populares à direita é um fenômeno preocupante. Segundo análise do El País, os pobres pelo mundo têm votado cada vez mais em candidatos conservadores que oferecem soluções práticas, razas e objetivas para problemas cotidianos, em detrimento de promessas revolucionárias. Essa tendência evidencia a eficácia da direita em se apresentar como alternativa viável, enquanto a esquerda institucional falha em mobilizar e representar efetivamente os interesses da classe trabalhadora.​

Isso tem uma ligação direta com a realidade brasileira atual: muitos trabalhadores pobres apoiam candidatos da direita porque são bombardeados por mensagens que demonizam a esquerda, ligando-a à corrupção e à ineficiência, enquanto glorificam valores conservadores, meritocráticos e neoliberais.

Despolitização dentro de uma Sociedade Líquida

Embora Bauman seja o principal autor da teoria da modernidade líquida, Chomsky também contribui para o entendimento dessa fluidez social ao destacar como o sistema capitalista contemporâneo promove o individualismo, o consumismo e o enfraquecimento dos laços coletivos. A fragmentação da classe trabalhadora não é só material, mas também cultural e simbólica.

Na prática, isso significa que trabalhadores deixam de se reconhecer como parte de uma classe explorada, e passam a se identificar com ideais de empreendedorismo, sucesso individual e ascensão pessoal, mesmo quando essas promessas são inalcançáveis.

O Papel da Educação e do Discurso Simplificado

Chomsky também critica fortemente a degradação da educação pública, que torna os indivíduos mais vulneráveis à propaganda política simplista e populista. A direita tem se aproveitado dessa brecha para oferecer “soluções práticas” (como repressão policial, corte de gastos públicos, e moralismo religioso) que parecem concretas diante do vazio da retórica revolucionária da esquerda institucional.

Em suma, Chomsky nos auxilia a entender como a combinação entre hegemonia ideológica, mídia corporativa, e educação debilitada cria um terreno fértil para que a direita avance sobre setores da população que, em teoria, seriam a base de apoio da esquerda.

A Necessidade de uma Alternativa Revolucionária

Diante desse cenário, é imperativo que os setores revolucionários da esquerda brasileira construam uma alternativa política que vá além das limitações impostas pelo sistema capitalista. 

Rejeição às alianças com a burguesia, que deveriam rechaçar-se e comprometem a autonomia e os princípios da classe trabalhadora.​ Com a construção de um programa socialista, que proponha a ruptura com as estruturas do capital e a implementação de políticas voltadas para a coletivização dos meios de produção.​ Deveríamos buscar uma mobilização das bases populares, fortalecendo os movimentos sociais e sindicatos como instrumentos de luta e conscientização de classe.​ Seria muito interessante gerar a formação de uma frente revolucionária, capaz de disputar o poder político e implementar uma verdadeira transformação social.

Em suma, as eleições de 2026 representam uma oportunidade para a esquerda revolucionária apresentar uma alternativa concreta ao neoliberalismo, rompendo com as práticas conciliatórias do passado e construindo um projeto socialista enraizado nas lutas da classe trabalhadora. Mas... corremos o risco de seguirem como puxadinhos do lulopetismo stalinista.


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