Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista
A quem diga que um formato não pode transgredir e migrar-se a outro. De veras poderia. Ser verdade ou não sê-lo. Isso não infere no desmerito-crático existir contemporâneo. Manifestar é preciso, desde que se saiba o porquê.
Idos 2006, estreou no Rio de Janeiro o espetáculo “Minha Mãe É Uma Peça”, sob a direção de João Fonseca. O texto de Paulo Gustavo trás sua personagem, a aclamada Dona Hermínia, construída através de suas observações domésticas e vivenciais, assumidamente inspirada na mãe do próprio ator. O filme recria muitas falas da peça original com personagens não existentes na obra teatral (em cena).
Estamos em 2013, tempos "mudernos", de consciência e rebeldia. E pensamos, se é que pensamos. É impossível o êxito de uma produção cinematográfica provinda de um meio tão tangível como o teatro. Sano erro, e como tais sempre são rotundos equívocos. Uma comédia que leva as lágrimas é o tom do longa metragem.
Um cinema vazio. Talvez pelas grandes manifestações no país, em que reclamam não se sabe bem o que, como muito os porquês. Mas Dona Hermínia sabe do que reclama. Em protesto ao desrespeito dos filhos ao escutar uma conversa acidentalmente quando seu filho no carro do pai esquece de desligar o celular ao fim de uma ligação, aonde ela preocupada avisara que seu filho deixou em casa sua bombinha contra asma.
Protestar é preciso. É proibido proibir. Desculpe o transtorno estou mudando o país. Essas são frases soltas que sem uma contextualização não têm o menor peso e carecem de crédito para realmente causarem uma real mudança em uma sociedade comodista e estagnada como a brasileira.
Louca e abalada ela sai de casa. São milhares nas ruas. Mas Hermínia só pensa em seus filhos, pois sabe o que é melhor para eles. Uma multidão grita e pede mudanças. Ela só precisa que os filhos valorizem o que possuem.
Depois de muita briga, e da ausência absoluta de sua mãe, ao passarem fome por não saberem cozinhar, os filhos buscaram a mamãe. Eles sabiam o que queriam, as mordomias de sua mãe serviçal de volta ao lar. Já outros seguem a reclamar pela democracia e diversos direitos que possuem, mas que nunca lhes importou. Reivindicam várias mudanças, pois como está não pode ficar, não está bem assim - dizem.
O maior problema do ser humano é, e para isso tenho minha resposta pronta. Nunca faça uma pergunta se você não quer uma resposta. Nunca perguntaram ao povo o que ele queria? Sim, várias vezes. O grande drama é que quando resolvem deixar de se fazerem de surdo aos acontecimentos, estes que estão aí desde a Contra Revolução de 64, pois o sistema não mudou desde então. O que temos?
Um impasse tal qual o da Marcha pela Família contra o presidente João Goulart. Uma tropa de insatisfeitos que passivamente aceitou sr salva do dito mal comunista, que male mal chegava a ser social-democrata. Ou seja, centro-esquerda com optimismo.
Sabemos o que não queremos. Não queremos o controle de nossas mães, não! Não queremos os comunistas, não! Não queremos o governo atual e seu neoliberalismo? Não! Sabemos o que é controle, não! Sabemos o que é comunismo? Não! Sabemos o que é neoliberalismo? Não!
As manifestações são como a casa de uma mãe protetora. Quanto mais se tentar reter as pessoas por motivos inertes e inconsistentes, mais rápido vai se esvaziar.
Afinal o que buscamos? Algo além do amor... Algo além do simples amar... Pouco diria, se dissesse gostar... Por que pouco é dizer simplesmente: Amar!
Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista
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