Fernando Schweitzer - Jornalista e Diretor Teatral
Saudades do debate presidencial de 1989. Eram mais claros os ataques, eram mais explícitas as ideologias. Na noite de 26/08, via TV Bandeirantes, tivemos o primeiro debate de 2014 com quase todos os candidatos. Nele tivemos 4 blocos ideológicos claros: uma esquerda erudita e talvez incompreensível para o público, uma direita reacionário que não terá somada 2% dos votos, um centro perdido feito cega chapado em tiroteio com neblina, e uma centro-direita travestida de social democracia e que por vezes pincelava um aceno tacanho para o centro ou até para a esquerda.
Um novo Maluf, era Aécio Neves, com seu discurso populista e vazio de propostas. Brizola reencarnou em Luciana Genro, bandeiras do trabalhismo de centro esquerda como a reforma agrária foram tocados apenas por ela. Roussef chegou a prismar a um Mário Covas de saias, nem conservador e tão pouco radical esquerdista. Marina Silva, mostrou-se como um Lula alfabetizado de passado de esquerda mas com um discurso beirando a simpatia, mas sem querer assustar o povo brasileiro, temoroso por mudanças, covarde e sem ideologia.
Os três patetas, cada um a seu modo nos serviram como válvula de escape para o show midiático. Levy e seu icônico bigode pareciam ao senhor Aureliano Chaves do extinto PFL, no discurso um democrata e nas entre linhas um conservador clássico. Everaldo, como lhe chamou Luciana Genro, mostrou-se o mais neoliberal, como Reinaldo Caiado outrora inconsistente e querendo privatizar o país (se é que resta muito para privatizar). Ainda, Eduardo Jorge, um baloarte sem parâmetros históricos, talvez lembre pela comicidade ao falecido Enéas.
Creio que iremos nos divertir neste pleito eleitoral. Muito. É trágico pensar no quanto o debate político empobreceu-se, e se pasteurizou. A paleta de cores hoje é mais fechada, simples. Saudosos anos 80... Não só nas artes, TV, mas também na política.
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