domingo, maio 26, 2013

Nem tudo é tragédia, ao menos as pessoas riam

Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista


Noite, TAC, domingo, 20:00, teatro, As Felicianas, 21:44... Para! Sei que está confuso. Assim me sinto após 1:29:10s de apresentação da comédia As Felicianas. Não encontrei um sistema actancial na dramaturgia do espectáculo... Vou tomar um café... Depois continuo. Prometo! O Café era colombiano, que delícia! 

Os actores Igor Lima, Malcon Bauer, WMarcão e Renato Turnes, que além de actuar assina a direcção artística do show, se revezam no palco para apresentar personagens novos, além de velhos conhecidos do público, em As Felicianas, no domingo. O elenco, com exceção de WMarcão, integrou o Teatro de Quinta. Cada ator é responsável pela criação de cada uma de suas personagens, garantindo a originalidade do show. - esse é o release.

A "surpresa" foi Igor Lima que já havia visto justamente no Teatro de Quinta, em uma grata melhora técnica na caracterização de suas personagens. Tanto as (personagens) inéditas quanto as já conhecidas me foram claramente apresentadas pelo actor. Pesa que o texto não ajudava o que me gerou um conflito. Se a atuação melhorou ao comparar-se com as performances de anos atrás, no antigo Café Matisse, como o resultado não fora superior?

E como sempre digo, sempre há algo de novo no mundo para se conhecer, ao menos no quesito ator. Este foi meu debute dentro da obra, WMarcão. Os seus textos, e/ou improvisações, tinham muita picardia. O tom das caracterizações, e não falo das roupas, de suas personagens é que me soaram algo muito semelhante entre os vários ensejes de tipos que executou. 

Malcom Bauer... É... Legal. O via mais espontâneo nos tempos da brilhantina... Nos tempos de Teatro de Quinta, ou mesmo quando trabalhamos em uma encenação travestida de leitura dramática de A Gota d'água no SESC.

Renato Turnes, infelizmente não o vi em outro espectáculo. Em As Felicianas não posso opinar muito quanto a construção de personagens. Sobre ele recaíram uma imitação de Joelma, aquela da bandinha do marido, que não convenceu(depois de Shalin, imitar a Joelma não é fácil). De Renato também, inusitadamente foi um dos momentos que me causou mais identificação, não, seria interacção... Isso, ou o que seja. Justamente uma de suas personagens, que era como uma psicóloga de televisão.

A psicóloga em dado momento diz: "... você que está aí amuado, pensando em desistir da vida...". Foi o tragicómico mais inóspito, e estimulante ao mesmo, de meus últimos anos ao estar assistindo uma peça teatral. Somente em uma outra montagem, As Criadas, que assisti quinta-feira no SESC, poderia ser este epitáfio mais apropriado. O que não fez falta, pois abandonei as criadas e sua má hermenêutica cénica antes de jaz.

Piadas de senso comum muitas vezes bem usadas podem passar a ser um trunfo, quando as interpretações recriam uma nova perspectiva para tais. Por vários momentos, vários de muitos, bastante no sentido de demasiadas vezes, adivinhei ou por angustia e constrangimento completei as frases e anedotas óbvias em seu desfecho.

Uma mescla de piadas de show de drag-queens, texto batido, piadas vencidas e de gueto, com uma boa produção de figurinos e maquiagem caricata com um final fraco e desnecessário. Alias, mais fraco que o restante da peça que vai de mediano a bom em sua maior parte. Se ao menos o título da peça...

Mas nem tudo é tragédia. Ao menos as pessoas riam e alto, como sugere o nome da produtora. Eu gosto de presenciar momentos em que o ser humano se sente feliz. Pena que não consegui compartilhar desta alegria. Acho que vou no youtube assistir episódios do Zorra Total, quiçá assim passe a entender de que se riam.

E eu vendo ontém filmes do Jerry Lews... Cada um, cada um... É assim que se diz hoje em dia né?


Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista

quinta-feira, maio 23, 2013

Boémia, aqui me tens em Desterro

Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista

Crise, outra crise, e... outra... E quando menos se espera aí vem mais crise. O sistema capitalista é assim e o Brasil como país de sistema neoliberal não escapa da regra. Algumas crises são mais rápidas outras de tão fulminante deixam sequelas.

O centro de Florianópolis sofreu vários golpes históricos, a cada um sofrendo um deterioramento gradual. Mas a partir de 2003, o turismo teve importante baixa no que tanja a estrangeiros em sua demanda. Um reflexo tardio da crise argentina de 2001 e 2002. Os outros latinos também foram buscando alternativas a super-valorização artificial do real.

A medida que o turismo se enfraquecia outro baque viria a sofrer o centro de Desterro. A polêmica inauguração do sistema integrado de transporte e o Ticen. Esses dois fatores trouxeram a bancarrota de sopetão a quase metade do centro da cidade.

Lojas, bares, lanchonetes, quiosques, casas noturnas, hotéis, cyber cafés, todos se viram a mingua pela súbita ausência de clientela. O movimento natural ao redor do Cidade de Florianópolis, antigo terminal de transporte de linhas municipais se extinguiu. Também o transito entre terminais, que existia pois as pessoas que vinham da grande Florianópolis, desembarcavam no antigo terminal próximo a rodoviário, este que virou estacionamento.

Hoje por desventuras de um encontro lembrei dos tempos em que se tinha o que fazer no centro da cidade até altas horas. As aglomerações no calçadão da João Pinto que tomavam uma quadra inteira as quartas e sextas. As baladas que as seguiam como o pós da galera da João Pinto e que eram diárias. Galilleus, Tulipas Bar, Casarão, Plaza... Todos fecharam.

Bem, o centro da cidade hoje praticamente deixa de existir as 19:00h. A insegurança, a falta de opções, são uma constante no centro da cidade. Nem as tais câmeras da polícia em alguns pontos garante o sossego dos que resistem e frequentam os poucos pontos vivos da atualidade no centro de Florianópolis.

Mas para aqueles que não tem medo de escuro, pois a iluminação no centro é feita com lâmpadas de baixa potência eu posso sugerir um roteiro quase vintage pelo centro. Além de bucólico sai barato.

Encontrar um bom corpo, digo pessoa suculenta, digo... Enfim... Usar um dos hotéis antigos como motel por R$ 20,00 a hora. Jantar nos restaurantes ou do supermercado ou na lanchonete do china, próximo ao terminal Cidade de Florianópolis. Ainda algumas lanchonetes vão até as 21:00h. Se você for da boémia, a Travessa Raticlif você encontrará duas boas opções, com um público cult. O Bar do Noel, onde servem inclusive Dobradinha com cachaça artesanal de lambuja e uma resto-bar Pizzaria Itália, com pizzas e petiscos.

Eu fiquei só na cervejinha, já havia jantado na opção "restaurante do mercado". Após o sexo tenho muita fome. Um povo bastante interessante frequenta o famigerado beco... Assim muitos denominam a travessa entre a João Pinto e Tiradentes. Remanescentes da boémia de Desterro? Seremos talvez.


Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista

quarta-feira, maio 22, 2013

É hora da Xêpa!

Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista


Certa vez fui com um amigo, este que me convidara para ir a tardinha na feira. Me disse: "Pelo jeito, é fim de feira. É hora da Xêpa!". Hoje viramos vegetarianos, pensei. Mas o pastel, ah e que pastel! Como nunca vi igual, estava lá. Como em toda feira paulista a barraca de pastel frito na hora e com azeite fervente é o que da o toque final e me remete a um cheirinho... Oh saudade.

Sempre a pergunta padrão: "Queijo, carne, frango ou napolitano?". Para que inventar sabores mirabolantes como algumas franquias de pastel? Se o sabor realmente está na massa.

