Fernando Schweitzer - Diretor Teatral e Jornalista
Podíamos fazer em Floripa o Rock in Beiramar, mas só com artistas locais e um convidado nacional por dia do evento. Alguém sabe o preço de uma entrada comum no evento carioca, que refiro não nominar? Pô, se o rock é rebeldia... Fica meio difícil ser rebelde com mais de 300 contos só para entrar num show.
A indústria cultural ou de entretenimento por si só não são sempre um mal, mas quase que em 99% o é.
O iluminismo como mistificação das massas no ensaio Dialética do Esclarecimento, de 1942, publicada somente em 1947, Theodor Adorno e Max Horkheimer já nos salgaram a santíssima ceia do voyerismo patológico contemplatório das peripécias do entretenimento vil e vulgar travestido de cultura
A indústria cultural idealiza produtos adaptado-os ao consumo das massas de manobra travestidas de ser humano, e causando inconscientemente sobre o status quo de inconsciência das coletiva. Ela pode ainda ter função no processo de acumulação de capital, reprodução ideológica de um sistema, reorientação de massas e imposição de comportamento.
Temos 2 ícones deste tipo de produção massificada e de nível raso de necessidade intelectual para assimilação de "arte". Hollywood e sua mega industria de enlatados, séries e filmes de humor chulo e filmes catástrofe. No perímetro local, temos a Rede Globo, com suas novelas de padrão "internacional", filmes em co-produção com artistas exclusivos de sua empresa, séries e humorísticos de comicidade torpe e falha.
Os rapazes no bar da esquina hoje infelizmente não comentam o resultado do Festival Nacional da Canção ou da MPB, ou da Record, ou da excelsior. Uma postura de super valorização da arte Kitsch hoje traz nossos moços, e moças, a comentar o Premio Tim, Trofeuzinho do Fastão VMI, Grammy e outras pretensas premiações a músicos.
Para ninguém se perder, Kitsch, é um termo usado para denominar uma nova forma de arte: a pseudo-arte. Com o surgimento da nova classe média e a grande demanda informacional, tornou-se necessário à cultura e a arte uma adaptação ao seu novo público e a produção em massa. Isso claro, para os nossos filólogos alemães da querida Frankfurter Schule, chulamente conhecida como Escola de Frankfurt.
Vamos começar a organizar então o Rock in Beiramar? Esperando claro que ele não se perda como o festivalzinho carioca com o passar dos anos. Que juremos que não estarão no evento cantores de Punk, Funk, Axé, Vanerão, Xaxado, Forró... Nada contra, mas para não descaracterizar o evento.
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