quinta-feira, novembro 03, 2016

Um em cada cinco jovens no Brasil não estuda nem trabalha

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Na cidade de Florianópolis 63,42% dos jovens entre 17 e 18 anos concluíram o ensino médio. A média de todo o Brasil é de 41%. Classificado como nível “muito alto”, o ensino público de Florianópolis mostrou que está fazendo a lição de casa e tirou a nota 0,800. O IDHM é contabilizado de 0 a 1, e quanto mais perto do 1, melhor é o desempenho do município. O cálculo relativo à educação leva em conta a taxa de alfabetização de pessoas com 15 anos ou mais e a frequência escolar. Mas esconde uma dura realidade pois os índices não se repetem fora da capital do estado e país afora.

A expansão da cobertura educativa no Brasil nos últimos anos melhorou a situação, mas não o suficiente: “Apesar do progresso notável na educação durante a última década, menos de um terço dos jovens com idade entre 25 e 29 anos recebeu alguma educação em faculdades, universidades e institutos técnicos de nível superior. Um terço dos jovens – 13 milhões – não completou o ensino secundário e não está sendo escolarizado”.

No âmbito da educação técnica tampouco se avança. “O Brasil exibe a maior diferença do mundo entre a oferta disponível de competências e as demandadas pelas empresas”, explica o estudo da OCDE. A América Latina avançou muito nos últimos anos, mas o risco de estagnação e retrocesso é enorme, embora os especialistas estejam confiantes de que a situação econômica vai melhorar em 2017. Os jovens aguardam ansiosamente uma resposta.

A América Latina foi, nos últimos anos, uma das grandes promessas do planeta. Um crescimento sustentado na maioria dos países, graças ao aumento do preço das matérias-primas, e políticas de inclusão da era dourada da esquerda fizeram com que o mundo olhasse para essa região com enormes expectativas. A classe média aumentou, nasceram polos empresariais, cresceu o comércio e milhões de pessoas saíram da pobreza enquanto se expandia significativamente a cobertura da saúde pública e da educação. Mas o ponto de partida era tão baixo, a desigualdade tão forte, que o primeiro vento contrário, com uma desaceleração da economia latino-americana nos últimos cinco anos que agora já é claramente uma recessão, com dois anos de queda do PIB regional pela primeira vez desde a década de oitenta, pode destruir a maior parte dessas conquistas. E o bloco mais vulnerável parece ser a juventude, de acordo com o relatório da OCDE que se especializou em analisar a situação desse grupo.

Crise das expectativas

Todos os dados analisados indicam a mesma coisa: a saída do desastre latino-americanos dos anos oitenta e parte da década dos noventa diminuiu abruptamente quando ainda não tinha chegado a um ritmo suficiente para tirar a região de seu atraso em relação aos países mais avançados. A América Latina tem uma grande vantagem sobre a Europa, os EUA e outras regiões mais desenvolvidas: é muito jovem. Um quarto da população tem entre 15 e 29 anos. No entanto, as carências na educação, formação profissional e a desigualdade e falta de oportunidades em vastas áreas da região, especialmente nas periferias das grandes cidades, colocam em risco essa vantagem.

No Brasil as conquistas até agora têm sido importantes, segundo o relatório. Mas não são suficientes. Entre 2000 e 2015 caiu de 42% para 23% a proporção de latino-americanos com menos de quatro dólares disponíveis por dia. Isso é causado por melhores salários, mais empregos e mais transferências. Mas em 2015, tudo isso foi truncado e sete milhões de pessoas caíram de volta na pobreza. Já há 75 milhões de pobres, 29,2% da população, e outras 15 ou 20 milhões de pessoas estão em risco de cair nela se a recessão continuar.

Isso está afetando especialmente os jovens, que estão sofrendo com uma enorme crise de expectativas. O relatório também detalha um dado inquietante já observado no Latinobarómetro, a principal pesquisa regional com mais de 20.000 entrevistas. “A desconexão profunda entre suas expectativas e demandas e a realidade está alimentando o descontentamento social e debilitando a confiança nas instituições democráticas. O resultado é que apenas um em cada três jovens confia nos processos eleitorais na América Latina e no Caribe”, diz o texto.

O principal problema é a desconexão dos jovens que abandonam a escola com o mundo do emprego formal, que nunca alcançam. “Os jovens procedentes de lares pobres e vulneráveis abandonam a escola antes que seus pares de lares acomodados e, quando trabalham, geralmente é em empregos informais. Com 15 anos, quase 70% dos jovens de famílias pobres estão estudando, enquanto que com a idade de 29, três de cada 10 nem estuda, nem trabalha. Outros quatro trabalham no setor informal, apenas dois trabalham no setor formal e um é estudante trabalhador ou estudante”, diz o estudo.

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