Lembro-me até hoje a discussão era: A melhor massa é a do Japa ou do China?

Áureos tempos onde as novelas tinham atores, esses atores sabiam fazer sotaque... Opa! Eis que surge o remake de Dona Xêpa. Com Ângela Leal na vestimenta impagável de Dona Xêpa. Fazia tempo que não me emocionava por três vezes em menos de uma hora com um produto de dramaturgia.

Desculpem os ortodoxos, mas assisti hoje via internet e sem comerciais ao primeiro capítulo de Dona Xepa, versão 2013. Lhes forneço o link para que possam seguir meu raciocínio (http://www.youtube.com/watch?v=qemmA-2lLvQ).



Que genial foi o monólogo de Xêpa no minuto 21:40! Quando emotiva ao flar dos filhos diz ao marido, ou melhor ao retrato do marido que a abandonou, deixando os filhos para criar: "...hoje não lhe dou nem banana, por que está muita cara e você não merece!...". Outro momento afinadíssimo do núcleo da feira foi quando os fiscais chegam a feira de Xêpa e ela os expulsa a peixadas.

Esse momento irá gerar segundo a sinopse um vídeo que se tornará viral no enredo, pois alunos da faculdade do filho da protagonista que estavam nesse momento gravando para um trabalho da faculdade na feira sobre profissões "antigas", irá jogar a cena hilária para eles que como o rebento de Xêpa menos prezam a profissão de feirante.

Uma trilha sonora condiz com sua telenovela, certo? Correcto! Nesse quesito a surpresa é muito grata. Demonios da Garoa, Zelia Duncan entre outros entram sorrateiramente e sem cara de propaganda da Som Livre, fazem coro as cenas da trama.

A se lamentar neste momento apenas o descuido de alguns atores que esqueceram que suas personagens são paulistas e não cariocas. Esperemos que o erro Thaísaraujistico seja corrigido a tempo. Clarao existem capítulos de frente, já gravados. Mas dá para salvar ainda Marcio Killing entre outros que hora pronunciam R's como paulistas, hora como cariocas ou nordestinos.

Uma linda edição simulando um plano sequência com as recordações de Xêpa e seus filhos pequenos, indo e vindo no tempo, foi o toque cinematográfico do capítulo. Além de que realmente o resultado estético de filmagem a 25 frames por segundos surtiu em muita cor e tons de matizes vivos, e muita força de contraste.

Cheirinho de pastel... ops... de uma boa produção por fim. Depois de anos, décadas, talvez ainda consigo comer um pastelzinho de feira. É hora da Xêpa.


Fernando Schweitzer, Florianópolis - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista

segunda-feira, maio 20, 2013

Nem sou tão jovem, mas estou a dois passos...

Fernando Schweitzer, Joinville - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista


Longe de casa, a mais de uma semana... Quem dera. O mais longe que consegui em um desses dias de desespero foi ir ao cinema após uma reunião de trabalho.

Covarde talvez, cardíaco? Não sei. Mais ainda não sei se "Somos tão Jovens" é um filme ruim, ou se eu realmente sou incompatível a essa exagerada importância dada a uma coisa famigerada, e para mim insossa Legião".

Enquanto primos meus vinham felizes com o LP azul na mão, eu escutava Gal, Conzaguinha, Gonzagão, Elis Regina, Tim Maia e Rosana. Algum descarno cerebral me acometeu no berço, ou no resto da humanidade. Nunca vi profundidade nas tais letras dos ratos de porão.

Quando vi um filme sobre Cazuza, té que bem feito, profanei: "Que não venha uma moda de filmes sobre mortos vintage". E né que veio mermão? Depois do intragável "Somos tão jóvens", virá um sobre os Mamonas Assassinas, com direito a Rodrigo Faro na pele de Dinho, o líder da banda.

