quarta-feira, abril 29, 2009

Caminhos da Qualidade

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista



A guerra entre Globo e Record cada vez aquece mais e mais. Como um fogo que se alastra pela mata seca do agreste. E é por lá que o fenômeno Chamas da Vida que no Nordeste chegou a picos de 40 pontos e médias de até 35 pontos, superando a principal novela da TV Globo. Que com seus clichés e erros de estudo sobre a Índia vem fazendo feio e derrapando no Ibope. No Rio de Janeiro manteve médias de 20 pontos e no PNT (Painel Nacional de Televisão) atingira 18 pontos. Ainda que tenha disputado com a reprise de “Pantanal”, "Big Brother Brasil" e passando por várias modificações de horário, "Chamas" conseguiu ser a novela de maior audiência já produzida pela Record. O que também causou ciúmes e trocas de farpas entre o super intente de dramaturgia e anteriormente autor do maior êxito da emissora Prova de Amor, e de um sucesso posterior e maior que fora a primeira temporada da saga dos mutantes.

Muitos e é só ir a um bar de esquina qualquer e se confirmará o que digo, que se está na tela da poderosa é bom e além mar "num presta". Esse status, definitivamente quo, em que a percepção da realidade se abstrai ao ponto máximo e ademais o mundo do status e não da qualidade giram a roda do interesse e da opinião pública são o mote que deixam-me pasmo. Tenho mostrado a pessoas em Buenos Aires vídeos desta novela para que conheçam já que infelizmente as da Rede Globo aqui passam com tanta freqüência como as mexicanas já passaram em certos tempos no Brasil, com uma diferença, que os dubladores geralmente interpretam melhor que os originais atores brasileiro. Na versão dublada Reinaldo Gianechinni pode até passar por um ator razoável em Esperança, uma das maiores vergonhas da dramaturgia da emissora carioca. O comentário mais pertinente e que eu gostaria de avalizar e divulgar é do ator peruano Jonathan Rojas Novoa que disse após ver cerca de 3 horas de trechos de vários capítulos de Chamas da Vida: "Que buena producción, parece com series americanas!".

As emoções finais da novela "Chamas da Vida" ao conquistarem índices de audiência em seu penúltimo capítulo exibido nesta segunda-feira (27/04), com uma média de 14,5 com pico de 21 mostram a reviravolta do mercado de trabalho em dramaturgia televisiva proporcionado pela investida da emissora paulista no ramo. Buscando garantir bons índices de audiência, a direção da Record decidiu gravar a seqüência reveladora da trama principal poucas horas antes de ela ir ao ar, ao melhor estilo "marqueting and bussines". E de acordo com dados prévios do Ibope, a trama marcou uma média de 18 com pico de 22,5, conquistando a liderança por nove minutos.

Me perguntarão múltiplos seres: O que são nove minutos? Esquecendo-se da realidade resultante dos investimentos da ditadura militar na expansão da Rede Globo. Esses míseros minutos muito raros são como uma constatação de que o Golias carioca pode perder espaço para o Davi paulista. Pensar que mesmo disputando com a reprise de “Pantanal”, "Big Brother Brasil" e passando por várias alterações de horário a trama foi espetacularmente bem sucessedida é alentador.

"Chamas" conseguiu ser a novela de maior audiência já produzida pela Record, segundo dados do PNT (Painel Nacional de Televisão). O que é realmente inusitado pensar é que se a novela "Recordina" fosse "Global" teríamos gente vestida de bombeiro pela rua e etc. Estou rezando para que as próximas produções da emissora paulista não continuem tendo sucesso, pois podem gerar uma crise de identidade nos Globo-normativos, ou uma guerra santa mais ardente desta intenta "Record X Globo".

Sem embargo pode-se dizer que caso SBT resolva de verdade ressurgir das cinzas, poderemos ter um futuro mais plural quanto as fatias de público e publicidade na TV brasileira. Quem sabe o Brasil deixe de ser bi-polar e se torne uma efervescência real e não apenas discursiva de mídia televisiva.

É importante e animador ver que algo de conteúdo teve êxito no Brasil. Apesar de vários êxitos não merecidos como "Caminho das Índias", onde a falta de critérios dramaturgicos gritam. Ver o estupendo Osmar Prado, com sotaque e tudo mais na personagem contracenar com Juliana Paes é um descaso ao ser humano e profissional de gabarito que é este senhor.

