quinta-feira, janeiro 20, 2022

Aluguéis altos e o cabacismo sociocultural em Provincia... Florianópolis

Na Miami brasileira, os aluguéis são para gringo ver(ou pagar), mas os salários empatam com o Reino do Gongo ou o Zimbábue. A Revolução Francesa não se deu porque todos lá ficaram esperando com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar. Inquilinos do mundo, lutai! Esse deveria ser o título deste artigo. Eu me arrependo de ter voltado a Provincianópolis. Cidade maldita, esta de gente conformada e com vocação subalterna e conformista. Os salários oferecidos não alcançam um aluguel + transporte sequer e quem dirá tudo isto, mais comida. Ler este tipo de comentário é que faz-se entender o porque de tudo ser tão caro por aqui. Afinal de contas estatisticamente Florianópolis é a 3ª capital mais cara quanto a custo de vida e não é a 3ª em média salarial. 

Possuir um PIB tão alto não quer dizer que todos os florianopolitanos e seus novos vizinhos tenham um mega salário e sim retrata uma imensa concentração de riqueza. Florianópolis é o paraíso dos exploradores e o calvário para os que não são detentores dos meios de produção. 

O município é composto pela ilha principal, a ilha de Santa Catarina, a parte continental e algumas pequenas ilhas circundantes. A cidade tem uma população de 516 524 habitantes, de acordo com estimativas para 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o segundo município mais populoso do estado (após Joinville) e o 48º do Brasil. A região metropolitana tem uma população estimada de 1 209 818 habitantes, a 21ª maior do país. A cidade é conhecida por ter uma elevada qualidade de vida, sendo a capital brasileira com maior pontuação do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelo PNUD, das Nações Unidas.

Então depois de ler tais dados oficiais você já encontra uma pista fácil do porque tão elevados índices da capital. Um conurbano repleto de pobreza e miséria. Ao redor deste núcleo, 13 municípios constituem a área de expansão, totalizando 22 municípios na Região Metropolitana e eis que aí reside o grande tema ocasionante da grande disparidade social da capital catarinense.

Se por um lado você encontra imóveis vazios e de aluguel caríssimo, fruto de fatores como: a especulação imobiliário e o rentismo de uma elite que transpassa aos nativos, pois grande parte dos imóveis na ilha(zona de custo mais elevado) são de propriedade de investidores, ou pessoas que vivem de aluguel e jamais trabalharam na vida, somam-se pessoas que preferem alugar sua propriedade por 1 ou 2 meses a diárias altíssimas em temporada, e fechar os mesmos pelo resto do ano.

O drama da moradia e custo de vida na capital catarinense é inegável. Empresas de grande porte e mal caráter mantém operações com funções e trabalhos similares em que pagam um menor salário em Florianópolis que em São Paulo. Isso explica o boom do telemarketing e também de outras áreas que vem na falta de fortes sindicatos na região e uma sociocultura de submissão ao neoliberalismo pelos mares do sul uma bela e santa oportunidade de aumentar seu lucro, baixando custo em sua folha de pagamento.

A lei de oferta e procura não serve para os trabalhadores, somente para os que detém os meios de produção. Esse é um argumento muito superficial para justificar a mega inflação dos aluguéis em Florianópolis e região.

Segundo a lei de inquilinato brasileira(LEI No 8.245, DE 18  DE OUTUBRO DE 1991) esta que em sua totalidade é pró-locador não existe nenhum amparo legal contra a cartelização dos aluguéis no país. Estaria um bom tema para um próximo artigo. Embora, e não obstante, meu foco aqui é no poder invisível da revolta contra um ato cruel e imoral, apesar de não ser ainda ilegal, este por parte de proprietários vagabundos que vivem de sugar o trabalho alheio.

Trabalho numa empresa sem participação de lucro com um salário ínfimo se comparado apenas ao que eu gero de lucro, graças a que o piso salarial de jornalista em Santa Catarina é inferior ao da mesma profissão em comparação a muitos estados brasileiros. Somo a isto minha falta de QI nos meios catarinenses e minha ausência de 2 anos para cursar um mestrado no exterior. Vamos ter um pouco mais de honestidade intelectual. Esse tipo de comentário não ajuda em nada as classes oprimidas por esse sistema. Florianópolis em que difere de outras cidades do país quanto a exclusão social e cabacismo congênito de seus sobreviventes? Afe triplo!!!

Gilberto Freyre, num pensador maior das questões sociológicas do nosso Brasil lá num certo poema que fecha esse momento, e que aponta para um desalento menos angustiante em nossas vidas que buscar um aluguel com preço justo por estas bandas... Recomendo depois de ler esse artigo, ler: “Dadade."

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