Sentar-se a ver uma história conhecida, trilhada, batida... podemos fazer vendo a Sessão da Tarde. Que um filme inédito te soe como um de Sessão da tarde?

A forçasão de barra, sendo bem retrô, do roteiro em tentar fazer cartases com as letras de disco riscado da Legião Urbana, soavam falsas e pueris até para os fanáticos da bando que eram maioria. Era como clichê mal usado. As actuações eram impossibilitadas pelo texto chulo e castrante de pensamento através de um raciocínio lógico. Nem o genial Marcos Bredda, no papel de pai de Renato Russo pode abrilhantar o morno filminho estilo clipe MTV pobre.

Se o minho era ruim o desfecho, não houve. A película termina com uma constrangedora olhada coletivo entre os espectadores... Tipo: "Acaba assim?". O orçamento gigantesco, o dinheiro gasto em promoção, vindos de capitação e dinheiro público são uma ofensa aos fãs da banda, e uma agressão aos que como eu terminei assistindo isso, por ser o único filme não yankee no cinema. Ou será que é difícil encontrar filmes de algum dos demais 197 países do mundo, que não Estados Unidos, em Provincianópolis?

Que país é esse? Se a música de Renatinho não respondeu... Aliás, nunca achei uma gota de crítica social, menos de rebeldia, quanto mais de revolucionário nas letras da famigerada legião. Redimirei-me a minha insignificância. Deixa quieto né?

É um país complicado esse. Recém a justiça, e não o congresso aprovam o matrimonio igualitário e um filme sobre a vida de um ídolo gay termina sem beijo, e apenas com toscas insinuações homo afectivas.

PS.: Legal o cara que fazia o Hebert Vianna no filme.

"PS.:" é tão vintage... Vou escutar Blitz!


Fernando Schweitzer, Joinville - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista

domingo, maio 12, 2013

Nós e um laço, eu e o teatro

Fernando Schweitzer, Joinville - Actor, Director Teatral, Cantante, Escritor e Jornalista


Uma cidade diferente, onde ao pisar na faixa de pedestre os carros param. Essa é Joinville, da surpresa com a sociabilidade do joinvillense, a um teatro surpreendente e com público, mesmo em dia de espetáculo com figurões de tarimba e robustos patrocínio de "nível nacional".

Muitas vezes desejamos encontrar, apenas, e nada mais do aquilo que desejamos encontrar. Tento ir ao teatro e não pensar como ator, menos como bicho de teatro. Em um segundo momento tenho o costume de tentar deixar-me levar pelas reações do público. Neste caso foi fácil... Haviam dois espelhos em cena, em diagonal, estética construída pela direção de Nós e um Laço. Lucas David ousa no quesito conceitual. Esse termo define como uma risca de giz traçada no chão para hipnotizar uma galinha. O traço vertiginoso de um teatro não usual.

Talvez o único pecado do espetáculo seja sua fortaleza. Uma obra com 2 atores que não está em momento algum focada nos atores. A força física como argumento e artifício. A medida que as personagens vão se conhecendo dentro de uma constante e quasimoda relação seus atos corporais passam a ser as personagens, dentro de uma lógica composta pela emoção da força atrito entre as protagonistas.

A reação do público inicialmente é de um estranhamento óbvio, ao iniciar do espetáculo. O estilo teatro dança não tem como vi-és uma narrativa linear, costumeira ao espectador. Este mesmo estilo vai aos poucos rompendo a expectativa de uma história de senso comum. O romance óbvio passa a conflito quando as personagens passam a usar o público como confidente. 

Um teatro fora dos padrões no estado, esse é o ponto desequilibrante de Nós e um Laço. O caminho é mais difícil que o caminhar. Uma direção segura, ao ponto de por instantes soar artificial na sua discursividade, mostrando a mão do diretor em alguns momentos mais que o próprio trabalho dos atores. Conceitos e força são o que chamam ao espetáculo. Uma muita boa experiência dentro do universo teatro autoral conceitual.

