quinta-feira, janeiro 18, 2018

Teste vocacional para... quê?

Nossos pais não querem nossa felicidade. Querem que ganhemos dinheiro. Você faz um teste vocacional que lhe aponta medicina como propensão e lhe inscreverão em um cursinho pré-vestibular, te prometerão um carro se aprovares na federal e o respeito prévio de toda a família por esta sapiente escolha de futuro.

Dentre outras profissões, e quando o digo é porque possuo registro e formação reconhecida pelo MEC destas, hoje sou jornalista. E nesta semana em particular recebi “sugestões” magníficas de como devo proceder para ter exito na minha carreira.
Que os ditos mais velhos sejam arcadistas não surpreende, mas ter seres da minha geração que estão robotizados e cooptados pelos sistema? É asqueroso, aviltante. Mas não fujamos do foco. Foca aí! Para operadores de telemarketing a frase teve muito mais sentido.
Sugerencia de nº 1: Porque você não se postula a vagas treinner, na RBS, pois não exigem experiência?
Fui obrigado a tragar meu ódio a imbecilidade e ignorância. Contesto que tenho sim experiência de mais de 7 anos na área, que não me interessa trabalhar de semi-escravo por um salário abaixo do piso salarial da categoria, que sim jornalismo bem como psicologia tem um conselho nacional e que se este que me sugeriu não aceita trabalhar como psicólogo por um salário abaixo do seu piso da categoria, porque eu como jornalista o deveria aceitar.
Detalhe desta conversação é que a pessoa não tem Facebook, somente Whatsapp e pelo advento do aniversário de um amigo em comum, após meses sem dar notícias e sem saber das minhas me larga esta excelente sugestão sócio-normativa.
Ao meio desta idiossincrasia tão agradável mandei o cidadão tomar refresco pelo orifício inferior. Afirmei não ter estudado e me formado para ser um desertor e algoz de minha própria categoria profissional. Anos trabalhando com música na noite, me fazem não aceitar pedidos de música ruim em um show, mais de duzentas personagens me fazem não aceitar me deitar com diretores globais por um papel, centenas de artigos e palestras dadas na área de jornalismo não me permitem jogar meu diploma fora e aceitar salários medíocres. Ninguém em sã consciência sugere a um advogado que ele trabalhe de graça por amor a profissão. Mas este mesmo que incluso já fora membro de minha companhia teatral na mesma interação teve outra brilhante ideia. Me disse animadamente: “Bem que você poderia ir na festa com sua personagem a Gloria de las Rosas…”. Então lhe questionei, porque achas que eu deveria gastar maquiagem e dispor de figurinos caros num calor de 35º, sem cachê?
Aqui neste país infelizmente um profissional independente não é respeitado, um ser humano independente tão pouco. Os brasileiros tem um complexo bastante complexo, O de valorizar o status mais que a qualidade no ser humano. Quando compartilho um artigo meu em redes sociais, apenas os que tem um salário inferior ao mais são os que leem e fingem que não e se recusam a dar uma curtida e fazer um comentário.
O complexo de cachorro magro do brasileiro é algo muito interessante e deve tornar-se objeto de estudo. Os ícones ou seres valorados como exemplares destes não são os mesmo que os meus. Glória.
Certo dia, a semanas atrás em um karaokê após cantar com um amigo de longa data uma moça não muito pueril se aproximou e tentou fazer um desses elogios depreciativos. “Nossa, vocês são ótimos, poderiam cantar uma música do Sambou?…”. Taxativo retruquei: “Que merda é Sambou?”.
Este tipo de elogio que busca abrir a guarda e terreno para uma agressão é algo que não conheci em nenhum dos países em que já vivi, e tão pouco tive contato através das mais de 50 nacionalidades que tive à cama, e tão pouco nas mais de 70 nacionalidades as quais pude ter contato nesta encarnação.
Como quando alguém se surpreende por um rapaz no ônibus dizer “que quero comer um cara”, pois acham que homossexual é apenas e limitadamente passivo. Se assim fora quem os comeria? Os héteros? Comer homem não é passível de status de homossexualidade no Brasil. Este mesmo Brasil em que 689 transexuais foram assassinados entre 2008 e 2014, segundo a ONG Transgender Europe. É a cifra mais alta do mundo, de acordo com seus dados, embora a organização não tenha informação sobre todos os países. Ora, ora. Os rapazes que entregam seu loló para travestis são héteros?
O Brasil é mesmo um rico campo para o jornalismo investigativo. Pois como uma rama da comunicação social bebo litros, e não falo de gozo, na sociologia e psicologia social.
Numa matéria sobre Laerte, grande chargista, me surpreendi. Lá se afirmava que nos últimos anos houve melhoras na situação dos transexuais por aqui. Pois as cirurgias de redesignação de sexo, proibidas no Brasil até 1997, hoje são feitas em vários hospitais públicos. Também é possível mudar de nome legalmente, na verdade, desde que se comprove algo chamado “transtorno de identidade”.
Paradoxos de um país frequentemente visto de fora como sexualmente liberado: “O Brasil é muito desigual e ambíguo. Convivemos com grandes liberalismos e extremas repressões e agressividade para a população LGBT, as mulheres, os negros, as minorias…”, afirmou Laerte.
E temos de concordar com Laerte, o país tropical e abençoado por Deus, se é que este existe é amador, mas não para amadores. Você é livre para ser o que quiser, desde que dentro da normatividade. Pobres moços!

