sexta-feira, fevereiro 21, 2014

Um títere que criou vida, Ivan Titerenovich

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Então. Como nas críticas que fiz a outros espetáculos, dentro e fora do festival Invasão Teatral, gostaria de relembrar o espetáculo “Ivan Titerenovich” baseado no texto “Os males do tabaco” de Anton Tchekov, com direção de Juliano Valffi, estava primoroso mesmo com o calor absurdo de Teatro da Armação.

O comentaria por horas, mas como haviam apenas 2 pessoas na platéia deixo aqui minha recomendação. Muito divertido e instigante, mesmo em se tratando de teatro com a presença de um boneco.

Não, não resisti... Irei pincelar um pouco do que vi.

Que imenso prazer ao assistir um espetáculo em que o ator de inicio ao fim carrega com mestria uma personagem. Neste caso 2, que são o ide e o ego da mesma, Ivan. Mas nada ainda melhor, como o insuperável sotaque russo de Ivan, personagem cativante do espetáculo.

Aprofundandoquanto ao espetáculo sitecnicamente a construção e execução da personagem me cativou muito além do que poderia imaginar lendo a sinopse.

Por mais que minha especialização seja em sotaques para interpretação, a obra foi além de um sotaque bem executado, muito organico, desmistificando que um ator nao possa fazer voz e sotaques diferenciando-se do seu natural. O texto realmente me pareceu bom, e de límpido transcorrer em sua adaptação neste caso.

Em menos de 3 minutos a aura, ou como digo a membrana entre ficção e realidade-platéia e rifadas positivamente de exímia concentração, do ator e "seu boneco" em cena.

Uma postura neutra que realmente colocavam o foco no boneco, um plus, que na maioria das peças do estilo que vi... onde o ator muitas vezes força a barra e parece querer aparecer mais que o títere.

Diferente, muito distinto, impar!


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