O espetáculo segue em cartaz no Galpão de Teatro da Ajote, Joinville. Esperemos que siga em cartaz e alcance outras cidades. O diferente mesmo quando se faz parecer em sua propaganda igual, pode ser a salvação para o teatro catarinense. Assim podendo fugir-se do feijão com arroz do teatro global versus teatro local. Nós e um Laço é teatro e ponto.

Sinopse:

Ornella é uma mulher independente, designer de moda bem sucedida que busca um sonho mais alto: ter sua própria grife . Edvaldo é um chef de cozinha que sonha viver um grande amor. O encontro casual no Espírito Santo dá início a um relacionamento. Surgem, então, pequenos obstáculos, revelações do passado, rotina e divergências de interesses. Nós desatam. Laços ficam.

Ficha Técnica: 

Direção, Concepção de Cenário e Figurino e Operação de Luz: Lucas David
Elenco: Jonas Raitz e Juliana Araújo
Confecção de Cenário e Figurino: Adriane Ourício, Ângelo Marcos , Celinha , César, Jonas Raitz, Juliana Araújo, Lucas David e Mazza. 
Concepção de Luz: Flávio Andrade e Lucas David 
Dramaturgia: Jura Arruda 
Direção Musical: Juninho Salves 
Direção de estúdio: Erivan Piazera 
Consultoria em Dança de Salão: Francine Borges e Maycon dos Santos 
Fotografia: Renan Bejarano 
Designer Gráfico: Ronaldo Diniz 
Material Audiovisual: Hélio Costa 
Produção Executiva e Operação de Som: João Daniel Zanella

terça-feira, maio 07, 2013

Joinville receberá dia 02/06 ao espectáculo Bacalhau Regado ao Vinho

PROMO BACALHAU NA CIDADE DAS FLORES! 

Para quem não sabe Joinville é reconhecida internacionalmente não só pelo maior festival de dança do mundo, também pela sua diversidade étnica e cultural, e a décadas como Cidade das Flores. Joinville ostenta os títulos de "Manchester Catarinense", "Cidade das Flores", "Cidade dos Príncipes", "Cidade das Bicicletas" e "Cidade da Dança".

Mande uma foto sua com uma flor e CURTA nossa FAN PAGE


AS MAIS LINDAS FOTOS GANHARÃO 2 ENTRADAS GRÁTIS PARA O DIA 02/06 - 19:00h no Galpão de Teatro da Ajote - Joinville 


segunda-feira, maio 06, 2013

Entrevista: Marina Silva fala sobre Matrimonio Igualitário e políticas migratórias

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/Arg - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista


Florianópolis viveu nesta sexta-feira um dia atípico, a passagem relâmpago da ex-senadora e presidenciável Marina Silva causou friçom no centro de Florianópolis e na feira do livro, que ocorre no Largo da Alfândega. Em uma breve e efusiva caminhada Marina e voluntário da Rede Sustentabilidade, projeto que busca a firma de mais de 500 mil pessoas no país para se consolidar como um novo partido de sustentação a políticos voltados as causas do desenvolvimento sustentável.

Ao fim da caminhada Marina Silva concedeu entrevista coletiva na Associação Catarinense de Imprensa (ACI). Na ocasião o Blog Sincerando, não se intimidou e se infiltrou na coletiva de imprensa dada ao fim da tarde para trazer a luz temas fora da agenda setting, tanto da mídia quanto de Marina. Na coletiva estiveram presentes vários veículos de imprensa e também apareceu de sorpresa no recinto o senador Cassildo Maldaner, que assinou a lista em prol da criação da Rede Sustentabilidade.

A coletiva durou cerca de 40 minutos, onde inicialmente a ex-senadora apresentou alguns dos pontos e motivos para a criação de mais um partido no Brasil. Segundo ela "o importnte não é criar novos partidos, mas sim, um partido novo" que possua uma nova visão de como enfrentar os problemas do país. 

