quarta-feira, maio 22, 2013

É hora da Xêpa!

Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista


Certa vez fui com um amigo, este que me convidara para ir a tardinha na feira. Me disse: "Pelo jeito, é fim de feira. É hora da Xêpa!". Hoje viramos vegetarianos, pensei. Mas o pastel, ah e que pastel! Como nunca vi igual, estava lá. Como em toda feira paulista a barraca de pastel frito na hora e com azeite fervente é o que da o toque final e me remete a um cheirinho... Oh saudade.

Sempre a pergunta padrão: "Queijo, carne, frango ou napolitano?". Para que inventar sabores mirabolantes como algumas franquias de pastel? Se o sabor realmente está na massa.

Lembro-me até hoje a discussão era: A melhor massa é a do Japa ou do China?

Áureos tempos onde as novelas tinham atores, esses atores sabiam fazer sotaque... Opa! Eis que surge o remake de Dona Xêpa. Com Ângela Leal na vestimenta impagável de Dona Xêpa. Fazia tempo que não me emocionava por três vezes em menos de uma hora com um produto de dramaturgia.

Desculpem os ortodoxos, mas assisti hoje via internet e sem comerciais ao primeiro capítulo de Dona Xepa, versão 2013. Lhes forneço o link para que possam seguir meu raciocínio (http://www.youtube.com/watch?v=qemmA-2lLvQ).



Que genial foi o monólogo de Xêpa no minuto 21:40! Quando emotiva ao flar dos filhos diz ao marido, ou melhor ao retrato do marido que a abandonou, deixando os filhos para criar: "...hoje não lhe dou nem banana, por que está muita cara e você não merece!...". Outro momento afinadíssimo do núcleo da feira foi quando os fiscais chegam a feira de Xêpa e ela os expulsa a peixadas.

Esse momento irá gerar segundo a sinopse um vídeo que se tornará viral no enredo, pois alunos da faculdade do filho da protagonista que estavam nesse momento gravando para um trabalho da faculdade na feira sobre profissões "antigas", irá jogar a cena hilária para eles que como o rebento de Xêpa menos prezam a profissão de feirante.

Uma trilha sonora condiz com sua telenovela, certo? Correcto! Nesse quesito a surpresa é muito grata. Demonios da Garoa, Zelia Duncan entre outros entram sorrateiramente e sem cara de propaganda da Som Livre, fazem coro as cenas da trama.

A se lamentar neste momento apenas o descuido de alguns atores que esqueceram que suas personagens são paulistas e não cariocas. Esperemos que o erro Thaísaraujistico seja corrigido a tempo. Clarao existem capítulos de frente, já gravados. Mas dá para salvar ainda Marcio Killing entre outros que hora pronunciam R's como paulistas, hora como cariocas ou nordestinos.

Uma linda edição simulando um plano sequência com as recordações de Xêpa e seus filhos pequenos, indo e vindo no tempo, foi o toque cinematográfico do capítulo. Além de que realmente o resultado estético de filmagem a 25 frames por segundos surtiu em muita cor e tons de matizes vivos, e muita força de contraste.

Cheirinho de pastel... ops... de uma boa produção por fim. Depois de anos, décadas, talvez ainda consigo comer um pastelzinho de feira. É hora da Xêpa.


Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista

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