Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral
Crise de inverno? A baixa no número de produções artísticas no estado de Santa Catarina não é um fenômeno impulsionado pela onde de nevascas recente. A recente matéria do Jornal do Almoço, RBS, somente faz um eco baixo a ago que vem sistematicamente acontecendo na grande Florianópolis historicamente.
Cultura social débil como costume e tradição. Lembro-me de em 1999, no TAC(Teatro Álvaro de Carvalho), fazer uma das últimas apresentações antes de seu fechamento para uma reforma que durou anos. Isso na era ainda sob a direção do saudoso Ney, assim nós atores o chamávamos, que tentava democratizar o uso das pautas na província.
Áureos tempos, onde você caso não conseguisse datas no CIC, pois tinha-se por parte da direção uma política de reservar datas para poucos privilegiados com amigos na administração do Governo do Estado e Fundação Catarinense de Cultura, você ia ao querido Ney e ele recebia o seu projeto para análise. Coisa rara.
Na atualidade recente muita coisa muita mudou, ou nenhuma.... Depende para que lado. Mas recordo, que você conseguia fazer uma micro temporada girando entre os espaços da região. Como por exemplo estrear como diretor no Theatro Adolpho Mello, fazer duas semanas depois uma reapresentação no Teatro do SEST/SENAT, seguir Temporada no Teatro da UFSC e finalizar temporada no TAC. Hoje?
Um dos teatros da região está interditado, outro com um edital anual para pedido de pautas e datas, outro não existe mais... Ao mesmo que novos espaços se abriram, outros se fecharam. A velha máxima de reservar os grandes teatros para poucos, ou para o chamado teatro profissional, o que se traduz, com pseudo-artistas de TV, que fizeram teste do sofá e compraram DRT(registro profissional de ator, assim chamado pelo meio artístico), segue como política velada.
A angústia dos produtores locais é imensa. Se analisarmos que segundo a Fundação Frankilin Cascaes, em reunião em que fui corpo presente a mais de uma década atrás, existiam jaz mais de 110 companhias e grupos teatrais... Porque não mais de 10 têm espaço nas pautas dos teatros públicos da região? Qual o critério?
Já escutei anos atrás, antes de um boicote a um espetáculo, travestido de censura, no TAC uma pérola. À época dirigido pela senhora Márcia Dutra. Ao pedir uma data para um espetáculo, Juan & Marco, recém estreado no Teatro da UFSC(antes mais democrático com suas pautas), no CIC. "Estamos destinando o CIC para grandes espetáculo, e o TAC para as peças daqui...". Palavras ao telefone da diretora do Centro Integrado de Cultura, Margareth(Não lembro o sobrenome).
Pensar que a menos de dez anos, não era sonho estrear no Thatro Adolpho Mello e terminar uma temporada de 2 anos, ali começada no Teatro do Ator, na Praça Roosevet em Sampa. Ter uma semana de teatro lotado durante toda a semana no aniversario de 150 anos do Adolphinho, e até hoje ter atores reconhecidos na rua destas históricas apresentações.
A arte teatral agoniza no estado de Santa Catarina, eu diria, se acreditasse que em algum momento ele esteve vivo. A eterna reforma do Theatro Adolpho Mello, se faz urgente. Por mais que muitas grupos historicamente não valorizassem, ou quisessem apresentar-se no charmoso teatro do centro histórico de São José. Dá saudades de fazer uma estréia lá, em uma sexta a noite, seguida de 3 sessões no sábado e mais 3 sessões no domingo e nesses entre meios ir a padaria da esquina comer um Strudel, de sabor único e caminhar até poder olhar a baia sul.
Velhos tempos, velhos dias... Velhos teatros, velhas alegrias...
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