terça-feira, março 11, 2014

Tripolaridade na TV: The Noite, à noite é uma criança

Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista


Finalmente algo de qualidade na televisão brasileira. The Noite com Danilo Gentili. Mesmo com o longo intervalo comercial, as suas uma hora e quatro minutos valerão a espera e a expectativa gerada, por uma campanha promocional muito divertida e instigante.

Marcelo Mansfield e Danilo Gentili no AGORA É TARDE/Band
Meu receio enquanto esperava a estreia do programa era: de que a propaganda fosse melhor que o conteúdo. Felizmente, ao menos na estréia, o cartaz vendeu um espetáculo a altura, ou seria um espetáculo a altura do espetáculo.

Ao entrevistar sem alardes prévios o ator Fábio Poerchat, foi uma grande tacada, bem aproveitada pela produção. A pre-produção para a entrevista mostrou-se com um conteúdo complementar a entrevista, trazendo o hilário produto fictício "Método de Interpretação do Fábio Poerchat". Fez o próprio rir de si mesmo.

Seria campo comum, dizer-lo, mas se faz necessário. O integrantes e apresentador se mostraram confiantes, coesos e sem puderes de rir de si. Como por exemplo quando Danilo ao arrancar o programa faz piada das desventuras de como chegou ao nome do programa.

Muito também se notou que o excesso de participações especiais no programa vem a dar-se por um prazer e imenso apoio dos artistas da casa a esse novo projeto do canal. Piadas bem estruturadas com o elenco do canal paulista e os membros do The Noite fizeram da abertura uma boas vindas ao SBT.

Mais que nada, o cenário estava impecável, mostrando que a emissora paulista pode também jogar-se no mundo cult. Público esse em que Gentili transita a muito, mas sua simplicidade e simpatia também podem chegar a cativar o público família popular do SBT. Assim existe por hora uma tendência de crescimento da audiência do programa.

Vão dizer que são tolices, mas ser "tolo" é o que precisamos neste duro momento de falta de autenticidade no país. A falta de identidade, no sentido de individualidade criativa está sucumbindo nossa arte, cultura e fez a TV brasileira entretenimento barato e superficial. E se podemos ser felizes, hoje na televisão, é assistindo o The Noite, com Dannilo Gentili. Nada mais.

Qualidade, sagacidade, voraz-cidade... Dos pitacos de Roger a... Respiremos... Adorei a anedota dada e "justificando" a saída de Marcelo Mansfield, embora sinta sua falta no programa. Mas o substituto não me parece a altura, não por desmerecer Diguinho Coruja, e sim por ser admirador a décadas do brilhante Marcelo. Este que por alguma rusga com o SBT, onde já trabalhou, preferiu manter-se na Band, no Agora é Tarde, com apresentação do "novato" Rafinha Bastos.

Fazia tempo que não parava de usar o note book e parar exclusivamente à TV, para assistir um programa. A muitos anos sou um telespectador híbrido. Internet e televisão integradas. Mas se espera que o nível da estréia se mantenha e não seja fogo de palha.

Mas ver o corpinho quase sarado de Murilo Couto, a banda Ultraje a Rigor, as interações com a assistente Juliana, os vídeos bem produzido e perfeitamente integrados dão ao programa uma cara de ao vivo e não ao vivo. Essa mescla é uma loucura sana e que vão obrigar o já desgastadíssimo Programa do Jô a se mexer se não quiser ver seu público migrar para sua antiga casa, o SBT.

As divertidas imagens de arquivo de Fábio, mais gordo e errando piadas, sendo sem graça no programa de Ronye Von, foram um dos momentos mais nonsense e divertidos da entrevista. Com picardia Danilo soube provocar e sair da práxis do mero elogio jôniano ao entrevistado.

Essa provocação também veio já na abertura, quando Danilo afirma que "a 15 anos o SBT não tem um verdadeiro Talk Show". O rapaz de Santo André provocou, e agora terá de aguentar o rojão. Concorrer com seu colega Rafinha Bastos e seu antigo programa e com o Jô não será tarefa simples.

Esperemos agora ver esse lindo circo pegar fogo. Quando se fala que tripolarizar é melhor que polarizar, é isso. Antes a briga no horário televisivo parecia com as últimas campanhas presidenciais. Uma polarização boba entre iguais... A noite é uma criança, e neste sentido eu sou pedófilo. E o melhor: Nem olhei para a caneca durante o programa!



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