segunda-feira, março 12, 2012

Maria do Bairro e do mundo

Porque sempre estive equivocada e não quis ver... Depois de anos em um semi ostracismo a maior estrela internacional do mundo latino regressou ao mercado fonográfico. E quando digo latino estou me referindo a todos os 11 idiomas latinos, desde a península ibérica até a Patagônia. O álbum Primera Fila, obviamente em espanhol neutro, o usado para dublagens internacionais no idioma, veio como uma aposta ousada da estrela Thalía. Sim com acento mesmo, que em espanhol quer dizer sotaque. Evitando os trocadilhos bilíngues, caminho.


Sua enfermidade muito parecida a de sua personagem magistral, Maria do Bairro, em complicações pós parto a afastaram das tablas e cenários. As constantes reprises de suas telenovelas, êxito em mais de 100 países, fazem com que sua ausência dos palcos musicais traga o desejo do público de seu regresso as novelas. Após recusar-se  interpretar a protagonista em A Usurpadora, talvez o maior equivoco de sua carreira, sua antiga casa a Televisa bem tentou cativar-la para retornar a tela pequena sem sucesso.


Por mais que lutemos contra os épicos, de alguma forma esse formato quando bem engendrado é avassalador.

quarta-feira, março 07, 2012

Quero alcançar uma estrela

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/Arg - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



Para que necessitamos tanto de ídolos? Quiçá para suprirmos nossa carência pessoal e esconder nossas inapetências. Até aí, não disse nenhuma novidade. A questão irracional passa a ser, quando super valorizamos algo ou alguém, mais que o merece. Desde a revolução francesa o mundo vem sofrendo agressões bruscas a sócio-cultura normativa humana. Algumas para o bem, diga-se de passagem. O ponto a que venho é: O problema não é ser fã de algo, e sim ser fã sem motivos racionais para.

A canonização em vida de certos objetos da cultura de massa é um crime coletivo de lesa-humanidade. Os convido leitores a desmistificar certas verdades absolutas do mundo POP.

Primeiro o que vem a ser um POP STARS? E não estou a falar da bandaRouge que que vendeu seus três milhões de cópias com quatro álbuns de estúdio, um álbum remix e três DVDs lançados e depois de 4 anos de êxitos simplesmente esquecidas. Não serei mais irônico até o fim do artigo, prometo. Prometo tentar.

O grande paradigma. Êxito ou sucesso. Em espanhol suceso quer dizer acontecimento.  Usarei essa dicotomia da língua irmã, já que provém também do latim, para criar um paralelo. Fazer sucesso é algo comum, não requer talento e tão pouco é sinônimo de qualidade técnica artística. 

Já que usei terminologia imperialista acima, sei que os filhotes do Império do Norte devem estar ansiosos para que eu cite algum yankee como referência de estrela pop. Calma. Chegarei aí, não da maneira desejada mais... Chegarei. Ampliemos nossa visão encilhada como cavalo chucro. Desplazemo-nos em um âmbito mais amplo do que poderíamos chamar de um astro. Termo esse anterior a revolução causada pela criação da Pop Art, termo em inglês para Arte Pop, movimento artístico surgido no final da década de 1950 no Reino Unido. Pop, significa: aparecer, estourar, estalar. Claro em raiz literal. E art, bem... É arte mesmo terminologia proveniente do latim ars, artis, e este calcado do grego. τέχνη). Virtude, disposição e habilidade para fazer algo.

Cultura popular, cultura de massa é a cultura vernacular - isto é, do povo. Cultura Popular pode ser definida como qualquer manifestação cultural (dança, música, festas, literatura, folclore, arte, etc.) em que o povo produz e participa de forma ativa. Ai... Hoje em dia seria, a que o povo acredita participar, ou que vem dele.

Bem vamos com parágrafos curtos agora, assim dá tempo de respirar. Respirando... 1, 2, 3... Respirando...

Minha primeira noção do que seria um estrela na vida foi quando conheci a história de uma menina que era o patinho feio e que tinha como ídolo um cantor e que estava bastante distante na vida dela, mas ela o amava tanto que conseguiu arrumar um emprego perto dele, mesmo sendo feia o seu ídolo pouco a pouco foi se apaixonando por ela e no decorrer da novela com esse amor correspondido ela aos poucos vai mudando.

Eduardo Capetillo e Mariana Garza em cena  de Alcançar Uma Estrela / Divulgação - Televisa
Claro isso era uma novela, Alcanzar una estrella, de 1990, quando recém estava eu começando a cantar na noite em bares de minha cidade. Como em quase toda a novela desse tipo, é necessário ficar bonita, e descobrir-se magicamente que se tem um grande talento para ser cantora. Os dois obviamente, depois que a pobre e feia comeu o pão que o diabo amassou, se apaixonam e vivem felizes para sempre.

Eu continuo pobre e feio, igualmente me causa muitas boas recordações a época em que sonhava que algo parecido ao que aconteceu com Lorena, a protagonista, passasse em minha vida. Desse sonho absurdo, surreal e enfermo é que se alimenta a indústria cultural de massa. Fazer crer a um, "mero mortal", que qualquer um pode ser um astro. Que boa armadilha. Pois tudo sempre tem um porém e um porquê.

Para ser uma estrela, tem que ter muito talento e força de vontade, pois não basta ser só lindo... Ser maravilhosa... Precisa ter determinação e confiança de si mesmo, afinal se nem você confia em si mesmo, como os outros vão poder? Prometi não ser irônico, lembram?