Nando Schweitzer é Diretor Teatral, Cantor e Jornalista diplomado e de carreira

Anexo informativo sobre a sexualidade no continente Americano
Na Argentina, aqueles que têm seguro de saúde têm cobertura da seguradora para realizar a cirurgia. O restante da população que depende do serviço público de saúde pode se operar nos hospitais públicos gratuitamente.
Para mudar o nome não é necessário ir até um cartório. Os interessados devem apenas ir a uma espécie de escritório público de registros com uma declaração e a testemunha de um funcionário do local, informaAlejandro Rebóssio.
No Chile, as cirurgias não são realizadas nem pelo sistema público e nem pelo privado. Um juiz determina os requisitos necessários para autorizar a mudança de nome. Pode pedir uma avaliação psicológica e psiquiátrica, e, segundo o critério do próprio magistrado, pode também exigir que a cirurgia tenha sido feita. A pessoa que quiser mudar sua identidade deve comprovar estar vivendo em transição há ao menos cinco anos e apresentar testemunhas.
Graças a uma reportagem do programa de televisão Contato do Canal 13, que mostrou pela primeira vez a realidade de uma menina transexual no Chile, ocorreu uma grande mudança de mentalidade na sociedade chilena. O caso de Andy, cujo colégio acaba de ser multado por não aceitar que ela assistisse às aulas como menina, provocou a reação de muitos pais que se atreveram a assumir a condição de seus filhos e filhas, informa Rocío Montes.
Colômbia subsidia as cirurgias de mudança de sexo, que são feitas em caso de hermafroditas menores de idade e em casos como quando a Corte Constitucional ordenou que se operasse uma jovem diagnosticada com ‘transtorno de identidade sexual’. As seguradoras de saúde estão obrigadas a fazer as cirurgias depois que um homem conseguiu na Justiça o direito à identidade sexual, em 2012. A Justiça entendeu que, nesse caso, as intervenções não são estéticas, e sim definitivas para a construção da identidade.
Desde junho deste ano, para mudar o nome nos documentos basta ir a um cartório. Antes disso, era preciso se submeter a exames físicos para comprovar a mudança de sexo. Hoje, o trâmite dura cerca de cinco dias. Mas isso tem gerado dúvidas, como por exemplo, se um homem muda de sexo, então qual é a idade que ele deveria se aposentar? Na Colômbia, as mulheres também se aposentam antes dos homens.
Também há dúvidas sobre se a mudança de sexo for feita, duas pessoas do mesmo sexo poderão se casar. Isso também está em debate na Colômbia, informa Elizabeth Reyes.
O governo do México não financia as operações de mudança de sexo. Na Cidade do México, por exemplo, o governo subsidia somente em alguns casos o tratamento hormonal, mas não vai além disso. Sobre a mudança de nome, cada um dos 31 Estados tem suas próprias leis. Mas na Cidade do México, a capital federal do país, desde março deste ano há um trâmite simples. Antes dessa data, as pessoas que desejavam mudar legalmente seu gênero deviam recorre a um juizado especial no Tribunal da Família. O processo poderia demorar até seis meses, informou Paula Chouza.
No Peru, o sistema público de saúde não subsidia as cirurgias. A forma de mudar o nome no documento de identidade é por meio de um processo judicial. O juiz deve realizar uma observação na certidão de nascimento – que indica que a mudança obedece a uma decisão judicial promovida pelo interessado. Com isso, a pessoa solicita a mudança do seu nome e sexo no Registro Nacional de Identificação e Estado Civil (Reniec). Naaminn Cárdenas, o primeiro transexual que solicitou ao Reniec a mudança de seu nome e sexo (de masculino para feminino), conseguiu a alteração em 2011, após um trâmite de oito anos na Justiça. Uma comunicação do Reniec afirma que segundo o Código Civil, qualquer mudança ou adição de nome de uma pessoa, no qual abrange outros dados como sexo, só poderá ser realizada por motivos justificados e mediante autorização judicial, informa Jacqueline Fowks.
Bolívia não reconhece legalmente a transexualidade. Os códigos de família recentemente aprovados permitem que os pais escolham qual sobrenome – paterno ou materno – virá primeiro, mas não falam de mudança de sexo. Portanto, no há apoio estatal às cirurgias. O único caso público de mudança legal de sexo foi o de Roberta Benzi, que tem cerca de 50 anos e é de classe alta. Ela entrou na Justiça há mais de uma década para conseguir uma identidade com sexo feminino e denunciou abusos da polícia no processo. As poucas transexuais que existem estão quase todas nos setores populares e seguem usando seus documentos com as identidades que lhes foram designadas ao nascer, o que as põem em situação de vulnerabilidade, informa Fernando Molina.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lamentável a distorção dos fatos a seu favor por lhe ser conveniente para parecer um rebelde sem causa. Assuma sua sexualidade para sua mãe, seja homem para isso. Resolva seus fantasmas para depois levantar bandeiras.

Anônimo disse...

Verdade, esse cara é um fudido sem talento e competência nenhuma. Bem mais vanguarda, até aquele velho Valdir Dutra e o Renato turnês tem mais talento que esse sequelado.