domingo, fevereiro 21, 2010

Uma Rosa com Amor

 Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



Existem teses de alguns especialistas que um canal só pode alavancar-se nos índices de audiência no Brasil entrando no ramo de novelas com bom investimento em produção e claro marketing. Seguindo esta cartilha que em breve estará Uma Rosa com Amor, nova telenovela produzida pelo SBT, com estréia prevista para o dia 1º de março de 2010, substituindo Vende-se um Véu de Noiva.

A novela será escrita por Tiago Santiago e é inspirada na obra de Vicente Sesso e a direção-geral da teledramaturgia de Del Rangel, apresenta Betty Faria e Carla Marins no papel que fora de Marília Pêra.

O investimento de cerca de 200 mil reais por capítulo e expectativa de atingir dois dígitos na audiência, Uma Rosa Com Amor começou a ser gravada em 1º de Dezembro, mas sua estréia acontece somente em marco, com o dia e horário a serem definidos (a previsão é de que ela entre na grade entre as sete e oito horas da noite). Ela traz em seu elenco ex-globais e ex-Record, como Carla Marins outros atores se viram atraídos em estar em uma releitura de um grande sucesso de Vicente Sesso.

Carla Marins ainda mais pois será sua estreia protagonizando uma trama, ela que interpretará a protagonista Serafina Rosa – papel já vivido por Marília Pêra. No elenco haverão outras jóias da TV brasileira como Betty Faria, Etty Fraser e Jussara Freire indicada recentemente ao premio da APCA e ganhadora no ano de 2008 por seu trabalho em Vidas Oposta em sua ex-emissora. E é em cima destes atores já consagrados em outras emissoras que Del Rangel, diretor-geral da trama, e lanca em busca de um grande êxito, que seria o 1° desta nova fase de investimento do canal de Silvio Santos em dramaturgia.

A história da novela que já foi sucesso nos anos 70 na Globo, e será modificada e modernizada pelo ex-recordino, conhecido pela versão de Escrava Isaura e pelas tramas Caminhos do Coração, Os Mutantes e Promessas de Amor (exibidas pela Record), Tiago Santiago terá com esta obra uma mudança de enredo em suas.

Interessante nesse novo boom da teledramaturgia que muitas emissoras tem novas investidas no ramo do entretenimento. Por exemplo, hoje além das 4 novelas globais, series, e microséries que causam um aumento de conteúdo nacional na TV, vemos outras emissoras ampliando-se neste ramo. Hoje por exemplo, bem ou mal, a Rede Record tem 2 novelas no ar e ensaia um 3° horário, além te ter uma minisérie pronta em edição final prestes a estrear e uma em pré-produção.

Outras emissoras como a Bandeirantes ensaiaram a entrada no mercado várias vezes, mas o custo destas produções caso não atinjam um número significativo no Ibope são um tiro no pé. A Band fez algumas telenovelas, mas sua ultima foi uma fiasco no país e fora. Por ter ido a primeira novela produzida integralmente em digital, acabou por este fator sendo vendida a alguns países, onde nem o estigma positivo de ser uma novela brasileira a sustentou com bons índices, sendo encurtada em vários países como na Argentina.

O SBT, este sim é o canal campeão em investidas e re-investidas no mercado de teledramaturgia, não somente com novelas. Grandes sucessos que hoje ainda podem ser acordados fizeram muito estrago na concorrência. No humor tivemos a versão do seriado argentino "Meu Cunhado", com Ronald Golias revivendo ao lado de Moacir Franco sua personagem clássica o "Bronco". Moacir também esteve no projeto um tanto oportunista de "Óh, coitado!", bordão da personagem Filó de Gorete Milagres, hoje na sua segunda novela na Record. E alguns mais experimentais como o espanhol "Camera Café". Os primeiros programas humorísticos do SBT foram produzidos para aproveitar o elenco da Rede Tupi. A principal atração do gênero no início do SBT, Reapertura, era a remontagem do Apertura da Tupi, com elenco encabeçado por Geraldo Alves, Tutuca e Maria Teresa Fróes.

Novelas? Sim muitas, foram sim ciclos interrompidos, mas muitos produtivos.  Uma Rosa com Amor será o 55° produto dramatúrgico na área de telenovelas da emissora. Que teve alguns grandes sucessos hora de audiência hora de público, e muitas vezes dos dois. Na década de 80, Jerônimo e Cortina de Vidro mesmo com baixo orçamento tinam boas médias de audiência. Na década de 90, Éramos Seis, com um elenco hoje todo na Rede Globo, foi uma furor, seguidos por êxitos como Sangue do Meu Sangue, Os Ossos do Barão e Chiquititas que vencerá muitas vezes a Rede Globo e empatava com o Jornal Nacional em sua 1° e 2° ano de exibição. Ainda como fruto desta investida à época "Pérola Negra" e "Fascinação" com a hoje global Regiane Alves estreando como protagonista, atingia médias superiores a 30 pontos.

Após fracassos retumbantes na área a fênix do Complexo Anhanguera tenta ressurgir das cinzas com essa nova investida em dramaturgia. Espera-se que com a entrada daquele que criou o monstro hoje não tão assustador, as novelas da Record que chegaram muitas a liderança em diversos horários. Aguardemos o debute de Tiago Santiago na emissora do patrão, esperando que tenha êxito e assim crie mais uma frente de trabalho para atores e adjacentes do ramo. Quem sabe assim ao ir a um crediário e dizer que sou ator, a atendente não me diga mais: "Desculpa, eu perguntei sua profissão". E depois de mostrar meu registro profissional ter de escutar: "É que pra mim, ator é quem está na Globo".


Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

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