Cher ou Madonna? Shakira ou Jennifer Lopez? Thalía ou Paulina Rubio? Michael Jackson ou Rick Martin? Ivete Sangalo ou Claudia Leite? Michel Teló ou Luan Santana? A última comparação foi piada, de mal gosto obviamente.

Já tivemos debates mais saudáveis na história. Dalva de Oliveira ou Emilinha Borba? Elis Regina ou Elza Soares? Lupicinio Rodrigues ou Nelson Gonçalvez? Placido Domingos ou Pavarotti? Luis Miguel ou Chayanne? Paulo ou Hortência? Silvio Santos ou Chacrinha? Beatles ou Elvis? Tinna Turner o Barbra Streisand?

Na verdade ia falar sobre estrelas populares da atualidade... Mas voei no tema. Melhor esperar que o mundo reveja seus conceitos do que seria uma estrela popular artística. Que a magnitude do bom senso, se é que existe, venha a dar luz a essas mentes que endeusam a certas criaturas que se têm talento, o único é de ganhar muito dinheiro ao enganar o povo de que realmente têm talento.

Quero alcançar uma estrela, uma só... Até hoje lembro da melodia composta pelo grande astro Ricardo Arjona. Hoje o maior vendedor de discos no mercado da América latina.




terça-feira, março 06, 2012

Um conto mais...

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/Arg - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

Divulgação: Paris Filmes
Un Cuento Chino, título original da tira estrelada por Ricardo Darín, o mesmo do filme dos tais olhos e do Uóscar. Um Conto Chinês (título no Brasil) é um filme argentino de 2011, dirigido por Sebastián Borensztein e protagonizado por Ricardo Darín, Muriel Santa Ana e Ignacio Huang. Foi filmado na Argentina e Espanha, com locações em Buenos Aires e cenas internas na Ciudad de la Luz (Alicante). Sendo o mais assistido nos cinemas argentinos do ano, recém consagrado como melhor película latino-americana nos Premios Goya.

Já chega. Tanto se falou desse produto comercial apelativo que pensei: Nunca tocaría mais no tema. Mas hoje ao pensar em que escrever para reativar meu blog e nada ocorrer a mim... Vejo em minha faculdade 5 chineses, nao descendentes, reais. Desses do tipo que até falam chines, 2 em um dialecto e 3 em outro, no comedor da universidade aonde além das mesas temos uma SubWay y uma cafetería tradicional argentina.

Me senti como no filme, um pleno desconhecedor de um universo tão próximo, mas tão longe da minha ignorancia. Os abanicos e leques chineses nas maos das meninas e os pauzinhos na mão do menino... Não pensem em outra coisa... Passa que trouzeram sua própria comida. O extranhamento que tive foi suave, pois adoro comida chinesa e quase me convidei, mas não. Definitivamente não queria falar espanhol com chineses. Seria confuso, meu español é ibérico e eles recém estão com o espanhol argentino por aprender. Haveria um ruído de comunicação, do qual resolvi abster-me, para não agredir um momento sublime e individual dessas pessoas.

Creio que disso fala o filme, de aprender a lidar com a diferença. Talvez por isso no reino de espanha tenha tido tanto exito esse filme. São vários até hoje os idiomas e povos que resistem sob a pressão imperialista do imperio espanhol. Claro, já fora pior. Na era de Franco um que ousasse falar seu idioma nativo era multado, perseguido, investigado ou preso sumariamente como conspirador contra o regime e o estado espaçol.

Olha aí... O protgonista, Roberto é um veterano da Guerra das Malvinas. Sua vida paralisou há vinte anos por causa de um duro golpe do destino e desde então vive recluído em sua casa, sem quase nenhum contato com o mundo, até que um estranho evento o desperta e o traz de volta à vida. Esta comédia é a história do encontro de Roberto e um chinês chamado Jun que está perdido na cidade de Buenos Aires em busca do único familiar que tem vivo, um tio que emigrou para Argentina.

Aquí existem poucas lavanderías... que não sejam de donos chineses... Poucos mercados de bairro... que não sejam de chineses... É necessário submergir nesse mar denso cosmopolita da cidade autônoma de Buenos Aires pra chegar ao fundo da questão. Um Conto Chino é uma história cômica para argentino rir, pois está atrelada a sua sócio cultura de preconceito aos imigrantes que não sejam italianos, espanhóis ou do norte europeu. 

Se fosse realizada no Brasil, se chamaría: Um conto Indígena, ou Africano. Nos Estados Unidos: Um Conto Latino. Na Inglaterra: Um Conto Indiano. Se fosse realizada em Portugal: Um Conto Brasileiro, ou Angolano. Esse tipo de humor semitista a mim parece muito pobre. O ranço de nazismo que as vezes parece hoje em dia ser mais forte em Paramérica, que em muitas partes do mundo. Está consolidando-se como discurso normativo.

Necessitamos ser mais criteriosos com o que fazemos, principalmente com arte massiva. Ainda mais quando o senhor Rafael Videla, recém surge das cinzas a fazer declarações a uma revista Espanhola, que não o trata como ex-ditador e sim como ex-presidente. Falando a revista "Cambio 16", não mostrou arrependimento pelo terrorismo de Estado ao qual fora além de ditador, líder torturador.