quarta-feira, outubro 16, 2019

O Sul é o caminho? Argentina novamente será um exemplo para o continente?

Com o regresso do peronismo ao poder, em aproximadamente um ano a Argentina voltará a crescer largos 5 a 10% ao ano. O peronismo é uma espécie de Cirão da Massa com Angela Merkel versão argentina. Sem contar que somente com o fator de que as previas eleitorais, que aqui são como nos EUA, em que o peronismo ressurgiu com força para ganhar já no 1º turno, respingou e mudou os prognósticos no Uruguai e Bolívia.

Em meio a essa convulsão causada pelo governo de Maurício Macri que fez o nível de desemprego subir mais de 20 pontos percentuais e criou cerca de 10 milhões de novos miseráveis em menos de 4 anos a Argentina como uma fênix já desponto como a ponta do iceberg continental em que pode tornar-se o bastião da redemocratização e recuperação ecônomica do continente latinoamericano.

O dólar a 60 pesos era algo inimaginável na gestão de "la yegua"(égua é o termo aplicado pelos anticristinistas a ex-presidenta Cristina Fernández). Esta pode vir ser uma guinada continental que tende a influenciar o continente positivamente para um rumo de âmbito popular e democrático apontado a um estado nacional e de desenvolvimento regional.

A aqui chamada Fórmula Fernández-Fernández, esta que uniu o peronismo clássico ao kirshner-cristinismo se aponta como vencedera das eleições de outubro no país portenho. Mas o que ocorrerá com a vitória de tal força política? Alberto Fernádez foi o chefe de gabinete de"l Pinguino", Néstor Kirchner(por antes ter governado um dos estados sulinos, Santa Cruz, ganhou o carinhoso apelido de seus opositores), e promete uma guinada no ruma de condução do estado argentino. Do neoliberalismo ortodóxo que há praticado Macri a uma espécie de Estado de Bem-Estar aos moldes clássicos europeus. Com uma forte presença do estado através de subsídios e uma política contundente de reindustrialização do país.

Abaixo os índices de crescimento durante o Governo Néstor Kirchner:
AnoCrecimento
del PIB
2003Crecimiento 8.8%
2004Crecimiento 9.0%
2005Crecimiento 9.2%
2006Crecimiento 8.4%
2007Crecimiento 8.0%
Uma fala do candidato sensação, Alberto Fernández é: "Não pode ser que a Argentina alimente a centenas de milhões de pessoas no mundo e que aqui tenhamos 10 milhões de pessoas a passar fome! Algo estamos fazendo mal!"

Nos últimos anos de mandato as exportaciones argentinas se multiplicaram por mais de quatro vezes, somente entre 2002 e 2007, cerca de 80 %. Somados a democratização dos meios de comunicação e um ganho real do poder de compra do povo argentino. Por sinalizar-se como uma nova esperança de que o país retome um processo similar hoje é que Alberto Fernández de candidato ungido pela ex-presidenta Cristina Fernández se tornou um hit no país. Afinal ele esteve a frente da chefia de gabinete desta era de ouro recente que representou o maior crescimento nos últimos 40 anos na Argentina.

Paralelamente ao descalabro que ocorre no Equador, aonde manifestantes estão contra o governo de Lenín Moreno estão sendo abatidos, o que sim ocorrerá com o fechamento ideológico conservador também do Brasil, Colombia, Chile e Perú, somados ao cataclisma institucional criado por este último fato antidemocrático na América do Sul, é que isto irá favorecer a Argentina... Com o peso argentino por primeira vez valendo menos que o uruguaio, o boliviano, o peso chileno e o sol peruano, o custeio de mão de obra na Argentina está baixíssimo em paralelos mundiais e isto estará muito interessante ao capital estrangeiro, este que como abútre busca sempre ganhar mais e gastar menos.

Com o fator este, o argentino por americanizado em promedio fala inglês em nível razoável, pois seu ensino universitário é de acesso gratuito e universal. Somado a isto o país tem históricamente mais call centers operando para Espanha e America Latina que para o mercado interno. Com o ingresso de refugiados venezuelanos que terminam por acentar-se na Argentina, pois dentre os caminhos a chegar-se caminhando é o com maior oportunidade laboral, o país hoje vive um pré-caminho para voltar a crescer em todos os âmbitos.

Fiz uma aposta equivocada na estabilidade uruguaia como um caminho para escapar da crise btrasileira e da ditadura bolsonarista. Viví por 2 meses pelo outro lado do Río de la Plata. O que ocorre é que o Uruguai é um país lento, tudo ocorre com a velocidade da paciência uruguaia, esta que me tira do juízo. Dois meses lá me pareceram 20 anos, já me esgotaram e foram como 20 anos improdutivos. Hoje faço um mestrado na UBA, Universidad de Buenos Aires, e aqui em 8 meses já participei de 4 espetáculos teatrais, pois também além de jornalista sou ator. A ccousa aqui é otro esquema e isto em meio a uma crise histórica sem precedentes.


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