quarta-feira, dezembro 10, 2014

Facilitemos sua abstração limitada de ultra direita

Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral


Quando me perguntam sobre a atual polarização da política brasileira realmente fico em uma sinuca. Não por não saber a respostam, mas por não crer que pessoas que se dizem politizadas caiam ainda nesta estratagema medíocre. Tanto enxergo igualdades, ou similitudes filosóficas entre os pseudo-próceres da nação que lhes afirmo: PT e PSDB não são polos ideológicos. Meramente são propostas siamesas que rivalizam-se no poder. A ignorância política, ou melhor, despolitização do povo que criam tal polarização entre propostas neoliberais. 

O assassino norueguês Anders Breivik, 
acusado de terrorismo, repete gesto nazista no tribunal 
O sociólogo político Oliver Woshinsky retratou em um de seus escritos a extrema-direita como uma dissidência política que prega o apoio de uma forte ou completa hierarquização social da sociedade, e apoia a supremacia de certos indivíduos ou grupos considerados naturalmente superiores que seriam mais valorizados do que aqueles considerados inatamente inferiores. Os termos "política de direita" e "política de esquerda" foram cunhados durante a Revolução Francesa principalmente. Agora, alguns aninhos depois voltam a fazer a boca miúda parte do debate efusivo de pessoas não tão aguerridas por mudanças estruturais.

Se o próprio Aloisyo Nunes em entrevista ao apresentador Danilo Gentili, disse textualmente: "O PSDB é mais esquerda que o PT hoje." Aí gente que votou no PSDB vem com discurso neonazista com clichês obsoletos contra o PT. Apoio que se critique o PT e seus aliados, estes que preferiram sucumbir-se a um projeto de poder despolitizado de valores individuais e rasgando suas bandeiras históricas. Agora, se fosse um mal ser de esquerda (cada um com sua ideologia política), jamais poderia-se acusar o PT disto, pois este seguiu a cartilha geoeconômica de seu antecessor, incluso mantendo Lula o mesmo presidente no Banco Central do governo FHC.

Facilitemos sua abstração limitada. Esqueçamos a provocação que não foi absorvida. Assim seguiremos de alguma forma Adorno, e assim pensemos na reprodutibilidade do sincrético. Se ao invés de considerarmos 41 partidos, e suas 15 tendências, claro pois, existem coincidências. Pensemos que estas 11 coligações representem 11 tendências políticas entre a ultra esquerda e a ultra direita, passando-se pelas centrais mais ou menos liberais. Porque não estiveram nos debates presidenciais todos os candidatos? ALERTA, NÃO FALEI EM NENHUM MOMENTO DO MEU JUÍZO DE VALOR PARTICULAR.

Para os que hoje muitos radicais de esquerda chamam ainda de filhotes da ditadura, ou mesmo e também, para os que reivindicam intervenção militar a "direita moderada", tipificada pelos escritos de Edmund Burke, seria hoje melhor retratada se este não fossem esbravejadores alienados por Dilma Roussef e seus aliados que por Aécio Neves e seus correligionários e aliados de ocasião. . 

Mas vivemos em um país bipartite. "Bipartidário? Quer dizer que PSOL é igual ao PT e ao PCB? Que o PSB, PDT, PSDB, PSC, DEM, são iguais?", me perguntara um boçal via redes sociais recentemente. A resposta começou no parágrafo acima. A resposta está nas coligações da última eleição. E na ironia que não foste capaz de perceber. A mídia fala de PT e PSDB a décadas, como os "candidatos principais"... Principais para quem? Para os coxinhas despolitizados? Tivemos 11 candidatos na última eleição, esta que é segundo a lei em 2 turnos. (Pensemos que durante uma eleição um partido e uma coligação tem o mesmo valor legal representativo) Sigo? Se é que consegues seguir o raciocínio.

O significado de direita "varia entre sociedades, épocas históricas, sistemas políticos e ideologias". De acordo com o The Concise Oxford Dicionário de Politica, nas democracias liberais, a direita política se opõe ao socialismo e à social-democracia. Os partidos de direita incluem conservadores, democratas-cristãos, liberais e nacionalistas, e os da extrema direita incluem racistas e fascistas.

Discussões políticas são sempre longas, pois geralmente as pessoas não usam dois mesmos marcos teóricos para embasamento do que falam. Mas não falando de lados, e sim de marcos teóricos clássicos... Os partidos que hipocritamente polarizaram em segundo turno, ambos fizeram governos neoliberais e as mesmas práxis econômicas e educacionais. O que me causa riso são os postagens de extrema (sejam à direita, ou, esquerda) que falam como se tudo fora 8 ou 80. 

Em um país com 41 partidos, termos apenas duas tendências políticas não soa algo surreal? A imprensa contemporânea, ocasionalmente, usa os termos "esquerda" e "direita" para se referir a lados opostos ou que se opõe. Ou a mídia e as pessoas que a compram criaram um país fictício e bucéfalo aonde não existam ponderação mistas, intermediarias, alternativas... Dessa formar pensarei que nos tornamos um país medíocre e bipartidário como Espanha, ou Estados Unidos.

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