quarta-feira, fevereiro 17, 2010

O Humor está padecendo, um pouco mais

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


Em meio a tantas atrocidades que hoje são chamadas de artistas, eu irei de antemão desculpar-me ao atraso de minha coluna, a meus leitores. A nota-morte do gênio Arnoud Rodrigues, que faleceu esta semana é primordial. Esta que ocorreu ao dia 16 de fevereiro em Lajeado, Tocantins.
Ele foi um ator, cantor, compositor e humorista brasileiro. Alguém completo assim nao surge a décadas no cenário mundial do entretenimento. Também trabalhou em programas de Chico Anysio na TV Globo e em vários outros programas humorísticos. Formou com Chico o grupo musical Baiano e os Novos Caetanos, na década de 70.

Arnoud foi um dos redatores da fase áurea do programa Sai de Baixo. Com um humor fácil, não por falta de conteúdo, mas sim pelo excesso.  Como uma vez disse minha mestre em teatro Vera Costa: "Humor tem de ter sentido, não só para quem faz, mas também para quem o assiste."

Na ótica existencialista da arte, este homem foi um mártir sagaz do humor. Na visão dos pseudo-pós-modernos ele é um dos dinossauros do humor. Na minha? Alguém que ainda me faz rir ao meu do caos que é sociedade atual.

Um de seus personagens mais populares foi Soró. O imigrante nordestino ingênuo e bem humorado, criado pelo escritor Walter Negrão para a novela Pão Pão, Beijo Beijo fez tanto sucesso entre o público em geral que Arnaud voltou a interpretá-lo no filme Os Trapalhões e o Mágico de Oroz.

Nos anos 80 integrou o grupo de humoristas do programa A Praça é Nossa no comando do veterano Carlos Alberto de Nóbrega, onde interpretou personagens como "O Povo Brasileiro" (sempre pobre e cansado), o mulherengo "Coronel Totonho", e o cantor sertanejo "Chitãoró" (uma sátira à dupla sertaneja Chitãozinho e Xororó, no quadro "Chitãoró e Xorãozinho" onde atuava ao lado do comediante (e posteriormente diretor da Praça) Marcelo de Nóbrega. O humorista era aguardado na próxima semana para retornar ao programa A Praça é Nossa.


Pobre humor brasileiro, que a tanto carece de humor, agora um pouco mais paupérrimo de humoristas.


Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

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