Quantos dias e quantos noites faltarão para a felicidade plena. Qual o porque desta e tantas outras perguntas filosóficas e antropofágicas no final de ano. Somos convencidos pelos que nos rodeiam e pela sociedade que devemos pular ondinhas, comer romãs, uva desidratada e passar a virada de branco… Dentre outras milhares de simpáticas simpatias pagãs.
Proporei um natal e ano novo diferente. Se é que queremos mudar nossa realidade, devemos sim percebe-la e num seguinte momento dado este choque de realidade, ou realismo, mudar nossas posturas práticas.
Não, jamais seria cristão, tenho QI alto o suficiente para saber que tais religiões além do dízimo me cobrariam outras mil condutas, as quais não conseguiria e nem pretendo seguir. Aí me vem no ouvidinho o anjo mal, aquele diabinho e diz que é pretensioso demais seguir meus próprios ritos de fim de ano.
Logo penso eu, se passei décadas a seguir ortodoxamente rituais que não significam nada mais que uma tradição(ou várias), e minha vida segue no buraco… Qual a razão para não inovar?
Não colocarei roupas brancas, cuecas amarelas(a não ser pelo suor), não comerei sete uvinhas(muito menos passas), não pularei as sete ondas, não farei um pedido de ano novo, não colocarei o sapatinho para papai noel, não cantarei noite feliz com o disco da Simone, não tomarei cidra ou espumante fingindo ser champagne, nem assistirei a missa do galo(pois não sei o que tem haver um galo com o natal). Nada disso adiantou antes, seria imbecil repetir essas mandingas que nada mais são que crendices tolas.
Alguns dirão que estou louco. Mas conte a um chinês ou turco o que já fizestes em natais e anos novos por “tradição” e o louco será você. É ótimo que as pessoas parem para refletir suas ações, pena que o fazem uma vez por ano, ou depois de um atentado, somente.
Em tempos de cólera por coisas tão banais, ver o neto do Sílvio Santos na Globo com um bando de semi-celebridades a cantar músicas norte-americanas não me faz ter espírito natalino. Certo que seria pior um especial da Simone. Mas ver Roberto Carlos cantar pagode e funk tão pouco me inspira UM MUNDO JUSTO E MELHOR… Depois de 80 amos de carreira a voz continua fanha e semitonada.
Parei. Sim. Parei de ter esperanças no ser humano. Talvez, quiçá, de encontrar um ser humano. Me vejo no fim, no despenhadeiro, como um dinossauro velho a ser atirado por essa geração ostial no abismo. Vivemos um mundo sem saídas. Pois se existem não ascendem por minha rota, sequer acenderam a luz de avido.
Se queres um futuro promissor lute. Lute pelo fim do vestibular, pelo fim do racismo, pelo fim da xenofobia e similares. Eclodimos em uma bifurcação na qual não nos basta ser bons samaritanos, precisamos ser Sasá Mutema.
Pelejemos por um mundo sem Frozen, sem cartinha pro papai-noel, sem Jornal Nacional, sem PT, sem PSDB, sem testes do sofá, sem machismo, sem carnaval, sem o gordinho de vermelho criado pela Coca-Cola, sem você a apedrejar os meus artigo por não compreender ou não concordar com a minha pessoa, sem Nelson Barbosa, sem bíblias a adestrar ignorantes.
Uma certa vez uma cigana me disse… Bem, não importa o que ela disse. Eu não me importei. Devemos nos importar menos com o que falam de nós. Muitos só falam, mas não agem. Outras agem, sem pensar. Uns tantos não pensam quando falam e por isto falam e agem de formal boçal.
Alguns anos vivendo fora me fizeram mal, ao regressar encontrei um país pior do que o que deixei. Desta vez não podem me culpar!
Nando Schweitzer é Jornalista, Diretor Teatral e Cantor.
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