Para aproveitar a ocasião e sair das perguntas de praxe buscamos questionar Marina Silva sobre temas que saem da sua zona de conforto e de seu discurso habitual.

Sincerando: Com uma possível Marina presidenta, o Brasil será ou não 4º país do continente a ter o Matrimonio Igualitário?

Marina Silva: Dentro da Rede nós temos um posicionamento...  Nós ainda não temos um programa. Temos várias proposta dentro das várias forças, várias corrente que participam. Agora o que existe já como um consenso a o estabelecimento pleno dos direitos civis. Defendemos o estado laico e igualitário, achamos que o estado laico deve ser plena. Obviamente compreendemos que o estado laico que defende o direito dos que não tenham uma crença, o mesmo que defende aos que têm. Mas onde devemos actuar é para defender os direitos civis das pessoas como um todo.

Este tema ainda não foi discutido no âmbito da Rede, mas enquanto direitos civis não aceitamos em absoluto nenhum tipo de discriminação a quem quer que seja.

Sincerando: O Brasil hoje recebe um destaque em nível mundial, como 6ª economia do mundo, stá entrando em um processo de inversão. Antes os brasileiros migravam a muitos países que possuem políticas migratórias antigas e consolidadas e não receptivas a brasileiros e sul americanos. Hoje o Brasil devido principalmente a crise europeia passa a receber muitos estrangeiros. Qual seria sua proposta de política sustentável para a recepção desses novos imigrantes no país?


Marina Silva: Essa questão, ela é muito relevante. Nós temos que focar primeiramente em quais são os problemas que ocasionam essa migração. Nós temos a chegada de pessoas do Haiti por exemplo devido a graves problemas ambientais. A idéia do refúgio sempre foi para aquelas pessoas que sofriam perseguições políticas ou étnicas, agora ela também está sendo considerada para desastres naturais, bem como os causados por seres humanos, no caso também para além, dos problemas económicos. Eu acho que a política de solidariedade com os países não pode ser mais aquela de ir para a África ou qualquer lugar do mundo para levar alguma migalha de apoio e se aproveitar para levar seus empreendimentos e explorar países em situação difícil.


Sincerando: Como o Brasil deve agir no cenário internacional? Como um Estados Unidos latino?

Marina Silva: Não, deve ser o de uma cooperação solidária no sentido de internalizar as oportunidades nestes países de origem para que se possibilite uma melhora em sua qualidade de vida, assim ajudando-os para que estes não necessitem mais emigrar de seus países nativos. Os problemas ambientais não têm fronteira, os problemas económicos também não têm fronteiras. E é preciso que se crie uma política de solidariedade para dar resposta a esses problemas. Também se criar uma política de intercâmbio com países europeus de transferência de tecnologias e não somente de problemas e pessoas para cá. Deve haver um protocolo de cooperação científica para que o conhecimento seja internalizado nestes países. Por que não adianta pensarmos que podemos nos fechar numa bolha.

Sincerando: Qual o exemplo a seguir?

Marina Silva: A França mostra que isso não é verdade, com uma política muito avançada mesmo teno uma grande demanda migratória, e logo logo nós estaremos sofrendo com o mesmo tipo de problema. Lá existe uma política migratória de muitos anos e nós aqui não estamos preparados para adequadamente para isso. Mas podemos dar um salto, ao invés de nos preparamos apenas para receber ou não aqueles que nos procuram, podemos nos antecipar ajudando a aqueles que nos buscam como alternativa de sobrevivência. Como no caso da Bolívia por exemplo, é o de buscar uma real integração com esses país vizinhos e de culturas tão próximas a nossa, mas que deixamos a margem principalmente em nível cultural e social. Necessitamos ter um intercâmbio que vá além dos interesses económicos.


Fernando Schweitzer, Buenos Aires/Arg - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista