"Reflexões Críticas sobre a Virada do Ano e as Contradições do Progresso"
A angústia é uma constante se não sois um abastado do neoliberalismo, ou um simples acéfalo. À medida que o relógio marca a transição para 2025, é comum que a humanidade experimente uma mistura de alívio, expectativa e nostalgia. Mas, como nos lembra a frase inicial, nem todos os anos deixam saudades, especialmente quando refletem crises e contradições sistêmicas que permeiam nossa existência. Inspirando-se na retórica marxista, este artigo examina o simbolismo da virada de ano e como ela expressa as esperanças coletivas e as limitações estruturais que moldam nossa realidade.
O Calendário como Produto da Dialética
O calendário, muito mais do que uma organização cronológica, é uma construção social que reflete a dinâmica histórica da humanidade. Em um sistema capitalista, o ano-novo carrega em si o peso de ser o "recomeço" prometido, um intervalo simbólico que nos convida a acreditar que mudanças substanciais são possíveis no curto prazo. Essa esperança não é ingênua, mas responde à alienação do trabalho, ao cansaço social e à busca incessante por um sentido em meio às contradições do sistema.
Se 2024 deixa "zero saudades", é porque muitos enfrentaram as consequências das crises econômica, climática e social que o modo de produção dominante intensificou. Ainda assim, a promessa de 2025 reflete um otimismo necessário, mesmo que ilusório, para sustentar a subjetividade humana. Como disse um profeta popular: Pior do que está, não pode ficar!
A Promessa de Progresso: Ideologia ou Realidade?
Sob uma análise marxista, podemos questionar: o que exatamente 2025 promete? Para quem será melhor? A lógica de mercado continuará a determinar os parâmetros do "melhor"? A história ensina que o progresso tecnológico e econômico não necessariamente resulta em avanços sociais equitativos. A luta de classes permanece o motor da história, e qualquer promessa de transformação real exige o confronto direto com as contradições inerentes ao sistema.
2024 testemunhou eventos que aprofundaram desigualdades e tensões globais, mas também provocaram resistência e organização popular. No entanto, sem um movimento coletivo que articule essas lutas em um projeto de emancipação, o "novo ano" pode simplesmente ser mais uma iteração das injustiças estruturais.
Esperança como Ferramenta Revolucionária
Apesar das limitações sistêmicas, a esperança não deve ser descartada. Em uma perspectiva ecumênica e marxista, a esperança é um ato revolucionário. Ela transcende a simples conformidade com o status quo, abrindo espaço para o pensamento crítico e a ação coletiva. Como Paulo Freire pontuava, "esperançar" não é passividade, mas um verbo de ação que impulsiona a transformação.
Se 2025 promete ser melhor, essa promessa deve ser vista como um chamado à prática política, à construção de alternativas concretas e ao fortalecimento das lutas por justiça social, econômica e ambiental.
O Futuro Como Campo de Batalha
Em última análise, o novo ano é uma arena onde as forças de manutenção e transformação se enfrentam. O simbolismo da virada pode ser apropriado não apenas para desejos individuais, mas para a construção de um horizonte coletivo de emancipação. Como disse Marx: "Os filósofos apenas interpretaram o mundo de várias maneiras; o ponto, porém, é transformá-lo."
Portanto, enquanto muitos desejam uma virada pessoal em 2025, que esta também seja a virada de uma sociedade mais justa e humana. Que a promessa de ser melhor não seja apenas uma metáfora individualista, mas o princípio de uma nova era de solidariedade e progresso real.
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