domingo, dezembro 28, 2008

¿A Grama do visinho seria mais verde?

Fernando Schweitzer, Florianópolis-SC - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


Tanto já se falou e muito mais se falará sobre: futebol, TV, política. São temas esses que até o mais vil ser tem um parecer, por mais roto que o pareça ou não. E todas estas discussões são geralmente bipolares, e não estou falando da doença da moda.

Veja como são as coisas nas discussões bipolares. Esquerda ou direita, na política. Globo ou Record, na TV. Pelé ou Maradonna, no futebol. Dentro desde perspectiva de bipolaridade que ao chegar a Buenos Aires que resolvi conhecer a TV aberta local. Existe aqui um cenário distinto do Brasil, mesmo porque aqui existem também uma líder, mas que não aparenta ter um ar de superioridade e soberba como a líder do Brasil.

A TELEFE, líder na Argentina, tem produtos como: Chiquititas, Floricienta(No Brasil e em Portugal producidas com o nome de "Floribela"), CQC. Ai que entra a questão da ausência de soberba. CQC é um produto criado pela produtora de conteúdo "Cuatro Cabezas". Que criou entre outros produtos a novela "La Lola" exibida dublado em 2008 pelo SBT. O fato inusitado é que CQC estreou na América TV em 1995 encerrando em 1999 suas exibições neste com um programa especial transmitido a partir do Teatro Gran Rex, de Buenos Aires. Em 2001, houve uma edição especial no mesmo teatro em preparação para a chegada do CQC ao Canal 13. Em 2005, o Canal 13 contratou Marcelo Tinelli, objeto de comentários incisivos no programa devido a uma antiga rixa que tem com Mario Pergolini. Isso foi razão para que o CQC e todos os shows da produtora Cuatro Cabezas firmassem contrato com a Telefe. O CQC foi exibido nesse canal nas segundas-feiras às 23h15, e teve sua ultima exibição dia 16 de Dezembro de 2008, em um programa especial e ostensivamente anunciado como o último. E ao bom estilo CQC o apresentador finalizou dizendo: "Que bom que acabou, isso não é para mim!"

Então pensemos que um programa mudar de canal no Brasil raramente ocorre, tivemos o caso Ídolos que migrou por ser um formato da Fremantlemedia ao não terem do SBT antiga emissora a vincular "Ídolos", aumento do valor pago pelos direitos. No Brasil o que ocorre geralmente é o programa mesmo perdendo os seu principais astros, os substituí-los e o programa em tese fica o mesmo, como algo imutável de emissora. Talvez por essa diferença de raciocínio que ocorra no Brasil algo tal qual um engessamento de formatos, e desta perspectiva que se é tão importante para uma emissora pequena ou qualquer outra em contratar um ex-global.

Esse perspectiva baseada em status em detrimento da qualidade é que fazem com que qualquer artista de qualquer área, morra praticamente de fome caso não seja um artista global. Distintamente a prioridade é o conteúdo. Grande exemplo é a produtora, atriz, compositora, escritora e produtora da Argentina. Cris Morena, de Chiquititas, Floricenta e outras. Após anos de serviços a TELEFE, montou sua própria produtora de conteúdo. Quando por divergências migrou Floricienta da TELEFE para o "Canal 13", e hoje "Floricienta", com a mesma qualidade que detinha, não perdendo público pela mudança de canal, de um líder para outra menor.

Esse forma de ver TV pelo conteúdo e não pelo status seria útil no Brasil. Imagine um dia o CQC do Brasil em uma outra rede que não a Band, ou o então o Casseta & Planeta na Bandeirantes. Na Argentina isto seria perfeitamente possível.

Se pensarmos que Garrincha por ter fora de campo fora dos ditos da sociedade conservadora nunca foi considerado o verdadeiro rei do futebol. Podemos pensar que a tal qualidade da TV brasileira é muito mais uma robotização discursiva, uma mera massificação, um grande imbróglio. Deveria-se ampliar as vistas por talvez, apenas talvez, o gramado do vizinho neste caso realmente seja mais verde.

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