Por Nando Schweitzer
O que vale mais? Milhares de homossexuais árabes ou 50 estadunidenses? Se você lê jornais a charada tem fácil resposta. Porque é tão fácil dentro da sociedade do espetáculo se sensibilizar com X tragédia, mas ignorar outra? Guy Debord, o criador do conceito de “sociedade do espetáculo”, definiu o espetáculo como o conjunto das relações sociais mediadas pelas imagens. Com o neoliberalismo, o poder dos conglomerados comunicacionais fortalece-se e a indústria cultural, articulada mundialmente, transforma-se no porta-voz ideológico do capitalismo, desqualificando qualquer visão contrária a ele como ultrapassada, promovendo assim o pensamento único, em relação ao qual não há alternativa.
Eis então que entramos nós na berlinda. Nós cidadãos do mundo moderno. Sempre com dois pesos e duas medidas. Ontem fui, por uma bicha efeminado e imperialista, alvo de burla por um ataque homófobo sofrido a semana e meia atrás. Creio que meu automático estava muito bom, ou eu tenho a filha da putagem intrínseca. Não pude nada mais que contra argumentar: Lindo uma baitola chacotear uma vítima de ataque homofóbico em sua própria cidade de residência, mas se super sensibilizar com os viados imperialistas.
Pensemos os porquês desta dicotomia. Agora mesmo ao escrever este artigo vejo na TV um rapaz que com seu companheiro foi agredido em um estabelecimento em São Paulo, e não vejo postagens emocionadas. Mas tentemos condensar tantos fatos e resultados históricos, claro que logo mais. Agora preciso co-relatar um caso de perseguição ao homossexuais no Iraque.
"Mesmo antes da chegada do 'Estado Islâmico', eu vivia em estado de medo constante. Não há leis para te proteger. Milicianos estavam matando pessoas em segredo - e ninguém dizia nada. Para eles, somos apenas um bando de criminosos sujos que precisam ser eliminados porque atraímos a ira de Deus e somos a fonte de todo o mal.", contou a uma equipe da BBC, Taim, um estudante de Medicina de 24 anos.
Cometi outro equivoco, estou eu a reclamar da sociedade do espetáculo e fiz igual a ela, contei o caso de um estudante de medicina. Justo essa carreira nada elitizada no Brasil. Refletiremos em outro momento porque apenas bacharéis em direito e medicina são chamados de doutor, e os demais bacharéis de diversas carreiras não.
Retomo, o grupo extremista autodenominado Estado Islâmico tem uma punição especial para gays - o lançamento à morte do topo de prédios altos. Dezenas estão a ser alçados no dia de hoje e não veremos nenhuma comoção pública. Mas os cordeirinhos do Império do Norte estão todos a lardear a grande tragédia de Orlando.
É simples entender, mas difícil de se aceitar. A dura e crua realidade é que o brasileiro tem como objeto de adoração o país do norte, embora odeie as pessoas do norte de seu próprio país. Em se tratando dos viados, baitolas e similares então... Qual é a maricona que mesmo sem saber afirma dominar o idioma inglês? Mesmo que se o soubera realmente jamais o utilizará, pois mal tem dinheiro para um ovo frito, quanto mais para ir a algum país anglofalante.
Pisemos mais fundo mariposas de plantão? Alô! Quantas "divas" norte-americanas vocês adoram? É mais ultrajante você dizer a uma destas libélulas imperialistas que não sabe inglês que português. Longe de desqualificar a tragédia pessoal de cada um. Mas não vejo tragédia maior que a sociedade estadunidense. No afã de dominarem o mundo, criaram um discurso de hipervalorizarão de sua sócio cultura, pois, até aí tudo bem. O drama é que o resto do mundo compre esta falácia como verdade.
No Império do Norte, sim há moradores de rua, sim se matam inocentes(a cada instante), sim se perseguem minorias, sim que pessoas são aplastadas pelo capitalismo selvagem, sim existem vários grupos nazistas, sim se paga até para ter acesso a saúde e educação e não, não, não e não, não é um paraíso, nem todo mundo vive o dito sonho americano, não existe a tal liberdade que pregam existir nos filmes hollywoodianos.
Estava eu me recusando a falar sobre a bola da vez do jogo da Teoria do Agendamento. Como já falaram Maxwell McCombs e Donald Shaw na década de 1970, este pensamento, em que a mídia determina a pauta para a opinião pública ao destacar determinados temas e preterir, ofuscar ou ignorar outros tantos está hoje atrelada ao imperialismmo e o domínio cultural que vem-se a cntruir pelos orte-americanos desde da década de 1920 através do cinema e outros produtos da cultura de massas.
Os Estados Unidos da Norte América, são equivalentes no sentido antropológico para o mundo ao que é para as economias de terceiro mundo o FMI. Se não são a causa de seu sofrimento e sangria, minimamente são o resultado, ou melhor dito, o resultante.
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