sábado, junho 18, 2016

FAM: O primeiro dia trouxe ousadia e muita sensualidade a capital catarinense

EEEEEEEEEEEEEEEeeeeeeeeeeeeeeeeeeee... Por fim algo acontece na mórbida e quase pacata Florianópolis. Após meses de praia e somente isto, a cidade começa a sucumbir no frio outonal e na sua falta de opções de entretenimento e cultura. Não que estas sejam as mesmas coisas, mas de certa forma servem para fins próximos nas sociedades modernas. É chegado o 20º FAM, Festival Audiovisual do Mercosul. O circuito que trará entre os dias 17 a 24 de junho dezenas de produções do continente sul-americano em premasia, inéditas.

Em uma abertura musical aonde a pianista, cantora e compositora, Denise de Castro, florianopolitana e formada em Música pela Udesc/Ceart, comemorou duas décadas de seu primeiro disco, Espírito da Terra (1996). e apresentou entre outras as canções do seu trabalho De Tom em Tom.

Muita gente bonita e descolada estavam lá. Artistas das mais variadas vertentes: musicais, teatrais e do cinema local se mesclavam ao público que praticamente lotaram a sessão inaugural do FAM. Com o auto intitulado drama, Boi Neon, do diretor Gabriel Mascaro os presentes puderam já sentir os prazeres de uma sétima arte latina e visceral que tem marcado as últimas edições do festival.

Com uma trama crua, Boi Neon, narra o cotidiano de Iremar (Juliano Cazarré) um vaqueiro de curral que viaja pelo Nordeste, ao lado de Galega (Maeve Jinkings) e a pequena Geise (Samya de Lavor). Por onde passa Iremar recolhe revistas, panos e restos de manequins, já que seu grande sonho é largar tudo para iniciar uma carreira como estilista no Pólo de Confecções do Agreste.

Mimimis a parte e mantendo a tradição deste blog e neste ano também sendo reproduzidas no portal www.nandoschweitzer.com faremos sim críticas de alguns dos filmes exibidos no FAM, e que pese o ódio alheio sobre nossas almas. Saliento que opinião é como orifício, nem todo mundo acha o mesmo deles e encontrá-los as vezes é difícil, tanto quanto opiniões concordantes sobre um determinado produto cinematográfico. Mas como tradições devem ser mantidas, lá se vai mais uma singela opinião sobre o lento e arrastado Boi, dito Neon.

Com uma fotografia sem charme e muitas cenas desnecessários a trama tarde cerca de 35 minutos para começar a se desenrolar. 

Na tela o nu de Vinicius de Oliveira desperta o público da sono e lenta narrativa, que apesar de lindos glúteos não chega a ser um galã do talhe de um Carlos Alberto Riccelli em Ele, O Boto, dentre outras marcantes aparições do divo mór do cinema de culto ao corpo masculino brasileiro. Um pouco mais explorada e mesmo mais interessante são as despidas de Juliano Cazzarré, este que somente não teve o cóxis a mostra no filme, que em melhor forma corporal fez a plateia do filme ficar umedecida em cenas tórridas de sexo em plano sequência.

As atuações parecem propositalmente rasas. O elenco em cenas de vários gêneros e de densidades diferentes reacionam de forma robótica e mecânica como se "nada, fosse nada" e se um "tudo" também fora absolutamente nada. Me parecera que o filme tem uma visão muito primária do nordeste e de sua gente, ou assim optou por mostrar. Seja por opção ou incapacidade, o filme é insonso, sem sal e salve pelas ousadas cenas de sexo oral e com uma grávida não conseguem levar o espectador a nada inovador.

Os prêmios já recebidos pelo filme me assustam, pois, se esta agonia de mais de 100 minutos recebe prêmios, não gostaria de ver filmes que perderam prêmios para esta "obra de arte" horripilante. 

Se minha mãe não fora do interior do Pernambuco e não tivera visitado meu avô por 2 vezes quando infante, lá no sertão do interior do interior da cidade de Cupira, teria me convencido do retrato e sotaques pintados no filme. Mas apesar da semelhança linguística com a realidade impressa, muito e bem mas me irritou o discurso de menos-preso ao sertanejo implícito e sua inteligencia.

Vejo em filmes da era da porno chanchada filmes de maior profundidade. Pare! Disse a mim mesmo. Ou não. Estão todos livres para discordar. 

Particularmente sinto o roteiro com coisas muito interessantes, propondo personagens que desconstroem o mito tradicional, mocinho macho-man, mocinha frágil; mas não consegue passar muito disto graças a má direção de atores. Algumas cenas chegam a ser constrangedoras e fazem com que o público até metade ou mais do filme esteja disperso e quase moribundo.

As micro peças de humor mal executadas durante o filme, sal como pimentas dedo-de-moça num pavê de leite condensado, mal se sentem, e logo sucumbem a areia movediça de uma edição pouco criativa e de planos mal estudados.

Um 7 pra não perder a amizade é minha nota para o filme.


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