Que os caminhos da vida tenham chamas de qualidade é o unico sonho desse mero mortal.

quarta-feira, abril 22, 2009

Pára o mundo!

Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista

Parem o mundo que eu quero descer, já disse em uma canção nossa estrela maior do rock nacional não fugaz, Rita Lee. Pare o mundo que eu quero descer dirão os RoboGlobóticos que compõe até hoje a massa bucéfala de seguidores da Vênus Platinada ao lerem essa nota dada por Fabíola Reipert da Coluna Zapping, Jornal Agora: "Há preocupação na Globo com a queda de audiência do "Fantástico". A média de 20 pontos, neste domingo, uma das mais baixas, gerou comentários internos".

De minha parte vejo como extremamente salutar de antemão que o termo fantástico que dá nome ao dominical mais molesta e sem graça da atualidade esteja citado entre parênteses, pois de fantástico mantém apenas o título. Em meio a esta crise de criatividade e qualidade que a emissora carioca vem demonstrando nas ultimas 2 décadas infelizmente e apenas agora vem se mostrando em número palpáveis e irrefutáveis em seu desempenho no IBOPE.

Outra mostra da atual fragilidade do canal se mostra também através da coluna Outro Canal publicada nesta terça-feira na Folha. Onde informa que o Video Show, tradicional revista eletrônica corporativa passará a usar o serviço casa de "Paparazzis" e deixará de falar apenas de artistas Globais:

"No entanto, a Globo não aceitará material não-autorizado. Assim a emissora só passará imagens que tenham pessoas famosas de outras áreas, como cantores e modelos. A partir de segunda-feira, o programa será ao vivo e deixará de falar apenas de artistas da Globo."

Casos e há casos

Pensemos que se já temos uma imprensa sobre mídia de entretenimento demasiadamente inescrupulosa, e até então neste seguimento a rede dos Marinho sempre fora ética, claro por falar apenas corporativamente de seus artistas. O que para alguns tolos seria um sinal de mais transparência da emissora a mim vem como um grande perigo futuro. A óbvia estratégia de tratar qualquer porcaria vinculada na emissora como um manjar dos deuses e jamais falar de artistas que não os da casa, tem como objetivo menosprezar e desvalorizar o restante do mercado.

Me vem um exemplo de como abordaria o novo Video Show este tema dado em nota pela Coluna Ooops e vinculada na Folha On-line: "De acordo com informações da coluna, os fotógrafos perseguem a menina em sua cidade natal, no interior de São Paulo. Por conta disso, a família da apresentadora mirim precisou alterar hábitos e até mesmo adaptar a ida da menina à escola. A instituição precisou, inclusive, criar uma entrada secreta para a estudante famosa."

Será que a Rede Globo falaria da menina prodígio que desbanca a "Rainha Xuxa" a meses nas manhas de sábado. Ou se falaria sobre a festa de lançamento da nova novela da Record em meio a esse processo de guerra santa entre as duas emissoras. O jornalismo Global sempre teve problemas em retratar a realidade sem parcialidade, seria um marco histórico para o país se eu queimasse minha língua e que a linha tendencial dela mudasse para uma verdadeira linha editorial.

Pára o mundo ou para o mundo

Penso se casos que a Record repercutiu como o das saídas de Rômulo Arantes Neto com travestis ou de Fábio Assumpção e seu afastamento da novela devido ao uso de drogas. Aqui na Argentina as duas maiores emissoras TELEFE com o programa "Zapping" e o canal TRECE "Televisión Registrada", onde quase 50% das notas são sobre atracões e artistas de sua principal concorrente, algo que me assustou e me fez pensar porque no Brasil não poderia ser assim.

O que ocorre é que apesar de rivais TELEFE e o canal TRECE tem uma massa crítica como telespectador que questionaria com muito barulho e rechaço uma postura a la Rede Globo, de ignorar outros artistas de importância histórica cultural do país por apenas nao estar em determinada emissora. No Brasil ainda vivemos os paradóxis e paradigmas da ditadura Global. Ouseja, estas na Globo sois excelente se nao estás sois uma porcaria ou nao sois nada. A medida que os monopólios se desfaçam as liberdades e a ética dos meios tendem a crescer. Se assim não passar a ser por favor "Para o mundo que eu quero descer!". Ou mude o mundo para que mais gente possa subir.


Por Fernando Schweitzer, Buenos Aires/ARG - Ator Não-Global, Diretor Teatral, Cantor, Escritor e Jornalista