Primeira-ministra garante que vai procurar "estabilidade", mas Corbyn desafia-a a demitir-se. Theresa May decidiu pedir aos britânicos uma maioria reforçada. Mas acabou por perder a maioria que tinha. O partido conservador britânico, liderado por May, perdeu a maioria que tinha no Parlamento numa votação histórica cujos resultados finais foram conhecidos esta madrugada e confirmaram que a aposta estratégica da primeira-ministra "deu ruim".
Nem se tinha fechado a contagem em mais do que uma dúzia de círculos eleitorais e já havia notícias sobre o abalo para a liderança de Theresa May, no Governo e no partido conservador. May “sob pressão” após uma “jogada que fracassou de forma espetacular”, uma “calamidade” que nos leva a perguntar “quanto tempo May irá resistir” — foi neste sentido a análise da imprensa britânica, à medida que o desarranjo ganhava forma.
No outro lado desta balança seu oponente diz que “A primeira-ministra convocou a eleição porque queria um mandato. Bom, teve um mandato. Perdeu lugares conservadores, perdeu votos, perdeu apoio, perdeu confiança”, afirmou o líder trabalhista Jeremy Corbyn.
Corbyn fez uma campanha eficaz e conseguiu marcar posição junto do eleitorado com algumas ideias políticas incisivas, como as propinas gratuitas (algo que apela aos jovens e apela, também, a quem paga as propinas da maioria dos jovens — os pais e, até, os avós).
May, perdeu a maioria que tinha no Parlamento numa votação histórica cujos resultados finais foram conhecidos esta madrugada e confirmaram que a aposta estratégica da primeira-ministra saiu furada. Com o futuro político em risco, porque rapidamente se começaram a afiar facas longas no partido, Theresa May recusou demitir-se e chamou a si própria a responsabilidade de encontrar uma solução que dê ao país “estabilidade”. Mas a missão não será fácil e até o processo de saída da União Europeia pode estar em risco.
Agora, pelo menos em teoria, o Partido Conservador só irá enfrentar novas eleições em 2022 — ao passo que, sem a convocação destas eleições, as próximas eleições seriam já em 2020. E porque é que isto é importante? Porque se acreditarmos que a saída da União Europeia se irá, mesmo, confirmar, em 2022 a economia já terá tido mais tempo para se restabelecer de uma eventual recessão que marque os próximos anos decisivos. Recorde-se que, tendo ativado o artigo 50 em março, o Reino Unido tem até março de 2019 para concluir as negociações para um acordo de saída da UE.
Esse é, contudo, o único fator a que Theresa May se pode agarrar, apesar de chegar para esconder o fracasso que foi agendar eleições com 24 pontos de vantagem nas sondagens, em relação a um candidato (trabalhista) que aparecia frequentemente descrito como eleitoralmente impopular, e acabar com um parlamento “pendurado”.
Theresa May e os conservadores têm neste momento 315 lugares de deputados, contra os 261 lugares obtidos pelo candidato trabalhista Jeremy Corbyn. Se Theresa May receava que a maioria de que dispunha antes destas eleições era curta (17 lugares), não há muito como fugir à conclusão de que se tratou de uma derrota monumental.
Especialistas como Simon Hicks, professor da LSE, o cerco a Theresa May vai apertar. Ela lançou-se para esta eleição garantindo que uma maioria reforçada lhe daria maior força nas negociações com a Europa. Essa mensagem não terá sido muito eficaz junto do eleitorado — mas Anand Menon, professor do King’s College London, diz mais: “Esta ideia é um dos maiores mitos que se ouviram nos últimos tempos”. Na realidade, “quanto mais fraco é o governo internamente, mais forte consegue ser na negociação com a Europa”.
Para que Theresa May se afaste, como Jeremy Corbyn lhe pede, é preciso que ele consiga reunir o apoio suficiente para formar Governo. Pelo que já tinha dado a entender na campanha eleitoral, a ideia não é formar nenhuma coligação. A ideia foi sublinhada por Emily Thornberry, trabalhista e ministra sombra dos Negócios Estrangeiros.
Não há coligações, não há acordos. Ou os conservadores têm um governo minoritário, ou os trabalhistas têm um governo minoritário. Não vamos fazer uma coligação, não vamos fazer nenhum acordo, vamos apresentar um programa alternativo, a nossa visão alternativa para o Reino Unido”, disse à BBC. Se quiser chegar a esse “programa alternativo”, o Partido Trabalhista terá de convencer, pelo menos, os Liberais Democratas (que também recusam qualquer tipo de coligação ou aliança), o SNP (os independentistas escoceses já demonstraram abertura para falar), os Verdes e ainda outros partidos de cariz nacional e esquerdistas que possam estar dispostos a conversar, como os galeses do Plaid Cymru.
Enquanto esta aritmética se forma, há quem pergunte, afinal, como é que se diz “geringonça” em inglês. A tradução mais correta é contraption, que segundo o dicionário de Oxford é sinónimo para “máquina ou aparelho que parece estranho e desnecessariamente complicado e muitas vezes mal feito ou pouco seguro”.
Para que Theresa May se afaste, como Jeremy Corbyn lhe pede, é preciso que ele consiga reunir o apoio suficiente para formar Governo. Pelo que já tinha dado a entender na campanha eleitoral, a ideia não é formar nenhuma coligação. A ideia foi sublinhada por Emily Thornberry, trabalhista e ministra sombra dos Negócios Estrangeiros.
Não há coligações, não há acordos. Ou os conservadores têm um governo minoritário, ou os trabalhistas têm um governo minoritário. Não vamos fazer uma coligação, não vamos fazer nenhum acordo, vamos apresentar um programa alternativo, a nossa visão alternativa para o Reino Unido”, disse à BBC. Se quiser chegar a esse “programa alternativo”, o Partido Trabalhista terá de convencer, pelo menos, os Liberais Democratas (que também recusam qualquer tipo de coligação ou aliança), o SNP (os independentistas escoceses já demonstraram abertura para falar), os Verdes e ainda outros partidos de cariz nacional e esquerdistas que possam estar dispostos a conversar, como os galeses do Plaid Cymru.
Enquanto esta aritmética se forma, há quem pergunte, afinal, como é que se diz “geringonça” em inglês. A tradução mais correta é contraption, que segundo o dicionário de Oxford é sinónimo para “máquina ou aparelho que parece estranho e desnecessariamente complicado e muitas vezes mal feito ou pouco seguro”.
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