Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral
Uma noite de Outono a 20º, que valeu uma nota 20, onde encontrei pessoas que não via a mais de 20 dias... Depois de 20 e poucos dias sem consumir arte. Assim foi esta primeira noite do evento promovido pela Fundação Badesc, e Florianópolis.
O Reencontro... Já avisando que falo do esfuziante e sátiro filme sueco rodado em 2013. Ao que a trama trás um encontro 20 anos após. Inusitados desdobramentos que causariam constrangimento, perplexidade e outras sensações. O filme falaria sobre bullying se a história se passasse inteiramente nos dias de hoje, no Brasil ou qualquer outro país americanizado que importa termos, mas ele fala de crianças más que se reencontram numa propensa festa 20 anos após o termino do 2º grau.
Como nós podemos falar de um filme sem falar do mesmo? Bem, primeiramente o título original sueco dá literalmente o sentido maior para a reunião. Neste paralelo o reencontro se torna uma reunião de acerto de contas quando Anna Odell, a perseguida e frágil adolescente que hoje se fez uma artista reconhecida, decide explanar em uma festa todos seus sentimentos sobre aqueles "esplendidos anos" de escola.
O mais intrigante ao ver o filme é a sensação de não se saber em nenhum instante qual será o desfecho da trama. Algo emocionante para amantes do cinema e que detestem descobrir o final no minuto vinte do filme. Para isto, veja Återträffen, e fuja das salas com películas hollywoodianas. Ah! Återträffen é o nome em sueco para "A Reunião", e se buscares pelo título traduzido apenas encontrarão um filmeco de sessão da tarde homônimo.
Um filme dentro do filme, que está inserido em outro filme. Me resultou um exercício cerebral constante assisti-lo, em meio a tomadas cruas e planos assimétricos que buscavam confortar o público esteticamente e simultaneamente despertá-lo para que não imergisse na ficção pela ficção.
Também surpreendeu-me o feito de um evento tão interessante, quanto raro em Florianópolis. A seguir por este caminho me esforçarei para estar presente durante toda a semana.
Quando um erro se torna um acerto
O Cão Japonês de Tudor Cristian jurgiu, 2013, que seria o segundo filme da noite foi suspenso por problemas técnicos de subtítulos. E houve uma substituição proveniente do mesmo país,o mirabolante e divertido Trem da Vida(Train de Vie), filme do diretor romeno Radu Mihaileanu.
Um vilarejo judeu da Romênia, ao descobrir que os nazistas estão por aproximar-se da zona do vilarejo causa polvoroso em sua população. Então em uma europa afundada na guerra, em 1941, na Europa Ocidental o alerta de que nazistas estão para deportar todos os judeus, notícia dada por Schlomo, o bobo da aldeia, a saída que o próprio sugere e logo é aceita pelos demais fora de forjar um trem nazista.
Com alguns aldeões interpretando aos alemães, os maquinistas e os deportados. A trama que parece simplória ganha força com texto e atuações dignas de Os Lusíadas, em sua magnitude. O prólogo do louco ao comentar que Deus é uma invenção do próprio homem para ser aceito por ele mesmo como uma criação divina, e avalizada por um especialista do judaísmo da aldeia é esperluxante.
Um final se dá a história. Mesmo que nada e ao mesmo muito épico o protagonista, que não se faz protagônico por quase toda trama decreta o fim trágico previsível no mundo real, mas que a aquela altura já completamente rendido por um imaginário e um realismo fantástico absurdamente icónico e delicioso, ninguém da plateia queria ou poderiam acreditar.
Nota 20 para esta noite de sonho europeu na ilha da magia.
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