sexta-feira, março 10, 2017

Porque as pessoas usam maconha e não vão ao teatro

Imaxe relacionadaPois, longe de mim prejulgar, apenas observo. A questão aqui não é o uso de entorpecentes ou drogas lícitas e ilícitas, este é um fato de cunho particular. Ao que chegamos ou tentamos é, porque não conhecemos tantos usuários de teatro quanto de maconha. Sumamente podemos concluir que a maconha hoje é mais popular que o teatro. Mas porque? Levantemos algumas hipóteses, mas antes coloquemos emparelhados suas similitudes. Ambos, e disse ambos, te fazem viajar. Ambos são discriminados pela sociedade. Ambos não fazem parte da grade curricular das escolas no país. Ambos estão para a juventude dados como algo desconhecido e que só provando se poderá conhecer seus efeitos. Ambos tem rituais de iniciação coletivos. 
Você acha que alguém escolhe por quem se apaixona? Descaminhos e percausos durante a vida criam afinidades e adicções. Augusto Boal construiu uma trajetória artístico-educativa de fortalecimento das potencialidades dos sujeitos em seus atos de criação estética, reflexão e conscientização política. Ao compreender o teatro como uma ferramenta capaz de fomentar as transformações sociais e a formação de lideranças em comunidades diversas e como ferramenta de transformação social, Boal difundiu seu método de teatro, baseado em jogos de percepção, expressão e criação, em diversos países, batizando-o como Teatro do Oprimido, em homenagem à obra de Paulo Freire. 
Seria Boal um adicto ao teatro? Temos que avançar aos poucos no Brasil. Legalizar o uso do teatro e da maconha e ver como isso funciona na vida real. E em seguida, se der certo, fazer o mesmo teste com outras drogas.
Os primeiros registros históricos do uso da Cannabis sativa para fabricação de papel, datam de 8000 anos a.C, na China. Depois os chineses descobriram e desenvolveram outras formas de uso da planta, principalmente para produção de artigos têxteis e medicina. Mais tarde, outras sociedades, como os gregos, romanos, africanos, indianos e árabes também aproveitaram as qualidades da planta, fosse ela consumida como alimento, medicina, combustível, fibras ou fumo. Entre os anos de 1000 a.C. até meados do século XIX, a maconha e o cânhamo produziam a maior parte dos papéis, combustíveis, artigos têxteis e sendo, dependendo da cultura que a utilizava, a primeira, segunda ou terceira medicina mais usada. Sua grande importância histórica se deve ao fato da maconha ter a fibra natural mais resistente e forte do que todas as outras, podendo ser cultivada em praticamente qualquer tipo de solo.
Aristóteles, ao final de sua Poética, escrita entre 335 e 323 AC, aponta que a tragédia pode ser lida, e, mesmo assim, sem ter o movimento da cena (gestos, etc), sem ser apresentada ao vivo, terá seu efeito sobre o leitor, igualando-se assim a Epopeia na forma lida. Entretanto, por possuir componentes extras, a música e o espetáculo, a Tragédia, segundo Aristóteles, torna-se superior a Epopeia, pois contém “todos os elementos da epopeia” e, além disso, contém o que não é pouco, a melopeia (música) e o espetáculo cênico. Ambos acrescem a intensidade dos prazeres e são próprios da tragédia. (trad. Eudoro de Souza, Os Pensadores, 1462a,p. 268.). O teatro também, ainda segundo Aristóteles, além da vantagem de “ter evidência representativa quer na leitura, quer na cena”, possui poder de síntese, pois nele “resulta mais grato o condensado que o difuso por largo tempo”.

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