Mesmo em meio a interdição de rodovias, pontes e etc, todos os nativos xenófobos estão a postar comentários sobre/contra os turistas em Florianópolis, e eis que o sono vêm. Eu mero mortal, juntei moedas o ano todo para fugir, das frases típicas, como “Eu moro aonde vocês passam férias”, ou “fora haule”, pois se a cada frase fascista nos fóruns de jornais catarinenses me dessem uma moeda estaria mais rico que o Pelé. Sim meu caros, amargarei um natal paupérrimo em prol de uma virada do ano em Lima, para tirar o ranço e a zica de Florianópolis do meu corpo.
Pensar em uma cidade sem industrias, que destrata o turista é para mim alarmante. Um verdadeiro sinal de mentalidade provinciana. A única indústria que no mundo pode crescer e não poluir, e sim preservar, é o turismo ecológico e cultural.
Um ser humano normal obviamente não quer sua cidade suja, cheia de filas, hiperinflacionada… Toda esta ladainha que não é a da igreja, se poderia evitar, não eliminando os turistas da cidade, mas criando uma estrutura deliberante e capaz de atender o público.
Florianópolis com uma população de cerca de 500 mil habitantes hoje, fixos, pula no verão para 2,3 milhões. Matemáticas a parte, é claro e evidente que uma cidade que porcamente atende a seus residentes se torna impraticável no verão com um acréscimo de pessoas tal.
Mas se tivemos um ano de merda em vários âmbitos, ganhar o que não se ganhou no decorrer do ano em 2 meses de temporada lhes parece justo?
A capital catarinense vive em base do funcionalismo público e de serviços para tais e demais habitantes. E já não seria hora de qualificar este serviço e amplia-lo? Assim se poderiam massificar e multiplicar os ganhos da cidade. Por qual razão cidades de concreto como Nova York, São Paulo e Buenos Aires capitalizam cada uma sozinha mais visitantes/ano que Florianópolis?
De absurdo em absurdo perdemos o filão do momento. Enquanto Paris mesmo sobre ameaça de novos atentados segue líder mundial como destino turístico, nós a naufragar num pedacinho de terra perdido no mar. São os transportes públicos lentos, quentes, mal distribuídos, sem ar condicionado… o problema? Este mesmo que outrora, cito o ano de 2004, tiveram reajuste de R$ 1,60, para mais de 2 reais com a justificativa de que se implementariam em 100% das linhas ar condicionado.
Será a baixa demanda de táxis, estes que por costume imbecil ficam parados em pontos “estratégicos” e te fazem esperar minutos infindos ao serem acionados via rádio-táxi, ou algum aplicativo, nosso problema? Via aplicativos de veras tardam menos, mas nem todos usam estas ferramentas.
Os preços superfaturados brindados nas praias nuas da ilha da magia, seria o problema este? Neste instante não. Sim, são vergonhosos. Não casualmente ao lado do título da melhor qualidade de vida do país, dentre as capitais está grudadinho o de 2º maior custo de vida. Porque? É o preço que se paga por viver numa ilha, ideologicamente falando.
Estamos de costas para a modernidade, de costas e de bunda para a cultura, para o turismo de negócios. A gastronomia rica historicamente é mal divulgada, e quando tentamos usufrui-la se pagam “bagatelas”. Ao levar pessoas para um tradicional recinto ilhéu, pagamos 257 reais e saímos com fome. A demora fora outro fator imensurável e angustiante. E ao retornar ainda não pudemos fugir do eterno congestionamento do sul da ilha, pois o acesso via Tapera, o mais curto, é restrito.
Como é difícil enumerar problemas existentes em Florianópolis sem soar repetitivo. Mas parece que aqui quando se observa e comenta-se uma realidade temos 2 absurdos resultados. O primeiro é fingir que tudo está bem, e o segundo ouvir o clássico jargão local “volta pra tua terra!”. E eis que a pessoa agredida deveria revidar com um sonoro: Estou a tentar, mas o engarrafamento não deixa.
E aquela tradição de fechar restaurantes para almoço? Sim, já tive… esta linda experiência. Ou que sábado a tarde tudo fecha… Ou ir ao centro da megalópole e zaz… Tudo fechado. Corre-se ao shopping e por fim se encontra uma casa de câmbio aberta. Oras como viajar com moeda nativa? Consegui empurrar uma porta quase trancada e ser o último cliente as 15:00h, embora no principal jornal da TV local tenham afirmado que shoppings estariam abertos até 17h… Depois de encontrar metade das lojas fechadas de um outro centro comercial(sinônimo para shopping).
Vamos que vamos! Nos entupamos de comida e esqueçamos os problemas… E quando alguém nas mil filas que enfrentaremos no dia a dia reclamar e não tiver sotaque nativo lancemos o jargão clássico mané e pronto.
Nando Schweitzer é Jornalista, Diretor Teatral e Cantor. E gosta muito de comer…
Nenhum comentário:
Postar um comentário